Local: Miniauditório 109, Asa Sul do Paulo Freire - UFMA
Dr. Agemir Bavaresco (PUCRS)
Introdução
1 – Contradições da economia e da democracia:
1.2 - "Lucrando com a Dor"
Planeta ganhou 573 novos bilionários durante a pandemia, diz Oxfam
Estudo aponta que patrimônio de ultrarricos é hoje o triplo da fatia do PIB global à qual equivalia em 2000
A ONG Oxfam lançou nesta segunda-feira (23) durante o encontro anual do Fórum Econômico Mundial em Davos (Suíça) seu tradicional relatório sobre desigualdade global, no qual afirma que o mundo ganhou 573 novos bilionários desde 2020, e que neste ano um bilionário surge a cada 30 horas.
O dado representa uma desaceleração em relação ao de janeiro, quando a Oxfam projetava um novo bilionário a cada 26 horas.
O estudo "Lucrando com a Dor", que examina o crescimento das fortunas durante o auge da pandemia do coronavírus, aponta ainda que a riqueza total dos 2.668 bilionários existentes no planeta hoje equivale a 13,9% do PIB global, uma fatia que é quase o triplo do que era em 2000 (4,4%) e soma US$ 12,7 trilhões (cerca de R$ 61 trilhões, ou 38 vezes o PIB do Brasil).
Durante a pandemia, os setores de energia, alimentos, tecnologia e medicamentos foram os que mais concentraram bilionários e empresas com altos lucros. No topo da lista está Elon Musk, o dono da Tesla, que, segundo a ONG, se manteria entre os 0,0001% mais ricos do mundo mesmo que se desfizesse de 99% de seu patrimônio, octuplicado em dois anos.
Nesse mesmo intervalo, alargaram-se os abismos de renda entre ricos e pobres e entre homens e mulheres, além de as discrepâncias no acesso à saúde terem aumentado.
A Oxfam elabora seu relatório com base na lista de bilionários publicada anualmente pela revista Forbes, a qual exclui dívidas do patrimônio, de 18 de março de 2021 a 11 de março de 2022 e depois aplica sobre os dados de 2020, a base comparativa, a inflação ao consumidor oficial dos Estados Unidos.
(https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/05/planeta-ganhou-573-novos-bilionarios-durante-a-pandemia-diz-oxfam.shtml)
- Essa estrutura de acumulação econômica replica-se em nível nacional.
1.2 – Contradições da Democracia e Opinião Pública
As “contradições da democracia e a opinião pública” explicitam a crise da democracia partidária concorrencial, ou seja, da “democracia representativa”. Nesse modelo, a organização partidária é o principal instrumento político de acesso ao processo de tomadas de decisão nas esferas de poder. A crise da democracia representativa atinge tanto as democracias originárias, em que há uma tradição de processos eleitorais, quanto aqueles países de democratização recente, como é o caso do Brasil, com a Promulgação da Constituição Federal de 1988.
O diagnóstico da crise da democracia representativa pode ser identificada em três aspectos, segundo Claus Offe (1984): 1) desradicalização da ideologia dos partidos, adequando-se ao mercado político; 2) burocratização e centralização dos partidos, ou seja, organização política burocrático-profissional, desempenhando atividades tais como: captar recursos materiais e humanos; fazer propaganda e articular informações sobre a posição do partido a respeito de temas políticos emergentes; identificar no mercado político novos temas para formar a opinião pública a seu favor; e 3) enfim, a heterogeneidade estrutural, ideológica e cultural de seus filiados, provoca a dissolução da ideia de identidade coletiva. (ver artigo, Bavaresco, Lima e Marques).
2 – Relações Internacionais
O fenômeno da globalização avançada – também compreendida enquanto interdependência complexa - põe em crise a teoria da soberania moderna. O Estado-Nação, forjado a partir da autonomia soberana, não consegue mais controlar e proteger plenamente o seu território, bem como garantir junto ao povo a legitimação de suas decisões. Assim, a soberania moderna, elaborada a partir do século XVII em um contexto de emergência do Estado-Nação fechado sobre si, se vê em declínio. Entretanto, propostas como a teoria da soberania pós-moderna são insuficientes em compreender o espírito do tempo. Nesse cenário, aponta-se um deslocamento do poder para a soberania externa em detrimento da afirmação nacional. Ora, tanto o primeiro como o segundo modelo de soberania caem nos extremos do silogismo, ou seja, não articulam a soberania interna e externa na relação da mediação. Hegel, a nosso ver, propõe uma justa tensão mediadora entre os dois momentos da sua teoria sobre a soberania. Para isso, uma aproximação hegeliana com alguns debates teóricos das Relações Internacionais se mostra proveitoso em vias de compreender a atual situação da soberania e, consecutivamente, da política internacional. (ver artigo Bavaresco e Jung)
3 - Pensamento sociopolítico brasileiro
3.1 – Quase estagnação no Brasil e o novo desenvolvimentismo
A economia brasileira e mais amplamente a economia latino-americana estão quase estagnadas há 40 anos. No Brasil, que, como no Leste da Ásia, o crescimento foi acelerado entre 1950 e 1979, nos anos 1980 estagnou devido à grande crise da dívida externa e à alta inflação e, a partir de 1990 passou a crescer muito lentamente porque, como argumentarei neste artigo, o investimento público foi baixo e a liberalização comercial, ao implicar sobreapreciação da taxa de câmbio no longo prazo, quase inviabilizou o investimento privado na indústria. O novo desenvolvimentismo, que surgiu há 20 anos para dar conta desse problema, tem um diagnóstico pouco conhecido e uma solução para ele. (ver artigo de Bresser-Pereira)
3.2 - Intérpretes do Brasil: Narrativas e Identidades
Compreender o Brasil com base no fluxo histórico de pensamento de seus intérpretes e investigar se há uma questão central que permeia as diversas narrativas, sejam elas de cunho político, sociológico, sejam elas outras. Apuramos que a busca por uma identidade brasileira e a vontade de nos entendermos como povo está presente na escrita dos diversos “intérpretes do Brasil” aqui examinados, como Sérgio Buarque de Holanda, Victor Nunes Leal, Raymundo Faoro, Florestan Fernandes, Jessé Souza, entre outros. Da mesma forma, verificou-se que a constituição da identidade brasileira incorpora conceitos como a subalternidade, a subcidadania, o mando e a submissão, relações de dependência, desigualdade, passividade, fatalismo, familismo, cordialidade, entre outras qualificações que foram forjadas por meio da colonialidade, do patrimonialismo, da dominação estamental, coronelismo, autoritarismo e autocracia, democracia restrita, capitalismo dependente, violência física e simbólica, exclusão, relações servis e de privilégios, tão presentes na realidade brasileira.
(José Ricardo Martins e seu artigo).
3.3 – Por um Estado Soberano Nacional e Internacionalmente
Defender a soberania do Brasil é investir na infraestrutura capaz de transformar o país e a vida de seu povo, aumentar a produtividade da economia e criar as bases para o progresso e o futuro. Defender a nossa soberania é defender a Amazônia da política de devastação posta em prática pelo atual governo. Defender a nossa soberania é garantir a posse de suas terras aos povos indígenas, que estavam aqui milhares de anos antes da chegada dos portugueses, e que foram capazes de cuidar delas melhor do que ninguém. Conduzir o Brasil de volta para o futuro, nos trilhos da soberania, do desenvolvimento, da justiça e da inclusão social, da democracia e do respeito ao meio ambiente. Defender a nossa soberania é defender a integração da América do Sul, da América Latina e do Caribe. É fortalecer novamente o Mercosul, a UnaSul, a Celac e os BRICS.