Escrever é uma prática social que se constitui na/pela interação dialógica com o outro (BAKHTIN, 2012). Neste sentido, a escrita na esfera escolar é aquela que instiga o/a estudante a produzir sentidos, a usar e a refletir sobre a língua/linguagem. Isso implica afirmar que o texto na sala de aula não se reduz ao ensino das normas gramaticais da Língua Portuguesa (GERALDI, 1997). Logo, a língua/linguagem em uso é uma ação a qual o sujeito na/pela mediação, articula seus diferentes pontos de vista sobre/com o mundo na relação entre eu e o outro (BAKHTIN, 2012). Assentados em um trabalho piloto de abordagem quali-quantitativa exploratória com 18 estudantes matriculados no terceiro ano dos anos iniciais do ensino fundamental de uma escola da rede pública municipal de Gaspar/SC, buscou-se compreender o processo de escrita desses sujeitos a partir do seu projeto de dizer utilizando-se massas de modelar para elaboração de suas histórias. Os resultados sinalizaram que tal prática pedagógica, permitiu compreender que, alguns estudantes inscritos no terceiro ano dos anos iniciais do ensino fundamental, apresentam dificuldades no tocante à estrutura do texto, quais sejam: entender a organização textual com parágrafo no que se refere ao início, meio e fim; desenvolver o roteiro da história escrita com criatividade e coerência. Se por um lado, a produção textual com esses sujeitos se pauta em temas de cunho subjetivo, aquele que o/a estudante fala de si, da sua bagagem social, cultural, portanto, das suas experiências em outras esferas sociais; por outro, lado, o rigor metódico (FREIRE, 2011) ancora-se na escrita para fins de uso social, ou seja, não se escreve para a escola, mas na escola com vistas a instigar a autonomia do/a estudante a utilizar a escrita em outras esferas sociais (midiática, religiosa, entre outras). Considera-se assim, a partir de uma perspectiva histórico-crítica (SAVIANI, 2005) e dos estudos do letramento (STREET, 2014; SOARES, 2016), que a produção textual na sala de aula é tecida a partir de diferentes reflexões que envolvem e exigem do pedagogo uma prática pedagógica para além do ensino da gramática. Portanto, permite pensar acerca da concepção de língua/linguagem e seu uso com esses/as estudantes na/pela produção de sentidos na/pela mediação dos saberes construídos nessa interação dialética-dialógica (BAKHTIN, 2012; FREIRE, 2011) com o outro. Trata-se, de uma prática social contínua, em processo, em desenvolvimento, inacabada, assim como são os sujeitos.
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Leonardo Cristiano Gieseler
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