Introdução
Este relato apresenta duas atividades realizadas por estudantes bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência subprojeto História da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes. As atividades foram realizadas nas Escolas Estaduais Felício Pereira de Araújo e Dr. Carlos Albuquerque, sob a responsabilidade de professores supervisores e alunos bolsistas do curso de História, com turmas das últimas séries do ensino fundamental da Rede de Educação Básica. O PIBID tem proporcionado aos licenciandos do curso de História uma vivência muito significativa que tem contribuído para uma formação de qualidade e com forte investimento na área da pesquisa voltada para a prática da docência.
Experiência pesquisador/docente
“O historiador é um investigador que se esforça para reconstruir um crime ao qual não assistiu”. A partir das palavras de Marc Bloch, a oficina temática na Escola Felício Pereira de Araújo, se fundamentou em trabalhar a unidade temática da introdução aos estudos históricos. O objetivo constituiu-se em discutir os conceitos História e papel do historiador por meio da reconstituição dos fatos passados. Destarte, o trabalho desenvolvido com os alunos do 6º ano Fundamental, intitulado “Quem matou Marta? – Reflexões sobre a História e o ofício do historiador”, foi realizado por meio da investigação de um caso fictício, explorando o crime de uma jovem assassinada no Rio de Janeiro, contando com documentos (fontes históricas) deixados pela mesma em sua bolsa. A obra de referência foi “Oficinas de História”, da Keila Grinberg e outras autoras. A oficina teve seu início com um momento teórico sobre o conteúdo, com a discussão dos conceitos História, historiador, fontes históricas. Tais conceitos foram desenvolvidos e associados, a partir do desenho “Scooby-Doo”, famosa animação americana que retrata a investigação e a solução de casos e acontecimentos, sendo os jovens personagens de um grupo de detetives que seguem pistas e informações. Seguindo a esta atividade, foi desencadeada a apresentação do caso da morte da Jovem Marta. Nesta fase os discentes, separados em grupos pequenos buscaram solucionar o caso por meio de debates e discussões, levantando e construindo possíveis hipóteses e estabelecendo conclusões a partir das documentações e fontes, configurando-se como verdadeiros “detetives do passado”. A culminância se deu a partir da leitura de relatórios desenvolvidos nos grupos, contendo as respostas sobre as possíveis causas da morte da garota. Assim, com essa atividade os estudantes da educação básica conseguiram perceber e identificar a gênese da produção do saber histórico e historiográfico, além de analisar o significado das fontes que originaram determinadas formas de registro. Assim, asatividades práticas e dinâmicas proporcionaram a produção de um conhecimento, em que a relação teoria e prática se processaram de forma interativa e participativa, além disso, instigou nos estudantes o apreço e valorização da História e de suas temáticas.
Experiência desconstrução de conceitos
Na Escola Estadual Dr. Carlos Albuquerque as primeiras oficinas se deram envolvendo a temática povos originários associadas ao dia 19 de abril. Esta data comemorativa foi criada como “dia do índio” por decreto feito por Getúlio Vargas ainda no Estado Novo e recentemente revisada, vindo a dar ênfase às diversas contribuições e imensa carga histórica trazidas e ainda presentes em nossa sociedade com os povos que habitavam a América, antes da chegada dos Portugueses. Neste relato busca-se apresentar a oficina “Desconstruindo o dia do índio no 7º ano”. No primeiro momento, os estudantes foram organizados em círculo, sentados no chão da sala, e a atividade centrou-se na discussão, de forma didática, da disputa de memória que envolve as nomenclaturas “índio” e “indígena”, a importância das diversas culturas indígenas e como elas estão presentes no nosso dia-a-dia. A prática da discussão foi acompanhada da utilização de slides ilustrativos. Em um segundo momento, foi utilizada a metodologia storytellig. A Storytellig, é uma "contação de histórias". Partiu-se do conto indígena guarani “O roubo do fogo”com o objetivo de promover questionamentos e a quebra de estereótipos a respeito da cultura indígena. Em seguida, foi servido para os alunos chá de ervas com pipoca, ao mesmo tempo em que se discutia sobre o cultivo do milho pelos indígenas e o hábito de usar chás em sua farmacologia e culinária. Na culminância, cada aluno escolheu uma personalidade indígena impressa em folhas de formato A4, as imagens foram coloridas e em seguida foi montado um grande painel na escola. Os estudantes da Educação Básica ficaram bastante empolgados com as discussões e com as atividades de arte e apresentaram em suas falas uma nova compreensão acerca do Dia dos Povos Indígenas.
À guisa de conclusão: A importância do Pibid na formação dos licenciandos
As experiências demonstraram que, ainda que iniciantes na Licenciatura, os Pibidianos percebem a necessidade de inovar na prática pedagógica, com o fito de atrair e manter a atenção dos estudantes da educação básica nos temas de estudo da História. Importa salientar que houve um grande investimento de tempo e estudo em relação aos temas trabalhados nas escolas e essa capacidade de preparação resultou em uma maior agilidade e capacidade de evitar dispersões dos estudantes mesmo em situações de maior liberdade de movimento dentro das escolas, assim, atividades com propostas pedagógicas inovadoras permitiram que os Pibidianos exercitassem práticas mais dinâmicas, sem contudo haver perdas no quesito da disciplina, necessária para o processo de aprendizagem. Salienta-se que, mesmo sendo estes Bolsistas de Iniciação Científica neófitos em sala de aula, uma das conclusões à que chegaram repousa na permanente necessidade de gerar mudanças de experiências para alcançar resultados mais significativos de aprendizagem, notadamente com o público mais jovem.
Comissão Organizadora
CLÁUDIA APARECIDA FERREIRA MACHADO
Francely Aparecida dos Santos
Pedro Aurélio Cardoso da Silva
Raiana Alves Maciel Leal do Carmo
Victória Lobo
Comissão Científica