AS POLÍTICAS ARMAMENTÍSTAS BRASILEIRAS: REFLEXOS ESTADUNIDENSES

  • Autor
  • Rodrigo Pereira Rocha
  • Co-autores
  • Lívia Inês Tomaz Rodrigues
  • Resumo
  •  

    Introdução

    Os estadunidenses tiveram seus país fundado através da guerra, e contam em sua constituição, a segunda emenda, que estabelece: “Uma Milicia regulamentada é necessária para manter a segurança e um Estado livre, o direito de portar armas não pode ser infringido” (Estados Unidos, 1791.) O ex-presidente, Jair Bolsonaro, nunca escondeu seu apreço pelas ideias armamentistas dos Estados Unidos (EUA), e os reflexos desse apreço foi visto nas políticas que resultaram na abertura e flexibilização do comércio de armas de fogo no Brasil.  As ideologias radicais resultaram no aumento no número de armas, assim como os atentados a escolas do Brasil, o presente trabalho aborda como os estadunidenses podem nos ajudar a entender o a relação entre o uso indiscriminado de armas e a violência nas escolas.

    Justificativa e problema da pesquisa

    A questão armamentista motivou  pesquisas como a realizada pelo Instituto de Pesquisas do Congresso estadunidense, órgão que realiza pesquisas para o congresso dos EUA, constatou que “ Em 2009, o número estimado de armas nas mãos de civis  nos Estados Unidos subia para algo em torno de 310 milhões: 114 milhões de Pistolas, 110 milhões de fuzis e 86 milhões de espingardas “ (KROUSE, 2012, p.8). No mesmo estudo,  os pesquisadores trazem os dados que mostram como a quantidade de armas aumentam significativamente ao longo do tempo. Sendo em 1994, 192 milhões de armas, em 1996, 242 milhões, em 2000, 259 milhões, em 2007, 294 milhões. A facilidade em se obter armas de fogo gera problemas que para David Hemenway (2004), o assunto deveria ser tratado como um problema de Saúde pública. O autor aborda em seu livro o alto número de mortes acidentais por armas de fogo, além de ressaltar os perigos que as armas oferecem para as crianças. Esse grande número de armas e a falta de controle sobre quem faz a aquisição evidencia a necessidade de abordamos o tema e trazermos a reflexão para o Brasil e suas recentes posturas em relação as armas.

    Seguindo o crescente número de armas nas mãos dos civis, podemos perceber também o crescente número de ataques nas escolas. Segundo os dados levantados por Larissa Caldeira De Fraga (2021 p. 83), a violência nas escolas cresceu de forma muito significativa. Somente nas duas primeiras décadas deste século (2000 a 2019 (março)), o número de mortes em escolas nos Estados Unidos já ultrapassou o número do século anterior. Sendo 279 mortes em 225 ataques no século XX e 302 mortes em 239 ataques no século XIX. O governo Bolsonaro estabeleceu um relacionamento que tinha os EUA como um modelo ideológico, o país, segundo Perry Anderson (2013 p. 105) exerce um domínio sem precedentes na América Latina. Por estarmos nesta área de influência, consumimos e somos influenciados por suas produções culturais, em especial no governo Bolsonaro, que tinha uma ralação de submissão aos estadunidenses.

    Segundo a matéria da jornalista Mariana Schreiber, nos primeiros 3 anos do governo de Jair Bolsonaro, 

    foram editados mais de 30 atos normativos, como portarias e decretos presidenciais, para desburocratizar e ampliar o acesso a armas e de munição que podem ser adquiridas por cidadãos comuns e por aqueles que têm registro de CAC (colecionador, atirador e caçador), assim como liberar a essas pessoas o acesso a armamentos de maior potencial ofensivo, como fuzis. (SCHREIBER, 2021, SP)

    Segundo os pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), houve 16 ataques em escolas brasileiras até 2022, sendo 8 destes ataques, cometidos a partir de 2019. Com o início do governo Bolsonaro. O governo foi marcado pelo incentivo ao armamento de civis e também, pelo assombroso aumento em 270,6% de grupos neonazistas entre 2019 e 2021[1].

     

    Gráfico, Gráfico de cascata

Descrição gerada automaticamente

    Figura 1. Fonte: Pellanda, et al. 2022, p 15

                Conclusões:

    Embora nem todos os ataques as escolas tenham sido cometidas utilizando armas de fogo, essa relação entre os ataques e as armas de fogo é algo fundamental. O aumento dos ataques ocorre justamente quando o discurso armamentista se aflora, pois, com ele, também aparecem os ideários autoritários e extremistas. Segundo Pellanda, et al (2022, p. 16) “a opção por invadir uma escola não é mera coincidência ou fruto de uma escolha aleatória. As motivações incluem ódio às maiorias minorizadas e aproximação ideológica a teorias nazistas e fascistas” . Deste modo, podemos perceber que com afloramento do autoritarismo, florescem também, os ideais armamentistas, que uma vez que as armas se tornam mais fáceis de serem obtidas, aos poucos, isso vai se refletindo nos ataques as escolas, que com armas, vão se tornando cada vez mais letais.

    Referencias

    Bibliografia

    Anderson, P. (2015). A política Externa dos Estados Unidos e seus teóricos. São Paulo.

    Dias, A. A. (2014). A escola como espaço de sociabilização da cultura em direitos Humanos.

    Fraga, L. C. (2021). SCHOOL SHOOTINGS - TIROTEIOS EM ESCOLAS -. Em L. C. Fraga, O IMAGINÁRIO SOBRE OS ESTADOS UNIDOS NO TELEJORNALISMO: O PODER PELAS . Porto Alegre.

    Hemeway, D. (2006). Private Guns. Public Health. Michigan : The University of Michigan Press.

    Pellanda, A., Santos, C. d., Dadico, C. M., Cara, D., Madi, F. R., Orsati, F. T., . . . Abramovay, M. (2022). O extremismo de direita entre adolescentes e . São Paulo: USP.

    Schreiber, M. (2021). Dois anos de maior acesso a armas reduziu violência como dizem bolsonaristas? Brasília.

     

     


    [1] Veja mais em https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2022/01/17/grupos-neonazistas-se-espalham-pelo-brasil-e-crescem-270-em-3-anos.htm?

  • Palavras-chave
  • Armas, Educação, Escolas
  • Área Temática
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