Existe desde 1996 uma cooperação transfronteiriça atípica na América do Sul. Trata-se de ações colaborativas em uma zona de fronteira que une fisicamente um território francês/europeu com um país sul-americano. Localizada a 7.100 km de Paris, já em território sul-americano, a Guiana Francesa possui 730 km de contato territorial com o estado do Amapá (Brasil), sendo esta a maior das fronteiras terrestres da França no mundo. Os contornos fronteiriços deste ultramar francês com o Brasil resultam de uma série de litígios ao longo de pelo menos três séculos. Já com sua díade devidamente sedimentada ao longo do século XX, transcorreu-se mais de um século de diplomacia franco-brasileira (1900-2018) e mesmo assim poucas ações de colaboração entre ambos tiveram como alvo a zona fronteiriça que compartilham. Embora as ações concretas ainda “patinem” em burocracias, diferenças de ação dos países em questão etc. Professores e pesquisadores de diferentes instituições entendem que é preciso – em caráter sistemático - avaliar os avanços e – além disso – discutir os problemas que emperram o avanço da cooperação em diferentes áreas temáticas.
Com a criação do Mestrado em Estudos de Fronteira da Universidade Federal do Amapá (PPGEF-UNIFAP), em 2017, um novo pilar de discussão sobre as fronteiras internacionais e desenvolvimento regional foi criado no Amapá. O PPGEF-UNIFAP se associa a uma série de encaminhamentos estratégicos para pensar ciência e ação nas Guianas. Aqui destacamos também o Mestrado em Desenvolvimento Regional da UNIFAP (MDR-UNIFAP), criado em 2007, o Observatório Homem-Meio Ambiente da Guiana Francesa (OHM-Oyapock), de 2008, o Observatório das Fronteiras do Platô das Guianas (OBFRON-UNIFAP), de 2011, e – mais recentemente – a autonomia da Universidade da Guiana (UG), de 2016, que começa a delinear suas estratégias de ensino e pesquisa.
Para dar sequencia a uma série de agendas e apresentação de resultados de pesquisa, realizaremos entre os dias 16 e 18 de maio de 2018 o II Seminário Internacional a Fronteira Franco-Brasileira em Debate: Velhas e Novas questões. Esta edição terá dois pilares essenciais que se desdobram nas intervenções dos palestrantes: Em primeiro lugar, as ações no campo da Saúde. Em segundo, os dispositivos envolvidos na discussão da história e da geopolítica das fronteiras, em especial a fronteira entre França e Brasil.