Este relato de experiência, ancorado em uma perspectiva histórico-crítica, concebe a prática pedagógica para além do saber fazer (poiesis), a compreende como uma ação reflexiva (práxis) (CARR, 1996; FRANCO, 2016). As práticas docentes são construídas na/pela mediação com o outro e tais ações estão sempre em processo, permitindo a ressignificação das práticas pedagógicas (ação-teoria-prática) e dos saberes docentes. Neste sentido, tem-se por objetivo refletir sobre a formação e a prática docente na voz do professor da Educação Básica, a partir de um estudo de abordagem qualitativa exploratória envolvendo um dos autores desse relato, graduado em Letras, atuante na Educação Básica e estudante de um curso lato sensu em um Instituto Federal de Santa Catarina. No primeiro semestre de 2019, esse sujeito realizou leituras individuais e coletivas, participou de seminários e práticas pedagógicas assentadas na perspectiva histórico-crítica nas aulas inscritas na Unidade Curricular “Pesquisa e Prática Pedagógica” da instituição. Os resultados evidenciaram que o professor compreende a importância de ouvir o estudante, de conhecê-lo a partir do lugar que este enuncia, das suas vivências e experiências. Isso implica pensar, de acordo com esse sujeito, que as práticas pedagógicas são dialógicas e mediadoras (FREIRE, 2011) na/pela relação entre e com os múltiplos sujeitos que se inscrevem na esfera escolar. Depreende-se da voz do professor que é a partir desse olhar atento sobre as diferentes realidades desses estudantes, incluindo-se aí aspectos econômicos, geográficos, culturais, históricos e sociais, que o professor deve partir para saber onde quer e deve chegar no intuito de promover a aprendizagem a todos os estudantes. Seu foco, portanto, precisa estar centrado no estudante e nos seus processos de aprendizagem em diálogo com o estudante e não apenas falando sobre ele. As propostas pedagógicas direcionadas para esses múltiplos atores sociais (os estudantes) exige/requer do professor uma posição e, consequentemente, uma intencionalidade pedagógica (FRANCO, 2016) pautada em conhecimentos científicos. Entretanto, ressalta, que a afetividade e o amor devem e precisam caminhar juntos em prol de uma pedagogia que valorize o ser humano, no sentido de promover a autonomia do estudante e do professor, da importância da sua consciência e intencionalidade na prática pedagógica, e na relação com o outro. Portanto, os saberes não são medidos em maiores ou menores, mas são concebidos e constituídos como saberes diferentes (FREIRE, 2011). É na e pela diferença que aprendemos e somos quem somos perpassados pelas experiências e vivências na relação eu-outro, outro-eu (BAKHTIN, 2012).
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Leonardo Cristiano Gieseler
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