ANÁLISE DE UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA COM IDOSOS NA COZINHA SOLIDÁRIA DO ITATIAIA DO MOVIMENTO DE TRABALHADORES SEM TETO
Clara Sena Mata Oliveira
Universidade Estadual de Montes Claros
clarasmoliveira@gmail.com
Regina Coele Cordeiro
Universidade Estadual de Montes Claros
Eixo: Saberes e Práticas de Ensino
Resumo Expandido
O presente trabalho tem como objetivo analisar o processo pedagógico realizado por educadoras envolvidas com a educação de idosos a partir de uma observação realizada na Cozinha Solidária do Itatiaia do MTST/Montes Claros-MG. Essa experiência foi realizada por meio da disciplina “Educação de Jovens e Adultos”, do curso de Pedagogia, da Universidade Estadual de Montes Claros que propôs a observação de uma aula nas turmas da Educação de Jovens e Adultos e Idosos (EJAI) em espaços educacionais escolares e/ou não escolares. A partir da observação e revisão bibliográfica ressalta-se a importância de ações como essa na luta contra as desigualdades sociais presentes na sociedade brasileira. Ademais, ressalta-se o potencial de formação do sujeito crítico quando as práticas pedagógicas e ideologias presentes no processo se empenham na direção de uma perspectiva transformadora.
Palavras-chave: Idosos; MTST; Pedagogia dos movimentos.
Introdução
O Movimento de Trabalhadores Sem Teto (MTST) é o maior movimento social urbano no Brasil e tem sua origem com mobilizações trabalhistas na década de 90 contra o sistema de produção, associando luta fundiária e direito urbano (Falchetti, 2022). Atualmente o MTST amplia dimensões sociais e políticas atuando na formação técnica, cozinhas solidárias, cursinhos populares, hortas urbanas e coletivos identitários (ibidem). Em Montes Claros/MG uma das formas de atuação do MTST é a Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJAI) que conta com sete educandos e três educadoras, realizando duas vezes na semana aulas para alfabetizar, letrar, socializar e formar sujeitos.
Justificativa e problema da pesquisa
Soares e Pedroso (2016) indicam dificuldades na formação dos professores para EJAI e valorização dessa educação, apontam que as particularidades sociais, étnicas, trabalhistas, culturais que formam a identidade dos educandos devem ser consideradas pelos educadores. A educação deve ser emancipatória para ruptura da esfera capitalista e transformação a realidade (Freire, 1996). Tais questões circundam a EJAI e a educação bancária ainda presente, portanto esse trabalho questiona as práticas pedagógicas realizadas pelas educadoras no MTST/Montes Claros para formação dos idosos.
Objetivos da pesquisa
Analisar o processo pedagógico realizado por educadoras envolvidas na EJAI a partir da observação realizada na Cozinha Solidária do Itatiaia MTST/Montes Claros-MG.
Referencial teórico que fundamenta a pesquisa
Para Freire (1996) a educação deve formar sujeitos questionadores das desigualdades sociais dentro e fora do espaço escolar, pois promovem uma formação humana e ética. Arroyo (2003) apresenta que o vínculo entre trabalho e educação é fundamental para compreender a realidade. Nos processos em sociedade, os movimentos sociais repõem questionamentos clássicos da condição humana, manifestando virtudes pedagógicas radicais e coletivas (ibidem).
Procedimentos metodológicos
Esse trabalho utilizou de revisão bibliográfica e da observação, que consiste no contato direto com o fenômeno a ser analisado (Minayo, 2007) e consolidação de análises teóricas.
Análise dos dados e resultados finais da pesquisa
O espaço e articulação da EJAI do MTST/Montes Claros (materiais didáticos, espaço, alimentação e voluntariado docente) são a base de poder popular e solidariedade. Das três educadoras, duas estão em formação em Pedagogia e buscam se qualificar para atender as especificidades da EJAI. Dos sete educandos, duas possuem necessidades específicas o que inclui demandas às educadoras. Ressalta-se que a idade dos idosos exige metodologias direcionadas para a etapa da vida. As educadoras trabalharam conceitos da realidade, desenvolvendo habilidades de demandas individuais para capacitar sujeitos para a formação críticas desse modo, as práticas pedagógicas sanam necessidades reais dos educandos, vinculando trabalho e educação. As ações no MTST criticam a inacessibilidade à educação e reforçam a luta contra desigualdade social brasileira.
Relação do objeto de estudo com a pesquisa em Educação e eixo temático do COPED
A prática pedagógica da pedagogia dos movimentos sociais é peculiar e possui potencial de contribuir na pesquisa em educação.
Considerações finais
Por meio das análises conclui-se que a prática pedagógica das educadoras pode promover a formação do sujeito crítico. Constata-se a importância da relação entre trabalho, realidade e conhecimento para efetivo aprendizado. A postura do MTST ao promover ações de educação popular reforça uma visão anticapitalista, humanista e que busca transformar a realidade promovendo melhores condições humanas, seja pelo acesso a moradia ou pela humanização e formação de seres.
Referências
ARROYO, Miguel. Pedagogia em movimento: O que temos a aprender dos Movimentos Sociais? Currículo sem Fronteiras, v.3, n.1, p. 28-49, 2003.
FALCHETTI, Cristhiane. Entre dois ciclos políticos: o percurso do MTST e os caminhos das lutas urbanas. Revista Brasileira de Sociologia, v. 10, n.25, p.168-192. Disponível em: <https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=595773689006 > Acesso em 09 de abril de 2024.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 25 ed., 54 p., 1996, Coleção leitura.
MINAYO, Maria Cecília de Souza; DESLANDES, Suely Ferreira; GOMES, Romeu. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 26 ed., 108 p., 2007.
SOARES, Leoncio José Gomes; PEDROSO, Ana Paula Ferreira. Formação de educadores na Educação de Jovens e Adultos (EJA): alinhavando contextos e tecendo possibilidades. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 32, n. 4, p. 251-268, 2016.
Comissão Organizadora
XV Congresso Nacional de Pesquisa em Educação: "ED
Comissão Científica
Comissão Organizadora do XV COPED
Profa. Dra. Francely Aparecida dos Santos
Prof. Dr. Heiberle Hirsgberg Horácio
Prof. Dr. Lailson dos Reis Pereira
Prof. Dr. Leando Luciano Silva Ravnjak
Profa. Dra. Raiana Alves Maciel Leal do Carmo
Profa. Dra. Úrsula Adelaide de Lélis
Profa. Dra. Viviane Bernadeth Gandra Brandão
Profa. Dra. Zilmar Gonçalves Santos
Realização
Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE)
Departamento de Métodos e Técnicas Educacionais (DMTE)
Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes)
Financiamento
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG)