O cenário religioso brasileiro nunca foi caracterizado pela constituição de “fronteiras rígidas” entre as diversas formas de crer e de ser religioso. Por mais que se tente dizer o contrário, a forma de ser católico, espírita, budista, candomblecista, umbandista, esotérico e mesmo evangélico se expressa, na modernidade, como o resultado da “porosidade das fronteiras” com “os sagrados” dessas várias expressões religiosas. Esse fenômeno constitui não apenas as instituições religiosas contemporâneas no país, mas a própria cultura nacional.
Sendo assim, temos de admitir que, nestes tempos, os diversos ramos da ciência não são capazes, isoladamente, de dar conta de toda a realidade do “sagrado”, da “fé”, do “fenômeno religioso”. Ademais, em tempos de “religião em movimento” e “bricolagem da fé”, somente adentrando pelo caminho da interdisciplinaridade, ou mesmo da transdiciplinaridade, é que o conhecimento torna-se autêntico e credível.[1]
Por esta razão, o curso de Teologia da Faculdade Católica do Rio Grande do Norte (FCRN) em parceria com o curso de Filosofia da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) realizam a I Semana Nacional de Teologia, Filosofia e Estudos da Religião e I Colóquio Filosófico: Filosofia e Religião com o tema “Religião em movimento: diálogo entre Teologia, Filosofia e Ciências no século XXI”.
Em vista de abrir caminhos que permitam o enriquecimento mútuo entre os diversos campos da ciência e a construção humanizante e humanizada do sujeito religioso no século XXI, este evento pretende, por meio do diálogo entre Teologia, Filosofia e Ciências do século XXI, constituir-se como um espaço de debate e de reflexão acerca dos fenômenos das crenças no mundo contemporâneo e a mobilidade religiosa que proporcionam a existência de novas formas de “ser religioso” com pertencimentos, talvez, nunca antes imaginados.
[1] Cf., HERVIEU-LÉGER, Danièle. O peregrino e o convertido: a religião em movimento. Petrópolis: Vozes, 2008, 238p.