A ESCRITA DA LÍNGUA PORTUGUESA POR ALUNOS SURDOS
Daniane Pereira
Universidade Federal do Sul da Bahia
Claudineia Gonçalves dos Santos
Universidade Estadual de Montes Claros
gclaudineia68@yahoo.com
Joeli Teixeira Antunes
Universidade Estadual de Montes Claros
joeli.antunes@unimontes.br
Maria Leidiane Rodrigues Pereira Reis
Universidade Estadual de Montes Claros
Martha Daniele Santos
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
marthadanielle@gmail.com
Raimirys Costa Rocha
Secretaria Municipal de Educação de Brumado/BA
raimirys@gmail.com
Eixo: 1 -Alfabetização, Letramento e outras Linguagens
Resumo
O objetivo deste estudo foi analisar situações em que ocorre a aquisição de uma segunda língua, especialmente o contato entre a Língua Portuguesa e a Língua de Sinais Brasileira, visando investigar como a primeira língua, neste caso a Língua de Sinais Brasileira, influencia a escrita da segunda língua, que é a Língua Portuguesa, por indivíduos surdos, devido à interlíngua, resultante da interferência da primeira língua na segunda. A dificuldade dos sujeitos surdos na escrita da Língua Portuguesa evidencia um processo de contato entre línguas, que pode causar estranhamento tanto para alunos surdos quanto para os professores ouvintes. Os estudos desta pesquisa foram embasados pela teoria do Contato de Línguas, uma vertente da Sociolinguística.
Palavras-chave: Contato de Línguas. Educação Bilíngue. Língua de Sinais. Língua de Sinais Brasileira. Língua Portuguesa.
Introdução
Neste estudo, discutimos situações de contato entre a Língua Portuguesa, uma língua oral-auditiva, e a Língua de Sinais Brasileira, uma língua visual-espacial, com o objetivo de investigar as influências da Língua de Sinais Brasileira na escrita em Língua Portuguesa por alunos surdos.
Para os sujeitos ouvintes, aprender a escrever em sua língua materna é uma forma de representar sua fala de maneira diferenciada. No entanto, para os indivíduos surdos, cuja primeira língua é uma língua de sinais, aprender a escrever em Língua Portuguesa, significa adquirir uma nova língua, distinta da língua de sinais, tornando-a uma segunda língua (Quadros; Karnopp, 2004, p. 47-48).
Justificativa e problema da pesquisa
Observam-se desafios morfossintáticos na produção de textos escritos em Língua Portuguesa por sujeitos surdos cuja Língua de Sinais Brasileira é a primeira língua. Por isso, propomos investigar como a Língua de Sinais Brasileira influencia a escrita em Língua Portuguesa desses sujeitos. Essa proposta é justificada por haver marcas da Língua de Sinais Brasileira na escrita em Língua Portuguesa pelos alunos surdos. Dado que o processo de aprendizado da escrita por sujeitos surdos difere daquele dos sujeitos ouvintes, pretendemos discutir situações de contato entre a Língua Portuguesa e a Língua de Sinais Brasileira.
Objetivos da pesquisa
Investigar as marcas de Língua de Sinais Brasileira na escrita da Língua Portuguesa por alunos surdos.
Referencial teórico que fundamenta a pesquisa
Conforme Vygotsky (1998), a organização das ideias entre os ouvintes, através da oralidade, segue um padrão semelhante ao encontrado nos sujeitos surdos, que se comunicam através da língua de sinais. Portanto, nas produções textuais em Língua Portuguesa desses sujeitos surdos, são perceptíveis influências da língua de sinais como primeira língua, como por exemplo, em sua estrutura morfossintática, já que o indivíduo organiza seu pensamento a partir de sua primeira língua, o que acaba interferindo em sua escrita.
Segundo Selinker (1972, p. 98), uma das consequências do contato entre línguas é a formação da interlíngua, que se caracteriza como um sistema linguístico intermediário entre a primeira e a segunda língua. Este fenômeno é marcado pela influência da primeira língua sobre a segunda língua e pode conter elementos próprios de ambas as línguas, não sendo estritamente nem a primeira nem a segunda língua.
Procedimentos metodológicos
Em relação aos objetivos, este estudo é de natureza exploratória, uma vez que inclui entrevistas com estudantes surdos em uma escola pública e revisão bibliográfica. Quanto aos procedimentos técnicos, empregados, trata-se de uma pesquisa-ação, pois procura engajar os participantes de maneira ativa no processo de pesquisa.
Análise dos dados e resultados finais da pesquisa7
Durante nossa investigação, constatamos que o aprendizado da Língua Portuguesa escrita como segunda língua por alunos surdos requer um ambiente educacional que se apoie na Educação Bilíngue de Surdos. Práticas bilíngues oferecem uma abordagem contextualizada e significativa para o ensino da Língua Portuguesa escrita como segunda língua para pessoas surdas.
Relação do objeto de estudo com a pesquisa em Educação e eixo temático do COPED
A pesquisa está diretamente relacionada ao eixo temático por abordar questões fundamentais para a compreensão do processo de alfabetização e letramento de sujeitos surdos, que enfrentam desafios específicos devido à sua condição auditiva, sua língua e sua cultura.
Considerações finais
A obtenção da língua de sinais como primeira língua é essencial para que o indivíduo surdo possa aprender uma segunda língua, assim como a exposição regular à escrita, juntamente com uma abordagem pedagógica adaptada às necessidades desse sujeito, cuja principal via de compreensão e interação com o mundo é o canal visual.
Para garantir que o ensino e aprendizado da Língua Portuguesa escrita pelo aluno surdo ocorra de forma eficaz, a escola, em colaboração com o professor de Língua Portuguesa, precisa reconsiderar as metodologias empregadas no processo educacional.
Referências
QUADROS, Ronice Müller de; KARNOPP, Lodenir Becher. Língua de sinais brasileira: estudos linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004.
SELINKER, Larry. Interlanguage. International Review of Applied Linguistics, v. 10, 1972.
VYGOTSKY, Lev Semenovitch. Pensamento e linguagem. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1998.
Comissão Organizadora
XV Congresso Nacional de Pesquisa em Educação: "ED
Comissão Científica
Comissão Organizadora do XV COPED
Profa. Dra. Francely Aparecida dos Santos
Prof. Dr. Heiberle Hirsgberg Horácio
Prof. Dr. Lailson dos Reis Pereira
Prof. Dr. Leando Luciano Silva Ravnjak
Profa. Dra. Raiana Alves Maciel Leal do Carmo
Profa. Dra. Úrsula Adelaide de Lélis
Profa. Dra. Viviane Bernadeth Gandra Brandão
Profa. Dra. Zilmar Gonçalves Santos
Realização
Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE)
Departamento de Métodos e Técnicas Educacionais (DMTE)
Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes)
Financiamento
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG)