Jornada de Poesia LGBT+

Jornada de Poesia LGBT+

em memória a Anderson Herzer

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De 13 a 14 de julho Todos os dias das 13h00 às 22h00

Sobre o Evento

uma jornada poética

“Nessas palavras expresso meu mundo
em que às vezes eu me perco e me confundo”

Com esses versos, Anderson Herzer abriu em 1982 seu livro de poesia. É rememorando seus intrépidos e pungentes versos que convidamos para nossa Jornada de Poesia LGBT+. O que pode a poesia em um mundo de tantos silenciamentos? Como pode a poesia romper os armários, as armaduras e as durezas dos cânones, da moral e das instituições? Como pode a poesia ocupar as cidades e a construir novos mundos? Como pode a poesia ser combustível da potência de nossos corpos? Como pode a poesia contribuir para o autoamor e para construção de campos de reconhecimento que não sejam o do extermínio das singularidades? Como pode a poesia criar existências que não se pensem somente a partir do poder ou de sua resistência a ele? Como pode a poesia criar novos mundos? Como pode a poesia ser um exercício de liberdade?

Realizada pelo Instituto Cultura Arte Memória LGBT+ e pela Casa de Cultura da América Latina, a nossa primeira Jornada de Poesia LGBT+ contará com 05 oficinas formativas, performances, um sarau de lançamento da padê editoral, além de uma roda de conversa sobre a história da poesia Trans no Brasil com a presença da escritora e pesquisadora Amara Moira e do poeta slammer Marcelo Caetano.

O evento ocorrerá nos dias 13 e 14 de julho, na Casa de Cultura da América Latina, em Brasília, Distrito Federal. O evento é inteiramente gratuito, contudo as vagas nas oficinas são limitadas e é necessário a realização de inscrições.

Palestrantes

  • amara moira
  • marcelo caetano
  • jupiter coroá
  • julianna motter
  • maria léo araruna
  • tatiana nascimento
  • pedro ivo
  • esteban rodrigues
  • kika sena
  • bernardo mota
  • mickael pederiva
  • cleudes pessoa
  • kati souto
  • nanda fer pimenta

Programação

14h00 - julianna motter, maria léo araruna poesia, corpo e cidade Oficina
Local: Sala de Oficinas

com maria léo araruna e julianna motter

poesia, corpo e cidade

A oficina visa experimentar a criação poética a partir dos corpos e cidades que constituem as participantes, tendo como objetivo integrar-se ao espaço híbrido e dinâmico da vida urbana. Nas dinâmicas realizadas, buscaremos na memória e na história de nossos corpos, construir pontes poéticas entre os encontros afetivos e violentos que já nos atravessaram e atravessam, para fazer da poesia uma ferramenta bélica de contestação e libertação; pois acreditamos que a linguagem produzida por corpos dissidentes têm a potência de produzir outras formas de vida e novas possibilidades de mundo.

17h00 - tatiana nascimento cuíerlombismo literário: poesia preta lgbtq Oficina
Local: Sala de Oficinas

com tatiana nascimento

um cuíerlombo de palavras: de denúncia da dor a direito ao devaneio, a complexa poesia negra da diáspora sexual-dissidente

“A noite está tépida. O céu já está salpicado de estrelas. Eu que sou exótica gostaria de recortar um pedaço de céu para fazer um vestido”
Carolina de Jesus

o que a gente tem feito com a avalanche de produções literárias negras LGBTQI contemporâneas? como temos lido, entendido, apresentado e difundido esses textos, livros, vídeos? tá rolando uma bombação de produções publicadas em diversas plataformas (livros por editoras independentes, blogs, saraus, batalhas de poesia, de rima, lambe-lambe, a volta dos zines mesmo que não idos, youtube…), o que sugere que a diagnosticada invisibilidade é mais um processo de invisibilização dessas obras quanto seu status. processo que opera tanto pelo não reconhecimento de sua existência quanto por seu enquadramento (leitura, crítica, intelecção) a partir de uma determinada moldura organizada, de um lado, pela mirada branca (a “white gaze” que toni morrison discute em entrevista de 1998), e de outro pela mirada cishétero.

afinal tamos falando de leitura literária de textos políticos ("discurso", "panfletária"), ou da leitura política de textos literários? dois caminhos que parecem conflitantes mas talvez nos chamam pra experimentar um terceiro-lugar, two-spiritado, que nos permita escapar da assunção corrente e homogeneizante pra qual a literatura negra LGBTQI é taxada quase sempre como literatura de resistência - ao racismo, às lgbtfobias y outras opressões - de forma a muitas vezes desconsiderar sua tessitura literária y mesmo ignorar outros temas pulsantes ali, além das denúncias.

nesse lab, vamo ler y falar sobre poemas de algumas/alguns escritorxs de literatura negra LGBTQI contemporânexs - kika sena (AL), victória Sales (SP), esteban rodrigues (BA), nina ferreira (DF), maré de matos (MG/PE), laila oliveira (SP) y eu mesma (tatiana nascimento, DF), pra ver como construir coletivamente ferramentas outras de compreensão, leitura y interpretação dessas obras, articulando tanto seu viés deliberadamente político de funcionar sim como escritas da resistência aos sistemas de opressão quanto um teor/valor literário específico: y aqui estou sonhando-pensando literatura como cosmogonia, como espaço do inédito, do maravilhoso, do inimaginável, como direito ao devaneio (lembra do que audre lorde fala sobre o ousar sonhar pra então transformar em linguagem e ação? é por aí). y seguiremos tb a partir da explicitação dos extravasamentos estéticos/literários y/ou temáticos que fazem dessas obras literatura desde uma definição canônica (a qual também será debatida), não "só" discurso político.

sipá, no final a gente produz, cada qual de seu lugar de fala, um poema no calor do tema, pra ver no que vai dar, e testar a densidade das alianças políticas-poéticas que conseguimos construir em ambientes mistos em termos de raça y gênero, desde o objetivo de difundir literaturas negras LGBTQI a partir duma leitura antirracista/antiLGBTQIfóbica complexa.

20h00 - maria léo araruna manifesto trav(eco)-ciborgue Apresentação Artística
Local: Auditório Gonzaguinha

com maria léo araruna

A performance "Manifesto Trav(Eco)-Ciborgue", apresentada pela travesti Maria Léo Araruna, trata sobre como o mito da criatura ciborgueana -- que habita entre o orgânico e o tecnológico -- pode servir de paradigma para compreender a construção e os processos de socialização do corpo transfeminino. A apresentação propõe encarar a travesti enquanto uma figura mitológica, pois se acredita que a narrativa ficcional é capaz de constituir uma outra gramática sobre os contextos e relações em que ocorre a violência transfóbica.

20h30 - bernardo mota, mickael pederiva canções para herzer Apresentação Artística
Local: Auditório Gonzaguinha

com mickael pederiva e bernardo motta

poemas de anderson herzer transformados em canção.

anderson herzer e a escrita trans no brasil

com amara moira e marcelo caetano 

intermediações de jupiter coroá

Às21h00 - Auditório Gonzaguinha
10h00 - pedro ivo escrevivências e (auto)amor Oficina
Local: Sala de Oficinas

com pedro ivo

escrevivendo dor, luta e (auto)amor

vivências orais e escritas - reais e/ou ficcionais - dissidentes de (auto)amor são a base para esta oficina que, por meio da a escuta e da escrita criativa (com)partilhadas, tem por objetivos reconhecer e fortalecer existências contra-hegemônicas (étnico-raciais, sexuais e de gênero) na atualidade.

14h00 - esteban rodrigues poesia e (auto)reconhecimento Oficina
Local: Sala de Oficinas

com esteban rodrigues

Oficina de poesia e (auto)reconhecimento
Todo poeta, antes de poeta, é poesia. Se reconhecer na sua escrita e, mais ainda, se perceber nela é o que suscita o fio de felicidade. Se entender enquanto minoria e se respeitar é o maior ato revolucionário que pode existir, porque "ser insuficiente não é não ser visto, é não se ver". O intuito da oficina é se permitir descobrir até onde somos o que dizemos que somos, e o que somos quando calados. É descobrir a diferença entre espaços e vazios na autoescrita e na autoanálise. É perceber o quão bonito e importante hoje é ler um poema próprio e reconhecer as dores e amores como seus, não do mundo, e respeitá-lo, e lê-lo em voz alta.

17h00 - kika sena voz e palavra em performance Oficina
Local: Sala de Oficinas

com kika sena

Voz e palavra em performance: a poesia em cena

A oficina pretende explorar as múltiplas qualidades de produção vocal através da percepção do corpo enquanto potência poética em performance de poemas.

sarau preto lgbtqi+

sarau da padê editorial

lançamentos dos livros de tatiana nascimentoesteban rodrigues, pedro ivo, kika sena, nanda fer pimentacleudes pessoa kati souto

Às20h00 - Auditório Gonzaguinha

Local

Casa da Cultura da América Latina - CAL/UnB - 70300-500, Setor Comercial Sul Quadra 4, Asa Sul, Brasília, Distrito Federal,
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Apoio

Produção

Organizador

Instituto LGBT+

O Instituto Cultura Arte Memória LGBT+ foi fundado no dia 03 de dezembro de 2016 em Brasília, com o objetivo de defender, promover, fomentar e difundir a cultura, o patrimônio cultural e artístico e a memória da comunidade LGBT brasileira. Saiba mais em http://cultura.lgbt/