As metodologias a serem seguidas no ensino de língua portuguesa na educação básica brasileira são discutidas desde a década de 1950. Enquanto uns defendem o método tradicional, que se apoia na perspectiva normativa e busca o “falar e escrever bem”, outros lutam pela inserção do ensino científico, apoiando-se nos estudos da linguística, que observa e analisa o uso real da língua e seus fenômenos. Seguindo este último viés, objetivamos compartilhar nossa experiência a partir de oficinas de linguística que foram desenvolvidas entre agosto de 2018 e julho de 2019 com pré-adolescentes de uma escola pública municipal de Blumenau-SC. Nosso projeto de iniciação científica (574/2018 - Linguística e ensino: a importância de se fazer ciência da linguagem na educação básica – PIBIC/FURB) levou a perspectiva linguística à escola. Em um primeiro momento, para conhecer a turma com a qual trabalhamos e saber quais eram as opiniões e conhecimentos prévios dos estudantes sobre linguística, pedimos para que os estudantes respondessem a um questionário inicial baseado na obra Mitos de Linguagem, de Othero (2017), que estava relacionado a crenças do senso comum e nos serviu de diagnóstico para que, conforme as respostas dos estudantes, pudéssemos desmistificá-las. A partir disso, elaboramos oficinas que abordaram alguns temas das áreas de sociolinguística, psicolinguística, aquisição de língua materna, semântica e pragmática e as desenvolvemos com estudantes do sétimo e oitavo anos. Através da realização das oficinas, conseguimos alcançar resultados bastante positivos, uma vez que os estudantes se mostraram participativos e curiosos, trazendo exemplos, reflexões pessoais, questionamentos e realizando pequenas pesquisas. Além disso, na última oficina, um questionário feito através do site Kahoot, com perguntas que envolviam os conhecimentos desenvolvidos em todas as oficinas, demonstrou que os estudantes de fato desconstruíram vários mitos de linguagem após as oficinas. O questionário solicitado inicialmente foi novamente respondido pelos estudantes, que o responderam, dessa vez, com conhecimento mais científico acerca do assunto, o que possibilitou reflexão e elaboração de respostas mais embasadas. Foi possível perceber, dessa forma, que o conteúdo foi significativo para eles, o que nos faz defender que a linguística desperta o interesse dos alunos e que pode, portanto, tornar as aulas de Língua Portuguesa mais interessantes e produtivas.
Comissão Organizadora
Leonardo Cristiano Gieseler
Comissão Científica