Introdução
Os estadunidenses tiveram seus país fundado através da guerra, e contam em sua constituição, a segunda emenda, que estabelece: “Uma Milicia regulamentada é necessária para manter a segurança e um Estado livre, o direito de portar armas não pode ser infringido” (Estados Unidos, 1791.) O ex-presidente, Jair Bolsonaro, nunca escondeu seu apreço pelas ideias armamentistas dos Estados Unidos (EUA), e os reflexos desse apreço foi visto nas políticas que resultaram na abertura e flexibilização do comércio de armas de fogo no Brasil. As ideologias radicais resultaram no aumento no número de armas, assim como os atentados a escolas do Brasil, o presente trabalho aborda como os estadunidenses podem nos ajudar a entender o a relação entre o uso indiscriminado de armas e a violência nas escolas.
Justificativa e problema da pesquisa
A questão armamentista motivou pesquisas como a realizada pelo Instituto de Pesquisas do Congresso estadunidense, órgão que realiza pesquisas para o congresso dos EUA, constatou que “ Em 2009, o número estimado de armas nas mãos de civis nos Estados Unidos subia para algo em torno de 310 milhões: 114 milhões de Pistolas, 110 milhões de fuzis e 86 milhões de espingardas “ (KROUSE, 2012, p.8). No mesmo estudo, os pesquisadores trazem os dados que mostram como a quantidade de armas aumentam significativamente ao longo do tempo. Sendo em 1994, 192 milhões de armas, em 1996, 242 milhões, em 2000, 259 milhões, em 2007, 294 milhões. A facilidade em se obter armas de fogo gera problemas que para David Hemenway (2004), o assunto deveria ser tratado como um problema de Saúde pública. O autor aborda em seu livro o alto número de mortes acidentais por armas de fogo, além de ressaltar os perigos que as armas oferecem para as crianças. Esse grande número de armas e a falta de controle sobre quem faz a aquisição evidencia a necessidade de abordamos o tema e trazermos a reflexão para o Brasil e suas recentes posturas em relação as armas.
Seguindo o crescente número de armas nas mãos dos civis, podemos perceber também o crescente número de ataques nas escolas. Segundo os dados levantados por Larissa Caldeira De Fraga (2021 p. 83), a violência nas escolas cresceu de forma muito significativa. Somente nas duas primeiras décadas deste século (2000 a 2019 (março)), o número de mortes em escolas nos Estados Unidos já ultrapassou o número do século anterior. Sendo 279 mortes em 225 ataques no século XX e 302 mortes em 239 ataques no século XIX. O governo Bolsonaro estabeleceu um relacionamento que tinha os EUA como um modelo ideológico, o país, segundo Perry Anderson (2013 p. 105) exerce um domínio sem precedentes na América Latina. Por estarmos nesta área de influência, consumimos e somos influenciados por suas produções culturais, em especial no governo Bolsonaro, que tinha uma ralação de submissão aos estadunidenses.
Segundo a matéria da jornalista Mariana Schreiber, nos primeiros 3 anos do governo de Jair Bolsonaro,
foram editados mais de 30 atos normativos, como portarias e decretos presidenciais, para desburocratizar e ampliar o acesso a armas e de munição que podem ser adquiridas por cidadãos comuns e por aqueles que têm registro de CAC (colecionador, atirador e caçador), assim como liberar a essas pessoas o acesso a armamentos de maior potencial ofensivo, como fuzis. (SCHREIBER, 2021, SP)
Segundo os pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), houve 16 ataques em escolas brasileiras até 2022, sendo 8 destes ataques, cometidos a partir de 2019. Com o início do governo Bolsonaro. O governo foi marcado pelo incentivo ao armamento de civis e também, pelo assombroso aumento em 270,6% de grupos neonazistas entre 2019 e 2021[1].
Figura 1. Fonte: Pellanda, et al. 2022, p 15
Conclusões:
Embora nem todos os ataques as escolas tenham sido cometidas utilizando armas de fogo, essa relação entre os ataques e as armas de fogo é algo fundamental. O aumento dos ataques ocorre justamente quando o discurso armamentista se aflora, pois, com ele, também aparecem os ideários autoritários e extremistas. Segundo Pellanda, et al
Referencias
Anderson, P. (2015). A política Externa dos Estados Unidos e seus teóricos. São Paulo.
Dias, A. A. (2014). A escola como espaço de sociabilização da cultura em direitos Humanos.
Fraga, L. C. (2021). SCHOOL SHOOTINGS - TIROTEIOS EM ESCOLAS -. Em L. C. Fraga, O IMAGINÁRIO SOBRE OS ESTADOS UNIDOS NO TELEJORNALISMO: O PODER PELAS . Porto Alegre.
Hemeway, D. (2006). Private Guns. Public Health. Michigan : The University of Michigan Press.
Pellanda, A., Santos, C. d., Dadico, C. M., Cara, D., Madi, F. R., Orsati, F. T., . . . Abramovay, M. (2022). O extremismo de direita entre adolescentes e . São Paulo: USP.
Schreiber, M. (2021). Dois anos de maior acesso a armas reduziu violência como dizem bolsonaristas? Brasília.
[1] Veja mais em https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2022/01/17/grupos-neonazistas-se-espalham-pelo-brasil-e-crescem-270-em-3-anos.htm?
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