As línguas, as raças e as culturas são questões sensíveis e mais discutidas nas áreas de ciências sociais e humanas e nos círculos políticos. São debatidas como espaços de resistência, reconciliação e afirmação dos grupos excluídos pelos modos de organização sociopolítica e de produção económica. Sabe-se que as culturas e as línguas são elementos fundamentais de identidade de um povo. É neste âmbito que a Universidade Pedagógica de Maputo (UP-Maputo) em parceria com a Universidade Federal do Maranhão (UFMA/Brasil), por meio da Licenciatura Interdisciplinar em Estudos Africanos e Afro-Brasileiros (Liesafro), vai receber e realizar o III Colóquio Internacional Políticas Antirracistas no Mundo (III CIPAM) com o tema Políticas Linguísticas, Raciais e Culturais de 21 a 23 de novembro de 2022, que reúne pesquisadores(as) que estudam estas questões, em contextos históricos e contemporâneos, e colocam em pauta as lutas e engajamentos contra as iniquidades nas relações globais, regionais e nacionais. Trata-se de uma iniciativa internacional com o objectivo de globalizar a problemática, em meios académicos, partilhando experiências vivenciadas e debater sobre processos em formação no mundo em geral. Esta será uma excelente oportunidade de Moçambique abordar os temas do III CIPAM em parceria com a UFMA/Brasil.

O I CIPAM ocorreu entre os dias 26 e 29 de Novembro de 2018 em Praia (Cabo Verde) e foi realizado em parceria com a Universidade de Cabo Verde (Uni-CV). O II CIPAM “Diálogos Brasil – Moçambique” ocorreu de 19 a 22 de novembro de 2019 no Maranhão (Brasil) e contou com participação de docentes da Universidade Pedagógica de Maputo e da Universidade Rovuma.

A realização do III CIPAM “Políticas Linguísticas, Raciais e Culturais” se inscreve no âmbito da cooperação entre Moçambique-Brasil, por meio de um memorando assinado em novembro de 2019 entre a UPM e a Universidade Federal do Maranhão (UFMA/Brasil), que preconiza, entre outras ações, a mobilidade de docentes e discentes. Como forma de operacionalização do memorando, a UPM e UFMA organizam um conjunto de actividades que incluem conferências, mesas redondas e oficinas entre docentes e estudantes brasileiros(as) e moçambicanos(as). A universidade brasileira ministra um curso de Licenciatura em Estudos Africanos e Afro-Brasileiros (Liesafro), iniciativa pioneira no Brasil, e a Universidade Pedagógica de Maputo tem colaborado em actividades de pesquisa e leccionação.

A colaboração entre as duas universidades teve início em 2014 com a ida para Maputo de pesquisadora brasileira para a realização de pesquisa de pós-doutorado. Em 2015, doisdocentes da UPM foram ao Maranhão para participarem como conferencistas em congresso internacional realizado na UFMA. Novamente em 2017 um grupo de professores/as estiveram na UFMA para o desenvolvimento de actividades de leccionação e participação em conferência. No primeiro semestre de 2019 a UPM recebeu igualmente um grupo de docentes da UFMA com objectivo de realizar actividades de pesquisa. No final de 2019, um grupo de cinco docentes moçambicanos(as), dos quais três da UPM, deslocou-se a Maranhão para participarem em actividades de formação de docentes da rede pública e participar em conferências organizadas pela UFMA. É neste contexto de interações que a UPM recebe em novembro do presente ano, uma delegação da UFMA, constituída por 30 integrantes (docentes e discentes) e colaboradores(as) da Liesafro para um intercâmbio no âmbito pedagógico e científico.

Durante a estadia dos(as) professores(as) e estudantes brasileiros serão realizadas actividades de pesquisa científica, como mesas redondas, comunicações e minicursos com estudantes moçambicanos, bem como serão realizadas visitas às escolas do município de Maputo assim como alguns locais históricos de Moçambique.

Objectivos

· Socializar e analisar políticas linguísticas, raciais e culturais no âmbito das teorias e práticas em Moçambique e no Brasil;

· Compreender os desafios e as possibilidades das políticas voltadas ao tema do evento em Moçambique e no Brasil;

· Partilhar práticas e experiências bem-sucedidas sobre políticas linguísticas, raciais e culturais em Moçambique e no Brasil.