Na primeira metade do século XX o fenômeno de pessoas em situação de rua teve sua gênese com o êxodo rural e com o processo migratório, impulsionado, sobretudo, pelo crescimento industrial e por relações produzidas pelo capitalismo, entre outras coisas, resultando em desigualdades sociais, raciais e de gênero.
O panorama atual indica que a maioria das pessoas em situação de rua é proveniente de áreas urbanas, sendo o deslocamento do campo para a cidade não mais uma realidade frequente. Fazendo um recorte histórico, sobre ações direcionadas a pessoas em situação de rua no Brasil, em meados dos anos de 1970 e 1990, os primeiros grupos a oferecerem cuidados para esse público estavam ligados a organizações religiosas. Posteriormente, nos anos de 1990, a atenção para as pessoas em situação de rua passou a fazer parte das ações institucionais e interventivas do Estado, iniciando as parcerias público-privadas.
A Constituição de 1988 é um marco importante para a democracia no Brasil, Ela direcionou e garantiu proteção e direitos fundamentais às/aos cidadãs/ãos brasileiras/o. Além disso, outras regulamentações e políticas públicas foram criadas, ampliadas e reformuladas, de modo a atender o novo modelo político e de sociedade que se constituía. Entre os avanços decorrentes da redemocratização, destacamos a Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS, de 1993, que subsidiou a elaboração da Política Nacional de Assistência Social – PNAS, de 2004, e a consolidação do Sistema Único de Assistência Social – SUAS, através da Lei nº 12.435/2011.
Com os avanços e desafios das novas políticas públicas e considerando os diversos fenômenos inerentes às questões sociais e de vida em uma sociedade democrática, a Política Nacional de Assistência Social estabeleceu diretrizes, orientações e obrigatoriedades, entre as quais, às relacionadas à criação de programas direcionados a populações e pessoas em situação de rua.
Nesse sentido muitos, ainda, são os debates em torno desta pauta, uma vez que apresenta aspectos que demandam análises ampliadas e críticas sobre os espaços urbanos e urbanidade. Além disso, a complexidade dessa discussão considera diversos aspectos, dos quais destacamos: rompimentos e fragilidades de vínculos familiares, sociais e afetivos; empregabilidade; moradia; insegurança alimentar; exclusão social; violências; dificuldades de acesso a serviços públicos, como saúde, educação, assistência social; perda de referências e identidade; entre outros.
Importante registrar que a Política Nacional da População de Rua, a qual nasceu do Decreto nº 7.053, de dezembro de 2009, teve como intuito assegurar a implementação de políticas públicas para a garantia de direitos e acolhimento de pessoas e famílias em vulnerabilidade e riscos sociais, em decorrência da situação de rua.
Como podemos perceber, a presença de pessoas que fazem das ruas espaço de moradia é uma realidade histórica no Brasil e essa realidade se intensificou na última década com um aumento de 211% de pessoas em situação de rua, segundo relatório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, do ano de 2022, alcançando números superiores a 281 mil pessoas nessa situação, no país.
Estas e outras questões são fundamentais para pensar sobre as pautas relacionadas a pessoas em situação de rua. Inclusive como, no âmbito do SUAS, podem ser organizadas e implementadas ações para esse público. A quem pertence o espaço social da rua? Quais estratégias existem e quais podem ser pensadas para o atendimento de pessoas em situação de rua em nossas cidades? Como estas questões têm sido discutidas e atendidas em nível regional e local? Quais e como os serviços que atendem pessoas em situação de rua, na nossa região, têm atuado para atender esse público? Quais avanços e desafios são reconhecidos para o fortalecimento de estratégias e garantia de direitos para pessoas em situação de rua da nossa cidade e região?
Nossos questionamentos, que não se esgotam nos que levantamos até aqui, servem de base para dialogarmos sobre o fenômeno histórico de pessoas em situação de rua. Analisar intervenções profissionais, especificidades territoriais, potencialidades das diferentes formas de existir, também são objetivos nossos com a realização do I Seminário sobre Pessoas em Situação de Rua de Caruaru, o qual terá como tema: Pessoas em Situação de Rua e Justiça Social: a sociedade como lugar de todos/todas/todes.
A rua é local vivo e de elaboração de estratégias de enfrentamento e superação de dificuldades, para muitos é considerada, exclusivamente, como um espaço de miséria e violência, contribuindo com práticas discriminatórias, opressoras, que colaboram para a manutenção do estigma de marginalização em torno de pessoas que têm a rua como espaço de referência, (re)existência e sobrevivência. Com auxílio de políticas públicas efetivas, sérias e comprometidas na rua, torna-se possível escrever novas histórias. Histórias de construção e fortalecimento de vínculos, de afetividade, liberdade, luta, resistência, pertencimento e justiça social.
Propor esta discussão e possibilitar espaços para esse diálogo reforça o compromisso da Prefeitura Municipal de Caruaru, da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos – SDSDH e da Gerência de Proteção Social Especial – GPSE sobre o respeito às pessoas e às situações que as expõem a vulnerabilidades e riscos pessoais e sociais. Ampliar o debate com a rede socioassistencial e setorial local e da região reafirma a necessidade do fortalecimento do diálogo mais abrangente, não circunscrito e limitado, uma vez que compreendemos que nenhuma política pública, nenhum enfrentamento, nenhuma luta se dá de forma isolada, mas de modo colaborativo e coletivo. O caminho se dá pelo coletivo.
Participe!
Acolhimento Credenciamento
Coffee Break Coffee break
Mesa de Abertura Abertura · Edvaldo Gomes da Silva, Jordionor Jordão Junior
Mesa de Exposição Mesa Temática · Danielle Galvão, Evelyn de Lima Campos, Genivaldo Francisco, Júnior Veloso
Conhecendo a Rede Apresentação · Jenniffer Ferreira, Manoel Ventura, Maria das Neves
Diálogos de representatividade Relato de Experiência · Amanda Menezes, Celso de Souza, Dioflavio Santana, Ramona Rutyelly
Mesa de encerramento Encerramento
O credenciamento será realizado no local do evento das 08h às 9h.
BR 104, Km 68, nº 1215
Agamenon Magalhães, Caruaru - PE
55000-000
BR 104, Km 68, nº 1215
Agamenon Magalhães, Caruaru - PE
55000-000
Por favor, descreva abaixo a razão da sua denúncia.
Gerência de Proteção Social Especial - GPSE
Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos - SDSDH
Prefeitura Municipal de Caruaru - PE
Homem preto de periferia do Recife, redutor de danos, arte-educador, educador social, gestor público, membro do movimento nacional dos consultórios de Rua/na Rua. Tem um trabalho de arte social no estado de Pernambuco com Juventude de rua. Fundou há 23 anos o projeto Fábrica Fazendo Arte que faz um trabalho de inclusão social através da arte, jurado de grandes festivais de Quadrilhas Juninas do Recife e Região Metropolitana. Criou vários espetáculos voltados para questões sociais. É militante em Diretos Humanos defendendo direitos da população lgbt, população e pessoas em situação de rua e juventude negra.
Advogada, pós-graduada em Direito Penal e Processual Penal. Atualmente, está na Coordenação da Proteção Social Especial de Média Complexidade, da SDSDH, também atua como advogada.
Psicólogo, professor, palestrante, pós-graduando em Gestão do Sistema Único de Assistência Social. Atualmente, está na Coordenação da Proteção Social Especial de Alta Complexidade, também atua como psicólogo clínico
Assistente Social, pós-graduado em Saúde Pública, profissional do SUAS, atualmente está na coordenação do Acolhimento Institucional para Adultos e Famílias em Situação de Rua.
Mulher trans, guerreira e empoderada. Cabeleireira. Pessoa em situação de rua há mais de 5 anos. Ex usuária de crack, e mulher capaz de conquistar todos os seus objetivos.
Assistente Social de Formação. Especialização em Serviço Social e Gestão de Políticas Públicas. Atualmente, é coordenadora no Acolhimento Institucional para Adultos e Famílias em Situação de Rua / Albergue Municipal. Também atuou como Gerente de Pólítica Socioeconômica para Mulheres.
Psicóloga, pós-graduada em avaliação e reabilitação neuropsicológica. Profissional do SUAS atuando na Proteção Social Especial de Alta Complexidade. Também atua como psicóloga clínica.
Caruaruense de 48 anos. Vigilante, avô de 03 netos, ex usuário de múltiplas substâncias e atualmente em acolhimento institucional construindo minha saída das ruas.
Psicóloga. Especialista em Políticas Sociais pela UFRPE. Redutora de Danos. Trabalhadora do SUAS. Multiplicadora do Teatro do Oprimido. Mobilizadora de Lutas Coletivas da População de Rua e Psicóloga Clínica.
Assistente social. Pós-graduada em saúde mental. Atualmente, está na Coordenação do Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua - Centro POP
Determinado nas opiniões e a disposição para escutas. Amante do futebol.
Nome social: Pérola/Abel, sou uma pessoa preta de gênero fluido. Profissional de cozinha em busca dos meus objetivos. Há 7 anos utilizo dos serviços do SUAS enquanto pessoa em situação de rua, visando alcançar meus projetos de vida de moradia, trabalho e qualificação profissional.
Consultor de vendas, ex usuário de múltiplas drogas e pai de dois filhos. Atualmente, produtivo e inserido na sociedade, graças aos serviços voltados à população em situação de rua.