O NUPPI realiza mais uma edição de comemoração do Dia Mundial da Fotografia, propondo desta vez uma reflexão a partir do tema "Per-formar-se na Imagem". O evento acontecerá dia 19 de agosto de 2025, a partir das 16:20, no Re-o-cupa e contará com a realização de Mesa Redonda com artistas, fotógrafos e pesquisadores da área, além de uma Sessão de fotoprojeções a partir dos trabalhos enviados para a fotoconvocatória e selecionados pela equipe de curadoria. O evento também contará com a realização da Oficina Fotovivência, com a artista visual Sunshine Castro. As inscrições para a mesa redonda, para a oficina, bem como a submissão de imagens para fotoprojeção devem ser feitas abaixo, havendo certificação para os ouvintes presentes no dia, bem como para os selecionados na chamada da convocatória e para os participantes da oficina. O processo de submissão de arquivos para fotoprojeção estará aberto do dia 05 a 13 de agosto.
Convocatória de Ensaios Fotográficos
As inscrições para projeção de fotografias vão de 05 a 13 de agosto. As imagens selecionadas serão projetadas no dia do evento no Re-o-Cupa, estando implícita no ato de envio a aceitação da exibição da obra em espaço público.
Fotografes interessades devem disponibilizar para download, via Google Drive, um conjunto composto por no mínimo 05 e no máximo 10 imagens, tendo como inspiração o tema "Per-formar-se na Imagem", formando um conjunto coeso.
Os arquivos que não estiverem disponíveis ao longo do processo da convocatória não serão avaliados. Caso utilize o Google Drive, lembre-se de compartilhar a pasta com as imagens para 'qualquer um com o link'.
As imagens submetidas passarão por um processo de seleção feito por uma comissão de curadores, a partir de critérios técnicos, estéticos e conceituais. Não serão aceitas fotografias que retratem menores de idade, devido às questões éticas do direito de imagem. Os autores e autoras das submissões contempladas para exibição serão notificados por e-mail, e receberão certificados de participação na convocatória.
PER-FORMAR-SE NA IMAGEM
Quem sou eu quando me faço imagem? O que acontece entre eu e o outro quando temos nossa relação mediada por uma câmera fotográfica? O que vira o corpo do outro quando o fotografo? Qual a relação entre fotografar e ser fotografado? Entre eu e minha fotografia? A presente convocatória tem como tema a reflexão sobre a performance de si na imagem, perguntando ao mesmo tempo, o quanto nossa ideia de ‘si’, no caso, de nós mesmos, é também formatada, fomentada ou alimentada pelas fotografias e demais imagens que circulam ao nosso redor. Assim, convidamos fotografes de toda parte a submeterem conjuntos fotográficos coesos que tragam em seu cerne uma reflexão sobre a relação entre corpo e imagem na fotografia. Acrescentamos que se somam a esta temática trabalhos que ponderem sobre questões de identidade, memória e performatividade, sempre em conexão com a imagem de si ou do outro.
A relação entre corpo e imagem é um dos pontos centrais da história da fotografia. Declarado oficialmente inventor do dispositivo fotográfico, Daguerre disse poucas coisas sobre o seu invento, a não ser que, pelo longo tempo de exposição exigido na época, não achava que o mesmo seria apropriado para retratos. Ainda assim, dos daguerreótipos que hoje ainda sobrevivem, a maioria é composta por imagens de pessoas que, desafiando a própria capacidade de ficarem imóveis, posaram para retratos ainda nos idos do início do século XIX. Se na época, ser fotografado era um desafio, como brincar de estátua, hoje, se colocar diante de uma câmera, seja para si, seja para outro, é exercício social constante e esperado. Ou seja, há socialmente uma expectativa de que estejamos sempre dispostos a apresentar uma imagem de nós mesmos para a câmera e, consequentemente, para os olhares de muitos. Fazer de si mesmo imagem é por vezes exercício tão constante que já nos acostumamos a ter a pose ideal, ou adotamos trejeitos que nos permitam lidar com a iminente sensação de que seremos julgados conforme a imagem que de nós for apresentada. Frente a tantas pressões, é possível ainda pensar o exercício da fotografia como uma ferramenta de investigação pessoal, de uma indagação sincera ou de conexão com o outro? Que imagens podem ser criadas e que negociações podem ser feitas que se coloquem para além das máscaras mais imediatas que vestimos ao sermos confrontados com o medo de que o outro descubra em nós algo que gostaríamos de ter ocultado?
Que lugar pode ocupar ainda a fotografia em um universo em que inteligências artificiais generativas são capazes de produzir, a partir de uma imagem julgada imperfeita, fabulações diversas que correspondam aos nossos mais profundos desejos de conformação e aceitação social? Há ainda alguma verdade interpessoal que possa ser atingida em um retrato de si ou do outro? Estas são perguntas em aberto, que apenas a atividade criativa humana e a possibilidade relacional a que a fotografia está ligada possam talvez responder.
Oficina Fotovivências
A oficina tem a intenção de promover o desenvolvimento de escritas imagéticas com base no pensamento de intelectuais negras. Nesse sentido, visamos contribuir para o enfrentamento da colonialidade no contexto de produções fotográficas, a partir de um exercício emancipatório e decolonial. A inscrição nas oficinas deve ser feito pelo link do Google Forms: https://forms.gle/q2e5TKs7kYEpmjM17
APRESENTAÇÃO
A nossa autoimagem é um reflexo da socialização, logo está imbricada com opressões estruturais que internalizamos, nossa percepção individual é afetada pelas conjunturas socioeconômicas, educacionais e familiares que estamos imersos. Através da Oficina Fotovivência buscamos refletir sobre a complexidade de transitar entre repreensões históricas que são internalizadas e o posicionamento desafiante de transgredir estruturas dominantes e escrever uma história em primeira pessoa.
Ministrante - Sunshine Castro
Turismóloga, artista visual e mestre em Cultura e Sociedade (Pgcult -UFMA). Pesquisadora de museologia e decolonialidade, membro do grupo de pesquisa de Patrimônio Cultural (GEPPAC - UFMA) e Aquilombamente (UFMA) atuando na coordenação da linha de pesquisa: Interseccionalidade de raça, gênero e classe na produção de conhecimento acadêmico-cientifico, ambos vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (PGCult - UFMA).