Os benefícios na agilidade da comunicação, entretenimento e acesso à informação proporcionados pelos smartphones e acesso à internet, são inegáveis (SOUZA, 2020). Contudo, aspectos negativos como dependência ou uso problemático, geram preocupações (SOUZA, 2020). Diante disso, este trabalho tem como objetivo, realizar uma análise da frequência do uso de smartphone por adolescentes e sua associação com o desempenho escolar e, discutir possíveis consequências desses hábitos para a saúde. Os resultados apresentados se referem a dados parciais do “Estudo Longitudinal do Comportamento do adolescente na Atividade Física e Saúde”, estudo transversal, realizado com adolescentes regularmente matriculados no primeiro ano do ensino médio da rede estadual de ensino em Montes Claros, MG. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Montes Claros (nº: 5.287.269/2022). A coleta de dados foi iniciada em setembro de 2022 e realizada por meio de um questionário estruturado auto aplicado. Para análise adotou-se estatística descritiva, cujo objetivo é resumir e descrever dados. Esses dados foram analisados pelo software SPSS®, manipulando duas variáveis: “Eu acho que eu tenha ficado cada vez mais tempo conectado ao smartphone” e “O uso de smartphone tem causado efeitos negativos no meu desempenho na escola ou no trabalho” com as opções sim ou não. Foram analisados 519 adolescentes, 51,8% (n=269) eram do sexo feminino, 48,2% (n=250) do sexo masculino, com idade média de 15,48 anos (DP±0,79). A análise mostrou que 59,9% (n=311) dos adolescentes têm ficado cada vez mais tempo conectado ao smartphone, percentual que foi maior entre meninas 57,2% (n=178) em relação aos meninos, 42,8% (n=133). Além disso, 30,4% (n=158) dos estudantes sentem que o uso de smartphone tem causado efeitos negativos na escola ou trabalho. A adolescência é uma fase de transição entre a infância e a idade adulta, com alterações biopsicossociais, na qual, os adolescentes estão mais sensíveis às mudanças de hábitos, modismos e a adoção de comportamentos nocivos à saúde (SOUZA, 2020). O uso incessante da tecnologia tem sido apontado como um dos principais responsáveis pelo aumento do comportamento sedentário, diminuição da qualidade do sono, isolamento social ansiedade e estresse, além de implicações como déficit de atenção e dificuldade de concentração e de memorização (SOUZA, 2020; FERREIRA et al. 2020). Estudos ao redor do mundo e no Brasil (SOUZA, 2020; MARIN, 2021) têm apontado menor desempenho acadêmico em alunos com maior influência de smartphone. A perda da aprendizagem é resultante das interrupções durante o estudo, seja por notificações que são recebidas no aparelho ou pela transferência de atenção para tarefas não acadêmicas (SOUZA, 2020). A amostra analisada, apresentou resultados significativos no que diz respeito ao hábito do uso de smartphone e abre espaço para reflexões sobre esse hábito entre adolescentes. Apresentar esses resultados, possibilita articular ações de educação em saúde junto à comunidade escolar e famílias, visando minimizar os impactos negativos pelo uso excessivo do smartphone, bem como, influenciar pesquisas que investiguem a que ponto seu uso pode afetar e influenciar o desempenho acadêmico.
Apoio financeiro: FAPEMIG - Processo: n.APQ-00711-22
Referências
FERREIRA, Elisabete Zimmer et al. A influência da internet na saúde biopsicossocial do adolescente: revisão integrativa. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 73, n. 2, p. e20180766. 2020. DOI: 10.1590/0034-7167-2018-0766.
MARIN, Maísa Gelain. Adição à internet e a relação com a atenção e fatores associados em adolescentes. 2021. 32f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Instituto de Psicologia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre. 2021. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10183/229903>. Acesso em: 04 mai. 2023.
SOUZA, Elaine Fernanda Dornelas de. A influência do uso de smartphone nos comportamentos relacionados à atividade física, desempenho escolar e privação de sono dos adolescentes. 2020. 157f. Tese (Doutorado em Ciências da Motricidade) - Faculdade de Ciências e Tecnologia. Universidade Estadual Paulista. Presidente Prudente. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/202695>. Acesso em: 04 mai. 2023.
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