TRAJETÓRIA DE EDUCADORAS NEGRAS DE JOVENS E ADULTOS – EJA - EM MONTES CLAROS/MG – 2000 a 2023
João Olímpios Soares dos Reis
joao.luciene.reis1996@gmail.com
Universidade Estadual de Montes Claros
Maria Clarisse Vieira
mclarissev@yahoo.com.br
Universidade de Brasília
Eixo: História da Educação
Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos. Memórias. Experiências. Racismo.
Introdução
O presente estudo se propõe a pensar sobre a trajetória de educadoras negras de jovens e adultos, em Montes Claros, Minas Gerais. Nesse sentido, a pesquisa objetiva reconstituir trajetória de educadoras negras, analisando o lugar dessas mulheres, enquanto educadoras, bem como os entraves, desafios e/ou as possíveis vantagens no ofício de educar jovens e adultos, no recorte temporal de 2000 a 2023. É necessário, também, escutar a voz dessas sujeitas envolvidas na trama de educar. Ao relatarem suas experiências, sobre si mesma e suas práticas sociais constatamos os diversos fatores que envolvem a realidade, em especial educacional, onde estão inseridas.
Algumas perguntas investigativas para construção do nosso problema de pesquisa se constituíram em: será que, somente o fato de ser mulher e de classe trabalhadora determina os problemas, a atuação e a visão de mundo da educadora?; qual a interferência dos fatores étnico-raciais na história de vida e práticas dessas mulheres negras e educadoras da EJA?; o que significava ter como ofício “ser mulher professora e negra”?; A metodologia adotada consiste em história oral aliada a análise de outras fontes, entre elas, documentos escolares, oficiais, fotografias e outros. Nesse sentido, apresenta-se a pesquisa nos moldes a seguir.
Procedimentos e estratégias metodológicas
A pesquisa situa-se no campo de estudos sobre história de vida, cuja temática de discussão centra-se em mulheres, educadoras negras, centrando a atenção na “arte” de educar. Lidamos com uma temporalidade considerando as décadas de 2000 a 2023, período quando o Brasil esteve imerso em profundas transformações econômicas, sociais, políticas e culturais, bem com a pandemia do SARS-Cov-2 ou Covid 19, bem com o desmonte da EJA. Nesse quadro, as questões educacionais também passaram por transformações, sendo produzidas mudanças bastante significativas nos processos de ensinar e de compreender o papel da escolarização para o desenvolvimento individual e social, em especial os jovens, quando a educação passa de Educação de Adultos para Educação de Jovens e Adultos (EJA). Nesse contexto, averiguamos se há educadoras negras atuando na educação de jovens e adultos, atentando para o lugar que ocupam nessa época, enquanto mulheres e negras.
A atividade permite o confronto entre passado e presente pela construção de um olhar que interroga a realidade, analisa ocorrências de outra temporalidade e procura identificar e compreender os motivos que impulsionaram ações de mulheres que nos antecederam. Dessa forma, produzimos uma inteligibilidade capaz de favorecer a compreensão das práticas educativas, que atendem jovens e adultos, visando o enfrentamento do desafio que se constitui no ato de educar. Em última instância, ao colocarmos “luz” sobre o passado, podemos compreender algumas facetas do momento contemporâneo e entrever alternativas pedagógicas para os desafios que, hoje, em meio à realidade conflituosa, contraditória e, muitas vezes, excludente revelam nuances bem diferentes e contrastes (Freire, 1978). Por meio desta aproximação com a realidade passada, a pesquisa possibilita a compreensão de especificidades, desafios e possíveis caminhos buscados pelas educadoras negras, inseridas na ação docente, vivenciando novas demandas, no contexto de modernização deflagrado no Brasil, a partir de 2000.
Considerações finais
As mulheres da EJA, que são as grandes sujeitas desta pesquisa, ao lidar – ou não - com uma educação libertadora possam ser resistência feroz ao racismo, machismo, sexismo, misoginia, pobreza e todas as mazelas sociais que nascem a partir das engrenagens deste sistema econômico predatório e de suas superestruturas (Hooks, 2013).
É indiscutível o nó, como disse Saffioti (2015), quando se dialoga sobre os processos educacionais das mulheres no Brasil. É de uma total cegueira social não mencionar este ponto, pois seria como fechar os olhos para as grandes sujeitas desta pesquisa, que são as mulheres da EJA.
Gonzales (1984) levanta uma discussão sobre o lugar do branco, que não foi feito para o preto, e o lugar do preto, que não foi feito para o branco, como a escola, por exemplo. E, para a Educação de Jovens e Adultos, toda a discussão explica a sua grande maioria composta por mulheres idosas e pretas. Mulheres que foram deixadas á margem e sobreviveram em seus trabalhos subvalorizados.
Agradecimentos
Universidade Estadual de Montes Claros com a parceria da Universidade de Brasília (Dinter/UnB).
Referências
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 5 ed., Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
HOOKS, Bell. Ensinando a transgredir: a educação com prática da liberdade. São Paulo: Martins Fontes, 2013.
SAFFIOTI, Heleieth. Gênero, patriarcado e violência. São Paulo: Expressão Popular: Fundação Perseu Abramo, 2015,
GONZALES, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. Revista Ciências Sociais Hoje, [S.L.] p. 223-244, 1984.
Comissão Organizadora
XV Congresso Nacional de Pesquisa em Educação: "ED
Comissão Científica
Comissão Organizadora do XV COPED
Profa. Dra. Francely Aparecida dos Santos
Prof. Dr. Heiberle Hirsgberg Horácio
Prof. Dr. Lailson dos Reis Pereira
Prof. Dr. Leando Luciano Silva Ravnjak
Profa. Dra. Raiana Alves Maciel Leal do Carmo
Profa. Dra. Úrsula Adelaide de Lélis
Profa. Dra. Viviane Bernadeth Gandra Brandão
Profa. Dra. Zilmar Gonçalves Santos
Realização
Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE)
Departamento de Métodos e Técnicas Educacionais (DMTE)
Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes)
Financiamento
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG)