O anúncio da Lei 13.415/2017 causou polêmica e trouxe modificações no Ensino Médio. Uma dessas mudanças diz respeito ao aumento da jornada diária na escola e consequentemente a implantação do ensino em tempo integral. Em Santa Catarina a reforma se concretizou na parceria entre Instituto Ayrton Senna- IAS- e Secretaria de Educação do Estado- SED- que implantaram o programa EMITI- Ensino Médio Integral em Tempo Integral. Se valendo do argumento de que promover o protagonismo e a autonomia deve ser uma preocupação da escola do século XXI o Instituto valida uma pedagogia direcionada aos interesses do mercado. A influência do IAS nas políticas de educação tem sido crescente no país, diante disso buscamos problematizar que enquanto advoga o protagonismo e a autonomia, o Instituto Ayrton Senna adapta o currículo escolar para uma lógica econômica que objetiva produzir um Homo- oeconomicus neoliberal. Para isso, os OPAs- Organização de Plano de Aula- material pedagógico produzido pelo instituto, são um importante dispositivo na regulagem da vida dos adolescentes. Contrapondo a análise documental desse material à reflexão do conceito de biopolítica discutido por Michel Foucault, pretende-se discutir como a atuação de organismos privados na escola orientada numa perspectiva neoliberal conduz os adolescentes à competitividade enaltecida pela preleção do protagonismo e a prática da liderança, na qual cabe a escola produzir um aluno “empresário de si”. Desta maneira, os OPAs instituem-se como (pequena) ferramenta de um complexo aparato de governo da vida – gestão e formação de sujeitos empresas de si – através dos efeitos de verdade do discurso neoliberal em que o mercado se torna o crivo da racionalidade política e discursiva. Este trabalho é parte de uma pesquisa em desenvolvimento, vinculada ao Programa de Pós- Graduação em Educação da Fundação Universidade Regional de Blumenau.
Comissão Organizadora
Leonardo Cristiano Gieseler
Comissão Científica