Com o avanço de pessoas infectadas em territórios diversos e das milhares de mortes relacionadas à pandemia da COVID-19, vê-se um constante aprofundamento da crise social-civilizatória e da violência colonial nas sociedades. Tendo isso em vista, os Grupos de Pesquisa “Estudos Africanos e Epistemologias do Sul”, “Estado e Sociedade na Amazônia” (UFT) e Emancipação: Trabalho, Saberes, Outras Economias, Movimentos Sociais e Democracia (UCPEL) se uniram em torno da constituição de paineis temáticos com transmissões online para tratar de inquietantes e instigantes acontecimentos atuais. A disseminação do coronavírus, em grande medida, só veio (e vem) a demonstrar a face crua e nefasta de políticas ne(cr)oliberais que têm sido implementadas histórica e sistematicamente - inclusive na própria crise “passada” que abalou o sistema financeiro entre 2007/08 - tanto no Norte quanto no Sul global – sendo este último estruturalmente atingido por um grau muito mais elevado de violência e apropriação. No capitalismo/colonialismo, os corpos e as vidas (principalmente os/as/es “condenados/as/es” em contextos “periféricos”) são transformados em mercadorias/objetos/moeda e números quantificáveis/exploráveis/extermináveis, em prol da acumulação e do lucro incessante do capital. Em meio à pandemia, se desvela a necropolítica implementada pelo sistema, tão inerente quanto funcional à hegemonia vigente. Se de uma parte movimentos sociais e setores da sociedade civil (e até do próprio Estado) apresentam denúncias e cobram maior aporte de investimentos públicos por parte dos Estados para a garantia mínima de direitos fundamentais; de outra, ganham projeção inúmeras articulações e iniciativas nas linhas da autogestão e do questionamento das relações políticas, econômicas e culturais de dependência. Se apresenta nesse espaço em construção, portanto, uma janela de oportunidade para reflexão e práticas distintas, aberta a críticas transversais e interseccionais (classe, raça e gênero/orientação sexual) e imaginações de “outros mundos possíveis”, na qual a prioridade não resida na urgência e necessidade do “retorno à normalidade” e do “resgate da economia”, mas na possibilidade de enfrentamento de profundas e recorrentes injustiças com coragem, rigor e, acima de tudo, solidariedade.
Certificados serão expedidos para quem realizar inscrição on-line e participar de 75% das aulas on-line.