Na obra Educação como Prática da Liberdade (1967), Paulo Freire denota a importância da educação como instrumento emancipador para os indivíduos de origens simples. Pela análise de Freire, denotamos que a população negra não está incluída como sujeito da história, desta forma, as representações deturpadas prejudicam o interesse no ensino e o lugar social da população negra que têm acesso à educação. Em uma sociedade estruturalmente racista, a instituição escolar fomenta e perpetua essa prática através do reducionismo e ocultação da história negra. Ao entender o caráter político da educação e sua importância para a formação social dos indivíduos, compreendemos que “a existência de uma história própria possibilita um posicionamento social de cada grupo populacional e a inclusão destes na política, na cultura e na economia da sociedade” (CUNHA JÚNIOR, 2010). O eurocentrismo presente nos currículos de História fortalece a reprodução de narrativas colonizadas e que não estimulam o pensamento crítico, e não favorecem a emancipação, reforçando padrões de inferiorização e negação de lugares de poder. Ao subverter os currículos e as práticas educacionais que normatizam a inferiorização dos corpos negros, iniciamos o processo de emancipação do povo preto e nos retiramosdos espaços subalternos e esteriotipados reservados e perpetuados no discurso histórico. (MARQUES, CALDERONI, 2016.). A pesquisa tem como objetivo geral possibilitar à comunidade escolar compreender a relação existente entre o lugar reservado à história e cultura negra no discurso historiográfico utilizado pelos livros didáticos escolares, e suas consequências para a comunidade negra e sociedade em geral. Este trabalho parte do estudo da dinâmica racial discutida nas obras “Racismo Estrutural” (ALMEIDA, 2021), “Como o racismo criou o Brasil” (SOUZA, 1960), “A (des)educação do negro” (WOODSON, 2021), e o artigo “Necroeducação: reflexões sobre a morte do negro no sistema educacional brasileiro” (SILVA, MARTINS, SILVA, 2020). Usaremos como fontes diferentes livros didáticos das séries finais do ensino fundamental e médio, com o objetivo de empreender uma análise quantitativa e qualitativa de conteúdos, bem como análise de discursos baseada nos estudos de Michel Foucault na obra “A ordem do discurso" (1996). Esperamos obter resultados esclarecedores e contundentes à pesquisa, que será de grande contribuição para elucidar um panorama acerca da representação dos negros no ensino de história e as consequências associadas à mesma.
Comissão Organizadora
CLÁUDIA APARECIDA FERREIRA MACHADO
Francely Aparecida dos Santos
Pedro Aurélio Cardoso da Silva
Raiana Alves Maciel Leal do Carmo
Victória Lobo
Comissão Científica