PLANTÃO PSICOLÓGICO E DESPATOLOGIZAÇÃO INFANTIL: REFLEXÕES A PARTIR DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE

  • Autor
  • Laís de Souza Bernardes Barbosa
  • Co-autores
  • Fellipe Leal Pereira , Jones Barreto Corrêa
  • Resumo
  • O aumento da quantidade de crianças encaminhadas aos serviços de Psicologia, com diagnósticos e queixas escolares, tem provocado debates e reflexões tanto nos espaços acadêmicos, de graduação, quanto nos próprios serviços clínicos e nos espaços de supervisão da prática. É, nesse contexto, que o serviço de Plantão Psicológico se insere, como modalidade de atendimento destinado à população e ofertado como estágio profissionalizante no Núcleo de Atenção à Saúde e Práticas Profissionalizantes (NASPP), clínica-escola do curso de Psicologia da UNIFIPMoc, em Montes Claros-MG. Como modalidade de atendimento clínico, o Plantão Psicológico tem por objetivo favorecer a elaboração e compreensão da experiência daqueles que buscam espontaneamente por ajuda em momentos de necessidade psicológica (MAHFOUD, 2013). Assim, além da dimensão clínica, “pode promover uma experie?ncia de aprendizagem eficaz para estagia?rios” (MAHFOUD, 2012, p.10), por permitir escuta e intervenção com sujeitos e demandas diversas. Dessa maneira, no NASPP, por meio dos atendimentos clínicos e dos espaços de supervisão, o serviço tem reconhecido o aumento da patologização da vida, fenômeno notado com o aumento de crianças encaminhadas com laudos diagnósticos e constatado na atuação de localizar problemas e queixas num indivíduo particular (CRP, 2019). Desse modo, este trabalho objetiva relatar a experiência de atendimento/supervisão de plantonistas e suas consequências psicossociais para as crianças e seus familiares atendidos, como na educação infantil. Para isso, utilizou-se de pesquisa bibliográfica como base argumentativa e de discussão das experiências vivenciadas. 

    O atendimento em Plantão Psicológico e os debates em supervisão possibilitaram atuação investigativa e descoberta de vários sujeitos e situações envolvidos na produção das queixas escolares e pedidos de laudos diagnósticos, reconhecendo o ser humano (e as crianças) como ser biopsicossocial e provocando despatologização. O psicólogo trabalha “buscando sentidos, buscando história, entendendo as relações, entendendo o contexto” (CRP, 2019, p.14) para uma análise crítica dos laudos diagnósticos apresentados.

    Portanto, tal prática pode favorecer a subjetividade da infância e a própria educação infantil, pois o movimento de compreensão das queixas e a descoberta de diversos atores e situações podem contribuir, como constatado, para a despatologização dos comportamentos infantis e para o desenvolvimento de olhares multifatoriais, inclusive dos pais sobre os comportamentos na educação infanto-juvenil. Além disso, esses espaços podem contribuir para a maior compreensão das questões humanas e para a formação em Psicologia atenta às realidades contemporâneas e às práticas de despatologização.

  • Palavras-chave
  • Psicologia, Medicalização, Despatologização.
  • Área Temática
  • Infâncias e Educação Infantil
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