V Colóquio Internacional Estética e Existência

V Colóquio Internacional Estética e Existência

Filosofia e Arte

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De 13 a 15 de outubro Todos os dias das 15h00 às 20h30
Evento online Transmissão via Doity Play Você receberá o link de transmissão próximo ao evento.

Sobre o Evento

Desde de 2015 que realizamos o I Colóquio Estética e Existência com a intenção de pensar a problemática da existência, considerando a experiência estética como o primado das diferentes formas do viver humano. Naquele evento, discutimos o filosofar e o viver criativo com o objetivo de refletir sobre a atividade de pensar como expressão da criatividade humana, que busca colocar a vida no centro da existência. Em 2016, no II Colóquio, discutimos as relações entre a prática do filosofar como expressão da loucura enquanto construção de modos de viver singular. Dedicando o encontro aos artistas e filósofos, que ousam pensar e interpretar a morte com o propósito de intensificar a vida, realizamos, em 2018, III Colóquio para examinar a condição humana da angustia da finitude, que coloca a filosofia no cenário do problema da morte. Em 2019, realizamos o IV Colóquio para tratar da espiritualidade como um horizonte aberto para a transcendência como possibilidade de continuarmos caminhado na existência em meio às limitações dos determinismos da vida. Em 2020, em função da pandemia provocada pelo Covid-19, suspendemos nosso Colóquio. Agora em 2021, decidimos realizarmos o nosso V Colóquio de maneira telemática. Nesse sentido, convidamos estudantes, professores, artistas e apreciadores da arte para discutirmos as relações entre filosofia e arte. Vamos examinar juntos a seguinte questão: em que medida é possível considerar de maneira entrelaçada os conceitos filosóficos e as manifestações artísticas?

Palestrantes

  • Plínio Prado
  • Salim Mokaddem
  • Carla Milani Damião
  • Claudinei Aparecido Freitas Silva
  • Gilfranco Lucena Santos
  • Iraquitan de Oliveira Caminha
  • José Antônio Apolinário
  • José Rufino
  • Maria Clara Cescato
  • Marina Pinheiro
  • Rainer Câmara Patriota
  • Taísa Palhares
  • Terezinha Petrúcia da Nóbrega
  • Tiago de Jesus Sousa

Programação

15h00 - Gilfranco Lucena Santos Conferência de Abertura | Inspiração e elaboração artística Conferência
Local: Conferência de Abertura | Inspiração e elaboração artística

Título: Inspiração e elaboração artística: reflexões a partir da Estética de Hegel

Conferencista: Gilfranco Lucena | Universidade Federal da Paraíba

19h00 - Claudinei Aparecido Freitas Silva, Iraquitan de Oliveira Caminha, Terezinha Petrúcia da Nóbrega Filosofia e Literatura Mesa-redonda

Em breve

13h00 A infância na Arte - Plinio Prado | Université Paris VIII Conferência
Local: A infância na Arte - Plinio Prado | Université Paris VIII

Título: A Infância da arte. Porque nós precisamos de arte?

Conferencista: Plínio W. Prado Jr. | Université Paris VIII

Resumo: O que é arte? Onde passa os limites entre arte e não-arte? O que pensar da pintura branca de um Malévitch, da escritura do inominável de Beckett ou de Lispector, da música de silêncios de Cage? Como uma pintura do infigurável, ou uma literatura da não-palavra, são possíveis? E o que é o humano, para poder ser capaz de arte, qualquer que seja ela? O que se pode esperar da experiência da arte? Refletindo sobre as avant-gardes artísticas e literárias do século XX, Theodor Adorno afirma um paradoxo: « A arte só é fiel aos humanos por sua inumanidade para com eles ». O que está em jogo com a arte é isto que, no humano, o excede, e portanto não é humano : a sua infantia constitutiva.

15h00 - Gilfranco Lucena Santos, José Rufino, Marina Pinheiro Filosofia, Psicologia e Artes Plásticas: processos de criação e ficção Mesa-redonda

Em breve

19h00 - Carla Milani Damião, Taísa Palhares, Tiago de Jesus Sousa Filosofia e Imagem Mesa-redonda
Local: Mesa Redonda - Filosofia e Imagem

Dra. Carla Milani Damião
Ao longo de algumas décadas, estudamos o tema da imagem na fotografia e no cinema, bem como a experiência estética relacionada a esses meios, nos escritos de Walter Benjamin. Pretendo chamar a atenção para um de seus escritos, recentemente traduzido, sobre pintura e fotografia. Trata-se da Carta parisiense II, originalmente publicada em 1936, cujas implicações teóricas (e também políticas) podem trazer elementos novos para as discussões não esgotadas sobre a imagem, particularmente na recepção do pensamento do Benjamin no Brasil.

Dra. Taísa Palhares
As imagens não fazem levantes
A partir de um breve ensaio do filósofo francês Jacques Rancière, buscaremos indagar o papel que as imagens podem ter no processo de "organização do pessimismo". É possível esperar que as imagens tenham uma função política num mundo dominado pela realidade virtual? Qual o papel da montagem para a reativação do poder latente das imagens?

Me. Tiago Sousa
Mediador

15h00 - Salim Mokaddem A arte de viver Conferência

A atual pandemia revela que nós sustentamos a vida, humana e humanamente falando, desde que ela não seja apenas Zôè (vida animal), mas Bios (vida ética). Viver para o ser humano consiste em estar em relação consigo mesmo, com o outro, com o mundo, em uma comunidade de sentido e de não sentido que determina as relações livres e necessárias, que dão e fazem sentido ao nosso desejo de humanidade. Apoiando-se no papel da estética e da arte em geral, veremos o quanto o belo e a beleza encarnada sublimam nossas vidas em existências pensadas e o quanto a vida ética e filosófica é, por completo, uma transcendência vivida na imanência segundo o estilo ou o cuidado de si (Foucault, 2001), que transfigura a prosa do mundo na arte de viver a realidade de nossa condição. A arte coloca o infinito e o eterno no coração da carne mortal de nossos desejos e histórias. Nesse sentido, ser livre é uma arte de viver tão estética quanto ética.

19h00 - José Antônio Apolinário, Maria Clara Cescato, Rainer Câmara Patriota Filosofia e Música Mesa-redonda

Em breve

08h30 Estética e Filosofia da Arte [Painel 1] Apresentação Oral
Local: Comunicações - Estética e Filosofia da Arte [Painel 1]

Mediadora: Polyanni Dallara Dantas Oliveira

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Notas sobre uma Estética Pragmatista

Laura Elizia Haubert | Universidad Nacional de Córdoba

Nesta breve apresentação veremos de que modo os chamados três grandes nomes do pragmatismo norte-americano Charles Peirce, William James e John Dewey desenvolveram uma estética que deu origem a chamada "estética pragmatista". Assim, buscou-se apresentar quais seriam as características gerais dessa tradição, e mais particularmente depois, detendo-se no trabalho de cada um desses autores. Deste modo observou-se como em Peirce já está presente uma certa reflexão estética, ainda que fragmentária e escassa. Em seguida, James rompe com os limites da estética colocando-se para além dela. Já, por último, apresentou-se em termos gerais a estética de John Dewey, que foi considerada por muitos intérpretes como Richard Shusterman, o coração central da estética pragmatista.

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Escrever sobre o corpo , percorrer o labirinto, dançar sobre o deserto

Ana Rita Nicoliello Lara Leite | Universidade Federal de Minas Gerais

O mito grego da aventura de Teseu no labirinto de Cnossos nos fornece muitos elementos simbólicos para pensarmos o gesto filosófico de escrever sobre o tema do corpo. Pretendo, nesse artigo, explorar alguns desses símbolos: 1) a topografia do labirinto como imagem pictórica do próprio corpo; 2) o fio de Ariadne como símbolo de uma metodologia cartográfica, necessária a uma pesquisa que afirma o caráter interdisciplinar, polivalente e paradoxal de seu domínio, e assume que a linha de pensamento é traçada no próprio ato de percorrer o terreno; 3) a figura de Astério, o Minotauro, como o que dá a pensar o processo de subjetivação em seus dois sentidos – o assujeitamento e a individuação, ambos operados sobre o território corporal do sujeito; 4) por fim, a figura feminina de Ariadne, a partir da qual o espaço do labirinto se transforma num espaço para dança, atividade que libera o corpo e o sujeito em sua potência criativa e, ao mesmo tempo, instaura o comum.

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Alegoria, símbolo e metáfora no pensamento de August W. Schlegel

Marcelo Eloy Mendes Spinola | Universidade de São Paulo

O trabalho contextualiza o pensamento do filósofo August Schlegel na compreensão da linguagem da arte a partir da ideia de alegoria e dos símbolos, trazendo mitos e metáforas à evidência de um esclarecimento no contexto histórico e simbólico, denotando a alegoria e o simbolismo em suas formas próprias diante do elevado e indizível, ideias compreensíveis ao homem em sintonia à sua natureza realçada pela importância dos mitos na dimensão histórica da época. O texto assume uma função que incorpora ser e significado, no propósito de estabelecer a noção de obra de arte como objeto que expõe a sua categoria essencial diante da significação de uma realidade, dissuadindo-a de orbitar na mera representação. Nesse âmbito, August Schlegel trabalha a alegoria na descrição poética no interior da linguagem mítica, revelando como os mitos se destacam no contexto estético na ascensão do romantismo alemão.

08h30 Fenomenologia e Arte [Painel 1] Apresentação Oral
Local: Comunicações - Fenomenologia e Arte [Painel 1]

Mediadora: Julianna Stephane H. B. De Sousa

A poesia de Salvatore Quasimodo e a gênese da inspiração helenística nas composições musicais de Bruno Maderna

Fabrício Malaquias-Alves | Universidade Federal de São João Del-Rei

O compositor italiano Bruno Maderna é considerado o maior representante do expressionismo na Itália, além de figurar entre os precursores da nova música naquele país, tendo contribuído para o desenvolvimento do dodecafonismo, estruturalismo musical, música eletrônica e aleatória. No núcleo poético de sua produção musical encontram-se elementos helenísticos, presentes na grande maioria de suas composições. Não obstante a importância desse compositor, sua obra ainda é pouco executada no ambiente extra europeu, e sua produção pouco analisada no Brasil, o que justifica a escassa bibliografia sobre o tema. Este trabalho, que está centrado na criação musical em diálogo com outras áreas – especialmente, a literatura e a filosofia – busca analisar o início da inspiração clássica grega na obra do compositor italiano, bem como compreender suas ligações com as traduções dos Lirici greci, apresentadas pelo poeta Salvatore Quasimodo, em 1940. Para tanto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica e documental a fim de conhecer os fatores históricos e estéticos envolvidos nesse rico processo criativo. Concluiu-se que a poesia de Quasimodo, de grande repercussão, inspirou não somente Maderna, mas também uma geração de compositores que, na busca por uma poética que conectasse passado e futuro, propuseram uma revalorização dos ideais clássicos gregos, traduzidos em termos modernos.

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A tarefa do artista segundo Heidegger
Caio Victor da Silva Santos | Universidade Federal da Paraíba

O principal objetivo desse trabalho foi elucidar um dos percursos travados pelo autor acerca da relação entre artista e arte, esclarecendo-o na perspectiva de seguinte questão: Qual a tarefa (Aufgabe) do artista na criação da obra de arte, segundo Heidegger, e como ela é compreendida como uma determinação existenciária em favor da arte como pôr-se em obra da verdade? Para alcançar tal objetivo foi necessário desenvolver uma correlação entre a obra Ser e Tempo e o texto A Origem da Obra de Arte no intuito de demonstrar como a analítica existencial do ser-aí lança luzes sobre o processo pelo qual o artista assume a responsabilidade de corresponder à herança de um povo histórico engajando-se em sua criação artística. Para tanto, deve-se compreender de que modo a verdade acontece, de modo a entender o duplo encobrimento da clareira. O artista, como ser-no-mundo, é responsável por corresponder herança projetada por um povo histórico, como âmbito de proveniência a partir do qual assume como possibilidade mais própria a tarefa também de resguardá-la e conferir-lhe um destino futuro.

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O Surreal em Merleau-Ponty: uma investigação a partir do tema da pintura

Tiago Nunes Soares | Universidade de São Paulo

A reflexão acerca da pintura é parte fundamental do projeto merleau-pontiano de superação das dicotomias sedimentadas na tradição filosófica. Entendo que o tema tem um alcance ontológico, e podemos notar nas reflexões que dele emanam uma subversão das relações entre sujeito e objeto, consciência e natureza, imaginário e real. Esse entrelaçamento de dicotomias, característica dos desdobramentos dessa subversão filosófica, tem características que remetem, entre outros pensadores, a Breton e seu surrealismo. Vislumbrando esse horizonte, pretendo refletir sobre as consequências filosóficas da abordagem sobre a pintura enquanto ato expressivo e criativo em sua fecundidade, para investigar o surreal no projeto do filósofo. Meu objetivo não é adequar sua filosofia ao surrealismo enquanto movimento artístico-literário, mas mostrar um caráter surreal próprio no desdobramento de suas reflexões.

08h30 Filosofia, Literatura e Cinema [Painel 1] Apresentação Oral
Local: Comunicações - Filosofia, Literatura e Cinema [Painel 1]

Mediadora: Bárbara Andrelli Alves de Araújo

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Representação da estética feminina em “Os irmãos Karamázov”: a mulher além das formas da Vênus de Milo

Joana Julia Fernandes Valério | Universidade Federal da Paraíba

Miguel Ângelo Oliveira do Carmo | Universidade Federal da Paraíba

Neste trabalho temos como objetivo trazer a importância do debate sobre a estética feminina inovadora do século XIX encontrada na obra clássica Os irmãos Karamázov de Fiódor Dostoiévski. Destacamos as principais personagens e realçamos a personalidade autêntica de cada uma delas, que desenvolvem um papel de suma importância em toda a obra. Os posicionamentos dessas personagens destacam-se por fugir da cultura patriarcal russa oitocentista e traz à luz de uma nova realidade da mulher que Dostoievski foi capaz de construir distintamente de muitas outras personagens da literatura russa da sua época. Através disso, dentre todas destacamos a de maior relevância, Agrifiena Alieksándrovna, que certamente ganha maior importância por sua dinâmica com os protagonistas. A personalidade autônoma de Agrifiena, foge dos moldes da mulher russa subjugada da sociedade patriarcal do século XXI, mas que ao mesmo tempo acompanha os seguimentos culturais, surgindo assim seus principais dilemas como mulher. Situada em situações que eram consideradas inaceitáveis para uma mulher oitocentista, Agrifiena é capaz de entregar uma nova realidade feminina, que estava surgindo lentamente naquele período, e como suas dualidades vão surgindo para além das aparências, sendo esse apenas um pressuposto para algo maior. Diante disso, o apanhado histórico da época acontece de forma relacional, e apresentamos como Dostoiévski esteve preocupado com a sociedade na qual vivia, realçando sobretudo sujeitos marginalizados. Sendo assim esta literatura não se limitava a meras questões políticas e filosóficas, mas também sociais da sua época de maior relevância.

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Simbolismo e Revolta no Romance Camusiano

Filipi Silva de Oliveira | Universidade Estadual do Rio de Janeiro

Exilado em Paris em virtude da ocupação nazista, o filósofo e escritor Albert Camus compôs uma de suas principais obras: o romance A peste (1947); que surgiu como contrapartida moral de um pensador indignado com a situação política que o mundo vivia, com a ameaça do domínio cego e sangrento de ideologias totalitárias que visavam revolucionar valores. Camus queria transparecer em sua obra romanesca o espírito dessa catástrofe. Por isso, recorreu à imagem simbólica da peste para tratar da epidemia que o niilismo se transformou nas décadas de 30/40, tomadas pelo terrorismo do estado nazista. O presente artigo, baseando-se na narrativa do romance, visa apresentar como o niilismo tomou um aspecto epidêmico e quais foram seus efeitos destrutivos; ou seja, como a morte passou a ser regra de conduta regulada por uma lógica irracional e criminosa. Além disso, a pesquisa discute duas apostas morais apresentadas por Camus diante de tal fenômeno, considerando dois personagens do romance: o padre Paneloux e o doutor Rieux. O que fazer diante desse terror? Aceitar a peste como purgação dos pecados ou recusar a peste porque o mundo em sua ordem absurda e fatal é inadmissível? Ser o padre que se humilha e reconhece no mal uma forma de aprendizado ou ser o médico e curar os homens por meio da lucidez? O desafio de Camus é tentar, através do drama desses personagens, conciliar fé e revolta, quando se trata de combater a expansão do nazismo.

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Leonardo Bastião: entre o literário e o filosófico

José Ferreira de Lima Neto | Universidade Estadual da Paraíba

A presente pesquisa tem por objetivo elaborar uma análise das composições poéticas de Leonardo Bastião, à luz da filosofia de Gramsci e abalizada pelos olhares literários de Deleuze e Guattari. Para alcançar esse objetivo, partiremos de um estudo dos textos de Gramsci, nos quais esse pensador entende a filosofia e a arte como ferramentas de transformação social. Em seguida, faremos uma análise de algumas poesias do poeta Leonardo Bastião com o intuito de compreender temáticas de cunho social, apontando os estigmas da marginalização à sua poesia e contexto, bem como a resistência poética para triunfar ante os empecilhos. Associando a filosofia do pensador italiano junto à produção poética do aedo, estabelecendo conexões entre a filosofia, a arte literária e a práxis filosófica. Afirmaremos ainda os porquês da literatura do poeta em questão ser considerada menor, utilizando-se aqui de Deleuze em sua obra Kafka Por uma Literatura Menor (2017). Como resultado evidenciaremos a poética de Leonardo Bastião como ferramenta pedagógica e de conscientização social.

10h30 Estética e Filosofia da Arte [Painel 2] Apresentação Oral
Local: Comunicações - Estética e Filosofia da Arte [Painel 2]

Mediadora: Polyanni Dallara Dantas Oliveira

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A hermenêutica Filosófica da arte como fundamento estético para a educação
Almir Ferreira da Silva Junior | Universidade Federal do Maranhão

Considerando a relevância que a dimensão estética adquire na proposta de construção dos fundamentos de uma hermenêutica filosófica a caminho da problematização verdade e método (Wahrheit und methode,1960), o nosso propósito é analisar como a compreensão hermenêutica da verdade da arte se constitui uma como proposta significativa para pensarmos os denominados fundamentos estéticos da educação. Aborda-se o significado da dimensão estética e a concepção dos fundamentos estéticos da educação estética em sua diretriz de ressignificação formativa. Destaca-se a compreensão da verdade da arte como declaração atualizada de sentido em sua capacidade de ampliar a nossa experiência interpretativa e de diálogo com o mundo, o que justifica a relação arte, formação e educação, a partir das diretrizes do hermenêutica onto-estética de Gadamer.

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A experiência estética e a descoberta de sentido na logoterapia
Laleska Kimberly Pereira Claudino | Universidade Federal da Paraíba
Gilfranco Lucena dos Santos | Universidade Federal da Paraíba

As formas de percepções de qualidades estéticas e as experiências estéticas vivenciadas estão relacionadas à dimensão noológica da pessoa humana. Objetiva-se demonstrar a interface entre a estética filosófica e a logoterapia com a descoberta de sentido. Para relacionar os conhecimentos da abordagem psicológica supracitada com essa área da filosofia foi realizado um estudo de base fenomenológica das obras de Viktor Frankl, bem como um estudo filosófico da obra de Maria E. Reicher. Evidencia-se que uma das vias de encontro de sentido são os valores vivenciais. Esta se relaciona com as experiências estéticas que o sujeito é capaz de perceber e vivenciar ao longo da vida.

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Verdade e Formação através da experiência artística: a arte enquanto experiência hermenêutica em Gadamer
Antonio Augusto Pegado | Universidade Federal do Maranhão
Almir Ferreira da Silva Junior Universidade Federal do Maranhão

Em Verdade e Método, Hans-Georg Gadamer responsabiliza a racionalidade científica e a consciência estética por terem distanciado a arte da verdade. A primeira, por sua obsessão metodológica e crença de que não há verdade fora da ciência, marginalizou certas experiências humanas fundamentais, especialmente a artística, ao caráter de ametódicas, inexatas, sem fundamento e, até mesmo, sem qualquer valor de verdade. A chamada consciência estética, por sua vez, é responsável por conceber a arte como “pura obra de arte”: uma vez que a arte pertence ao reino ilusório, idealizado e inexistente, sua função se limita a ser um objeto puramente estético, caracterizado pelo prazer e pelo gosto, mas absolutamente longe da verdade. Como consequência inevitável, a arte não só perde seu status de experiência de verdade, como também é destituída de sua natureza formativa, capacitada a ensinar, transformar e amadurecer seu espectador. É visando restituir à arte seu caráter de acontecimento ontológico da verdade que Gadamer dirige uma contundente crítica a essas visões reducionistas, defendendo que a compreensão e a verdade, bem mais que determinadas pelo método científico, ocorrem sobretudo no mundo da vida, na diversidade das experiências de mundo, inclusive na arte. O objetivo deste trabalho é, portanto, retomar a crítica gadameriana à racionalidade científica e à consciência estética, demonstrando em que sentido a arte se caracteriza como um desvelamento da verdade (aletheia), atualização de sentido e, mais do que isso, enquanto uma genuína experiência formativa para aqueles que se entregam à sua dinâmica hermenêutica de jogo, símbolo e festa.

10h30 Fenomenologia e Arte [Painel 2] Apresentação Oral
Local: Comunicações - Fenomenologia e Arte [Painel 2]

Mediadora: Julianna Stephane H. B. De Sousa

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Kant e o Belo na Música

Maria Clara Cescato | Universidade Federal da Paraíba

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A Arte na Era do Niilismo Tecnológico

João Gabriel Gomes Paixão | Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Este trabalho trata da relação de Heidegger com a arte. Para tanto, busca-se esclarecer o que Heidegger quer dizer com o fato de a arte ser um pôr-em-obra da verdade. Assim, é necessário, em primeiro lugar, entender o conceito de verdade para o autor, e a relação entre verdade e ser. Descobre-se que Heidegger opera nos conceitos de verdade e de ser, e sua imbricação mútua, uma fenomenologia pós-metafísica. A arte torna-se particularmente um exemplar avant la lettre do próprio processo de pensamento que Heidegger trava com a metafísica. A arte, para Heidegger, confronta-se diretamente com a tradição metafísica e o seu principal legado: a era tecnológico-científica em que vivemos. Portanto, este trabalho trata diretamente da confrontação entre arte e a técnica, estudando a etimologia fundamental dos termos techne e poiesis. Tenta-se, por fim, entender que lugar ocupa a arte hoje em um mundo mercantil desencantado e hiper-tecnológico.

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O “nadificar do nada”: Considerações sobre o conceito “angústia” e sua experiência em uma escultura de Eulâmpio Neto

Rogerio Galdino Trindade | Universidade Federal da Paraíba

O presente trabalho fala sobre a angústia. Em discussão com o filósofo dinamarquês Søren Kierkegaard e com o alemão Martin Heidegger, a primeira parte articula brevemente o significado do conceito de angústia para o pensamento filosófico. A relação com a Liberdade, com a Inocência e com o Nada delineiam a concepção de angústia apresentada e liberam os caminhos para uma primeira concepção de seu significado para a consideração filosófica sobre o sentido da experiência existencial humana. O segundo tópico, por conseguinte, encontra na obra de arte do escultor paraibano Eulâmpio Neto uma indicação valiosa do caminho para uma interpretação fenomenológica possível da experiência autêntica da angústia. Através dessa dupla consideração, a angústia deve ser concebida como disposição de humor fundamental, isto é, como origem e possibilidade de que cada existência esteja afinada de modo singular com o acontecimento de Ser que lhe perpassa. Como conclusão, o trabalho indica uma possível relação entre a experiência fundamental da angústia e um pensamento filosófico capaz de refletir sobre o horizonte de Ser que circunscreve o sentido de cada existência finita.

10h30 Filosofia, Literatura e Cinema [Painel 2] Apresentação Oral
Local: Comunicações - Filosofia, Literatura e Cinema [Painel 2]

A inutilidade, a morte e a libertação no Diário de um Homem Supérfluo de Ivan Turguêniev

Nalberty Medeiros Santos | Universidade Estadual da Paraíba

Gilmara Coutinho Pereira | Universidade Estadual da Paraíba

Nesse trabalho, faz-se, primeiramente, uma pequena análise ou síntese do texto Diário de um homem supérfluo, para na sequência elaborar com base no personagem Tchulkatúrin o perfil do homem escusado, cotejando aquele com e a partir das vozes de outros autores da literatura e da filosofia, tendo como objetivo delinear o ser-supérfluo e o seu movimento na existência, desse enquanto expressão da insignificância, da estética da comicidade ou pateticidade humana. Conseguinte, mostrar-se-á o moto desse ser para além dele mesmo, sua passagem da superficialidade para o não-supérfluo, na perspectiva paradoxal e emblemática do reconhecimento e contemplação dos instantes antes da morte como modo de superação dessa característica ou ainda da superação da própria ideia de morte. No entanto, esse reconhecimento da morte como superação tanto da superficialidade quanto da morte, não refere-se, nesse artigo, na aceitação ou ao ato de volver-se para a morte (suicídio), mas de que, Tchulkatúrin, nos momentos finais de sua existência superou todo querer e toda inquietação, alfim contemplou (no sentido Budista de ver as coisas como verdadeiramente são), que o ser-supérfluo é um autoengano, é expressão de uma vontade ilusória, ausência de clareza e simplicidade, como também compreendeu que tanto a vida como a morte são modos da existência.

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Filosofia e cinema como modos de desvelamento do sistema eu-outro-mundo

Adriano Melo Medeiros | École Normale Supérieure de Paris

Este artigo apresenta o resultado de um estudo sobre a concepção merleau-pontyana que propõe a filosofia como saber cinematográfico e o cinema como arte filosofica, além de estabelecer que ambos são meios para desvelar o sistema eu-outro-mundo. Para a execução dessa investigação, foi realizada uma pesquisa bibliográfica dos textos: O cinema e a nova psicologia e Fenomenologia da percepção. Em seguida, foi feita uma comparação dos dados levantados com o filme Uma mente brilhante. Dessa análise contatou-se que o ponto de vista defendido por Merleau-Ponty depende diretamente da premissa que o ser-no-mundo habita o mundo a partir do sistema eu-outro-mundo. Consequentemente, tanto a filosofia quanto o cinema funcionam como modos de desvelamento desse sistema, se e somente se, esse sistema é de fato o solo no qual brotam os EUs.

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Arte e pós-verdade

Tiago Penna | Universidade Federal de Alagoas

A era das imagens se instaura com a onipresença das imagens técnicas na sociedade do controle, em um processo decorrente da desterritorialização da comunicação e do conhecimento acarretada pela produção e distribuição diárias de conteúdos hipertextuais que abastecem de modo rizomático o espaço cibernético, de modo a engendrar uma reconfiguração radical da cultura, tal que leva a modificações cognitivas profundas, que implica em alterações comunicacionais e sociais nos sujeitos contemporâneos, ao nos adaptarmos ao aparelho. Ocorrem, ainda, metamorfoses da percepção sensível (influenciadas, inclusive, pelas linguagens artísticas), que também modificam os modos de existência humanos, e que acaba por derivar o contexto da pós-verdade (no qual “informações” falsas forjam “verdades úteis”), que conduz à relativização da verdade, na qual cada sujeito passa a admitir uma “verdade própria” (auto-verdade), em uma “arena de opiniões” forjada pela produção das fake news.

08h30 Estética e Filosofia da Arte [Painel 3] Apresentação Oral
Local: Comunicações - Estética e Filosofia da Arte [Painel 3]

Mediador: Eduardo Lima da Silva

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O Belo e seu Amante, no Fedro

Jhonatas dos Santos Silva | Universidade Federal da Paraíba

Gilfranco Lucena dos Santos | Universidade Federal da Paraíba

O presente artigo tem por objetivo esclarecer, à luz da tradição platônica, a íntima relação entre a experiência estética e o conhecimento humano. Com isso, ele busca apresentar, em Platão, um relacionamento deste com as artes para além da crítica à mímesis, presente na República, por meio da figura do amante da beleza dada no Fedro. A partir deste último, aponta-se o Belo como a Forma que aparece aos olhos no âmbito sensível mediante às belezas corporais e que, por meio do aparecer, desperta no amante da beleza a reminiscência. Em suma, duas questões dão o tom de toda a investigação, a saber: (1) Aquele que ama a beleza é alguém apegado às meras imitações e, por isso, deve ser depreciado? E (2) há na beleza alguma participação positiva no processo do conhecimento?

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O poeta como expressão das dimensões fundamentais do humano em Aristóteles

Rafael Adolfo | Instituto Federal de Santa Catarina

A definição aristotélica do ser humano como animal racional e político espelha as suas dimensões mais fundamentais: o sentir, o pensar e o agir. Aristóteles compreende, por um lado, que o filósofo é aquele que melhor alcança o desenvolvimento mais pleno da razão; por outro, que o político (ou o cidadão) é aquele que melhor realiza a dimensão do agir prático (ético-político) – e aqui não fazemos quais que identificar os dois modos de vida candidatos à vida mais feliz, segundo o filósofo. Objetivamos mostrar que a dimensão do sentir e do agir produtivo (arte) aponta o poeta não apenas como o mais capaz de viver plenamente essa dimensão, mas também como aquele que é capaz de incorporar, até certo ponto, o que é característico da vida do filósofo e da vida ético-política, harmonizando sem prejuízos recíprocos as capacidades mais fundamentais do humano. Com base na Poética, na Retórica, na Política e na Ética a Nicômaco, nosso objetivo se orienta pela ideia da íntima relação resguardada por Aristóteles entre filosofia e poesia e da finalidade ético-política da arte poética na educação moral da cidade, sobretudo, com relação à função das emoções na poesia. Aliás, as emoções na arte poética só se explicam plenamente em sua relação com o razão e com o universo axiológico da ação prática (ético-política) imitada pela poeta. Assim, no modo de ser que é próprio do poeta se exprimem as aquelas dimensões mais fundamentais do humano.

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A salvação do belo

Alzeni Moângela Ferreira de Souza | Universidade Estadual da Paraíba

Thiago Gomes da Silva Nunes | Pesquisador independente

Apresentaremos no seguinte artigo, como o autor sul-coreano Byung-Chul Han abordará dento de sua principal obra A Salvação do Belo as facetas que o Liso tem em vários âmbitos. Mostraremos como está sendo nos dias atuais administradas o uso do Liso, Belo, Corpo do Liso dentro da Estética. O autor usará nomes de grandes filósofos como Hegel e Burke para explanar o conhecimento do Belo e do Sublime, nos fazendo entender à importância que há em distinguirmos à positividade e à negatividade. Colocaremos ainda em prova como a Arte e a Cinematográfia fazsem-se presentes como formas lisas incluídas no mundo do Digital (das Selfies e dos Close-ups) onde o nosso “uau” é algo positivo. Teremos os raciocínios brilhantes de autores como Lacoste e Bauman, fazendo críticas construtivas à importância do Liso que Han nos colocará proposto. Contudo, faremos com que o leitor tenha uma experiência de como a realidade das Midias Socias, Arte e Cinema nos faz ver a Estética do Liso polído dentro de todas as coisas, sendo elas necessárias para uso de nossos pensamentos curiosos a respeito de uma amplitude que antes mesmo era desconhecida.

08h30 Filosofia e Expressões Artísticas [Painel 1] Apresentação Oral
Local: Comunicações - Filosofia e Expressões Artísticas [Painel 1]

Mediador: Caio Lívio Sulpino Dantas

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Abriram-se as cortinas: corpo velho que se põe a dançar

Amanda Khalil Suleiman Zucco | Universidade de Caxias do Sul

A velhice reflete a noção de corpo que considera-o um espaço material correspondente ao objetivo de fazer e produzir para o viver do sujeito. Portanto, percebem-se modos de tornar a velhice desassistida. Contudo, a velhice se constitui no curso da vida humana a partir do sujeito corporal que se oferece plenamente ao mundo. Nessa direção, reconhecemos a representação negativa que torna a velhice desassistida, isto é, desconsidera-se o sujeito velho a partir de uma concepção unicamente material do corpo. Uma vez posicionado o ponto de discussão, nos lançamos em direção ao seguinte horizonte: discutir a noção de corpo carne em Merleau-Ponty afim de investigar a dança como uma possibilidade criadora de outros sentidos na velhice.

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Indígenas fazem arte?

Larissa Monteiro Cruz | Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente -IEAA/UFAM

Benedita de Paula Nascimento Mendonça | Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente -IEAA/UFAM

José Roberto Gomes | Universidade Federal do Amazonas

O objetivo deste artigo é discutir se podemos falar de artes indígenas e em que nos baseamos para sustentar tal propositura. Esta discussão nasceu da leitura e reflexão do texto de Merleau-Ponty A dúvida de Cézanne e de Arte índia de Darcy Ribeiro e Bertha G. Ribeiro. Não queremos tratar aqui das questões psicológicas de Cézanne nem dos embates travados com seus contemporâneos sobre sua obra queremos a partir da perspectiva filosófica de Merleau-Ponty ao discutir a dúvida de Cézanne compreender como ela se relaciona com a dúvida que alguns colocam ao se perguntar se os indígenas fazem arte. Pois, assim como Cézanne foi levado a duvidar de sua arte, porque rompeu com modelos, o mesmo se dar com os povos indígenas que subvertem a forma de se fazer arte. O que há na arte de Cézanne e na arte indígena que tem um caráter de originalidade? Como Cézanne também os povos indígenas em sua diversidade de artes foram ou são incompreendidos porque suas artes não se “enquadram” da mesma forma que a arte com que fomos acostumados, ou seja, a arte ocidental, que nasce a partir da experiência europeia de uma certa definição de arte que coloca parâmetros para o que se deve considerar como arte. A consideração das artes indígenas traz à tona uma problemática relacionada à forma como entendemos e operamos com o conceito de arte.

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O saber na arte popular: o coco de roda paraibano no projeto Saberes em Roda

Polyanni Dallara Dantas Oliveira | Universidade Federal da Paraíba

Este trabalho teve como finalidade investigar a experiência do coco de roda paraibano a partir do âmbito da brincadeira, e pensar os elementos constituintes e as possibilidades de aprendizagem desta manifestação cultural e artística. A reflexão partiu da vivência virtual com a mestra Ana do Coco, do grupo Coco de Roda Novo Quilombo (quilombos Ipiranga e Guruji - Conde/PB), no projeto de extensão Saberes em Roda, integrado à disciplina Metodologia da Música III. Ademais, a experiência de transmissão destes saberes e a virtualidade dos encontros imposta pela pandemia revelam questões interessantes: as tradições populares possuem sua força enquanto acontecimento e criação dinâmicos, e não como conhecimento histórico (cronológico), calculado e informativo. Assim, para compreender o sentido estético e a aprendizagem do coco de roda, faz-se necessário adentrar a dimensão do “saber da experiência”, região em que a vivência impulsiona o movimento instaurador dos saberes de um povo no mundo: experienciar é saber.

08h30 Filosofia, Arte, Política e Psicanálise [Painel 1] Apresentação Oral
Local: Comunicações - Arte, Política e Psicanálise [Painel 1]

Mediador: Davi Tito e Kévenni

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Pensar poeticamente: transgressões com Walter Benjamim

Pablo Vinícius Dias Siqueira | Universidade Estadual de Campinas

O objetivo principal da presente proposta é pensar a escrita filosófica de Walter Benjamin (1892-1940). A escrita benjaminiana se faz com transgressões filosóficas que desmancham hierarquias e sujeições históricas e estimulam ações reflexivas voltadas para a desobediência e a subversão. Com tais questões em cena, considero, sobretudo, o ensaio Rua de mão única – Infância berlinense: 1900 para evidenciar o comprometimento de Benjamin com uma filosofia que encoraja transgressões no campo artístico, filosófico e no campo da vida, afinal, a vida de Benjamin reúne muitas transgressões. As formas filosóficas que Benjamin elabora para apresentar o próprio pensamento são orientadas no sentido de transgredir todo sistema dominante – seja um sistema filosófico, um sistema econômico, um sistema político e, certamente, os sistemas autoritários. Nesse sentido, com Benjamin, o pensamento se faz com transgressões filosóficas que alimentam uma escrita iconoclasta. Não há qualquer intuito de investigar uma questão ou um tema, ou mesmo um conceito, exaustivamente, a ponto esgotá-los. A proposta é simplesmente filosofar com Benjamin e com o pensamento transgressor desse filósofo.

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Sobre a dissolução da aura da obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica em Walter Benjamin

Isadora Cardoso Fernandes | Universidade Estadual da Paraíba

Thiago Gomes da Silva Nunes

O respectivo texto, de cunho bibliográfico, parte da reflexão acerca do ensaio escrito pelo filósofo frankfurtiano Walter Benjamin. No ensaio A Obra de Arte na Era de Sua Reprodutibilidade Técnica (1975), Benjamin reflete acerca das consequências desencadeadas pelo advento da tecnologia e seus modos de reprodução técnica. Logo, pretendemos abordar pontos fulcrais da sua estética materialista, bem como elucidar suas principais concepções acerca da obra de arte na era de sua reprodução mecânica/técnica, ao qual ele aponta para o fim da estética tradicional e incide luz aos novos rumos da arte. Nesse sentido, o filósofo aponta que a reprodutibilidade técnica possibilitou a dissolução da “aura” da obra de arte e, por conseguinte, ocasionou na perda da sua autenticidade, do seu caráter único, ou seja, do seu “hic et nunc”. Portanto, tal modificação resultaria na troca da noção de valor de culto em detrimento do valor de exposição da própria arte, a partir da sua possibilidade de se reproduzir de forma técnica e, consequentemente, desenfreada. A obra de arte passa então a ser massificada e dentre inúmeras consequências, estaria sua total desvinculação da noção de arte em seu sentido originário, sendo transformada em um bem de consumo como qualquer outro, reproduzida visando unicamente o lucro, adquirindo ainda, uma função política. À vista disso, propomos analisar a noção do filósofo acerca de tais fenômenos.

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A arte como utopia em Ernst Bloch

Jadismar de Lima Figueiredo | Universidade Federal da Paraíba

Ernst Bloch, em sua obra O Princípio Esperança, constroi a ideia de que a utopia não deve ser uma mera forma de desejar o irrealizável, o autor destaca que a utopia se enquadra em uma ordem do concreto. Sonhar acordado acaba se tornando uma utopia quando o que se quer alcançar parece muito distante de uma realidade próxima ao homem. Assim, na proporção que se pode afirmar que o sonhopode ser enquadrado como uma utopia, é possível dizer que, segundo Bloch, a utopia permeia o campo artistístico em que aquele que cria sua arte, cria também uma utopia, não como mera forma de inanimada de artes, mas como exteriorização de um sonho que ultrapassa utopias e se concretiza. O presente trabalho, portanto, busca a discussão feita por Ernst Bloch sobre as artes dentre um ditame utópico, objetivando caracterizar as representaçãoes artística como construção de sonhos.

10h30 Filosofia e Expressões Artísticas [Painel 2] Apresentação Oral
Local: Comunicações - Filosofia e Expressões Artísticas [Painel 2]

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Agostinho de Hipona: As Enarrationes in Psalmos e o Fazer Musical

Gustavo Augusto da Silva

Esta pesquisa constitui-se como uma reflexão sobre a salmodia bíblica e os comentários aos salmos que Agostinho empreendeu entre os anos de 392 a 422. Especialmente depois das construções dos templos, o louvor se torna algo ligado à liturgia e os salmos estabelecem-se, então, como uma grande síntese do que passou e sentiu o povo israelita. Agostinho aplica as situações dos salmos à vida cotidiana da comunidade e consegue, de forma bastante didática, relacionar filosofia, teologia, história e música de modo que os menos letrados entendessem sua mensagem. Os comentários aos salmos de Agostinho são uma obra não-sistemática para instruir os fiéis, isto é, dar-lhes os meios de interpretação do texto e vivência do anúncio do texto sagrado. Trata-se de uma temática que este trabalho tentará perscrutar concentrando-se no pensamento do mestre de Hipona presente na obra Enarrationes in Psalmos e também no fazer musical apresentado nessas reflexões homiléticas.

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A música na estética de Hegel: uma análise contemporânea

Kaíquê Silva | Universidade Federal de Uberlândia

O presente trabalho visa a realizar uma análise a partir do sistema estético trabalhado e executado nos anos iniciais de docência por G.W.F Hegel, com ênfase no segundo capítulo: A Música, que se encontra na obra Vorlesungen über die Ästhetik - Cursos de Estética. Nosso objetivo versará sobre a investigação se o conteúdo musical que se encontra num primeiro estágio em abstração poderia ser/estar correlacionado com um conteúdo “criador-imagético” não dialético, isto é, se a música, enquanto arte, seria capaz de conter uma "corrente vibracional" que fosse in princípium um agente universal formador e, por conseguinte, reproduziria uma nova forma de pensamento tanto na psique do indivíduo que ouve, quanto na do músico-compositor. Para tanto, como hipótese, questionamos se o conteúdo - Gehalt - estaria posto somente como uma ideia em que Hegel atribui não só como forma – formen, mas, também, como um ‘modus operandi’ em que a música é ‘tão capaz de aprender quanto de expor um conteúdo’. Como ponte entre uma teoria estética abstrata, propomos uma reflexão hipotética entre a razão imanente – com a forma como a música se realiza, em específico, se a musicalidade estaria atuando de forma construtiva na formação do caráter do indivíduo, ou se ela se tornou uma outra teoria esvaziada de conteúdo.

10h30 Filosofia, Arte, Política e Psicanálise [Painel 2] Apresentação Oral
Local: Comunicações - Arte, Política e Psicanálise [Painel 2]

Arte e Revolta na filosofia de Albert Camus

Michelle Ferreira de Lima | Pontifícia Universidade Católica do Paraná

A pesquisa versa sobre três conceitos principais: o absurdo, a revolta e a obra de arte, destes, a obra de arte será o conceito mais explorado, principalmente porque o objetivo central da pesquisa refere-se a ele. No primeiro momento, a investigação será desenvolvida ao redor do conceito de absurdo e a obra O Mito de Sísifo (1942), será a base principal para esse estudo. No segundo momento, o objetivo é estudar a ideia de revolta, para isso será utilizada a obra O Homem Revoltado (1951), dedicando maior atenção a revolta artística. Passando ao terceiro momento, o objetivo é estudar a estética da revolta, abordando aspectos como a criação absurda, arte e revolução, o papel do artista, a visão de Camus sobre a arte, e a criação da arte como expressão da revolta, e nesse aspecto as obras principais serão Discours de Suède (1957) e Primeiros Cadernos (1935), no qual o autor registrava diariamente suas ideias.

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A escola e a função de legitimação social dos discursos filosóficos sobre a arte

Luís Gustavo Guadalupe Silveira | Instituto Federal Triângulo Mineiro (IFTM Uberiandia/MG)

Buscar compreender a especificidade do fenômeno artístico investigando somente seus elementos propriamente “estéticos”, recusando qualquer importância a elementos históricos ou sociais parece ser o traço característico de diversas teorias estéticas na Filosofia. Estas acabam por dificultar a compreensão dos vínculos reais da arte com a ordem social em que está inserida e do seu papel na manutenção ou na superação das relações de dominação. Colaboram, involuntariamente, para o fortalecimento de um discurso sobre a arte que contribui para a legitimação das hierarquias culturais e sociais estabelecidas e para sustentar práticas de formação cultural que mantêm e aprofundam as desigualdades sociais. Com uma abordagem distinta dessas teorias estéticas, Bourdieu tratou da legitimação cultural das desigualdades sociais, tanto por meio da investigação das práticas culturais quanto da análise das teorias sobre a arte, questionando princípios caros à Estética Erudita (autonomia da arte, genialidade da(o) artista, ideologia carismática, forma sobre conteúdo etc.). Acreditamos que o potencial crítico de autores como Marcuse, por exemplo, estaria comprometido por não haver uma problematização da questão crucial dos condicionantes sociais do dom artístico e da competência cultural, posto que ele trabalha a partir da noção de autonomia da arte sem questioná-la completamente e sem explicitar os condicionantes sociais da experiência estética que defende como autêntica. Diante do amplo universo de elementos que fazem parte dessa discussão, vamos nos concentrar aqui na questão do aprendizado dos códigos de decifração artísticos e da disposição estética dita legítima, em especial o que é realizado na instituição escolar.

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O conceito de fantasia como fio condutor na intersecção entre expressões artísticas e o fazer psicanalítico.

Graziele Gonçalves de Lima | Universidade Estadual de Campinas

Na vida pessoal de Sigmund Freud há uma presença marcante das artes e da literatura, entretanto, essa presença não se limita a mera apreciação particular. Em seus estudos é possível observar diferentes interlocuções entre as linguagens artísticas e a teoria analítica; obras de arte e da tragédia grega apresentam-se ainda hoje nas elaborações psicanalíticas. Tomemos como exemplo o trabalho sobre os Delírios e os sonhos na Gradiva de Jensen (1906), onde Freud investiga o processo criativo do escritor e assinala que o modo com que o criador literário é capaz de exprimir um processo de adoecimento, se aproxima do fazer psicanalítico. Ao resgatarmos a Gradiva de Jensen, pretendemos delinear a intersecção entre psicanálise e os processos de criação e expressão artística, para tal, utilizaremos o conceito de fantasia - tal como elaborado por Sigmund Freud - Com isso, demonstraremos que o mecanismo da fantasia, ganha manifestações na criação artística, assim como está presente nas vivências psíquicas dos indivíduos. Por fim, destacamos que as linguagens artísticas mostram-se como ferramentas caras ao fazer psicanalítico e à psicanálise, visto que, através da arte há a possibilidade de exprimir algo dos conteúdos inconscientes.

Organizador

Filosofia da Percepção UFPB | UFAM