Descolonizando o saber: a importância da presença de literatura afro-brasileira nas escolas

  • Autor
  • Vanessa Maria dos Santos Silva
  • Co-autores
  • Jéssica Hayeska Ferreira Lima
  • Resumo
  •  

    O presente trabalho visa refletir sobre a importância da literatura afro-brasileira nas escolas, principalmente na promoção do letramento racial e no desenvolvimento da identidade de alunos negros. Sabemos que o contato com textos, histórias que nos representem possibilita a desenvoltura e conhecimento do nosso próprio corpo. Assim, contribuindo igualmente para a formação da consciência social, política, histórica e econômica. Tal reflexão faz-se necessária quando insistimos em levar para a sala de aula apenas literaturas que privilegiem uma parcela da população, mantendo a forma de ensinar e o conteúdo pela ótica do opressor. Sendo assim, pretendemos descolonizar mentes e imaginações, conforme as ideias do ativista Malcom X, e promover a interação de alunos marginalizados, evitando mais uma forma de violência e opressão. Como aporte teórico para nossas reflexões utilizaremos: MUNANGA (2005) e VIEIRA (2022), para estabelecer e consolidar a concepção de letramento racial; KILOMBA (2008), ALMEIDA (2018) e SOUZA (1983), para refletir sobre o corpo negro; DUARTE (2014), para pensar no conceito de literatura afro-brasileira e a sua presença na sala de aula. Portanto, devemos iniciar com a inclusão de escritores brasileiros negros em nossas aulas, tais como: Conceição Evaristo, Carolina Maria de Jesus, Cuti, Cristiane Sobral e vários outros, como uma forma de diversificar a temática e, principalmente, desconstruir o discurso hegemônico da branquitude. A literatura é mimética, pois ela representa a realidade e as ações humanas, dessa maneira, acompanha as revoluções da sociedade. Quando idealizamos e lutamos por uma nova configuração social, a qual prevaleça o princípio da igualdade, faz-se necessário que todos os mecanismos de formação do indivíduo se tornem aliados. Logo, a educação como principal meio de preparação do homem, precisa estar em consonância com os interesses de todos os sujeitos, sobretudo, aqueles marginalizados e silenciados por tanto tempo na história. Todavia, sabemos que a grade de disciplinas da escola não contempla a própria historiografia da literatura brasileira no geral, tampouco, a literatura afro-brasileira, porém, há diversas formas de levarmos e trabalharmos textos de escritores negros, por exemplo, quando falamos de gêneros literários, para exemplificar podem ser empregados esses textos. Por fim, essas reflexões são pertinentes para alcançarmos a consciência coletiva e uma educação que contemple os interesses, diferenças e particularidades de todos, pois como bem coloca Grada Kilomba (2008), “é o entendimento e o estudo da própria marginalidade que criam a possibilidade de devir como um novo sujeito”.

  • Palavras-chave
  • Literatura Afro-Brasileira. Letramento Racial. Identidade.
  • Área Temática
  • Alfabetização, Letramento e outras Linguagens
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