Apoio e realização:
PALESTRANTES
É com imensa satisfação que anunciamos os palestrantes do II Seminário Internacional de História e Linguagens: Pesquisas em Quadrinhos e Cinema. Contaremos com a participação de Alexandre Callari, da Editora Pipoca e Nanquim, Dra. Mihaela Precup, da University of Bucarest e o Dr. Luiz Carlos Sereza, do Instituto de Educação do Paraná.
Alexandre Callari é editor e sócio fundador da editora Pipoca e Nanquim, roteirista, autor e um dos maiores colecionadores de histórias em quadrinhos do Brasil.
Link da palestra: https://youtube.com/live/wgSLkIMxXpM
Dra. Mihaela Precup é Professora Associada do Departamento de Estudos Americanos da Universidade de Bucarest Bucareste e autora do livro "The Graphic Lives of Fathers: Memory, Representation, and Fatherhood in Autobiographical Comics"
Link da palestra: https://youtube.com/live/0ZgPLjAM1qg
Dr. Luiz Carlos Sereza é Doutor e mestre em História pela Universidade Federal do Paraná. Atuou como professor assistente na Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR) nos cursos de Artes Visuais, no Departamento de Design da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), assim como do curso de História da UFPR. É pesquisador vinculado ao Núcleo de Artes Visuais (NAVIS). Atua como professor de história no Instituto de Educação do Paraná Erasmo Pilotto.
Link da palestra: https://youtube.com/live/IxIlxOA3f54
MINICURSOS E OFICINAS
As inscrições para os minicursos e oficinas já estão abertas!
Para participar, basta preencher o formulário disponível no link: clique aqui.
Abaixo a relação de minicursos e oficinas:
MINICURSO TEORIA CRIP PARA ESTRANHAR AS VISUALIDADES: ENQUADRAMENTOS DAS DEFICIÊNCIAS E NEURODIVERGÊNCIAS
Data: Dia 10/09, de 08:00 às 12:00.
Proponente: Fábio Ortiz Goulart
Breve currículo: Doutorando em Educação em Ciências pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Bolsista CAPES de doutorado. Professor colaborador do Instituto de Ciências Humanas e da Informação (FURG). Atualmente se dedica à pesquisa sobre histórias em quadrinhos, analisando as representações sobre gênero, deficiência e neurodivergências.
Email: fabioortiz@furg.br
Ementa: Em 2010, Laura Duggan escreve em suas memórias sobre a possibilidade de pensar o mundo a partir das diferenças corporais relegadas ao campo da abjeção. Ela se referia a um tipo de epistemologia que considerava a materialidade do corpo como possibilidade de existência e de produção do conhecimento. Essa proposta veio a ser conhecida como cripistemologia e trata-se de um movimento político que coloca a atenção nos corpos, abrindo possibilidades para “indagar sobre como lidar com segregações, estados de dor constante e exclusões” (Greiner, 2023, p. 33), isto é, coloca em evidência maneiras de conhecer que extrapolam a ideia de deficiência e neurodiversidade como categorias patológicas e as compreende como formas de conhecimento possíveis. Dessa maneira, o presente minicurso busca apresentar as bases teóricas das teorias crip e sua aplicabilidade na pesquisa com visualidades que tensionam as normas capacitistas e neurotípicas na produção do conhecimento. A proposta será dividida em dois momentos: no primeiro, serão abordadas as bases teóricas, abarcando os conceitos de cripistemologia, normate e capacidade corporal compulsória (Sandahl, 2003; McRuer, 2006; Hickman & Serlin, 2018; Karlsson & Rydström, 2023), entre outros importantes para o conjunto das teorias crip; no segundo, serão apresentadas visualidades dissidentes, propondo enquadramentos sobre tais produções e buscando questionar os discursos, corporalidades e formas de representação dos corpos com deficiência e neurodivergentes, de modo a permitir vislumbrar a aplicabilidade dos conceitos apresentados no primeiro momento. Por fim, espera-se que os participantes possam se apropriar dos conceitos e das teorias crip como possibilidades analíticas e políticas para a produção do conhecimento nas humanidades, especialmente em pesquisas com quadrinhos e audiovisual, rompendo com as lógicas impostas aos corpos crip por narrativas neoliberais.
BIBLIOGRAFIA:
GREINER, Christine. Corpos crip: instaurar estranhezas para existir. São Paulo: n-1 edições, 2023.
HICKMAN, Louise; SERLIN, David. Towards a crip methodology for critical disability studies. In: ELLIS, Katie; GARLAND-THOMSON, Rosemarie; KENT, Mike; ROBERTSON, Rachel. (eds.). Interdisciplinary approaches to disability: looking towards the future. v.2. London: Routledge, 2018. p.131-141.
KARLSSON, Mikael Mery; RYDSTRÖM, Jens. Crip theory: a useful tool for social analysis. NORA - Nordic Journal of Feminist and Gender Research, v.31, n.40, p.395-410, 2023.
McRUER, Robert. Crip theory: cultural signs of queerness and disability. New York: New York University Press, 2006.
SANDAHL, Carrie. Queering the crip or cripping the queer: intersections of queer and crip identities in solo autobiographical performance. GLQ: A Journal of Lesbian and Gay Studies, v.9, n.1-2, p.25-56, 2003.
MINICURSO QUADRINHOS ARGENTINOS COMO EXPRESSÕES DE IDENTIDADES CULTURAIS
Dia 11/09, de 08:00 às 12:00.
Proponente: Wagner Guimarães da Silva Almeida
Breve currículo: Licenciado em Letras, Mestre em Literaturas Hispânicas (PPGLEN-UFRJ), Doutorando em Literaturas Hispânicas (PPGLEN-UFRJ), com interesse nos estudos das Histórias em quadrinhos, especialmente argentinas, com foco nos estudos de gênero, especificamente, as masculinidades.
Email: wagnersilva@letras.ufrj.br
Ementa: Como afirma Sasturain (TRILLO & SACCOMANO, 1980), as histórias em quadrinhos e o humor gráfico são duas das formas marginais à cultura acadêmica oficial que melhor definem as possibilidades dos argentinos de criar um meio de expressão próprio, autenticamente criador. Berone (2009) destaca ainda o projeto das HQs de intervenção no campo cultural do país, especialmente por meio da revista Fierro (1984-1992; 2006-2017). Com isto, entendemos as HQs argentinas como expressão de uma identidade cultural fortemente ligada à população do país. Como sabemos, é grande a relevância internacional de tal produção, seja entre leitores, críticos ou pesquisadores. Além disto, é crescente o número de publicações argentinas no Brasil, muitas delas até então inéditas aqui, bem como o de reedições na própria Argentina. Logo, acreditamos ser importante efetuar uma revisão e análise de tais obras, a fim de nos aproximar de seus principais gêneros, formatos de publicação e temas, sempre considerando o contexto sócio-político em que estão inseridas. O presente minicurso, portanto, tem como objetivo oferecer um contato com algumas das principais obras e autores/as de HQs da Argentina ao longo dos anos.
BIBLIOGRAFIA:
BELTRAMI, Alicia & NICOLINI, Fernanda. Los Oesterheld. Buenos Aires: Editorial Sudamericana, 2016.
BERONE, Lucas. De la historieta en la "literatura popular": negaciones, determinaciones, segmentaciones, filiaciones. V Jornadas de Encuentro Interdisciplinario "Las ciencias sociales y humanas en Córdoba", mai. 2007. Disponível em <http://historietasargentinas.files.wordpress.com/2008/06/delahistorietaenlaliteraturapopular.pdf>. Acesso em 17 ago. 2025.
BERONE, Lucas Rafael. El discurso sobre la historieta en Argentina (1968-1983). Diálogos de la comunicación, n. 78, jan./jul 2009. Disponível em: <https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/3718833.pdf>. Acesso em 17 ago. 2025.
DE SANTIS, Pablo. La historieta en la edad de la razón. Buenos Aires: Paidós, 1998.
PIGLIA, Ricardo (org.). La Argentina en pedazos. Buenos Aires: Ediciones de la Urraca/Colección Fierro, 1993.
TRILLO, Carlos & SACCOMANO, Guillermo. Historia de la historieta argentina. Buenos Aires: Ediciones Record, 1980.
WILLIAMS, Jeff. Superhéroes y desarrollo económico. El caso argentino. Diálogos de la Comunicación, Lima, nº 78, jan./jul. 2009. Disponível em <https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/3718798.pdf>. Acesso em 17 ago. 2025.
OFICINA NARRATIVAS VISUAIS DA CEGUEIRA: CRIAÇÃO DE HQ LITERÁRIA
Data: Dia 10/09, de 08:00 às 12:00.
Proponentes: Profa. Dra. Denise Maria Margonari Favaro e Prof. Dr. Guilherme Araújo Graciano
Breve currículo: Profa. Dra. Denise Maria Margonari Favaro:
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências e Letras, Campus de Araraquara - SP - Brasil. Graduada em Letras pela UNESP de Araraquara, com Mestrado e Doutorado em Educação Escolar pela mesma instituição. Docente do Departamento de Educação e do Programa de Pós-graduação em Educação Escolar.
Prof. Dr. Guilherme Araújo Graciano:
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências e Letras, Campus de Araraquara - SP - Brasil. Graduado em Letras pela UNESP de Araraquara, Mestre em Educação Sexual e Doutor pelo Programa de Pós-graduação em Educação Escolar pela mesma instituição. Professor de Língua Portuguesa na Escola Estadual Prof. João Batista Gasparin, São Carlos, estado de São Paulo, Brasil.
E-mail: denise.margonari@unesp.br, guilherme.graciano@unesp.br
Ementa: A oficina tem como propósito apresentar e vivenciar o processo de adaptação literária para os quadrinhos, a partir da obra “Ensaio sobre a Cegueira”, de José Saramago. A atividade fundamenta-se no projeto desenvolvido na tese de doutorado intitulada “Ver o Invisível: A Transformação de Ensaio sobre a Cegueira em Quadrinhos” (Graciano, 2025), desenvolvida pelo Prof. Dr. Guilherme Araújo Graciano no Programa de Pós-graduação em Educação Escolar da UNESP de Araraquara, em que investigou as possibilidades de transposição de um texto literário complexo para a linguagem sequencial das histórias em quadrinhos, explorando, tanto os limites, quanto às potencialidades desse diálogo entre literatura e artes visuais. O percurso formativo da oficina inicia-se com a leitura crítica de excertos do romance de Saramago, buscando identificar seus eixos temáticos centrais: a cegueira como metáfora social, a fragilidade das instituições, a luta pela dignidade e o papel da solidariedade em tempos de crise. Em seguida, são apresentados elementos fundamentais da narrativa gráfica como quadros, planos, balões, legendas, ritmo visual e composição de página, destacando como esses recursos podem traduzir, reinterpretar e, por vezes, reinventar o sentido da obra original. Os participantes são convidados a transformar passagens do romance em roteiros visuais, exercitando tanto a síntese narrativa quanto a criatividade estética. O processo será desenvolvido em etapas que contemplam: análise textual, elaboração de storyboard, produção artística (digital) e socialização dos resultados. A proposta valoriza o trabalho colaborativo, a reflexão crítica e a experimentação artística, possibilitando que cada grupo ou indivíduo crie suas páginas autorais que, ao final, serão reunidas em uma HQ coletiva. Mais do que uma simples atividade de ilustração, a oficina busca promover um exercício de leitura, interpretação e autoria, no qual a literatura se abre a novas linguagens e suportes. Ao mesmo tempo, propõe reflexões sobre a atualidade das metáforas saramaguianas e o papel da arte como meio de questionar, sensibilizar e ampliar a compreensão da experiência humana. Assim, a oficina constitui-se como um espaço interdisciplinar de formação e criação, em que os participantes podem “ver o invisível” ao recriar, por meio dos quadrinhos, uma das obras mais impactantes da literatura contemporânea.
BIBLIOGRAFIA:
BRAGA JR, Amaro Xavier. O uso da fotografia nas histórias em quadrinhos da Marvel: recurso estilístico ou resistência material? Revista Imaginário! N. 18. Jun. 2020. Paraíba: Marca de Fantasia, p. 141-165. Disponível em: https://www.marcadefantasia.com/revistas/imaginario/imaginario11-20/imaginario18/7-amaro-braga.pdf
EISNER, Will. Quadrinhos e Arte Sequencial: Princípios e práticas do lendário cartunista. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010.
GRACIANO. G. A. 2025. 122 f. Ver o Invisível: A Transformação de Ensaio sobre a Cegueira em Quadrinhos. Tese (Doutorado em Educação Escolar) – Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista, Araraquara, 2025.
GROENSTEEN, Thierry. O sistema dos quadrinhos. Nova Iguaçu, Marsupial Editora, 2015.
MCCLOUD, Scott. Desenhando quadrinhos: os segredos das narrativas de quadrinhos, mangás e graphic novels. São Paulo: Editora M. Books do Brasil, 2008.
POSTEMA, Barbara. Estrutura Narrativa nos Quadrinhos: construindo sentido a partir de fragmentos. São Paulo: Editora Peirópolis, 2018.
SARAMAGO, José. Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
OFICINA DE ANÁLISE DE ADAPTAÇÃO DE LITERATURA PARA HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
Dia 10/09, de 08:00 às 12:00.
Proponente: Alessandra Matias Querido
Breve currículo: Professora de língua inglesa no curso de Línguas Estrangeiras Aplicadas na Universidade de Brasília. Doutora em Teoria Literária, mestre em Linguística Aplicada e bacharel em Letras-Tradução/Inglês pela Universidade de Brasília. Coordenadora dos grupos de pesquisa LiterArtes (Literatura e outras artes) e QUADRITAL (Quadrinhos, Tradução, Acessibilidade e Linguagens) na Universidade de Brasília. Pós-doutorada na UFSC em Estudos da Tradução e, atualmente, pós-doutoramento na USP com pesquisa sobre adaptações de quadrinhos de estudos intermídia.
Email: alequerido@gmail.com ou alessandra.querido@unb.br
Ementa: A oficina tem como objetivos discutir o conceito de adaptação e suas implicações nas HQs; apresentar as principais características da linguagem das histórias em quadrinhos e como elas inovam a maneira de enxergarmos as narrativas literárias. Nesta atividade teremos dois momentos: no primeiro, serão apresentados os conceitos teóricos e, também, algumas análises críticas de trechos de adaptações de textos literários para histórias em quadrinhos. Já na segunda parte, os participantes farão uma atividade prática de análise comparando excertos de textos literários com os trechos selecionados da adaptação para que identifiquem as estratégias utilizadas pelos adaptadores das obras.
BIBLIOGRAFIA:
BARBIERI, Daniele. A linguagem dos quadrinhos. Trad.: Thiago de Almeida Castor do Amaral. São Paulo: Peirópolis, 2017.
CAGNIN, Antônio Luiz. Os Quadrinhos - Linguagem e Semiótica: um estudo abrangente da arte sequencial. São Paulo: Criativo, 2015.
CIRNE, Moacy. Quadrinhos, sedução e paixão. Petrópolis: Vozes, 2001.
CHINEN, Nobu. Aprenda e faça arte sequencial: Linguagem HQ; conceitos básicos. São Paulo: Criativo, 2011.
DANTON, Gian. O roteiro nas histórias em quadrinhos. 3. ed. Paraíba: Marca de Fantasia, 2022.
EISNER, Will. Quadrinhos e arte sequencial. Tradução: Luís Carlos Borges. São Paulo: Martiontes, 1989.
GROENSTEEN, Thierry. O sistema dos quadrinhos. Trad.: Érico Assis. Nova Iguaçu, Rio de janeiro: Marsupial Editora, 2015.
HUTCHEON, Linda. Uma teoria da adaptação. 2. ed. Tradução: André Cechinel. Florianópolis: Editora UFSC, 2011.
RAMOS, Paulo. A leitura dos quadrinhos. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2021.
VERGUEIRO, Waldomiro; RAMOS, Paulo (orgs.). Muito além dos quadrinhos: análises e reflexões sobre a 9ª Arte. São Paulo: Devir, 2009.
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CADERNO DE RESUMOS
O caderno de resumos do seminário já está disponível para consulta. O material reúne as propostas aprovadas, apresentando um panorama das pesquisas que serão debatidas ao longo do evento. Convidamos os participantes a acessarem o arquivo e a realizarem o download
PROGRAMAÇÃO DOS SIMPÓSIOS TEMÁTICOS
Já está disponível a programação dos Simpósios Temáticos do seminário. Basta clicar neste link [download].
No arquivo consta a relação das comunicações, com indicação de datas, horários e participantes. É recomendável salvar o documento para servir de roteiro durante todos os dias do seminário.
CHAMADA PARA PROPOSTA DE MINICURSOS E OFICINAS:
O II Seminário Internacional de História e Linguagens convida mestres, doutores e doutorandos a submeterem propostas de minicursos a serem ministrados durante o evento, que ocorrerá em setembro de 2025.
O formulário para submissão está disponível para download [clicando aqui ]. Após o preenchimento, o arquivo deverá ser enviado para o e-mail historiaelinguagens.pqc@gmail.com, indicando no campo “Assunto”: PROPOSTA DE MINICURSO.
Prazo para envio: 24/08/2025
ATENÇÃO:
PARA SUBMETER RESUMOS NOS SIMPÓSIOS TEMÁTICOS (ver lista abaixo), é necessário preencher o campo INSCRIÇÃO e enviar por questão de segurança uma cópia do resumo devidamente preenchido para o e-mail: historiaelinguagens.pqc@gmail.com
Normas de Resumo de ST:
Resumo: No campo RESUMO anexar arquivo no formato WORD. No arquivo deve constar um resumo com no máximo 3000 caracteres com espaçamento, em fonte Times New Roman, tamanho 12, espaço simples, alinhamento justificado, utilizando formato A4, margens superior/esquerda 3,0 cm e inferior/direita 2,0 cm.
Palavras-chave: Utilize no mínimo 3 e no máximo 5 palavras-chave.
Referências Bibliográficas: deve constar três referências bibliográficas que contribuam para a discussão, seguindo OBRIGATORIAMENTE as normas da ABNT
PERÍODO PARA SUBMISSÕES:
30 DE JUNHO A 10 DE AGOSTO DE 2025
QUALQUER DÚVIDA SOBRE O SEMINÁRIO, FAVOR ENVIAR PARA historiaelinguagens.pqc@gmail.com
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Confira abaixo a lista de Simpósios Temáticos aprovados para o Seminário.
SIMPÓSIO TEMÁTICO 1 QUADRINHOS E AUDIOVISUAL COMO PRÁTICAS DE MERCADO, MEDIAÇÃO E REPRESENTAÇÃO
Márcio dos Santos Rodrigues (IFMA - Campus Coelho Neto)
Lucas Mello Neiva (USP)
Esta proposta de Simpósio Temático reúne trabalhos que, a partir de perspectivas históricas, historiográficas e culturais, examinem criticamente os circuitos de produção, circulação, tradução, recepção e consumo tanto das histórias em quadrinhos quanto das mídias audiovisuais. Consideradas como formas expressivas atravessadas por redes simbólicas, tecnológicas e econômicas, essas linguagens operam na construção de significados e imaginários sociais, exigindo abordagens que deem conta de suas intersecções, tensões internas e contradições estruturais. Parte-se da constatação de que os mercados de quadrinhos e audiovisual constituem campos dinâmicos, organizados por disputas estéticas, ideológicas e materiais. Interessa ao ST compreender os processos que engendram os produtos culturais, desde as escolhas editoriais e de direção até os regimes de tradução e adaptação, observando as formas pelas quais diferentes agentes – autores, editores, produtores, curadores, tradutores, público – operam dentro de estruturas de poder e negociação. As práticas de circulação e consumo, especialmente em contextos mediados por plataformas digitais, redes transnacionais de produção e novas formas de mediação cultural, como a figura do influenciador digital, configuram novas dinâmicas de legitimação e visibilidade, cujos efeitos simbólicos merecem atenção analítica. Também são dignos de análise os espaços como feiras, festivais, convenções e exposições, que operam não apenas como instâncias de comercialização, mas como arenas de consagração e disputa, em que se negociam visibilidades e legitimidades. Outro eixo de interesse refere-se às práticas de consumo e à produção de valor simbólico em torno de marcadores sociais como raça, etnia, gênero, classe e sexualidade. Serão valorizadas propostas que analisem como determinadas convenções visuais, consolidadas ao longo da história dos quadrinhos e do audiovisual, contribuíram para instituir hierarquias simbólicas, frequentemente racializadas, seja pela centralização de corpos e narrativas brancas, seja pela codificação ou marginalização de outras formas de existência e enunciação. É fundamental, nesse processo, evitar abordagens que incorram em essencializações ou generalizações, privilegiando análises que reconheçam a complexidade, a variação histórica e a especificidade dos contextos de produção e recepção. Também serão bem-vindas reflexões sobre as estratégias desenvolvidas por autorias racializadas que tensionam esses códigos, reconfiguram visualidades e produzem deslocamentos nos regimes de representação. O simpósio propõe, portanto, um espaço de debate voltado à análise situada das imagens, compreendendo-as como construções históricas vinculadas a campos de força e disputas políticas que atravessam as culturas visuais contemporâneas.
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SIMPÓSIO TEMÁTICO 2 ENTRE A TELA E O REQUADRO: FRONTEIRAS INTERMIDIÁTICAS ENTRE HISTÓRIA EM QUADRINHOS E O CINEMA
Alessandra Matias Querido (Unb)
O presente simpósio temático propõe um espaço de discussão para pesquisas que investiguem as relações intermidiáticas entre Histórias em quadrinhos e o Cinema, com ênfase nos processos de adaptação, transposição e diálogo entre essas linguagens. Nesse sentido, a proposta busca investigar como as fronteiras entre as linguagens são cruzadas, ressignificadas ou dissolvidas, gerando produtos culturais que desafiam noções fixas de originalidade e fidelidade. Partimos do pressuposto de que tanto os quadrinhos quanto o cinema constituem sistemas semióticos complexos, cujas interações produzem significados que vão além da simples reprodução de conteúdos. Assim, a justificativa para esta proposta reside na necessidade de compreender criticamente os mecanismos pelos quais as narrativas das HQs são transformadas ao migrarem para o cinema – e vice-versa –, gerando novas camadas de interpretação. Como destacam teóricos da intermidialidade, segundo Irina Rajewsky (2012), em Intermidialidade e estudos interartes: desafios da arte contemporânea, essas relações podem se manifestar através de três vias principais: a transposição midiática (como nas adaptações de graphic novels para filmes), a combinação de mídias (quando linguagens se hibridizam, como nos quadrinhos que emulam técnicas cinematográficas) e a referência intermidiática (evocações estilísticas ou temáticas de uma mídia na outra). Esses processos não são meramente técnicos, mas implicam escolhas culturais, políticas e criativas que merecem análise crítica. Outrossim, o conceito de ecossistema, proposto por Barbieri (2017), em A linguagem dos quadrinhos, oferece um aporte valioso ao entender as linguagens como entidades dinâmicas, que se alimentam de empréstimos e transformações mútuas. Além disso, como argumenta Linda Hutcheon (2013), em A Theory of Adaptation, a adaptação não se resume a uma simples reprodução de conteúdos, mas a um processo criativo de reinterpretação e ressignificação, no qual a obra adaptada ganha novas camadas de sentido ao migrar entre mídias. Essa perspectiva dialoga diretamente com as dinâmicas intermidiáticas discutidas por Rajewsky (2012) e com o caráter ecossistêmico destacado por Barbieri (2017), reforçando que os cruzamentos entre HQs e cinema são atos de recriação cultural, nos quais elementos formais e narrativos são reconfigurados em função de novas linguagens e contextos. Diante desse contexto, este simpósio receberá trabalhos que explorem a transposição ou interferência midiática, bem como trabalhos que investiguem a HQ assumindo características do cinema ou o cinema assumindo características da HQ nos moldes da adaptação ou da intermidialidade. Interessa-nos, então, discutir como essas interações midiáticas refletem e, ao mesmo tempo, transformam o contexto cultural em que estão inseridas. Isso porque, as fronteiras entre quadrinhos e cinema são, afinal, zonas de experimentação – e é nessa tensão criativa que este simpósio busca se situar.
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SIMPÓSIO 3 REPRESENTAÇÕES DO TRAUMA NO CINEMA E NAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
Victor Callari (USP)
Jorge Edson Paiva Gonçalves da Silva (Unifesp)
Eric Hobsbawm caracterizou as primeiras décadas do século XX como a “Era das Catástrofes”, um período que se estendeu do início da Primeira Grande Guerra até o final da Segunda Guerra Mundial. A multiplicidade de memórias e de representações relacionadas a esses dois eventos constitui pilar fundamental da organização política e social dos anos subsequentes. Os estudos e pesquisas sobre esses eventos, aliados ao advento da Guerra do Vietnã, contribuíram com a consolidação do fenômeno do Trauma na década de 1980, impulsionado pelo reconhecimento do Transtorno de Stress Pós-Traumático por parte da American Psychiatric Association, em sua publicação Diagnostic and Statistical Manula of Mental Disorders. Nesse sentido, esse ST busca reunir pesquisas que investiguem, a partir de perspectivas historiográficas e multidisciplinares, as representações de eventos e experiências consideradas traumáticas nos séculos XX e XXI, materializadas em histórias em quadrinhos e narrativas audiovisuais. Entre esses eventos, consideramos as duas guerras mundiais, a guerra do Vietnã, conflitos no continente africano e no Oriente Médio, as ditaduras na América Latina, atentados terroristas, a recente guerra na Ucrania, além de desastres e catástrofes naturais, como o furacão Katrina e os desastres de Brumadinho e Mariana, buscando revelar por meio da apreciação estética a dimensão política dessas representações e de que forma elas contribuem para a consolidação de uma determinada memória sobre esses eventos. Procuramos também por pesquisas que reflitam sobre os limites éticos das representações do Trauma, considerando as reflexões promovidas por Susan Sontag em seu ensaio “Diante da dor dos outros” (2003) bem como sobre o papel que linguagens como o Cinema e as Histórias em Quadrinhos podem desempenhar no testemunho desses eventos, na possibilidade de dar voz às vítimas e na preservação de suas memórias.
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SIMPÓSIO 4 REPRESENTAÇÕES DE GÊNERO E SEXUALIDADE NAS MÍDIAS VISUAIS: QUADRINHOS, CINEMA E ANIMAÇÃO
Daniel Camurça Correia (ProfHistória/UFC)
Rodrigo Aparecido de Araújo Pedroso (USP)
Este Simpósio Temático propõe discutir representações de gênero e sexualidade em mídias visuais como histórias em quadrinhos, animações, seriados e cinema, especialmente voltadas para jovens e adultos. A proposta surge da necessidade de investigar como papéis sociais de gênero e identidades LGBTQIAPN+ são construídos, tensionados ou reforçados nesses meios de comunicação. As mídias aqui tratadas serão abordadas como fontes históricas e culturais, nas quais é possível rastrear subjetividades, discursos e valores, assim como estratégias de resistência frente à heterocisnormatividade. A expansão da produção midiática — de origem americana, asiatica ou europeia — revela não apenas a busca por novos mercados, mas também a disputa por sentidos, na qual estereótipos e normas de comportamento são tanto replicados quanto desafiados. Por meio da interseccionalidade, refletiremos sobre como o que significa ser homem, mulher ou pessoa LGBTQIAPN+ muda ao longo do tempo e é performado de modo diverso. A proposta acolhe pesquisas que se debrucem sobre tais representações, indo além da distinção sexual biológica e explorando os sentidos sociais e culturais atribuídos aos corpos e às identidades.
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SIMPÓSIO TEMÁTICO 5 TRADUÇÃO DE “CLÁSSICOS”: NOVAS LEITURAS E OUTRAS LINGUAGENS
Felipe Krul Bettiol (UFPR)
Sebastian Fuentes Medina (Universitat Jaume I de Castelló – UJI e em Estudios Clásicos da Universidad de Buenos Aires – UBA)
Os panoramas do século XXI colocaram a literatura em cenários marcados por traduções que se ajustam a novos fenômenos socioculturais. Aquilo que se conhece como clássico na literatura, ainda que represente um tipo de registro para acessar cosmovisões de uma época específica, exige novas leituras que se adequem às problemáticas e às necessidades atuais, gerando, assim, uma sensibilização em relação aos contextos nos quais essas obras agora são promovidas. Além disso, é preciso refletir sobre o próprio termo “clássico”, que não deve se restringir às obras literárias pertencentes ao cânone dominante da literatura universal. Portanto, busca-se um debate que também contemple obras literárias historicamente marginalizadas, que podem ser consideradas clássicos a partir de novos prismas críticos, culturais e tradutórios. Quando se fala em novas perspectivas de leitura, não se refere, de modo algum, ao que alguns chamam de "manipulação" ou "deterioração" dos clássicos, e sim o contrário, isto é, a urgência em observar todo tipo de obra sob lentes contemporâneas em que se convida a colocar tais produções em diálogo com novos leitores em novos contextos. Alcançar leituras renovadas dessas obras, tanto a partir da tradução interlingual quanto da intersemiótica, leva a considerar os estudos tradutórios como uma disciplina diversa, que permite transpor qualquer obra de um contexto a outro, de um gênero a outro, de um formato a outro, de uma linguagem a outra. Sendo assim, o objetivo deste simpósio é criar um espaço no qual seja possível intercambiar diferentes perspectivas sobre a tradução e a transposição de diversos tipos de literatura “clássica” para leituras contemporâneas, explorando também diferentes linguagens, sendo exemplos as histórias em quadrinhos e o cinema, em estudos nos quais se evidenciem a inserção de debates atuais sobre gênero, identidade, memória e história.
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SIMPÓSIO TEMÁTICO 6 CONTRACULTURA, UNDERGROUND E ALTERNATIVO: USOS CONCEITUAIS NAS PESQUISAS EM ARTES GRÁFICAS E CINEMA
Geovano Moreira Chaves (IFSULDEMINAS – Campus Inconfidentes)
Iberê Moreno Rosário e Barros (Universidade Anhembi Morumbi)
Os conceitos de contracultura, underground e alternativo são utilizados com ampla frequência nas pesquisas em cinema e histórias em quadrinhos. No entanto, percebe-se que, em grande medida, estes conceitos são tidos como dados, ou mesmo como prontos e resolvidos, sem que as devidas tensões que abarcam estes conceitos tenham sido problematizadas ou mesmo historicizadas. São bastantes comuns referências ao cinema underground brasileiro, ou mesmo a quadrinhos alternativos ou que se atrelam a uma ideia de contracultura, sem que os mapeamentos teóricos e conceituais sobre estes termos sejam devidamente problematizados. Nessa perspectiva, este Simpósio Temático tem como objetivo agregar pesquisas que usam e debatem os conceitos de contracultura, underground e alternativo, assim como suas variações, problematizando estes conceitos no escopo das pesquisas que envolvam cinema e histórias em quadrinhos em suas inter, trans e multidisciplaridades, na intenção de compreender melhor e criar possibilidades de interlocução em relação a estes usos conceituais e suas nuances. Análises de filmes, histórias em quadrinhos, estilos e escolas de cinema e quadrinhos, teorias de cinema e quadrinhos, revistas de cinema e quadrinhos, entre várias outras possibilidades, estão entre os objetos de estudo dos trabalhos que serão apresentados neste Simpósio Temático.
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SIMPÓSIO TEMÁTICO 7 ENSINO DE HISTÓRIA E EDUCAÇÃO: PRÁTICAS E CULTURAS NO TEMPO PRESENTE
Luiz Paulo Da Silva Soares (UFPEL)
Darcylene Pereira Domingues (UFPEL)
O tema deste simpósio “Ensino de História e Educação: Práticas e Culturas no Tempo Presente” abrange um escopo que integra estudos distintos, com concepções multifacetadas e interdisciplinares, que atravessam diferentes linguagens e “produtos culturais” (FERRO, 2010; FONSECA, 2012; CARMO, 2012). Tal abordagem torna-se ainda mais relevante no contexto atual, em que segmentos da sociedade buscam, a todo custo, deslegitimar, negligenciar e negar fatos históricos comprovados por meio de pesquisas científicas. Dessa forma, este Simpósio Temático pretende reunir propostas investigativas sobre as linguagens contemporâneas na prática pedagógica escolar, reconhecendo e valorizando a escola como espaço de produção de conhecimento e de formação inicial, cultural e científica. O simpósio busca acolher estudos variados e interdisciplinares que se propõem a refletir sobre questões teórico-metodológicas relativas aos estudos da História, da Educação e da Linguagem. Destaca-se, nesse contexto, o uso de fontes, objetos, produtos e sujeitos no campo da pesquisa e do Ensino de História e suas diferentes dimensões socioespaciais, especialmente por meio de diversos “produtos culturais” — como cinema, cidade, fotografia, música, história em quadrinhos, entre outros — nos espaços escolares (FONSECA, 2012). Essa perspectiva dialógica se articula também com as reflexões de John B. Thompson (2011, 2016), ao analisar as transformações provocadas pelas mídias na cultura moderna e suas implicações na constituição de sentidos, na circulação de símbolos e na construção das ideologias. Assim, compreende-se que a escola, como espaço social, também está atravessada por essas dinâmicas midiáticas e simbólicas, sendo imprescindível refletir sobre como essas produções culturais integram e interferem nos processos de ensino e aprendizagem. Assim, este Simpósio Temático pretende constituir-se como um espaço de diálogo transdisciplinar sobre a História e seus múltiplos significados na Educação.
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SIMPÓSIO TEMÁTICO 8 - SUPER-HERÓIS NOS QUADRINHOS E NO CINEMA: IMAGINÁRIO, REPRESENTAÇÃO E HISTÓRIA DOS ESTADOS UNIDOS
Bruno Leonardo Ramos Andreotti (EFAPE - Secretaria de Educação do Estado de São Paulo)
Este simpósio temático objetiva reunir pesquisadores interessados em analisar as relações entre narrativas de super-aventura presentes nos quadrinhos e/ou no cinema e a história dos Estados Unidos, com destaque para a construção de imaginários culturais e sociais. Pretende-se explorar como essas formas narrativas têm expressado, interpretado, reinterpretado e influenciado eventos históricos, contextos políticos e sociais dos e nos Estados Unidos, contribuindo significativamente para a criação e manutenção de imaginários coletivos sobre nacionalismo, democracia, militarismo, racismo, gênero, entre outras. Desde suas origens nas histórias em quadrinhos dos anos 1930 até as grandes produções cinematográficas contemporâneas, a super-aventura e seus personagens centrais, os super-heróis, têm atuado como veículos fundamentais para moldar e representar percepções populares e imaginários simbólicos. Serão bem-vindas abordagens diversas que investiguem desde representações de conflitos até análises sobre como quadrinhos e filmes têm sido empregados como instrumentos propagandísticos em contextos históricos específicos, tais como a Segunda Guerra Mundial, a Guerra Fria, a Guerra do Vietnã, o período pós-11 de setembro e outras crises contemporâneas. Além disso, pretende-se acolher pesquisas que examinem como essas narrativas abordam temas socioculturais, incluindo direitos civis, feminismo, questões LGBTQIAPN+, imigração, entre outras, analisando como contribuem para a formação e transformação de imaginários sociais. A relevância deste simpósio está na criação de um espaço acadêmico interdisciplinar dedicado à compreensão crítica e analítica das narrativas de super-aventura enquanto fenômenos históricos e culturais, com ênfase em suas implicações para os imaginários coletivos na história dos Estados Unidos. Ao incorporar uma perspectiva que abrange tanto quadrinhos quanto cinema, esta proposta busca incentivar o diálogo entre diversos campos do saber, fortalecendo as pesquisas sobre representações históricas e construções do imaginário na história dos Estados Unidos.
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SIMPÓSIO TEMÁTICO 9 - REPRESENTAÇÕES UTÓPICAS E DISTÓPICAS NO CINEMA E NAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
Lucas Silva de Oliveira (UEM)
Shesmman Fernandes Barros de Melo (UEM)
Este Simpósio Temático procura abrir espaço para a discussão de pesquisas sobre produções audiovisuais e gráficas que abordem de utopias, distopias e cenários alternativos na ficção. Assim, verifica-se a necessidade de entender como essas mídias visuais criticam e satirizam elementos de seu próprio contexto sóciopolítico por meio de narrativas alternativas que projetam cenários distópicos e futuros especulativos. Tal proposta fundamenta-se na análise das linguagens visuais contemporâneas, especialmente como o cinema e os quadrinhos operam como práticas culturais, pois, como destaca Julio Bentivoglio, compreendê-las implica reconhecer o modo como a humanidade atribui significado e representa suas experiências numa perspectiva temporal, projetando-se no passado e no futuro para dar sentido ao tempo. Assim, a ideia central é pensar como essas produções utilizaram o recurso de realidades alternativas pessimistas para criticar visões hipercapitalistas, autoritárias e/ou governos e posturas políticas belicistas e ideológicas. A proposta enfoca produções das décadas de 1950 a 2020, explorando suas críticas políticas e articulações com contextos históricos específicos. Por isso, é relevante pensar como meios de comunicação aqui estabelecidos têm contribuido para a disputa de poder em torno de determinadas pautas ideológicas.
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SIMPÓSIO TEMÁTICO 10 A QUESTÃO MIGRATÓRIA NOS QUADRINHOS E NO CINEMA
Guilherme Freire Marques (UERJ)
A questão migratória tem sido um desafio global, principalmente num contexto de crise econômica, de acirramento de conflitos armados e da ascensão de governos de extrema-direita. Bauman (2005), escrevendo pouco depois dos atentados de 11 de setembro, demonstra o papel da imprensa em relacionar pessoas em busca de asilo com terroristas, apontando que tanto as pessoas em busca de asilo quanto os migrantes econômicos são vistos como um perigo para a segurança, alvo de raiva e ressentimento e são vistos como um “refugo humano”, o refugo da globalização. No período da virada do século XIX para o XX, surgiram teorias que culpabilizavam os imigrantes por agitações sociais, o que acabou culminando em diversas leis restritivas. Medeiros de Menezes (1996) trata dos indesejáveis “assim foram definidos os estrangeiros que, por palavras ou ações voltavam-se contra a ordem política, econômica, moral e social existentes, considerados nocivos à sociedade e perigosos à segurança pública” (p.91) Sarmiento (2017) nos fala da teoria da “flor exótica”, que “apontava os imigrantes como aliciadores das classes operárias nacionais e responsáveis pela situação de desordem e greves que invadiram as jovens repúblicas sul-americanas.” (p.266) Nesse contexto, a lei dos indesejáveis de 1907 previa a deportação de estrangeiros que fossem considerados uma ameaça à ordem nacional. Isso não era exclusividade apenas da América do Sul. Nos Estados Unidos, tivemos tentativas de assimilação forçada, expulsões de trabalhadores migrantes por “patriotas” (Abrams, 1976, p.118) e leis de restrição à imigração de 1921 e 1924. “Esta reduzia a imigração – e, por conseguinte, a entrada de concorrentes potenciais – oriunda da agitada e empobrecida Europa Oriental e Meridional a quantidades desprezíveis. A lei praticamente excluía os orientais ao mesmo tempo que fixava generosas cotas para os “nórdicos” da Europa do Noroeste.” (Coben, 1976, p. 277-278) A crise de refugiados na Europa, ocorrida em 2015, a eleição de candidatos com retórica preconceituosa e políticas restritivas para imigrantes aprofundam os desafios enfrentados por estes. Kellner (2001) nos fala de uma cultura de mídia que mobiliza a audição e visão, dominando o tempo de lazer e contribui para moldar não só as opiniões políticas, mas comportamentos sociais, contribuindo para a formação das identidades. Organizada em escala industrial, é uma produção de massa e feita para a massa, onde seus produtos se constituem como mercadorias. Os quadrinhos e o cinema são parte dessa cultura de mídia, que também se constitui como um terreno de disputas. Dessa forma, buscamos trabalhos que tratem de histórias em quadrinhos ou de cinema relacionados com a questão migratória e seus desafios.