O presente trabalho visa refletir sobre a importância da literatura afro-brasileira nas escolas, principalmente na promoção do letramento racial e no desenvolvimento da identidade de alunos negros. Sabemos que o contato com textos, histórias que nos representem possibilita a desenvoltura e conhecimento do nosso próprio corpo. Assim, contribuindo igualmente para a formação da consciência social, política, histórica e econômica. Tal reflexão faz-se necessária quando insistimos em levar para a sala de aula apenas literaturas que privilegiem uma parcela da população, mantendo a forma de ensinar e o conteúdo pela ótica do opressor. Sendo assim, pretendemos descolonizar mentes e imaginações, conforme as ideias do ativista Malcom X, e promover a interação de alunos marginalizados, evitando mais uma forma de violência e opressão. Como aporte teórico para nossas reflexões utilizaremos: MUNANGA (2005) e VIEIRA (2022), para estabelecer e consolidar a concepção de letramento racial; KILOMBA (2008), ALMEIDA (2018) e SOUZA (1983), para refletir sobre o corpo negro; DUARTE (2014), para pensar no conceito de literatura afro-brasileira e a sua presença na sala de aula. Portanto, devemos iniciar com a inclusão de escritores brasileiros negros em nossas aulas, tais como: Conceição Evaristo, Carolina Maria de Jesus, Cuti, Cristiane Sobral e vários outros, como uma forma de diversificar a temática e, principalmente, desconstruir o discurso hegemônico da branquitude. A literatura é mimética, pois ela representa a realidade e as ações humanas, dessa maneira, acompanha as revoluções da sociedade. Quando idealizamos e lutamos por uma nova configuração social, a qual prevaleça o princípio da igualdade, faz-se necessário que todos os mecanismos de formação do indivíduo se tornem aliados. Logo, a educação como principal meio de preparação do homem, precisa estar em consonância com os interesses de todos os sujeitos, sobretudo, aqueles marginalizados e silenciados por tanto tempo na história. Todavia, sabemos que a grade de disciplinas da escola não contempla a própria historiografia da literatura brasileira no geral, tampouco, a literatura afro-brasileira, porém, há diversas formas de levarmos e trabalharmos textos de escritores negros, por exemplo, quando falamos de gêneros literários, para exemplificar podem ser empregados esses textos. Por fim, essas reflexões são pertinentes para alcançarmos a consciência coletiva e uma educação que contemple os interesses, diferenças e particularidades de todos, pois como bem coloca Grada Kilomba (2008), “é o entendimento e o estudo da própria marginalidade que criam a possibilidade de devir como um novo sujeito”.
Comissão Organizadora
XV Congresso Nacional de Pesquisa em Educação: "ED
Comissão Científica
Comissão Organizadora do XV COPED
Profa. Dra. Francely Aparecida dos Santos
Prof. Dr. Heiberle Hirsgberg Horácio
Prof. Dr. Lailson dos Reis Pereira
Prof. Dr. Leando Luciano Silva Ravnjak
Profa. Dra. Raiana Alves Maciel Leal do Carmo
Profa. Dra. Úrsula Adelaide de Lélis
Profa. Dra. Viviane Bernadeth Gandra Brandão
Profa. Dra. Zilmar Gonçalves Santos
Realização
Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE)
Departamento de Métodos e Técnicas Educacionais (DMTE)
Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes)
Financiamento
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG)