Este trabalho tem como objetivo geral analisar o gerenciamento de vozes enunciativas na elaboração de três redações nota mil do Enem 2020, em que os redatores valem-se da estratégia de incluir outras vozes na produção dos textos, visando atender às competências 2 e 3, extraídas de um conjunto de cinco competências obrigatórias, conforme determina a Cartilha do Participante do Enem, e de modo específico descrever se a presença de vozes alheias contribui para o apagamento de quem assina o texto, ou se revela indícios de autoria. Para subsidiar essa análise, partimos do quadro teórico-metodológico dos estudos discursivos, especialmente as contribuições de Bakhtin (1997) e Possenti (2002) sobre a noção de autoria, atrelado aos estudos de Bronckart (1999), Boch e Grossmann (2002) sobre a manifestação de vozes enunciativas nos textos. Metodologicamente, esta pesquisa é de natureza qualitativa e interpretativista aplicada a um corpus de três redações nota mil do Enem 2020, extraídas do site G1, cuja temática era “O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”, que exigia do candidato além de atender as 5 competências, conhecimentos textuais, linguísticos e à utilização de um repertório sociocultural adotado como argumento de autoridade para validar o ponto de vista defendido pelo autor no texto. Os resultados parciais demonstraram que a gerência de vozes enunciativas atende às competências 02 e 03, contribuindo, em alguns excertos, para o apagamento do autor e, de modo geral, revelando indícios de autoria na produção de gênero discursivo padronizado: a redação nota mil do Enem.
Comissão Organizadora
CLÁUDIA APARECIDA FERREIRA MACHADO
Francely Aparecida dos Santos
Pedro Aurélio Cardoso da Silva
Raiana Alves Maciel Leal do Carmo
Victória Lobo
Comissão Científica