II Leituras Constitucionais e Políticas

II Leituras Constitucionais e Políticas

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De 26 setembro a 16 de janeiro Todos os dias das 15h00 às 15h00

Sobre o Evento

Trata-se de segunda edição de projeto de extensão que objetiva incentivar discentes, principalmente do Curso de Direito da UFERSA, a realizar leituras periódicas de clássicos da teoria constitucional e da teoria política que lhes ponham em contato, no atual contexto de crise social, política e institucional no Brasil, com obras fundamentais que tragam à tona a atualidade de conceitos e reflexões centrais sobre o povo, a legitimidade da interpretação constitucional, os limites e os conflitos ensejados pelo pluralismo nas democracias contemporâneas e as diferenças e os limites entre estado de exceção e estado democrático de Direito. Assim, objetiva-se debater e identificar os avanços e fragilidades da Constituição de 1988, a partir da ideia de clássico trazida por Italo Calvino, como livros fundamentais que constituem não apenas a riqueza intelectual de quem os leu, mas, igualmente, permanecem em um constante porvir para aqueles que ainda os lerão ou pelo menos permanecerão em reserva algum dia a oportunidade ou possibilidade de lê-los.

Em um de seus livros mais famosos (Perché leggere i classici), o escritor italiano Italo Calvino justifica, através da interrogação que intitula sua obra, a necessidade de ler os clássicos. Em sua acepção, clássicos são livros fundamentais que constituem não apenas a riqueza intelectual de quem os leu, mas, igualmente, permanecem em um constante porvir para aqueles que ainda os lerão ou pelo menos permanecerão em reserva algum dia a oportunidade ou possibilidade de lê-los. Do ponto de vista histórico, os clássicos permanecem na memória individual e coletiva incentivando não apenas as épocas nas quais foram concebidos, mas, como possuem a qualidade do inesquecível, ainda que permaneçam apenas latentes, apresentam-se como caminhos de descobertas. Dialeticamente, para Calvino, em verdade cada leitura nova de um clássico é em si uma releitura, toda releitura conduz igualmente a uma (re)descoberta tal e qual a primeira que fora feita dela. Nesse sentido, as leituras empreendidas dos clássicos deixam marcas culturais que alcançam o mundo da vida, a linguagem e os costumes sociais. Não é diferente com a cultura jurídica e política. Esses processos de (re)leitura de um clássico desencadeiam discussões contínuas e permanentes sobre elas nas quais acabam sobrevivendo às críticas que sobre elas são feitas, trazendo a cada leitura reflexões novas, instigantes. Sem recair em anacronismos, os clássicos conectam-se com os fatos históricos da atualidade posicionando-os como motes ou panos de fundo, contudo não podem deixá-los de lado ainda que ocasionem apenas ruídos no hodierno mais inconciliável. Nesse sentido, diante da constatação de alguns constitucionalistas de que a Constituição estaria morta e as instituições operariam em um simulacro (Gilberto Bercovici, José Augusto Fontoura, Martonio Mont'Alverne Barreto Lima), após o Golpe de 2016 e as anteriores e presentes investidas de um Congresso Nacional marcado pelo conservadorismo e do governo dos juízes (aristocracia de toga) sobre seu texto e o sentido e alcance de suas normas, tornando mesmo a discussão mais comum sobre eficácia e efetividade de direitos fundamentais quase que obsoleta, é necessário retomar a leitura e a discussão de clássicos que difundiram e solidificaram certas ideias e categorias que presidem o estudo da teoria constitucional e política, além da história constitucional desde sua matriz liberal à ideia de Estado do Bem-Estar Social, bem como a própria arena social discursiva na qual constantemente são invocados os conceitos de povo, poderes, vinculação aos termos da Constituição ou insuficiência de sua garantia para normalidade política e transformação do status quo, justiça social etc. Assim, selecionou-se, a partir das insuficiências constatadas em sala de aula sobre o contato dos discentes com obras consideradas pontos de partida para compreender qualquer (re)leitura de conceitos apresentados na justificativa e presentes nas atuais discussões políticas sobre o caso brasileiro, textos e livros considerados essenciais para contrastar ou jogar luzes sobre a atualidade, ou ainda mesmo demonstrar suas insuficiências, para retomar inclusive alguns pressupostos fundantes do Estado Democrático de Direito.

Objetivo Geral:

Incentivar a leitura de obras e textos clássicos da teoria constitucional e política entre os discentes das ciências sociais aplicadas e humanas da UFERSA e de outras IES com campus ou sede em Mossoró.

Objetivos específicos:

- Difundir entre os discentes o hábito da leitura de clássicos da teoria constitucional e política, promovendo o aprofundamento de aspectos trabalhados em sala de aula principalmente nas disciplinas de Direito Constitucional.

- Promover o debate e discussão entre os discentes e docentes acerca de categorias centrais da teoria constitucional e política como o povo, a legitimidade da interpretação constitucional, os limites e os conflitos ensejados pelo pluralismo nas democracias contemporâneas e as diferenças e os limites entre estado de exceção e Estado Democrático de Direitol, dentre outras.

- Aproximar os clássicos da teoria constitucional e política trabalhados no projeto do atual contexto da crise política, social e econômica brasileira.

Metodologia

Dessa feita, para a promoção do incentivo à leitura de clássicos da teoria constitucional e política, organizou-se o Projeto intitulado Leituras Constitucionais e Políticas que se realizará mensalmente a partir do dia 26 de setembro, nas salas de aulas da Central de Aulas VII (Bloco no qual ocorrem as aulas do curso de Direito da UFERSA). Os textos e livros serão previamente indicados e disponibilizados aos discentes, conforme as datas e descrições do cronograma. Em cada encontro, um ou mais docentes convidad@s e um ou mais discentes do curso de Direito ou do Mestrado da UFERSA farão a mediação da apresentação e discussão do livro. A apresentação inicial dar-se-á em até 20 minutos, por cada docente responsável, e em até 10 minutos, por cada discente; posteriormente, haverá o momento para contribuições, anotações, apontamentos, críticas e conexões possíveis realizadas pel@s inscrit@s presentes. Os debates ocorrerão entre 15 e 18 horas do dia previamente agendado, de acordo com o calendário do II Leituras Constitucionais e Políticas.

Este projeto é coordenado pelo Prof. Dr. Rodrigo Vieira Costa e pelos monitores da Disciplina de Direito Constitucional II do Curso de Direito da UFERSA.

Os links para inscrição de cada atividade encontram-se na descrição da programação. As inscrições serão via SIGAA.

As obras para leitura encontram-se disponíveis no link abaixo:

https://drive.google.com/drive/folders/12caTzqUrOFZ7PbBo2eMtupjq7PVJQVPV?usp=sharing

Palestrantes

  • Prof. Dr. Felipe Araújo Castro
  • Profa. Dra. Lizziane Sousa Queiroz Franco de Oliveira
  • Prof. Dr. Mário Sérgio Falcão Maia
  • Prof. Dr. Rafael Lamera Giesta Cabral
  • Prof. Dr. Rodrigo Vieira Costa
  • Prof. Dr. Ulisses Levy Silvério dos Reis
  • Ana Caroline Melo Carvalho
  • Carlos Eduardo Mota de Brito
  • Gardel Igor Guimarães Chaves
  • Gustavo Henrique de Sá Honorato
  • Luiza Beattrys Pereira Dos Santos Lima
  • Maria Thereza Carlos Rodrigues
  • Vitória Larissa Dantas de Morais
  • Vládia Marques Monteiro

Programação

15h00 - Prof. Dr. Mário Sérgio Falcão Maia, Vitória Larissa Dantas de Morais, Vládia Marques Monteiro Debate sobre 'Quem é o Povo: a questão fundamental da democracia' de Friedrich Muller Roda de Conversa
Debate sobre "Quem é o Povo: a questão fundamental da democracia" de Friedrich Muller
Local: Central de Aulas VII - Bloco do Curso de Direito da UFERSA

No primeiro momento, a obra a ser trabalhada será “Quem é o povo” de Friedrich Muller, a fim de se tratar sobre os vários significados, atribuições e valores que a categoria povo recebe a partir do constitucionalismo e da democracia moderna. Que valor o povo representa para a Constituição de 1988? O sufrágio universal ainda reflete a legitimidade dos interesses de sua composição diversa?

Inscrições via SIGAA:

https://sigaa.ufersa.edu.br/sigaa/link/public/extensao/visualizacaoAcaoExtensao/2218

15h00 - Gustavo Henrique de Sá Honorato, Profa. Dra. Lizziane Sousa Queiroz Franco de Oliveira Debate sobre 'Hermenêutica Constitucional – A Sociedade Aberta dos Intérpretes da Constituição' de Peter Häberle Roda de Conversa
Debate sobre "Hermenêutica Constitucional – A Sociedade Aberta dos Intérpretes da Constituição" de Peter Häberle
Local: Central de Aulas VII - Bloco do Curso de Direito da UFERSA

No segundo momento, a obra a ser trabalha será “Hermenêutica Constitucional – A Sociedade Aberta dos Intérpretes da Constituição: Contribuição para Interpretação Pluralista e ‘Procedimental’ da Constituição” de Peter Häberle, a fim de se tratar dos objetivos e métodos da interpretação constitucional em sociedades democráticas, bem como questionar a afirmação de que as Cortes Constitucionais são guardiãs autênticas e únicas da Constituição, introduzindo o debate sobre outros atores sociais como participantes do processo de interpretação.

Inscrições via SIGAA:

https://sigaa.ufersa.edu.br/sigaa/link/public/extensao/visualizacaoAcaoExtensao/2219

15h00 - Gardel Igor Guimarães Chaves, Luiza Beattrys Pereira Dos Santos Lima, Prof. Dr. Felipe Araújo Castro, Prof. Dr. Rodrigo Vieira Costa Debate sobre 'Teologia Política' de Carl Schmitt Roda de Conversa
Debate sobre "Teologia Política" de Carl Schmitt
Local: Central de Aulas VII - Bloco do Curso de Direito da UFERSA

No terceiro momento, a obra a ser trabalhada será “Teologia Política” de Carl Schmitt, a fim de se tratar das relações entre secularização e direito a partir do conceito de soberania em Schmitt, para quem o Estado moderno tem as raízes de sua estrutura fundadas na teologia cristã.

Inscrições via SIGAA:

https://sigaa.ufersa.edu.br/sigaa/link/public/extensao/visualizacaoAcaoExtensao/2220

15h00 - Carlos Eduardo Mota de Brito, Maria Thereza Carlos Rodrigues, Prof. Dr. Ulisses Levy Silvério dos Reis Debate sobre 'O conceito do político' de Chantal Mouffe Roda de Conversa
Debate sobre "O conceito do político" de Chantal Mouffe
Local: Central de Aulas VII - Bloco do Curso de Direito da UFERSA

No quarto momento, a obra a ser trabalha será “O conceito do político” de Chantal Mouffe, a fim de se discutir o modelo agonístico de democracia por ela proposto, a partir da redefinição da noção de conflito no âmbito político, afastando-se da neutralidade e das reduções do pluralismo existentes nas visões procedimentais e racionalistas de democracia deliberativa, para incorporação da disputa de interpretações dos valores e princípios democráticos pelo conjunto de atores que a compõem, não como inimigos (noção schmittiana), mas como adversários.

Inscrições via SIGAA:

https://sigaa.ufersa.edu.br/sigaa/link/public/extensao/visualizacaoAcaoExtensao/2221

15h00 - Ana Caroline Melo Carvalho, Prof. Dr. Rafael Lamera Giesta Cabral Debate sobre 'Estado de Exceção' de Giorgio Agambem Roda de Conversa
Debate sobre "Estado de Exceção" de Giorgio Agambem
Local: Central de Aulas VII - Bloco do Curso de Direito da UFERSA

No quinto e último momento, a obra a ser trabalhada será “Estado de Exceção” de Giorgio Agambem, a fim de se discutir paradigma da política contemporânea no qual governos se apoiam para utilizar mecanismos e técnicas legais excepcionais, apoiados na Constituição e no Direito, justamente para suprimir quaisquer limites a sua atuação, comprometendo o sistema legal e os direitos humanos dos cidadãos, voltando-se contra a legalidade que os autoriza e transformando a exceção no padrão de governo do Estado.

Inscrições via SIGAA:

https://sigaa.ufersa.edu.br/sigaa/link/public/extensao/visualizacaoAcaoExtensao/2222

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Local

Auditório do CCSAH (Prédio da LEDOC) da Universidade Federal Rural do Semiárido, 59.625-900, Avenida Francisco Mota, 572, Presidente Costa e Silva , Mossoró, Rio Grande do Norte
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Organizador

Dr. Rodrigo Vieira Costa

Vice-Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Direito - Mestrado - da UFERSA