Frantz Fanon nos diz que "É preciso procurar incansavelmente as repercussões do racismo em todos os níveis de sociabilidade"(1980, p. 40). Através desse apontamento é necessário se questionar, qual é o ensino desenvolvido na educação básica brasileira, uma vez que, a nação Brasil, foi construída sob a escravidão de povos indígenas e africanos. Sendo assim, o ensino básico brasileiro atua por meio de teorias e práticas antirracistas ou pelo contrário, as reforçam? O advogado e professor universitário Silvio Luiz de Almeida trabalha em seu livro Racismo Estrutural (2019) as concepções do racismo a nível individual, institucional e estrutural. Por meio da compreensão do racismo estrutural, pode-se afirmar que é de extrema importância construir uma educação pautada na decolonialidade, ensinado a luz do antirracismo os conteúdos de História, Filosofia, Sociologia, Biologia e todos os outros.A partir dos autores aqui trabalhados, torna-se exposto que o racismo é uma produção histórica e cultural, pautada na biologização do ser, a fim de se obter uma justificativa para práticas econômicas coloniais. Tal mecanismo colonialista, afeta até os dias de hoje, os mais diversos campos da sociedade, inclusive a acadêmica, sendo um demarcador dos estudos e produções científicas. Frantz Fanon aborda em seu livro Pele negra, máscaras brancas (2008) “[...] que a alienação do negro não é só uma questão individual. Ao lado da filogenia e da ontogenia, há a sociogenia. De certo modo, para responder à exigência de Leconte e Damey, digamos que o que pretendemos aqui é estabelecer um sócio-diagnóstico. Qual o prognóstico? A Sociedade, ao contrário dos processos bioquímicos, não escapa a influência humana. É pelo homem que a sociedade chega ao ser. O prognóstico está nas mãos daqueles que quiserem sacudir as raízes contaminadas do edifício”(2008, p. 28). Dessa forma, não compreender como o racismo impacta na educação, na psique, nas relações sociais, nas relações de trabalho, é justamente um reflexo de sua estruturalidade. Por intermédio dessa compreensão, é significativo dentro do curso de licenciatura em História, buscar em quais momentos o silêncio em torno da questão racial, pautou a construção de acontecimentos históricos, as validações racistas e até mesmo consagrações de pensadores racistas. Pois somente por meio da quebra dos silêncios se pode reconstruir a base do ensino de maneira antirracista. Dentre essa investigação do ensino da História, desagua-se na Susan Buck-Morss, com a obra Hegel E Haiti (2017), em que se destrincha os silenciamentos raciais no âmbito do movimento iluminista e em como se deu sua consagração como sinônimo de razão e iluminação humana, a base da omissão, perante a escravidão dos povos africanos.
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