As contribuições da Memória de Aula em diálogo com a Diversidade Cultural: um relato de experiência no mestrado em Educação

As contribuições da Memória de Aula em diálogo com a Diversidade Cultural: um relato de experiência no mestrado em Educação

• Autor
• Elizabeth Alves Meira Santos
• Co-autores
• Thiago Martins de Menezes Costa
• Resumo

• Este trabalho é um relato da experiência de discentes do Mestrado em Educação da Unimontes, vivida na disciplina de Epistemologia e Pesquisa em Educação. Assim, abordamos a vivência da construção da Memória de Aula (MA), buscando apresentar suas contribuições na formação continuada dos/as autores/as, além de descrever este processo identificando suas principais características enquanto gênero textual. Para tanto, selecionamos como recorte de análise o processo de construção de uma MA que teve como dinâmica introdutória a leitura de deleite do livro infantil Menina bonita do laço de fita, de Ana Maria Machado. Entendemos que falar sobre a produção da MA articulada à experiência selecionada promove reflexões pertinentes sobre a formação continuada, tanto em seus aspectos didático-metodológicos, quanto nos de desenvolvimento individual dos/as discentes. Através deste trabalho buscamos responder: quais são as contribuições da MA no processo de formação continuada na disciplina elencada? Intentamos responder a essa pergunta com os objetivos de identificar as principais características da MA e apontar as reflexões sobre a Diversidade Cultural (DC) na experiência vivenciada através da leitura de deleite do livro Menina bonita do laço de fita (Machado, 2004). A disciplina obrigatória de Epistemologia e Pesquisa em Educação se dá em quatro horas/aula. Assim, inicia-se com a leitura de deleite de determinada literatura infantil, que na aula selecionada foi o livro Menina bonita do laço de fita (Ibid.). Nessa disciplina, a MA é apresentada como atividade semanal, com o objetivo de resgatar as experiências de cada aula, sobretudo, as de aprendizado. Segundo a professora que ministra a matéria, a MA é vida, e precisa ativar valores incorporados à nossa identidade. De Souza (2016) delineia a MA como um gênero textual que coloca o autor no centro da interlocução, possuindo elementos narrativos e descritivos, mas também buscando a subjetivação e reflexão. Sendo assim, trata-se de uma produção textual caracterizada pela liberdade e construção de si. Mobilizando o conceito de DC, Munanga (2010) discorre sobre o reconhecimento das diferenças e identidades outras e da luta contra preconceitos raciais. Nesse sentido, a promoção da DC está diretamente ligada à valorização e afirmação de etnias, nacionalidades, religiões e culturas, sobretudo, aquelas apagadas pela modernidade/colonialidade. O livro referenciado traz reflexões sobre a DC, na medida em que descreve as características étnico-raciais da personagem de maneira positiva. Nesse sentido, a elaboração da MA permitiu-nos o resgate da leitura do livro sob um olhar mais analítico, que nos fez perceber a importância da dinâmica realizada. Assim, reconstruindo a referida aula, identificamos que a abordagem do texto infantil tem caráter acolhedor, permitindo uma aproximação entre docente e discentes do mestrado. Aproximação esta que se caracteriza pelo reconhecimento e valorização das diversas identidades culturais, sobretudo de origem afrodiaspórica, tendo em vista o perfil da turma, que é culturalmente diversa. Consideramos que essa experiência contribui para a compreensão da MA como uma metodologia didática no desenvolvimento de habilidades de autoria, reflexão e autoavaliação sobre a aula vivida. Ademais, ao remontar a MA que relata sobre o livro infantil, podemos vislumbrar aproximações da metodologia utilizada com a discussão da DC. Assim, esse relato põe em evidência a valorização das diferenças e a promoção do pertencimento de minorias étnico-raciais a um mestrado em educação.

• Palavras-chave
• Memória de Aula, Mestrado em Educação, Diversidade Cultural.
• Área Temática
• Educação e Diversidade