XI Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia

XI Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia

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De 11 a 14 de novembro Todos os dias das 10h00 às 21h00

Sobre o Evento

O Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP é uma iniciativa dos discentes com o objetivo de promover o encontro de pesquisadores e estudantes em um ambiente propício para a discussão e a divulgação de pesquisas acadêmicas relacionadas à área de Filosofia, possibilitando assim uma maior interação entre instituições de ensino e estudantes da área. Ao longo de nove edições do evento contamos com a participação dos professores pertencentes ao corpo docente da UFOP, professores de outras instituições além de estudantes de graduação e pós-graduação de instituições como UFMG, USP, UFRJ, UFF, UNB, UFPR, PUC-SP, UFU, UFSC, UNICAMP entre outras em atividades como comunicação de pesquisas, palestras, conferências, minicursos e debates.

Programação

12h00 Credenciamento Credenciamento
Local: IFAC - Departamento de Filosofia
13h00 Exibição de 'Medeia' de Pasolini, com comentários de Guiomar de Grammont Sessão de Cinema
Local: Cine Vila Rica - Anexo do Museu da Inconfidência
14h00 Mesa I (Ética e Filosofia Política) Apresentação Oral
Local: IFAC - Departamento de Filosofia

"Dois olhares sobre o conceito de Multidão a partir de Spinoza e Hobbes"
(Alex Fabiano Correia Jardim, Paula Cristina Bicalho Oliveira)

"Amizade e política em Os Ensaios de Michel de Montaigne"
(Daniel Mota Polatto)

"A ética do cuidado de BOFF e da responsabilidade de JONAS no exercício da solidariedade"
(Marcos Henrique Lucena)

"A teatrocracia: a agonia da Política na sociedade da transparência"
(Pedro Luiz Rodrigues Barreto)

"República e Democracia em Hannah Arendt: aproximações e diferenças"
(Vinícius Batelli de Souza Balestra)

16h30 Mesa II (Filosofia Antiga) Apresentação Oral
Local: IFAC - Departamento de Filosofia

"A articulação dos elementos da dialética em Platão"
(Bárbara Helena de Oliveira Santos)

"O Poder Seguro de Atenas: Um estudo da Filosofia Socrática e o Problema da Moralidade"
(Bianca da Silva Cobra, Carlos Eduardo da Rocha Balbino)

"Três enfoques sobre as imagens em Platão: mímesis, dóxa e areté"
(Daniel Figueiras Alves)

"Definições e o limite do conhecimento na filosofia socrática"
(Kellen Raquel Ramiro Xavier Araújo)

"Os prazeres da contemplação na República de Platão"
(João Gabriel da Silva Conque Santos)

17h30 Isto não é um filme, de Jafar Panahi e Mojtaba Mirtahmasb. Sessão de Cinema
Local: Cine Vila Rica - Anexo do Museu da Inconfidência
19h00 Monica Stival (UFSCAR), 'A dimensão antropológica da política' com comentários de Bruno Guimarães (UFOP), professor signatário dessa edição. Palestra
Local: IFAC - Departamento de Filosofia

A proposta é discutir um deslocamento teórico possível na abordagem da filosofia política contemporânea, que vai da noção de representação à dimensão antropológica da política. Isso porque é nesta última que concepções como verdade e justiça são formuladas, na prática discursiva concreta e histórica de um grupo social.

09h30 Credenciamento Credenciamento
Local: IFAC - Departamento de Filosofia
10h00 Mesa III (Filosofia Moderna) Apresentação Oral
Local: IFAC - Departamento de Filosofia

"Alma do Mundo: RECONCILIANDO A EUROPA DE CARLOS MAGNO ATRAVÉS DA PAIXÃO"
(Gabriel de Souza Oliveira e Silva)

"Considerações sobre a interioridade e individualidade em Descartes e Espinosa"
(Igor Matheus de Souza Santos)

"Via dolorosa: O caminho para a manifestação do Espírito"
(João Batista Miguel)

"Os signos do corpo: contribuições de Condillac para o saber médico no Século XVIII"
(Luis Filipe Maiolini)

"Positivismo lógico e 'positivismo' fenomenológico: duas facetas de uma reação ao movimento positivista"
(Ricardo Miranda Nachmanowicz)

10h30 Grupo de estudos - A concepção política da República, de Platão, como Tekhné Politiké, do professor Guilherme Motta. Divulgação da Revista Fundamento. Seminário
Local: IFAC - Departamento de Filosofia
13h00 Exibição do filme 'Metamorfoses' de Christophe Honoré, com comentários de Júlia Avellar (UFMG) Sessão de Cinema
Local: Cine Vila Rica - Anexo do Museu da Inconfidência

Júlia Avellar foi ganhadora da melhor dissertação de mestrado em Letras no último triênio da Universidade Federal de Minas Gerais.

"A modernidade de Ovídio e as Metamorfoses em Honoré: formas de repensar os clássicos hoje"

As Metamorfoses, de Ovídio (43 a.C.–17/18 d.C.), longo poema em quinze livros, narram histórias de transformações mitológicas desde a origem do mundo até os tempos do autor, numa pretensão totalizante de abarcar a tradição mitológica e poética, a ponto de constituir um poema híbrido que confunde as fronteiras entre os gêneros. Além de se apresentar como um fluir contínuo e metamórfico, tanto em termos de conteúdo quanto da própria forma, o poema propõe novas narrativas da tradição, que colocam em destaque a tensão entre ficção e realidade e incorporam questões relevantes do tempo do poeta. Neste trabalho, propomos a leitura dessa obra ovidiana a partir de sua transposição cinematográfica realizada no filme Métamorphoses, de Christophe Honoré (2014), de modo a assinalar o caráter mútuo e multidirecional da recepção clássica: assim como o poema ilumina a interpretação do filme, este, em contrapartida, sugere novas possibilidades de leitura do poema a partir de perspectivas contemporâneas, num processo que combina repetição e diferença. Para tal, investigamos como Honoré, para além do conteúdo mitológico, estrutura seu filme com base em diversos procedimentos do poema ovidiano, como as técnicas de encadeamento e encaixe de narrativas, a recriação e atualização da tradição de acordo com seu próprio tempo, a problematização dos limites entre realidade e ficção e o uso da ironia e da paródia como instrumentos de crítica. Com isso, discutimos como ambos os artistas, por meio de seu fazer poético/cinematográfico, instauram em suas obras reflexões sobre esse próprio fazer e se propõem a pensar criticamente a fluidez dos limites entre mundo, obra e tradição.

16h00 Exibição do documentário chileno 'A nostalgia da luz' de Patricio Guzmán. Sessão de Cinema
Local: Cine Vila Rica - Anexo do Museu da Inconfidência
16h00 Mesa IV (Política e Pensamento Foucaultiano) Apresentação Oral
Local: IFAC - Departamento de Filosofia

"Políticas da Verdade em Michel Foucault"
(Bianca Kelly de Souza)

“Do Causar a Morte e Deixar Viver ao Fazer Viver e Deixar Morrer: Variações foucaultianas”
(Daniela Aparecida da Cruz Silva)

"Parresía e Discurso Revolucionário no Pensamento Tardio de Michel Foucault"
(Ester Mariana dos Santos Joaquim)

"Corpo-movimento em tempos de assombro: da biopolítica à biopotência"
(Michelle Martins de Almeida, Alex Fabiano Correia Jardim)

“Para um banquete Foucault-Deleuze: genealogia e história, atualidade e diferença”
(Rafael Gironi Dias)

16h00 Mesa V (Filosofia e Educação) Apresentação Oral
Local: IFAC - Departamento de Filosofia

"Abordagens filosóficas na rede pública estadual de Minas Gerais: uma proposta epistemológica de formação dialógica consigo, com os outros e/ou Alteridade."
(Evaldo Rosa de Oliveira)

"Descartes: educação e método"
(Jonathan Alvarenga)

"A 'postura neo-realista' do cinema na formação docente"
(Larissa Cardoso Oliveira)

"A Indústria Cultural nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental - Uma análise e Reflexão Sobre as Relações"
(Maria Paula Ferreira Costa, Luciana Azevedo Rodrigues)

"Um relato experiência: I Simpósio de Humanidades da Escola Estadual Regina Pacis"
(Yasmin Lucas, Cristina de Oliveira)

18h00 Cine IFAC - Exibição do curta Apelo, de Clara Ianni e Débora Maria da Silva, do movimento Mães de Maio. Sessão de Cinema
Local: IFAC - Departamento de Filosofia
18h30 Eliany La Salvia (UFPE), responsável pelas escavações no processo de restauração da Igreja Matriz de Santo Antônio, em Glaura, a falar sobre o bem-morrer através dos vestígios arqueológicos. Exposição
Local: IFAC - Departamento de Filosofia
20h00 Tessa Moura Lacerda (USP), 'Por que lembrar? Sobre memória, testemunho e História'. Palestra
Local: IFAC - Departamento de Filosofia
08h30 Credenciamento Credenciamento
Local: IFAC - Departamento de Filosofia
09h00 Marcelo Rangel (UFOP), 'Sobre verdade, felicidade e melancolia em tempos de pós-verdade e pessimismo', e Emílio Maciel (UFOP), 'A comédia não é mais possível em 2019: sobre Coringa, de Todd Phillips', com mediação de Olímpio Pimenta (UFOP). Mesa-redonda
Local: IFAC - Departamento de Filosofia

Emílio Maciel - "A comédia não é mais possível em 2019: sobre Coringa, de Todd Phillips”

A partir de uma leitura cerrada de algumas cenas-chave do filme de Todd Phillips, busca-se discutir o modo como, seja no plano geral, seja em filigrana, "Coringa" incorpora e dramatiza alguns dos principais dilemas políticos contemporâneos, tendo por eixo, de um lado, uma livre incorporação de certos dispositivos romanescos, de Cervantes a Stendhal, e, de outro, o impasse gerado pela "crise do comum" que atravessa, de fora a fora, a textura do presente.

10h00 Mesa VI (Arte, Política e Filosofia: Literatura, Dança e Música) Apresentação Oral
Local: IFAC - Departamento de Filosofia

"Manoel de Barros e Nietzsche: O conhecimento como invenção e o retorno à inocência"
(Adam William Italiano)

"Lançar-se de si: sobre exílios, barcos e a narrativa"
(Anita Rivera Guerra)

"Um (re)encontro entre dança e filosofia"
(Felipe Leal Almeida Resende)

"AS FUNDAÇÕES DO CÉU DE CABEÇA PARA BAIXO: Uma análise do problema do negro na obra de Hannah Arendt e James Baldwin, duas perspectivas sobre as fronteiras e limites interraciais"
(Leonardo Faustino Pereira, Sara Carolina Zica Ribeiro)

"O legado do Blues"
(Nathalia Nascimento Barroso)

10h00 Mesa VII (Pensamento Contemporâneo) Apresentação Oral
Local: IFAC - Departamento de Filosofia

"O nomadismo e o atomismo antigo"
(Caio Whitaker Tosato)

"Técnica, tecnologia e tecnocracia em um viés crítico"
(Diego Aurélio Viana Kelly)

"À procura do acontecimento (a perspectiva emancipatória de Badiou, Zizek e Bensaïd)"
(Livia Esmeralda Vargas González)

"A noção de 'comportamento' e a derrocada do 'animal-máquina' em 'A Natureza'."
(Luciana Ricardi Rabi)

"Em Defesa da Responsabilidade Epistêmica"
(Vitor Douglas de Andrade)

13h00 Ágora - Exposição de Daniel Reis Lima Mendes da Silva 'Democracia, verdade e a perspectiva protagoreana.' Roda de Conversa
Local: IFAC - Departamento de Filosofia

Daniel Reis é professor do Instituto Federal Baiano (Campus Guanambi) e foi estudante do departamento de filosofia da UFOP na década de 90.

14h00 Mesa VIII (Pensamento Feminino, Gênero e Sexualidade) Apresentação Oral
Local: IFAC - Departamento de Filosofia

"Tempos e afetos: pensando The Handmaid’s Tale com Walter Benjamin"
(Aryanne Araújo)

"Gênero e melancolia em Judith Butler"
(Gesielly Henrique de Souza)

"Identidade Pessoal e Escrita Feminina: ponto de convergência entre Schechtman e Branco"
(Letícia Ferruzzi Sacchetin)

"Entre o 'Manifesto Contrassexual' e o 'Manifesto Golden Shower': Anarquizar as posições de enunciação e sacudir as tecnologias de inscrição"
(Raquel Wachtler Pandolpho)

"Silenciamento das mulheres no fazer filosófico"
(Yasmin André)

14h00 Grupo de estudos - Lógica Ladeira Abaixo, com os professores Guilherme Araújo (UFOP) e Abílio Rodrigues (UFMG). Verdade, contradição e (des)informação. Divulgação da Revista Fundamento. Seminário
Local: IFAC - Departamento de Filosofia

A lógica clássica não é capaz de lidar com contextos argumentativos contraditórios. Isso porque segundo a noção clássica de consequência
lógica qualquer proposição se segue de uma contradição. O problema é que em diversas situações temos de lidar com contextos contraditórios. Um caso tipico são informações obtidas na Web. Tais informações são meros conteúdos proposicionais, em geral contextualizados, mas que tanto podem ser verdadeiros quanto falsos, podem não possuir justificação alguma, ou talvez apenas uma pseudo justificação, e nada garante que até mesmo a fonte de tais informações acredite nas respectivas proposições. Os exemplos são inúmeros: a Terra é plana, Barack Obama não é cidadão americano, o conjunto dos números inteiros positivos é maior que o conjunto dos números pares, entre muitos outros. O objetivo desta comunicação é discutir qual seria a lógica adequada para lidar com tais contextos argumentativos.

16h00 Douglas Garcia (UFOP) - “Eu vejo o futuro repetir o passado”: Adorno e as muitas vidas do fascismo Apresentação
Local: IFAC - Departamento de Filosofia

Esta apresentação tem como objeto preferencial um texto de Adorno só publicado em 2019, a conferência “Aspectos do novo radicalismo de direita”, proferida em Viena, em 1967. Nela, Adorno tenta pensar os aspectos psíquicos, econômicos, sociais e políticos da ascensão de movimentos de extrema direita, na Alemanha, no final dos anos 1960. Trata-se, para Adorno, de indicar as tendências de longa duração que se exprimem nesses movimentos, mostrando, ao mesmo tempo, suas diferenças em relação ao movimento nazista original. A tarefa de identificar aspectos regressivos em voga, a cada vez, em nossas sociedades, mostra-se, assim, como um legado do impulso esclarecedor do pensamento de Adorno.

17h30 Venúncia Emilia Coelho (IFMG) - 'Mulheres e escrita: um jogo de forças e interesses' Apresentação
Local: IFAC - Departamento de Filosofia

O objetivo da comunicação é mostrar um recorte da relação entre as mulheres e a escrita, através da análise de fragmentos da escrita literária de autoria feminina, notadamente aquela produzida entre a segunda metade do séc. XIX e séc. XX, e percepções teóricas acerca da possível construção identitária e filosófica de tais manifestações. Para tanto, tomaremos como estudos de caso trechos da escrita de Emily Brontë, em seu romance Jane Eyre (1847) e de Clarice Lispector, em A paixão segundo GH (1964). Como referencial teórico, nos valeremos do ensaio de Virginia Wolff, publicado em 1929, A Room of One's Own. A hipótese que será desenvolvida é de que se queremos compreender a relação entre a mulher e a escrita a partir do século XIX, é necessário detectar as condições estruturantes, históricas e filosóficas da construção do conceito de feminino como resultado ainda inacabado de um processo de jogo de forças entre o poder instituído da tradição familiar e as vozes silenciadas das mulheres. Vozes essas represadas e contidas pelas esferas institucionais de conservação dos padrões de sociabilidade e comportamento.

18h30 Eu não sou seu negro, de Raoul Peck. Sessão de Cinema
Local: Cine Vila Rica - Anexo do Museu da Inconfidência
19h30 Isabel Rizzi (UFES) 'O sexo e a verdade: uma genealogia dos conceitos de sexo biológico e gênero' e Ludmilla Camilloto (UFOP) 'Corpos desobedientes e as 'verdades' do 'CIStema'.' Palestra
Local: IFAC - Departamento de Filosofia

Izabel Rizzi (UFES) - "O sexo e a verdade: uma genealogia dos conceitos de sexo biológico e gênero"

O conceito de gênero costuma ser usado, especialmente nas literaturas feministas, para realçar os aspectos socioculturais inscritos no feminino e no masculino, opondo-se as visões biologizantes sobre a distinção sexual. Apesar da vasta importância crítica do conceito e de sua proliferação pelos estudos e ativismos feministas, percebe-se que, com alguma regularidade, sua definição está atrelada ao chamado sexo biológico, uma instância que seria natural ou anterior à construção social dos gêneros. Na tentativa de compreender os efeitos dessa sugestão, considera-se tais conceitos desde um prisma genealógico, abrindo duas linhas de análise entrelaçadas. A partir de perspectivas genealógicas como as de Michel Foucault, Gilles Deleuze, Paul B. Preciado e Judith Butler, realiza-se uma incursão por literaturas feministas e estudos dedicados ao gênero que tratam da relação entre sexo biológico e gênero, concluindo-se pela recusa da apreensão dualista firmada entre o sexo biológico e o gênero. Pretende-se sublinhar o caráter artificial da distinção sexual e também da própria natureza, na medida em que tais termos adquirem inteligibilidade a partir do dispositivo de sexualidade, cujo funcionamento mascara seu caráter socialmente construído, possibilitando sua assimilação sob um regime de “verdades naturais” e, portanto, irrevogáveis. Questiona-se a relação estabelecida entre o sexo biológico e a verdade, espreitando seus aspectos artificiais e sua correlação com a construção conceitual do gênero, propondo outra operacionalização do conceito de gênero, desatrelada da ideia segundo a qual o gênero está para a cultura como o sexo está para a natureza. Sexo e gênero são analisados a partir das linhas de força que neles se embaraçam com o objetivo de compreender as forças ativas e reativas que a eles se ligam e que possibilitam a expressão de certos sentidos em detrimento de outros. O que está em jogo, portanto, é o dispositivo de sexualidade: o nó que conecta o sexo biológico à natureza, instituindo o sexo como marco de uma verdade natural inscrita diretamente nos corpos. Nesse sentido, o gênero se insurge como ferramenta crítica para a desconstrução dessa bio-lógica do sexo, da distinção sexual e das operações positivas do dispositivo de sexualidade.

Ludmilla S. de B. Camilloto (UFOP) - "Corpos desobedientes e as 'verdades' do 'CIStema'."

Nesta breve apresentação, conversaremos sobre a pesquisa desenvolvida no mestrado “Novos Sujeitos, Novos Direitos”, que deu origem ao recém-lançado livro “Direito de Ser: diálogos e reflexões sobre o reconhecimento das identidades trans”. Em vez de respostas prontas e definitivas para a questão do reconhecimento das identidades trans, faremos juntes uma reflexão sobre a relação tensionada entre o reconhecimento jurídico – ou reconhecimento de direitos a partir das duas únicas categorias de gênero que utilizamos – , e o reconhecimento de si – ou o reconhecimento que os próprios sujeitos fazem acerca de sua identidade, por meio da autoidentificação. Em uma proposta d emergência das subjetividades e a partir de diálogos estabelecidos com aquelas e aqueles que requerem o seu direito de ser quem são, conversaremos sobre as possibilidades e desafios enfrentados nessa luta por reconhecimento perguntando: como transitam os corpos dos sujeitos trans para além do binarismo próprio da
heteronormatividade e de acordo com a sua subjetividade, na construção de novos sujeitos de direitos? Há como sair desta aporia? Como ampliar os contornos do sujeito de direito para abranger corpos e subjetividades “desobedientes”? Como tensionar os dispositivos binários de gênero, naturalizados como a “verdade” irrefutável, que servem de base para a elaboração de políticas públicas e de inclusão e que, consequentemente,
excluem as identidades trans, considerando-as como “outsiders do CIStema”? Essas reflexões podem contribuir para a ideia de (re)construção de uma epistemologia jurídica que compreenda a nova gramática de gêneros e possibilite a afirmação do “Direito de Ser”

Ludmilla Santos de Barros Camilloto é Mestra em Direito, na área de concentração Novos Direitos, Novos Sujeitos. Graduada em Direito e Psicologia, com pós-graduação em Direito Civil e MBA em Gestão de Pessoas.

08h30 Filosofia em Movimento. Passeio por Ouro Preto com André Castanheira Maia Passeio
Local: IFAC - Departamento de Filosofia

Aluno do departamento de Filosofia e formado em História, André Castanheira Maia tem experiência com passeios turísticos pela Região dos Inconfidentes. A proposta deste passeio é apresentar a cidade aos participantes do evento.

09h30 Credenciamento Credenciamento
Local: IFAC - Departamento de Filosofia
10h00 Mesa IX (Estética e Filosofia da Arte) Apresentação Oral
Local: IFAC - Departamento de Filosofia

"A poética das ruínas em Umberto Eco"
(Alexandre Arantes)

"Modernidade Barroca"
(César Miguel Salinas Ramos)

"Arte e niilismo: a obra de arte como superação da metafísica no pensamento de Martin Heidegger"
(Juliano Rabello)

"Nelson Goodman, Platão e a arte representativa: uma defesa da arte não mimética"
(Matheus Marrega)

"Kulturgeschichte 1880–1983: da obra monumental à obra-monumento"
(Thiago S. Pimentel)

10h00 Mesa X (Filosofia Moderna e Contemporânea) Apresentação Oral
Local: IFAC - Departamento de Filosofia

"Apontamentos para uma epistemologia 'quase-transcendentalista'."
(Álvaro Luis Ribeiro Reis)

"O conteúdo das contrapartes incongruentes de Kant em Robert Hanna"
(Bergkamp Pereira Magalhães)

"EU MORAL: LIGANDO SER AO DEVER SER"
(Isabella Martins Passos)

"Entre o cognoscível e o cogitável na Crítica da Razão Pura"
(Larissa Gabriele Soares da Silva)

"A Análise de David Hume sobre Milagres e Testemunhos Religiosos"
(Uilner Rodrigues Xavier da Cruz)

13h30 Cons]erva[tório - Apresentação dos mestres e músicos Sofia Machado (UFOP), Pablo Sathler (UFOP) e Demétrius Souza (UFOP) Apresentação Artística
Local: IFAC - Departamento de Filosofia

Demétrius Alexandre da Silva Souza (UFOP)

O debate estético em torno da música pura: uma reflexão a partir das noções de mímesis e autonomia da arte.

A subordinação da música à palavra pode ser constatada ao longo da história, desde a Grécia antiga à idade moderna. De fato como aponta Dahlhaus(1989), a tríade platônica do logos, Rhythmos e Harmonia presidiu o entendimento acerca da música até pelo menos o séc. XVII. A música instrumental era vista, de modo geral, como afecção hedonista sem implicações morais ou racionais. O séc XVIII viu surgir de forma concomitante ao advento da estética moderna, um intenso debate protagonizado por Rosseau e Rameau, acerca da relação entre música e palavra. Essa relação também seria problematizada por outro enciclopedista, Diderot. A emancipação da música instrumental, entretanto, só seria consolidada com uma crise no conceito de mímesis: ela deixa de ser entendida como a representação das formas produzidas pela natureza para ter como objeto a imitação da natureza no seu ímpeto produtivo. As obras de arte, tal como os organismos, são fins em si mesmas, porquanto apresentam uma reciprocidade total entre todo e parte. Pretendo percorrer este percurso conceitual aqui esboçado, a fim de elucidar alguns dos fundamentos filosóficos da emergência da música pura enquanto um fenômeno de interesse estético. Ao fim da exposição tocarei a sonata op.6 n.1 de Frederico Molino.

Pablo Sathler (UFOP)

OUVINDO ECOS GREGOS: ESCUTA GUIADA AOS MODOS GREGOS

Diferente do formato tradicional das apresentações conhecidas por muitos aqui, optei por este formato alternativo visando outro modo de contato com o objeto em questão. Essa outra perspectiva pretende muito mais uma escuta ativa dos objetos musicais do que a reflexão filosófica sobre esses. Ou dito de outro modo: o melos e não o logos, será nosso ponto de partida. Por isso, o texto apresentado servirá muito mais como um auxiliar para a escuta do que um esclarecedor da questão.
A comunicação será dividida em três partes e terá um único objetivo: ouvir. Em que pese as questões epistemológicas e históricas – que serão mobilizadas no momento oportuno – o intuito aqui é chamar atenção para uma escuta interessada dos exemplos musicais. Em suma: faremos um exercício de escuta refletida e não uma reflexão sobre a escuta.
Sendo assim, nos organizaremos da seguinte maneira: 1) faremos um esboço da mousiké na tragédia e sua relação com a educação dos gregos; 2) um breve comentário sobre as contribuições de Pitágoras sobre a relação dos intervalos da série harmônica e por fim; 3) uma escuta do que viriam a ser os modos gregos hoje.

Sofia Andrade Machado (UFOP)

A CONCISÃO FORMAL E O SILÊNCIO NA MÚSICA DO SÉCULO XX

O filósofo Theodor Adorno teve uma ligação muito próxima com a música, que fez parte de sua formação desde a infância. Adorno estudou composição com o compositor austríaco Alban Berg, e foi muito próximo dos compositores da Segunda Escola de Viena, Arnold Schoenberg, Anton Webern e o próprio Berg. As reflexões de Adornsobre a música não constituem algo separado, mas estão profundamente vinculadas com seu pensamento filosófico de forma mais ampla. Nas primeiras décadas do século XX, as discussões em torno da nova música estavam centradas na ruptura com a tonalidade, representada inicialmente pela obra de Schoenberg. No decorrer do século, outras questões começaram a ganhar maior destaque e importância. Anton Webern, discípulo de Schoenberg, considerado por Adorno como um dos representantes mais radicais do expressionismo, utilizou o silêncio como elemento estrutural da composição e escreveu obras extremamente concisas, rompendo, não apenas através da suspensão da tonalidade, com o monumentalismo sinfônico que caracterizou o final do romantismo, no século XIX. A partir da obra de Webern, a importância do silêncio na composição e o destaque atribuído a cada som individual passou a influenciar outros compositores, que ressaltaram estas características na música da segunda metade do século XX.

Após a palestra, será apresentado o terceiro prelúdio para violoncelo solo, Con sordino - Senza sordino, da compositora russa Sofia Gubaidulina.

16h00 Apresentação e reunião especial do LEIR - Laboratório de Estudos sobre o Império Romano, do departamento de História, com o professor Fabio Faversani Seminário
Local: IFAC - Departamento de Filosofia

O Laboratório de Estudos sobre o Império Romano é o maior grupo de pesquisa em História Antiga no Brasil, com fortes conexões internacionais. O LEIR se organiza como uma rede que marca sua presença em todas as cinco regiões do país e conta com mais de cem pesquisadores vinculados. No formato atual, todos os pesquisadores confluem para cinco núcleos, sediados na USP, UFOP, UFES, Unesp-Franca e UFG. O escopo das pesquisas realizadas pelo LEIR é bastante variado, não se limitando aos marcos do Império Romano. No âmbito do Laboratório são desenvolvidas inúmeras atividades, dentre as quais destacamos os Colóquios regulares (tanto do LEIR-Nacional quanto dos núcleos) e publicações (são três periódicos e uma coleção de livros).

Essa apresentação visa dar a público esse conjunto de atividades, as formas de participar e também abrir a interlocução para a criação de colaboração com outros grupos com atividades afins.

16h00 Mesa XI (Direito, Moral e Filosofia Política) Apresentação Oral
Local: IFAC - Departamento de Filosofia


"A limitação moral da autoridade política em Benjamin Constant de Rebecque"
(Gabriel Afonso Campos)

"A atualidade da falácia do fim do Estado diante das mutações do poder de Império"
(Leandro de Oliveira Batista)

"As Funções do Julgamento de Nuremberg: moral, política e Direito"
(Mariana Grilli Belinotte)

"A secularização como elemento da emergência dos Direitos do Homem"
(Marcos Paula de Oliveira Junior)

"Nova abordagem do conceito de hegemonia visando um modelo agonístico de democracia radical"
(Natália Pereira Ribeiro da silva)

17h00 A Praça Tahrir, de Jehane Noujaim. Sessão de Cinema
Local: Cine Vila Rica - Anexo do Museu da Inconfidência
19h00 Virgínia Figueiredo (UFMG) - 1968, o ano que ainda não começou - e Cíntia Vieira da Silva (UFOP) - Estética e contrassexualidade: trânsitos de Preciado Palestra
Local: IFAC - Departamento de Filosofia

Cíntia Vieira da Silva (UFOP)

"Estética e contrassexualidade: trânsitos de Preciado"

Em Testo Junkie, Preciado narra seu encontro com a testosterona. A experimentação da substância envolve experimentos literários, de escrita. Num primeiro momento, como atividade que escoa a energia extra provida pela testosterona sintética e que acompanha a solidão de uma clandestinidade não apenas fantasiosa, mas real, pois o uso e venda dessas substâncias chamadas de hormônios sexuais é, quando não proibido, controlado. Elas não são acessíveis a todo mundo e nem em quaisquer quantidades. Parece haver ainda mais nesse agenciamento de testosterona e escrita: a autora que escreve contra a naturalização do sexo, das práticas sexuais e do gênero e em prol da exploração de práticas capazes de subverter a identidade sexual, em consonância com sua experimentação vital leva esse pensamento e modo de vida um passo além, em busca de práticas de desidentificação. A testosterona não é um veículo para produzir um corpo que seja conforme a uma identidade desejada, mas para experimentar eventos corporais inauditos. O que Preciado chama de desidentificação é produção molecular, micropolítica, de subjetivação e passa por um estranhamento de si.

Se, após a descoberta (ou invenção) dos hormônios sexuais, a constituição de gênero passa a ser mediada por drogas da indústria farmacêutica, como a pílula anticoncepcional, num processo concomitante à proliferação de imagens pornográficas igualmente modeladoras de papéis de gênero no exercício da sexualidade, seria preciso adquirir o controle das potencialidades farmacológicas de hormônios e outras substâncias, e da produção de imagens libertas do padrão normativo binarizante. As pretensões que Preciado descreve como uma “plataforma” – e poderíamos chamar de programa micropolítico – pareceram-me fascinantes. Não só pela sua potencialidade conceitual, constituindo um instrumental para escapar ao pensamento confinado ao binarismo de gênero, mas também por sua coerência em relação ao que já se anunciava em Manifesto contrassexual.

Qual não foi minha surpresa ao saber que Preciado tinha se engajado num processo de transição e, em 2016, dois anos depois da publicação de Testo Junkie, entrado com processo judicial para requerer identidade masculina. Obviamente, mudanças de posição ocorrem e exigir a manutenção da mesma posição da parte de uma filósofa, agora filósofo que defendia a desidentificação parece, no mínimo, exagero. Contudo, não se trata de uma posição qualquer, mas justamente da assunção, ao menos jurídica, de uma identidade. Para além de uma exigência de coerência, a questão me interpelava. Um primeiro elemento que me parece desfazer a impressão de mudança de posição radical é que a transição não leva de um polo da oposição binária outro.

A transição não é vista como um processo que resulta numa identidade fixa, mas como experiência que configura uma subjetividade em trânsito, que não se acomoda às categorias do binarismo. Transicionar é também uma experimentação micropolítica e estética. As implicações estéticas da transição, ou melhor, da produção de um corpo trans dizem respeito à ruptura em relação aos padrões da “estética heterossexual penetrante-penetrado” (UAU, p. 248), para usar uma expressão de Preciado e também concernem práticas que, se não são diretamente artísticas, são ao menos vizinhas a elas. O combate aqui travado se faz em prol da chegada do “tempo da estética contrassexual definida não por leis de reprodução sexual ou de regulação política, mas por princípios de complexidade, singularidade, intensidade e afeto” (UAU, p. 250), ou seja, uma estética pautada por valores definidos pelo aumento da potência de fruição dos corpos, não pela adequação a qualquer norma.

Entretanto, há outros aspectos que delineiam uma dimensão estética relativa à transição. Primeiramente, podemos falar de uma estética da existência, segundo o conceito foucauldiano, que abrange a produção de modos de subjetivação de maneira geral. No caso de um corpo e de uma subjetivação trans, porém, o caráter de fabricação e criação envolvido na constituição de si se torna mais evidente. Preciado aborda a possibilidade de tomar a subjetividade como obra numa crônica intitulada Casa vazia. Ao longo das crônicas, acompanham-se suas inúmeras viagens e em vários momentos o autor nos diz que não tem dormido muitos dias seguidos no mesmo lugar. Nesta crônica, conta-nos que permanece numa casa alugada por um período inédito nos últimos tempos. A casa, porém, é deixada vazia, sem mobília nem adorno algum. Preciado estabelece então uma relação entre seus hábitos nômades, a casa vazia e a transição.

Essa subjetivação dissidente, portanto, entretece-se com a escrita, como vimos mais de perto no caso de Texto Junkie, aproxima-se da encenação, toma a música como metáfora, mas também, na medida em que envolve incursões em âmbitos institucionais e questiona parâmetros dessas instituições, não se distancia de algumas obras de arte contemporâneas. O modo como Preciado narra algumas ocasiões em que atravessa uma fronteira com passaporte de Beatriz Preciado, mas já com um corpo que não corresponde a essa identidade feminina faz pensar em performances, happenings e outras tantas manifestações artísticas semelhantes.

21h30 Bal-bal. República Rebu. Encerramento
Local: República Rebu

Festa de encerramento. Mais informações sobre serão fornecidas durante o evento.

Endereço: Rua do Pilar, número 61 - Centro.

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Local

Instituto de Filosofia, Artes e Cultura da UFOP., 35400-000, Rua Coronel Alves, 55, Centro, Ouro Preto, Minas Gerais
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Organizador

Organização XI ENPF

A comissão organizadora do XI Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia é composta por discentes do curso de Filosofia da Universidade Federal de Ouro Preto.