Resumo
Esta pesquisa objetivou refletir sobre o papel do livro didático e suas influências nas interações e brincadeiras, discutindo as dificuldades e as vantagens de sua utilização. Utilizou-se a pesquisa qualitativa e o estudo de caso como metodologia, o lócus são CEMEIs de Montes Claros-MG. Aplicou-se questionário às professoras para coletar os dados. Concluiu-se que, o livro didático, apesar das dificuldades em administrar o tempo, manifestou-se um mecanismo de auxílio no processo de aprendizagem. O uso do livro tem facilitado alcançar uma alfabetização de qualidade.
Palavras-chave: Livro didático. Brincadeiras. Educação Infantil.
Introdução
O uso dos livros didáticos no Brasil teve início no século XIX e, atualmente, são submetidos à avaliação de acordo com critérios estabelecidos pelo Ministério da Educação (MEC).
Nessa pesquisa, consideramos o livro didático como objeto usado com o propósito educacional. Conforme Perovano (2023), os livros didáticos são obras produzidas com a intenção de serem materiais escolares que devem ser utilizados em sala de aula.
Propõe-se compreender o uso do livro didático e suas influências nas interações e brincadeiras na esfera da Educação Infantil. Para isso, foi entrevistado um grupo de professoras da rede municipal de ensino.
Justificativa e problema da pesquisa
Este estudo é motivado pelo não consenso entre os profissionais da educação em relação ao uso do livro didático.
O problema central desta pesquisa foi: "A presença do livro didático viabiliza ou prejudica as práticas de interações e brincadeiras na Educação Infantil?"
Objetivo da pesquisa
Refletir sobre o papel do livro didático e suas influências nas interações e brincadeiras, discutindo as dificuldades e as vantagens de sua utilização na Educação Infantil.
Referencial teórico que fundamenta a pesquisa
Observa-se que o uso do livro didático não é consensual entre os professores na rede pública de ensino. Brandão (2017) sugere que a adoção do livro didático assegura uniformidade nos conteúdos ensinados nas escolas.
Em contrapartida, o uso dos livros aumenta a quantidade de atividades escritas para crianças tão jovens. Isso poderia limitar o envolvimento em outras áreas cruciais para o desenvolvimento infantil, como interações e brincadeiras.
Procedimentos metodológicos
Adotamos a abordagem qualitativa, utilizando questionários para coletar dados. O grupo de pesquisa inclui 15 professoras que trabalham no Ensino Infantil em diversos CEMEIs de Montes Claros-MG. A cidade possui atualmente 37 CEMEIs.
As professoras responderam a um questionário, sendo disponibilizado em formato físico e online, por meio da plataforma Google Forms.
Análise dos dados e resultados finais da pesquisa
Os dados foram coletados através de 5 questões objetivas. Sobre o perfil docente, a maioria tem mais de 10 anos de experiência. Ao serem questionadas sobre o uso de livros didáticos no ensino infantil, 11 professoras afirmaram ser a favor e 4 se posicionaram contra.
Conforme os argumentos apresentados pelos docentes, 13 destacaram o livro didático como ferramenta de apoio ao professor, permitindo a seleção de atividades alinhadas ao planejamento de aula e ao desenvolvimento da linguagem, vocabulário e criatividade. Porém, 2 educadoras não veem vantagens, pois o material geralmente não é adaptado à realidade da turma.
Sobre as dificuldades, 3 educadoras mencionaram a falta de acesso a esses materiais na educação infantil, enquanto 4 destacaram a dificuldade de encontrar livros adequados para a faixa etária. No entanto, 4 profissionais não veem limitações, quando o livro não é a única fonte de aprendizagem, enquanto outras 4 argumentaram que ele não promove atividades lúdicas e limita a interação com o ambiente das crianças.
Quanto ao uso de manuais para promover interações e brincadeiras, 11 educadoras mencionaram intercalar o livro com várias atividades lúdicas, 4 consideram que o livro é insuficiente para o desenvolvimento infantil.
Percebe-se que, a maioria dos profissionais entrevistados é a favor dos livros didáticos, visto como ferramenta de apoio que pode ser utilizada para auxiliar na aprendizagem .
Relação do objeto de estudo com a pesquisa em Educação e eixo temático do COPED
O objeto desta pesquisa dialoga com o eixo do COPED, por discutir as experiências dos professores e debater sobre o uso de livros didáticos na Educação Infantil.
Considerações finais
O uso do livro didático na educação infantil não é unânime entre os educadores. É crucial garantir às crianças o direito ao brincar, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (Brasil, 1990). O estímulo ao brincar, interações e atividades lúdicas é essencial para o desenvolvimento, indo além do uso de papel e lápis.
Considera-se que o ensino infantil deve ser uma etapa lúdica, com uso de brincadeiras e recursos que estimulem a criatividade, imaginação e desenvolvimento psicológico e motor.
Referências
BRANDÃO, Ana Carolina Perrusi Alves. SILVA, Alexandro da. O ensino da leitura e escrita e o livro didático na Educação Infantil. Educação. Porto Alegre, v.40, n.3, p. 440-449, set.-dez, 2017.
BRASIL. Lei 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 16 jul. 1990. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em: 09/05/2024.
PEROVANO, Ana Paula; AMARAL, Rubia Barcelos. LIVRO DIDÁTICO COMO RECURSO PEDAGÓGICO: CONCEITO, FUNÇÃO, ESCOLHA E USO. Revista Binacional Brasil-Argentina: Diálogo entre as ciências, v. 12, n. 02, p. 16-32, 2023.
Comissão Organizadora
XV Congresso Nacional de Pesquisa em Educação: "ED
Comissão Científica
Comissão Organizadora do XV COPED
Profa. Dra. Francely Aparecida dos Santos
Prof. Dr. Heiberle Hirsgberg Horácio
Prof. Dr. Lailson dos Reis Pereira
Prof. Dr. Leando Luciano Silva Ravnjak
Profa. Dra. Raiana Alves Maciel Leal do Carmo
Profa. Dra. Úrsula Adelaide de Lélis
Profa. Dra. Viviane Bernadeth Gandra Brandão
Profa. Dra. Zilmar Gonçalves Santos
Realização
Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE)
Departamento de Métodos e Técnicas Educacionais (DMTE)
Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes)
Financiamento
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG)