Mora na Filosofia: em pandemia. Democracia, secularismo e religião em Habermas

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Sexta, 20 de novembro de 2020 Das 18:00 às 20:00

Sobre o Evento

O projeto de extensão Mora na Filosofia, realizado desde 2010 em bares na cidade de Maceió, inicia sua versão virtual, devido ao distanciamento social provocado pela pandemia da Covid-19. O encontro do dia 13 de novembro acontecerá às 18:00, no canal do projeto no youtube moranafilosofiaufal (www.youtube.com/moranafilosofiaufal). Nesse encontro virtual convidamos o pesquisador Dr. Juliano Oliveira (IFC - Campus Canindé) que ministrará a palestra: Democracia, secularismo e religião em Habermas.

Resumo: Esta apresentação discute o problema do diálogo entre secularismo e religião na democracia a partir de Jürgen Habermas. Este reforça a ideia de que o Estado liberal obtém sua legitimação de modo autossuficiente, através de argumentos não dependentes das tradições religiosas nem metafísicas. Todavia, Habermas defende um diálogo entre tradições religiosas e seculares, naquilo que denomina de processo de aprendizagem complementar entre secularismo e religião. Ele explica que não devemos colocar de lado as religiões, menosprezando-as nos debates públicos, mesmo tendo como referência uma fundamentação pós-metafísica da ética. Na esfera pública, cidadãos, organizações sociais, igrejas e comunidades religiosas ainda não estão submetidos a uma tradução do idioma religioso para o secular, que só pode acontecer nas instituições. O Estado não pode, no nível ainda da esfera pública e da sociedade civil, transformar a separação institucional entre religião e Estado numa sobrecarga mental e psicológica insuportável para os cidadãos religiosos. Tal exigência apenas poderá ser dirigida aos políticos que assumem mandatos públicos ou pretendem assumir. Os religiosos, por sua vez, precisam saber e aceitar que, nas instituições, parlamentos, tribunais e ministérios, apenas contam argumentos seculares. Isso não significa que as religiões não possam orientar os indivíduos e nem que as tradições seculares não possam aprender com as religiões. Entretanto, deve-se traduzir, como explicitamos antes, as intuições religiosas para uma linguagem pública e secular nas instituições. Habermas enfatiza que a secularização cultural e social deve ser entendida como um processo de aprendizagem complementar, que obriga tanto as tradições do Iluminismo quanto as doutrinas religiosas a refletirem sobre seus respectivos limites. Palavras-Chave: Democracia. Secularismo. Religião. Habermas.

Sobre a Palestrante: Doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com doutorado sanduíche pela Ludwig-Maximilian-Universität (LMU), em Munique, Alemanha. Atualmente, é Bolsista CAPES/PNPD no Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e pesquisa temas referentes ao diálogo entre religião e secularismo na democracia à luz da Teoria Crítica (com ênfase no pensamento de Jürgen Habermas), ao debate acerca da controvérsia entre liberalismo e comunitarismo na filosofia contemporânea e ao diálogo entre Habermas e Taylor acerca da relação entre secularismo e religião na esfera pública. Em 2018, publicou pela Editora Fi o livro Secularismo e Religião na Democracia Deliberativa de Habermas: da pragmática ao déficit ontológico e metafísico.

Organizador

João Dias; Marcus Souza; Maxwell Lima Filho; Marcus Matias

Docentes da Universidade Federal da Alagoas (UFAL)