O transtorno do espectro autista (TEA) remete a uma série de condições caracterizadas por algum grau de comprometimento no comportamento social, na comunicação e na linguagem, e por uma gama estreita de interesses e atividades que são únicas para o indivíduo e realizadas de forma repetitiva, outras características são padrões atípicos de atividades e comportamentos, como dificuldade na transição de uma atividade para outra, foco em detalhes e reações incomuns às sensações (OPAS; WHO, 2022).

Para descobrir que uma pessoa está no transtorno do espectro autista é necessária uma série de exames clínicos, ou seja, da análise médica fundamentada em protocolos já estabelecidos, sendo certo que quanto mais cedo for fechado o diagnóstico serão maiores as chances de uma vida mais independente.

Por não se tratar de doença e devido a amplitude de características que podem ser consideradas de um comportamento autista, o TEA pode ser difícil de ser verificado no cotidiano e isso pode prejudicar a atuação do poder público. Pois o popular “autismo não tem cara” pode levar o bombeiro ou o policial a fazer um julgamento errôneo da situação, agindo de forma que deixe a pessoa com TEA mais confusa a ponto de entrar em crise.

A abordagem errada pode conduzir a pessoa com autismo aos comportamentos extremos (agressividade, fulga, irritação) por não conseguir compreender a situação que está vivenciando. Como exemplo, o grau de comprometimento na comunicação pode atrapalhar o bombeiro militar na busca de lesões ou fraturas durante o exame secundário e ainda temos as variáveis quanto a sensibilidade a dor, ao toque, aos sons e iluminação.

Neste sentido, a Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC) em parceria com a AMA Blumenau desenvolveu procedimento para ser observado por policiais em ocorrências que tenham autistas envolvidos. A atualização da normativa da PMSC pela Polícia Militar do Paraná envolveu também métodos de trabalho aos profissionais do Corpo de Bombeiros.

Agora, o Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul (CBMMS) apresenta à sociedade seu protocolo de atendimento às pessoas com autismo, inspirado pelos estados de Santa Catarina e do Paraná, a norma sul-mato-grossense apresenta características, procedimentos e símbolos que podem ajudar na identificação e abordagem de pessoas com TEA, além de uma parte com termos técnicos descritos com significado que facilita a compreensão do que a família, médicos e terapeutas acabam por muitas vezes relatando ao socorrista.

Neste seminário serão abordados, além dos protocolos PMSC, PMPR e CBMMS, a pesquisa feita com o público interno do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul, direitos das pessoas com TEA, normativa regulamentadora de equipes que atenderão aos pacientes da saúde mental, símbolos de identificação, entre outros.

Por fim, o objetivo maior do seminário é aproximar a população, entidades protetoras de direitos, rede de saúde, policiais, professores, bombeiros e seguranças da realidade vivida por pessoas com TEA e suas famílias. Com o intuito de desenvolver a empatia dos órgãos de resposta e ofertar um atendimento digno, eficiente e de referência em todo o âmbito nacional.

Esperamos que goste de nosso evento, foi preparado com muito carinho e é um presente do CBMMS ao povo de Mato Grosso do Sul.

Brasil!