Na era da informação e da intensificação da comunicação na sociedade globalizada, os alunos encontram-se cada vez mais expostos a gêneros que se constituem num eminente potencial de construções multissemióticas, com novas práticas de letramento, para os quais devem se preparar para o desenvolvimento da habilidade leitura crítico-reflexiva, como instrumento do exercício da cidadania, sendo dever da escola desenvolvê-lo. Nessa perspectiva, este trabalho, recorte do projeto de iniciação científica voluntária, intitulado A construção de sentidos no gênero charge no período pandêmico (edital PRP 7/2022), desenvolvido na Universidade Estadual de Montes Claros, objetiva, de modo geral, analisar, na verbo-visualidade de uma charge, os diferentes artefatos sígnicos, por meio de estratégias analíticas da Gramática Sistêmico-Funcional e da Gramática do Design Visual. De modo específico, procura evidenciar o modo como a charge é construída e a que propósito social esse gênero se presta, pois falta uma atenção ao tema humor, nem sempre ligado ao risível. Com o intuito de alcançar os objetivos propostos, realizou-se uma leitura crítica para a percepção da intencionalidade subjacente à linguagem híbrida do gênero em foco, publicado no meio digital, no contexto da Covid-19. Este estudo justifica-se porque, no processo de ensino-aprendizagem dos gêneros na escola, na construção de efeitos de sentido deles, o professor não pode relegar a segundo plano que todo texto é multimodal, contemplando diferentes modalidades discursivas, no qual nenhum modo semiótico pode ser visto isoladamente, e, sim, em interconexão. Metodologicamente, numa análise qualitativo-interpretativa, procedeu-se à interpretação a partir dos contextos de cultura e de situação, com o propósito desvendar a intencionalidade do chargista. No modo semiótico verbal, analisamos o contexto de cultura, com práticas culturais dos participantes na comunicação, e de situação, caracterizado pelo modo como as pessoas usam a linguagem, priorizando o campo (ações dos participantes) as relações (papéis deles na interação e valores construídos nas relações) e o modo (o papel da linguagem). Nas semioses visuais (significados representacionais), analisamos participantes representados por processos narrativos e conceituais. Nos significados interativos, descrevemos as semioses na relação interativa (olhar), que caracterizará o contexto de situação e cultura. Além disso, analisamos as intersemioses, com a denúncia de um problema social, para suscitar reflexão e criticidade dos alunos. Como resultados, pretendemos despertar a consciência crítica dos alunos, para (re)conhecer como a linguagem funciona, interpretar recursos sígnicos a que são submetidos, deixando-se ou não influenciar, de forma consciente, percebendo as imagens para além de meras ilustrações nas charges.
Comissão Organizadora
CLÁUDIA APARECIDA FERREIRA MACHADO
Francely Aparecida dos Santos
Pedro Aurélio Cardoso da Silva
Raiana Alves Maciel Leal do Carmo
Victória Lobo
Comissão Científica