O fenômeno técnico nos constitui, ao mesmo tempo em que o partilhamos com as outras espécies. Somos seres técnicos e como tais incutimos uma face humana neste fenômeno, transformamos a técnica gradualmente de instrumento em ambiente, habitamos tecnicamente o mundo, uma tecnosfera. Desde a Modernidade, ampliamos nosso poder sobre o mundo, nossas ações não apenas descortinaram o mundo fenomênico, mas transformaram-no em um estofo explorável que, em meados das últimas décadas do século XX, expôs danos irreversíveis, os perigos e os riscos de nossas ações não apenas ameaçando nossa espécie, mas a toda ecologia que compõe o ambiente que nos circunda, em suma, a ameaça de nossas ações foi estendida a todas as espécies e ao próprio planeta. No início do século XXI, novas configurações oriundas do entroncamento de áreas como as neurociências, a bioengenharias, a robótica e as ciências da informação, ampliam nossa compreensão sobre o horizonte micro de nossa constituição, nossa estrutura biológica e nuclear ancorada nas informações de nosso genoma; isto, ao preço de uma redução de toda a potencialidade da vida a um estrato informacional, somos dados e informações, que podem ser captadas, controladas e rentabilizadas; e isto, com o auxílio de uma inteligência artificial, que é desenvolvida a passos largos e com um perfil interacional com o humano sem precedentes. Todos os cenários acima descritos, nos colocam diante do poder de constituição da técnica sobre nossa espécie, pois seus ganhos são expressivos e inegáveis; porém, não ocorrem sem perigos e riscos latentes. Diante desta realidade constitutiva e multifacetária da técnica e da tecnologia, cabe-nos perguntar por seu sentido. Qual seria o sentido da técnica? E qual humanidade queremos a partir delas? Que sujeito emerge deste ambiente tecnificado? Estes cenários aporéticos oriundos de nossa ação técnica nos imprimem uma necessidade de emancipação. Podemos falar em emancipação diante de tais cenários? Como pensar modos de emancipação (tanto subjetiva, quanto social) frente aos riscos da tecnologia? É tarefa civilizatória pensar sobre seus impactos, processos e produções, não apenas na natureza, mas também, no próprio homem, em seu modo de ser; o que requer pensar a(s) tecnologia(s) a partir de múltiplas perspectivas éticas, políticas, ontológicas, científicas, antropológicas, dentre outras possíveis.
SUBMISSÃO DE TRABALHOS
Período: 30/01/2024 a 20/03/2024
E-mail: vcoloquiofilosofiatecnica@gmail.com