Introdução
O presente estudo foi desenvolvido no âmbito da Universidade Estadual do Maranhão, especificamente nos diálogos, estudos e pesquisas do Grupo de Estudos Questões Educacionais: desigualdade, inclusão e diversidade nas perspectivas socioeconômica, étnico-racial e de gênero - GEDDIN/CNPq/UEMA. Nesse contexto, este texto foi escrito e desenvolvido por uma pessoa negra, afro-maranhense, educador e intelectual antirracista. A discussão é politicamente situada e, se insere em um conjunto de pesquisas sobre educação, relações e questões étnico-raciais no Brasil, especificamente no Estado do Maranhão.Nessa direção, é essencial um estudo que fortifique as ações, práticas socioculturais e educacionais que corroborem para a presença de diálogos que promovam a diversidade étnico-racial nos espaços educacionais formais de ensino, diálogo que enfatize a (re)construção de saberes voltados para a liberdade e emancipação dos(as) sujeitos(as) sociais, pois, em outras palavras é urgente: ensinar, aprender e ensinar relações étnico-raciais na escola.
Justificativa e problema da pesquisa
A justificativa para a presente discussão e estudo está relacionada ao lugar de fala e à posição do sujeito social que escreveu este texto. Sou uma pessoa negra atuante no movimento negro contemporâneo, e acredito na potência epistemológica das margens. O problema que abordei está ligado às concepções que os sujeitos sociais têm sobre a lei em questão e como sua implementação é estabelecida no espaço educacional. Sendo assim, investiguei os saberes socialmente construídos pela gestão, pelos(as) professores(as), a partir do conhecimento sobre a Lei nº 10.639/2003 e suas Diretrizes.
Objetivos da pesquisa
O objetivo geral da pesquisa foi investigar se a gestão educacional desenvolve um trabalho curricular que inclua os conteúdos sobre a história e cultura afro-brasileira e africana, em conformidade com a implementação da Lei Federal nº 10.639/2003, que visa à execução de uma proposta voltada para a diversidade étnico-racial no espaço escolar.
Referencial teórico que fundamenta a pesquisa
O que fundamenta a presente discussão vai ao encontro do que já refletiu e problematizou os movimentos negros no Brasil quando destacam que, o Brasil é uma nação com contrastes sociais e desigualdades em todas as dimensões da vida social (Munanga; Gomes, 2016). Sendo assim, quando verifico quais os(as) sujeitos(as) sociais estão fora dos espaços sociais e de poder constato que estes pertencem a um determinado grupo étnico-racial, logo como já salientou Munanga e Gomes (2016), a população negra e seus descendentes sofrem historicamente o peso da exclusão.
Procedimentos metodológicos
Como procedimento metodológico mobilizei a abordagem de natureza qualitativa, pois acredito que esta abordagem possibilita reflexão e análise sobre os impactos da Lei Federal nº 10.639/2003 e seus significados para os(as) sujeitos sociais no espaço educacional. Além disso, acredito que esta abordagem pode fortificar a positivação da ancestralidade da população negra, pois, esta tem o potencial de fortificar a modificação das percepções socialmente construídas na sociedade sobre as questões e relações raciais, sociais e educacionais, assim como, a forma de pesquisar e entender os fenômenos históricos e sociais.
Análise dos dados e resultados finais da pesquisa
Ensinar, aprender e ensinar relações étnico-raciais na escola é entender que estamos tratando de uma educação que reconhece e respeita as diferenças étnicas, culturais e sociais dos(as) sujeitos(as) sociais e seus grupos de pertencimentos, logo é preciso atravessar as fronteiras étnicas que reforçam as estruturas de dominação e saber. Romper com tais estruturas é pensar em outras estruturas pedagógicas que reconhecem os(as) diferentes, os(as) excluídos(as) de dentro. Nessa direção, a Lei Federal nº .10.639/2003 ao ser mobilizada e implementada faz com que o espaço educacional formal tenha uma nova estrutura, sendo assim, um espaço de superação das desigualdades onde negros(as) passam a ter seus corpos humanizados e não infantilizados.
Relação do objeto de estudo com a pesquisa em Educação e eixo temático do COPED
A pesquisa sobre educação e diversidade na sociedade brasileira é algo recente e valioso, pois apresenta outras perspectivas e possibilidades de compreender a realidade social e as relações estabelecidas nela. A relação do objeto de estudo com o eixo temático do COPED se dá pela discussão que abrange a educação, as questões étnico-raciais e as relações no Brasil, especialmente no Maranhão.
Considerações finais
Após a presente exposição é fulcral destacar que a aprovação da Lei nº10.639/2003, no Brasil foi e é uma resposta positiva à luta dos movimentos negros(as), sujeitos(as) sociais importantes que resistiram bravamente a múltiplas opressões. A lei em questão é um marco na história da educação brasileira esta que alterou a LDBEN e incluiu o artigo 26a, trazendo a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira e africana. Destaco que a supracitada Lei é também uma política de ação afirmativa de reparação histórica urgente, pois objetiva valorizar a cultura, história e a identidade do povo negro no Brasil.
Comissão Organizadora
XV Congresso Nacional de Pesquisa em Educação: "ED
Comissão Científica
Comissão Organizadora do XV COPED
Profa. Dra. Francely Aparecida dos Santos
Prof. Dr. Heiberle Hirsgberg Horácio
Prof. Dr. Lailson dos Reis Pereira
Prof. Dr. Leando Luciano Silva Ravnjak
Profa. Dra. Raiana Alves Maciel Leal do Carmo
Profa. Dra. Úrsula Adelaide de Lélis
Profa. Dra. Viviane Bernadeth Gandra Brandão
Profa. Dra. Zilmar Gonçalves Santos
Realização
Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE)
Departamento de Métodos e Técnicas Educacionais (DMTE)
Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes)
Financiamento
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG)