O presente resumo refere-se a uma pesquisa qualitativa de caráter etnográfico, em desenvolvimento no Mestrado em Educação da Universidade do Estado de Minas Gerais, que tem como objetivo central compreender como acontecem as aprendizagens que mantém vivas as tradições do bicentenário Reinado de Nossa Senhora do Rosário de Itapecerica. O trabalho contempla uma pesquisa bibliográfica, além de pesquisa de campo com coleta de dados através de observação participante e entrevistas narrativas, com vistas a responder à seguinte pergunta: como acontecem as aprendizagens intergeracionais no Reinado de Nossa Senhora do Rosário de Itapecerica, tendo em vista a preservação dos saberes e das tradições? Esta pesquisa se faz relevante por empreender estudos sobre os saberes e tradições culturais dessa importante manifestação popular que permanece viva e vibrante, contando com a participação das novas gerações. Conforme já evidenciado em estudos anteriores, algumas tradições resistem, mesmo em condições adversas, porque são manifestações vivas e atuais para as pessoas que delas participam, podendo ser consideradas como veículos de compartilhamento de sentidos, valores e preceitos que integram e/ou diferenciam grupos sociais. Diante disso, o Reinado do Rosário de Itapecerica pode ser visto como um espaço de desenvolvimento de um completo processo de formação, onde pessoas de diferentes gerações aprendem e ensinam o “ser negro”, “ser comunidade”, “ser reinadeiro”, em um constante ciclo de resistência étnica que garante a sobrevivência de suas raízes culturais e históricas. O trabalho encontra-se em fase inicial, onde buscamos, através de pesquisa bibliográfica, estabelecer o contexto histórico e social no qual nasce a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos da Vila de São Bento de Tamanduá, hoje cidade de Itapecerica, cuja ata de fundação foi assinada em sete de junho de mil oitocentos e dezoito, ainda durante a escravidão. Tal contextualização trará melhor compreensão sobre o significado do Reinado como força de resistência da cultura afro-brasileira.
Comissão Organizadora
CLÁUDIA APARECIDA FERREIRA MACHADO
Francely Aparecida dos Santos
Pedro Aurélio Cardoso da Silva
Raiana Alves Maciel Leal do Carmo
Victória Lobo
Comissão Científica