O LEITOR-CEGO NA UNIVERSIDADE: TECNOLOGIAS ASSISTIVAS E/OU SALAS DE AULA GRAFOCÊNTRICAS?
Kelly Alencar Froes Fonseca
Universidade Estadual de Montes Claros
Kelly.froes@unimontes.br
Ana Márcia Ruas de Aquino
Universidade Estadual de Montes Claros
anamarciaaquino@gmail.com
Eixo: Alfabetização, Letramento e outras Linguagens
Resumo Expandido
Resumo simples
Este estudo versa sobre [multi]letramentos, universidade e inclusão do leitor-cego, considerando as tecnologias assistivas (TA). Para este leitor, uma sala de aula grafocêntrica traz restrições diante das múltiplas semioses e possibilidades que integram as práticas comunicativas para videntes e não videntes. A partir dessa perspectiva grafocêntrica majoritária em salas de aula, este trabalho objetiva, com respostas obtidas em entrevistas semiestruturadas, analisar como se tem dado o acesso do leitor-cego aos textos trabalhados na universidade. A análise de dados permitiu compreender como leitores-cegos sofrem dificuldades de inclusão, pela falta de acesso adequado a TA e demais tecnologias com função assistiva.
Palavras-chave
Leitor-cego, Ensino superior, Tecnologia assistiva.
Introdução
O conceito de letramento vem ganhando abrangência, até sair do lugar central da posse nas competências, para requerer do indivíduo capacidades de usar essas competências na solução de problemas e na tomada de decisões, em sua prática social, para se posicionar como um ser comunicante, o que passa pela inclusão de pessoas com deficiência visual.
Justificativa e problema da pesquisa
O letramento para pessoas com impedimento visual, total ou parcial, é difícil, pela ausência da utilização de ferramentas importantes para o letramento, com estratégias e materiais didáticos acessíveis, já disponíveis para uso, mas não disponibilizados a essas pessoas, por haver uma lacuna logística, tecnológica, material e humana, no meio acadêmico.
Objetivos da pesquisa
Analisar como se tem dado o acesso do leitor-cego aos textos trabalhados na universidade.
Referencial teórico que fundamenta a pesquisa
Rojo (2013), Kleiman (2005), Soares (2020), Tfouni (2002), Scliar-Cabral (2003), Street (2013), Bersch (2017), Guimarães (2009).
Procedimentos metodológicos
Abordagem qualitativa, com caráter indutivo e pesquisa descritiva, revisão de literatura, pesquisa de campo, investigação com perspectiva interpretativa e pesquisa narrativa, com parecer favorável nº 4.401.671, de 16-11-2020, Comitê de Ética em Pesquisa/Unimontes.
Análise dos dados e resultados finais da pesquisa
A partir da análise, os resultados são: I) O acesso imediato dos leitores-cegos ao texto a ser lido fica comprometido e, consequentemente, a aprendizagem, por não receberem, antecipadamente, textos em PDF, para que possam utilizar o Talk Back (software de leitor de tela) no celular; II) A não entrega com antecedência dos textos referentes às temáticas a serem discutidas em sala de aula impede a inserção do leitor-cego nas discussões com o professor e colegas; III) As atividades realizadas em sala de aula carecem de um contato anterior do leitor-cego com o tema/texto, sendo necessário o auxílio de um colega para a realização da atividade.
Relação do objeto de estudo com a pesquisa em Educação e eixo temático do COPED
O objeto de estudo desta pesquisa (a inclusão do leitor-cego na universidade, considerando as tecnologias assistivas (TA) e os multiletramentos) relaciona-se com a pesquisa em educação, esta em (re)construção e como direito fundamental do homem, bem como com o eixo temático Alfabetização, Letramento e outras Linguagens, por tratar dos multiletramentos no contexto da prática socioescolar.
Considerações finais
As análises permitem compreender a forma como as minorias sociais, vulnerabilizadas (nesse caso, os leitores-cegos), atendidas nas escolas, em todos os níveis, sofrem dificuldades de inclusão por razões diversas que envolvem as instituições não serem sensíveis a TA e a demais tecnologias com função assistiva.
Assim, cabe à universidade conhecer e ter disponível a TA, levar o conhecimento sobre essa importante tecnologia ao acadêmico com deficiência visual, bem como fazer uso adequado, didática e metodologicamente, das tecnologias educacionais e humanas, para que estas possam integrar uma função assistiva, para a manutenção da funcionalidade do letramento do acadêmico com deficiência visual, levando-o, a partir da sua interação com professores e colegas, a usar estratégias eficazes de leitura.
Referências
BERSCH, Rita. Introdução à tecnologia assistiva. Assistiva tecnologia e educação. Porto Alegre-RS, 2017. Disponível em: © 2017 Rita Bersch • www.assistiva.com.br • rita@assistiva.com.br. Acesso em: 10 out. 2022.
GUIMARÃES, Zuleide Maria. de A. S. O desempenho do/a ledor/a em situações de prova em tinta junto a pessoas cegas (PC). 2009. Dissertação (Mestrado em Linguagem e Ensino) – Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino, Centro de Humanidades, Universidade Federal de Campina Grande, Paraíba.
KLEIMAN, Ângela. Preciso ensinar o letramento? Não basta ensinar a ler e a escrever? Campinas, UNICAMP/MEC, 2005.
ROJO, Roxane. Gêneros discursivos do Círculo de Bakhtin e multiletramentos. In: ROJO, Roxane (org.). Escol@ conectada: os multiletramentos e as TICs. São Paulo: Parábola, 2013. p. 13-36.
SCLIAR-CABRAL, Leonor. Princípios do sistema alfabético do português do Brasil. São Paulo: Contexto, 2003.
SOARES, Magda. Alfaletrar: toda criança pode aprender a ler e escrever. São Paulo: Contexto, 2020.
STREET, Brian Vincent. Políticas e práticas de letramento na Inglaterra: uma perspectiva de letramentos sociais como base para uma comparação com o Brasil. Cadernos Cedes, Campinas, v. 33, n. 89, p. 51-71, jan.-abr. 2013.
TFOUNI, Leda Verdiani. Letramento e alfabetização. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2002.
Comissão Organizadora
XV Congresso Nacional de Pesquisa em Educação: "ED
Comissão Científica
Comissão Organizadora do XV COPED
Profa. Dra. Francely Aparecida dos Santos
Prof. Dr. Heiberle Hirsgberg Horácio
Prof. Dr. Lailson dos Reis Pereira
Prof. Dr. Leando Luciano Silva Ravnjak
Profa. Dra. Raiana Alves Maciel Leal do Carmo
Profa. Dra. Úrsula Adelaide de Lélis
Profa. Dra. Viviane Bernadeth Gandra Brandão
Profa. Dra. Zilmar Gonçalves Santos
Realização
Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE)
Departamento de Métodos e Técnicas Educacionais (DMTE)
Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes)
Financiamento
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG)