O projeto de extensão Mora na Filosofia, realizado desde 2010 em bares na cidade de Maceió, inicia sua versão virtual, devido ao distanciamento social provocado pela pandemia da Covid-19. O encontro do dia 06 de novembro acontecerá às 18:00, no canal do projeto no youtube moranafilosofiaufal (www.youtube.com/moranafilosofiaufal). Nesse encontro virtual convidamos o Prof. Dr. Abrahão Sampaio (IFC - Campus Canindé) que ministrará a palestra: Imagens que pensam: sobre os relatos oníricos em Walter Benjamin.
Resumo: É reconhecida a importância do sonho no pensamento de Walter Benjamin (1892-1940). Apesar de dispersos em sua obra, o universo onírico e o ato de anotá-los não é relevante apenas para os aspectos teóricos relativos à memória histórica, mas também para a configuração estilística do trabalho de escritor. Há nos escritos benjaminianos uma distinção clara entre a percepção onírica imediata e o momento da anotação. A evocação onírica somente é possível como uma elaboração secundária da experiência na plenitude da consciência desperta, como uma função da recordação ao onirismo infenso ao domínio da linguagem. Assim, a forma dos registros nos relatos de Benjamin tem por escopo resguardar o caráter enigmático e misterioso dos sonhos. A percepção onírica ilumina a obscuridade do eu ao mesmo tempo em que revela uma paradoxal imanência, trata-se de um caso exemplar da rememoração, pois ativa nela não apenas os desejos e recalques, mas os ocorridos e as possibilidades. Há, portanto, a valorização do caráter manifesto do sonho, por mais que haja pontos fortes de contato com a psicanálise freudiana. A elaboração onírica não se restringe a uma interpretação dos conteúdos latentes, o sonho transborda às possibilidades do ego nos espaços simbólicos da História. Com base na experiência dos próprios sonhos, Benjamin radicaliza sua concepção do onírico nas Passagens, onde o sonho coletivo do capitalismo surge como bloqueio da memória histórica. O esforço de Benjamin nesse projeto passa pela tentativa de prover a aparição do espaço de imagens do sonho, os ocorridos, e integrá-las à percepção do presente na imagem dialética. A presente exposição visa a caracterização de tais relatos oníricos, as atitudes de Benjamin frente a eles e sua gradativa radicalização. Nesse sentido, as imagens oníricas são como cortes transversais no fluxo da memória histórica, corpos prenhes de energia potencial. Palavras-Chave: Sonhos. Imagem. História. Política.
Sobre o Palestrante: Licenciado, Mestre e Doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Atualmente, é professor do ensino básico, técnico e tecnológico do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), Campus Canindé. Possui experiência nas áreas de Filosofia Social e Política, Estética, Teoria Crítica, Filosofia da História, Psicanálise, Literatura e Dialética. Ocupa-se com o problema da constituição da consciência histórica e da memória no contexto sociocultural da reificação e da temporalidade contemporâneas.