EIXOS TEMÁTICOS

Eixo 1: Paradigmas compreensivos da relação campo-cidade e rural-urbana

Na perspectiva de sistematizar conteúdos com escopo de configurar as relações rural urbana como um campo de estudos científicos, os trabalhos submetidos a este eixo devem discutir formulações explicativas de conflitualidades quer rural quer urbana que denotam conformações sociohistóricas e socioespaciais intensamente transformadoras do campo e da cidade. Nesse sentido, pretende-se privilegiar o lugar do cotidiano na base empírica das pesquisas, apreendido interpretativamente (teoricamente), por diferentes abordagens qualitativas (fenomenológicas, etnográficas, interativas, discursivas etc.), a partir de como os sujeitos sociais rurais ou urbanos se reconhecem territorialmente.

 

No Eixo 1, o que interessa observar é como são explicados os fenômenos que envolvem conflitos, como eles são interpretados. Assim, se encaixam neste eixo quaisquer temas específicos que sejam explicados a partir das experiências cotidianas, por exemplo:

Movimentos sociais, organizações e experiências de coletivos; movimentos populares urbanos; Fluxos migratórios nas diversas escalas; Comunidades tradicionais e a relação campo-cidade; Cidade e contextos culturais; Identidades; Campo e contextos culturais; Apropriação dos espaços; Juventudes; Crianças; Educação popular Gestão escolar; Escola e direito à cidade; Educação socioambiental; Mundo rural; Continuum; Feminismo; Gênero; Grupos sociais de enfrentamento de políticas neoliberais; Cartografia Social; Educação no/do campo; Educação ambiental.

 

Eixo 2: Atingidos por grandes projetos na relação rural-urbana nas perspectivas de desenvolvimento

Este eixo temático tem como provocação empírica a existência de grandes obras e projetos desenvolvimentistas em quaisquer escalas, e tem como centralidade analítica a produção de atingidos, categoria aqui compreendida como expressão de processos de expropriação material, simbólica ou histórica de populações, nas relações estabelecidas entre sociedade e natureza definidoras de processos, formas ou conteúdos rurais e urbanos.

Diversas temáticas podem se encaixar neste eixo, como exemplo:

Sujeitos sociais atingidos por grandes projetos de empreendimentos ou construções diversas (turísticos, energéticos, mineração, transporte, mobilidade, habitação, portos, aeroportos e tantos outros tipos de empreendimentos) de caráter público e/ou privado de intervenção no espaço urbano e/ou rural e seus rebatimentos. Impactos urbano-regionais das obras do Programa de Aceleração de Crescimento- PAC no Brasil, lutas por terra e território, desterritorialização e território, violência no campo, violência na cidade, legislação ambiental na produção do espaço, cartografia estatal, direito à terra, políticas agrícola, são exemplos de temas desde que envolva a realização de grandes projeto.

 

Eixo 3: Conflitualidades socioambientais por territorialidades em disputa

Neste eixo, a construção/destruição/transformação de territórios conecta as dimensões materiais e simbólicas a partir da afirmação (dialogada ou não) ou da disputa pela ocupação e uso de espaços, sob apropriação privada, em que organizações governamentais, sociedade civil e empresários desempenham papéis específicos nas interrelações entre territorialidades. As identidades rurais e urbanas requeridas para afirmação territorial de comunidades tradicionais e de diversos mundos rurais (produção material ou imaterial) decorrente de usos da natureza em seus diversos ecossistemas/biomas (continental, costeiro, hidrográfico etc,) têm configurado luta política emancipatória nos marcos da democratização do Brasil. Busca-se compreender nesses processos como se configuram relações entre rural e urbano enquanto territorialidades socioambientais.

Diversas temáticas podem se encaixar neste eixo, desde que destaquem o papel dos agentes sobre território para apropriação da natureza, como por exemplo:

Temáticas socioambientais como: geopolítica da água, mineração, agroenergia, a água como bem comum,  formas de uso da água, conflitos na demarcação de terras indígenas, destruição da natureza e expulsão territorial devido aos processos de apropriação da natureza, expansão dos circuitos imobiliários para áreas não urbanas, território e conflitos socioambientais, neoextrativismo moderno-colonial, privatização da natureza, economia verde e natureza intocada como eixos de disputa no campo, etnobiologia, processos de territorialização das tecnologias, estado e políticas desenvolvimentistas, cidades sustentáveis,  atlas, observatórios dos conflitos socioambientais. intolerância religiosa, ZEIS.

 

Eixo 4: Ruralidades e urbanidades em Políticas Públicas na América Latina

O Século XX traz de modo intenso o questionamento sobre a tendência anunciada, tanto pelas ciências críticas quanto pelas ciências tradicionais, de desaparecimento do rural sob a expansão do urbano. As subjetividades acolhidas cientificamente para dar objetivação ao que se considerava categoricamente como aquilo que é objetivo na formulação de conceitos ou categorias, contribuíram para desnaturalizar fenômenos socioespaciais. Torna-se, então, possível falar em urbanidades e ruralidades ao dar centralidade aos sujeitos sociais que vivenciam experiências rurais ou urbanas. Pesquisadores sobre países da América Latina tem produzido ao longo das duas últimas décadas, qualificações desses sujeitos sociais que os legitimam como público alvo na proposição de políticas públicas. Neste eixo temático a pretensão é inventariar e caracterizar políticas públicas a partir da delimitação dos seus públicos alvo e/ou de suas medidas de intervenção nas perspectivas de ruralidade e/ou de urbanidade naquilo que se quer intervir.

Diversas temáticas podem se encaixar neste eixo, desde que envolva políticas públicas, como por exemplo:

Políticas públicas e garantia de direitos de indivíduos no espaço rural e/ou urbano; o Estado e sua ação na construção de políticas públicas para o desenvolvimento do espaço urbano e/ou rural em diversas escalas (local, regional, global); visíveis e/ou invisíveis (indivíduos rurais e/ou urbanos, como moradores de rua, população LGBTQ+, produtores rurais, mulheres, migrantes, trabalhadores escravos, comunidades tradicionais, população de favelas e etc) em políticas públicas; Criminalidade e outros problemas urbanos e/ou rurais e suas relações com as políticas públicas; expressões socio-culturais do rural e do urbano em políticas públicas; políticas públicas em diversas escalas de ação; Políticas urbanas (habitacional, ambiental, social e etc) e seus rebatimentos; políticas rurais (acesso a crédito rural, ambiental, social e etc) e seus rebatimentos; Políticas Públicas e Desenvolvimento Territorial; Práticas sócio-culturais inseridas em políticas públicas;

 

 

Eixo 5: Disputas entre o rural e o urbano na expansão metropolitana

A expansão da metrópole compreendida como prolongamento espacial em áreas contínuas ou descontínuas possibilitou que fenômenos impactantes nas dinâmicas de áreas rurais, a exemplo da produção de energias na diversificação da matriz, de abastecimento de água ou outras infraestruturas, bem como na produção de setores produtivos ou de serviços, fossem problematizados dando visibilidade ao rural subalternizado ao projeto civilizatório de desenvolvimento urbano industrial. Neste eixo privilegia-se a escala metropolitana da apropriação da natureza nos fenômenos estudados, em seu caráter de fronteira de acumulação homogeneizante dos usos e ocupações socioespaciais por subalternização do rural.

Diversas temáticas da expansão metropolitana podem se encaixar neste eixo, como por exemplo:

Geração de energia (eólica, hidrelétrica) em diferentes espaços e seus rebatimentos; dinâmica espacial contemporânea, metrópole e metropolização e seus rebatimentos; conflitos decorrentes da expansão metropolitana; ameaças, eventos e rebatimentos socioambientais no espaço metropolitano; planejamento, gestão e gerenciamento do espaço metropolitano e seus rebatimentos; desafios na produção e reprodução do espaço metropolitano; apropriação da natureza no espaço metropolitano; gentrificação; segregação socioespacial; movimentos sociais e a busca pela garantia de direitos no espaço metropolitano; direito à moradia no espaço metropolitano, Zonas Especiais de Interesse Social no espaço metropolitano; projetos de empreendimentos diversos no âmbito do espaço metropolitano e seus rebatimentos; direito a natureza no espaço metropolitano; a problemática ambiental inserida no espaço metropolitano; sustentabilidade; o rural no espaço metropolitano, o urbano no espaço metropolitano; IPTU VERDE; IPTU AMARELO; Crescimentos dos circuitos imobiliários; Redes Metropolitanas; cortiços .

 

Eixo 6: Intercessões entre as questões ambiental, urbana e agrária no planejamento

O planejamento é aqui considerado como processo sócio-político alinhado às dinâmicas insurgentes pela garantia e pela configuração de direitos a partir da vivência na realidade social concreta. Nesse sentido, as questões ambiental, agrária e urbana tem possibilitado a conquista e a manutenção de direitos que ao mesmo tempo são operacionalizados através do planejamento por instâncias institucionais governamentais ou não, mas também manipuladas através de instrumentos e processos de planejamento governamental em nome do cumprimento de regulações pensadas de modo fragmentado, segmentado, cujas interseções, ao privilegiar uma das questões produz as demais. Problematiza-se neste eixo a ambiência contraditória de como se compreende e o que se faz com esta compreensão; considera-se processos e instrumentos de planejamento; discute-se a produção científica engajada e a oxigenação das ciências pela vida em luta encontrada nas ruas.

Diversas temáticas podem se encaixar neste eixo, desde que focalizem processos de planejamento pela conquista ou garantia de direitos, como por exemplo:

Zoneamentos ecológicos; planos municipais de mata atlântica (PMMA); projetos ambientais de recuperação e proteção aos biomas; produção de energia e seus rebatimentos; produção alimentar e sua relação com a dinâmica ambiental; planejamento ambiental; sustentabilidade; Bens comuns e recursos naturais; apropriação da natureza e seus rebatimentos; capacidade suporte natural e social em ecossistemas; experiências de ações de conservação socioambiental; a questão agrária; a questão ambiental; agricultura familiar e campesinato; a alimentação e segurança alimentar; agroecologia; economia solidária; agroecologia; agrofloresta; agronegócio; escalas de construção da soberania alimentar; geopolítica dos alimentos; geopolitica da fome;  feiras livres; feiras agroecológicas; venda direta; cooperativas de consumo; certificação; cartografia social; consumo; saneamento ambiental;  mudanças climáticas; direitos ambientais; direitos sociais; metodologias de avaliação de impactos ambiental; Justiça socioambiental; análise de risco e vulnerabilidade; modernização ecológica, economia verde, serviços ambientais; habitação.

 

Eixo 7: O rural e urbano no desenvolvimento de pequenos municípios

Os processos democráticos pelo direito à cidade e a produção capitalista do espaço conformado pelo urbano industrial deslocou para os grandes centros urbanos, para cidades e regiões metropolitanas o interesse da maioria dos pesquisadores que investigam o urbano e a cidade. Nesse contexto, até mesmo o processo de descentralização político administrativa na ordem federativa, denominado municipalização, foi subsumido à cidade e ao urbano sob a égide do direito urbano que regula o direito à cidade, a exemplo da conquista que representa o Estatuto da Cidade. Neste exemplo, os pequenos municípios emergem como possibilidade de constituir-se em interesse de pesquisa num contexto classificatório da linha de corte para exigência de elaboração de Planos Diretores que, pensados para a cidade, são estendidos para o município no mesmo quantitativo populacional arbitrado como necessário para a cidade, os tais 20 mil habitantes. Instaura-se o espaço do desconhecido onde o que era condição de cidade para o planejamento mascara o rural que dá identidade sociohistórica aos municípios. Este eixo é o locus privilegiado para desbravar esse desconhecido; caracterizar os processos

municipais; deslindar os processos sociais da vida cotidiana dos sujeitos rurais submetido ao ideário urbano desde os processos educacionais às condições de possibilidades de redução de assimetrias rural-urbanas; discutir o desenho da cidade, a paisagem e as características ambientais dos municípios.

Todas as temáticas de pequenos municípios podem se encaixar neste eixo, como por exemplo:

Planos diretores e modelos de planejamento; novas diretrizes para a lógica de planejamento; novas estratégias e políticas para pensar a atuar nos pequenos municípios na contemporaneidade; Plano municipal; feira livre; expressão do rural e/ou do urbano no pequeno município; dinâmicas econômicas, culturais, socioambientais no pequeno município; transformações na produção e gestão do espaço do pequeno município e seus rebatimentos, seja local, regional ou global; novos papéis e lógicas do urbano e / ou rural do pequeno município; realidade e desafios no planejamento, gestão, administração e/ou gerenciamento do pequeno município; aspectos rurais e/ou urbanos (históricos, sociais, ambientais, culturais) no pequeno município;  agentes e práticas de produção do espaço; conflitos socioambientais no pequeno município; potencialidades e desafios para o desenvolvimento dos pequenos municípios.