Este trabalho é parte de uma pesquisa qualitativa, em desenvolvimento no Programa de Mestrado em Educação e Formação Humana da Universidade do Estado de Minas Gerais, que tem como objetivo principal compreender, através de entrevistas narrativas, como a singularidade sociocultural das docentes, da rede de educação básica do estado de Minas Gerais, interfere na sua relação com a sua prática de ensino. Outro objetivo do trabalho a ser destacado é a análise dos aspectos culturais, sociais e econômicos que podem colaborar na escolha da carreira docente e em sua realização. O ponto de partida desta ideia é um conceito central, utilizado por Teixeira (1996; 2007), de professores como sujeitos socioculturais, no qual a autora destaca a heterogeneidade da categoria docente e as influências micro e macro sociais que interferem em sua prática docente. Pensamos que o conceito de capital cultural, elaborado por Pierre Bourdieu (2003) em suas pesquisas e estudos sobre a reprodução cultural e refinado por Lahire (1997), também poderá nos ajudar a compreender a influência das trajetórias profissionais e de formação, assim como de outras experiências socioculturais do sujeito professor(a) em suas concepções e práticas. A perspectiva contemporânea de abordar os processos de socialização nos lembra da importância de se considerar as influências socioculturais, para além dos impactos econômicas ou de classe social, nas histórias de vida de professoras, para compreender sua atuação escolar. A metodologia utilizada para o desenvolvimento deste trabalho é a biográfico-narrativa, com realização de entrevistas narrativas com docentes de diferentes segmentos da educação básica, que tenham trajetórias profissionais instigantes e que estejam de acordo em contribuir com a pesquisa. Vemos a necessidade e importância de refletir e desenvolver esta pesquisa, devido ao contexto que estamos vivenciando, ou seja, um momento de diversas transformações educacionais, socioculturais e políticas, com consequências na vida profissional e pessoal das docentes. Dessa forma, pensamos que essas histórias de vida poderão servir de incentivo para futuras docentes e para a compreensão das mudanças educacionais da atualidade, assim como para (re) afirmar conhecimentos, experiências e identidades das entrevistadas. Neste momento da pesquisa, o processo de revisão bibliográfica tem trazido novos olhares, indagações e reflexões que estão colaborando para aprofundar nossa problematização. Para fins dessa apresentação, pretendemos explorar melhor a noção de sujeitos socioculturais, a partir das concepções fundadoras de Teixeira (1996).
Referências
BOURDIEU, P. A escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à cultura. In: NOGUEIRA, Maria Alice e CATANI, Afrânio (Orgs.). PIERRE BOURDIEU - Escritos de Educação. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 2003.
LAHIRE, B. Sucesso escolar em meios populares: as razões do improvável. São Paulo, Ática, 1997.
TEIXEIRA, Inês A. Castro. Os professores como sujeitos sócio-culturais. In: DAYRELL, Juarez (Org.). Múltiplos olhares sobre educação e cultura. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1996.
TEIXEIRA, Inês A. Castro. Da condição docente: primeiras aproximações teóricas. Educ. Soc., Campinas, vol. 28, n. 99, p. 426-443, maio/ago. 2007
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