A trajetória de Cecília Meireles como poeta de profundo lirismo, por vezes, ofusca seu lado combativo e engajado presente nas diversas crônicas e artigos escritos ao longo de trinta e cinco anos de atuação na imprensa brasileira. Este trabalho, que se encontra em fase de pesquisa em andamento, problematiza o engajamento de Cecília Meireles em defesa da Escola Nova, juntamente com Fernando de Azevedo e outros intelectuais, no período da Era Vargas. Os objetivos da pesquisa são: 1) marcar o lugar de Cecília Meireles como intelectual a serviço dos problemas relacionados à educação no Brasil; 2) contrapor o seu pensamento/interesse ao de outros intelectuais modernistas, notadamente aos daqueles associados à Semana de Arte Moderna. Como referência bibliográfica inicial tem-se a obra de Valéria Lamego, Cecília Meireles na Revolução de 30, a dissertação de mestrado produzida por Daniela Utescher Alves, A crônica de Cecília Meireles: uma viagem pela ponte de vidro do arco-íris e o artigo de Ilca Vieira de Oliveira, “Cecília Meireles: o livro e a palavra invisível”. Além dessa fortuna crítica, o outro referencial teórico fundamental são as crônicas produzidas pela autora, no período analisado, reunidas no livro Crônicas da Educação. A investigação é de cunho bibliográfico crítico-teórico, dedutivo e analítico. As leituras e análises feitas até o momento convergem para a hipótese inicial de que, Cecília Meireles, no período anterior ao ano de 1939, foi reconhecida e se reconheceu mais como intelectual voltada para a luta pela educação pública e laica no Brasil – leia-se Escola Nova – do que como poeta, visto que a própria Cecília ao publicar sua Obra Poética, em 1958, não insere nela nenhum poema dos livros anteriores a Viagem (1939). Por outro lado, Cecília Meireles escreveu, só no Diário de Notícias, no período de 1930 a 1933, 750 artigos jornalísticos, na Página da Educação, segundo Lamego (1996). No mesmo período, trocou uma imensa correspondência com o educador Fernando de Azevedo. A pesquisa evidencia como o tema da Educação era caro também aos poetas modernos, no contexto da Revolução de 1930.
Referências
ALVES, Daniela Utescher. A crônica de Cecília Meireles: uma viagem pela ponte de vidro do arco-íris. Dissertação (mestrado em Literatura) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2012;
LAMEGO, Valéria. A farpa na lira: Cecília Meireles na Revolução de 30. Rio de Janeiro: Record, 1996.
MEIRELES, Cecília. Crônicas de Educação. São Paulo: Global, 2016. 5v.
OLIVEIRA, Ilca Vieira de. Cecília Meireles: o livro e a palavra invisível. Revista Graphos, João Pessoa, vol. 21, n° 2, 2019.
Comissão Organizadora
XV Congresso Nacional de Pesquisa em Educação: "ED
Comissão Científica
Comissão Organizadora do XV COPED
Profa. Dra. Francely Aparecida dos Santos
Prof. Dr. Heiberle Hirsgberg Horácio
Prof. Dr. Lailson dos Reis Pereira
Prof. Dr. Leando Luciano Silva Ravnjak
Profa. Dra. Raiana Alves Maciel Leal do Carmo
Profa. Dra. Úrsula Adelaide de Lélis
Profa. Dra. Viviane Bernadeth Gandra Brandão
Profa. Dra. Zilmar Gonçalves Santos
Realização
Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE)
Departamento de Métodos e Técnicas Educacionais (DMTE)
Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes)
Financiamento
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG)