A educação brasileira passa por um momento delicado, em que a redução de recursos financeiros em todos os níveis de ensino gera inúmeras dificuldades e compromete o funcionamento do sistema. Além disso, a política educacional enviesada ideologicamente do atual governo fomenta o embate de estudantes contra os professores e a sociedade contra a educação, instaurando um clima de censura e retrocessos que dificultam o avanço da educação pública, laica e comprometida com os valores democráticos.

Nesse contexto, disciplinas como a Sociologia, que tratam da desigualdade social, racial e de gênero, dos direitos humanos e da participação política, entre outros temas candentes na sociedade, são atacadas. A validade de seus conhecimentos é questionada e docentes enfrentam tentativas de censura e acusações de doutrinação. A reforma do ensino médio, impetrada pela Lei 13.415 de 2017, que reduziu as disciplinas escolares a “conteúdos e práticas”, e a implantação da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), que deixou a critério de Estados e Municípios a organização de suas grades curriculares, deu abertura para que a Sociologia seja tratada como algo menor.

A Associação Brasileira do Ensino de Ciências Sociais (ABECS) destaca a importância da Sociologia para o processo formativo dos estudantes e reafirma o estudo da disciplina como um dos caminhos profícuos e colaborativos para a compreensão crítica e embasada da sociedade e de seus conflitos, agregando sentido para a constituição de valores associados à democracia, elementos estes tão caros e necessários à sua consolidação, sobretudo em jovens democracias como a brasileira, que se encontra em risco.

Nesse sentido, a ABECS realizará o seu IV Congresso Nacional nos dias 13, 14 e 15.11.2020, no Instituto Federal de Ciência, Educação e Tecnologia (IFSP) – Campus São Paulo, com o intuito de reunir estudantes, professores de Sociologia / Ciências Sociais e pesquisadores do Brasil inteiro promovendo espaços de diálogo e reflexões – em mesas redondas, grupos de discussão, oficinas de práticas pedagógicas e relatos de experiências – que abarquem a diversidade de concepções educacionais e sociológicas que norteiam o trabalho de professores/as da disciplina, contribuindo para ampliar as formas de resistência à ofensiva conservadora e dogmática, fortalecendo a presença da Sociologia nas escolas e nas universidades e reafirmando o compromisso com uma educação como prática de liberdade.