De acordo com o Censo Agropecuário (2006) 90% dos estabelecimentos rurais de Pernambuco são de agricultura familiar (Lei 11.326). O pessoal ocupado nesta corresponde a 83% da força de trabalho do campo e, mesmo, com menos terra do que a agricultura empresarial apresenta um valor bruto da produção superior a 50%.  Além desta expressiva participação na geração de empregos e de riquezas a agricultura familiar e camponesa são portadoras de uma enorme diversidade cultural, produtiva e ecológica que se manifestam em diferentes identidades e formas de organização social. 

Este amplo segmento social está presente nos territórios rurais e territórios da cidadania das três grandes regiões do estado (semiárido, agreste e mata), sendo possível identificar nestas: povos indigenas, comunidades quilombolas, pescadores/as artesanais, acampados/as e assentados/as da reforma agrária, ciganos; além de trabalhadores/as de atingidos/as por barragens, juventude rural, mulheres camponesas que se organizam em torno de experiências produtivas baseadas em princípios da Agroecologia. 

Apesar dos avanços conquistados, nos últimos anos,  com a ampliação do acesso a política públicas do governo federal estes grupos sociais vivem num contexto marcado pela concentração terra, falta de regulamentação fundiária de suas posses, e mais recentemente por uma conjuntura adversa caracterizada pelo avanço de grande projetos e do agronegócio que ameaçam as suas terras, territórios e, consequemente, suas identidades culturais. Além disto, a lógica do modelo de desenvolvimento urbano e industrial insiste em negar o rural e, particularmente, as populações e comunidades tradicionais que praticam a agricultura de base familiar. 

É a partir deste contexto que o Núcleo de Agroecologia e Campesinato - NAC  da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE em parceria movimentos sociais e instituições do estado e da sociedade civil propõe o evento: Dialógo de Conhecimento em Agroecologia. Este será produto da integração de três eventos: II Jornada dos Povos de Pernambuco, III Seminário Estadual de Agroecologia e II Seminário Internacional de Agroecologia, cujo objetivo principal é o de “Promover um amplo diálogo de conhecimentos em Agroecologia, visando aproximar e articular diferentes atores sociais para fortalecer as lutas e reivindicações por terra, território e soberania alimentar em Pernambuco”. 

O evento Dialógo de Conhecimento em Agroecologia se realizará entre os dias 22 a 24 de setembro de 2015, no campus da UFRPE em Recife – PE, com a participação de 400 pessoas vinculadas a instituições do campo e da cidade que participarão de diferentes atividades da programação, tais como: mesas redondas, plenárias, instalações pedagógicas, rodas de dialógo, feiras de saberes, sabores e da agrobiodiversidade, exposições artísticas, atividades culturais e lançamento de livro.   

Este conjunto de atividades de natureza didática e formativa visa promover um dialógo sobre Agroecologia com representantes da população rural e urbana, particularmente estudantes e professores de universidades e institutos federais tecnológicos,  representantes de movimentos sociais da cidade, pesquisadores, extensionistas, gestores públicos vinculados a órgãos de desenvolvimento rural, entre outros. O evento será amplamente divulgado nos meios de comunicação de massa com a finalidade de contribuir para a ampliação da visibilidade e do reconhecimento da agricultura familiar, camponesa, indígena, povos e comunidades tradicionais como protagonistas da produção e alimentos saudáveis e da construção da segurança alimentar e nutricional (SAN). 

Além disto, a presença no evento de pesquisadores e palestrantes nacionais e internacionais que são reconhecidamente referência nas temáticas da Agroecologia, da Soberania Alimentar, Agricultura familiar e desenvolvimento territórial se constituirá numa interessante oportunidade de dialógo e formação para os participantes. Outro produto do evento será os anais, um livro e a carta política cujo conteúdo consistirá de um conjunto de diretrizes voltadas para o fortalecimento da Agroecologia, da agricultura familiar e camponesa, das comunidades e povos tradicionais e a defesa dos seus territórios.

Por Núcleo de Agroecologia e Campesinato - UFRPE