XL Semana de História da Universidade Federal de Juiz de Fora

Seis décadas sob a sombra dos generais: uma democracia construída sobre esquecimentos coletivos e memórias individuais.

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De 2 a 6 de dezembro Todos os dias das 08h00 às 23h59

Sobre o Evento

Este evento possui transmissão ao vivo.

Depois de seis décadas, a História no Brasil conseguiu lidar com a constante presença dos generais na vida cotidiana da nação? Para além de buscar culpados, e responsabilizar as terríveis transgressões de direitos humanos cometidas pelo Estado Brasileiro durante o seu regime militar, é possível afirmarmos que nossa sociedade encontrou a tríade que clamou nas ruas: Liberdade, Memória e Justiça? Ou será que, depois de 60 anos, precisamos nos confrontar com um esquecimento coletivo que insiste em permanecer, rompido pelo bradar das memórias individuais daqueles que sobreviveram ao regime?

Programação

15h30 Mesa de Abertura: Gabriel Sales Pimenta: A Força da democracia e a arte de ser resistência Mesa-redonda
Local: Anfiteatro 1

O termo "democracia," originário do grego (δημοκρατ?α, d?mokratía), significa "poder do povo" e, ao longo do tempo, foi reinterpretado e manifestado de diversas formas nos regimes políticos. Mais do que um sistema político, ela incorpora valores essenciais como direitos individuais, justiça social e desenvolvimento sustentável. Esses valores impactam diretamente a vida social, ultrapassando o campo institucional e moldando o tecido da cidadania.

A manutenção da democracia exige a funcionalidade das instituições e o fortalecimento de uma cultura cívica de participação e responsabilidade. No Brasil, recentes ataques às instituições democráticas refletem desafios profundos, incluindo uma crescente polarização e tentativas de deslegitimar os processos eleitorais. Esses eventos comprometem não apenas as instituições políticas, mas a confiança pública e a coesão social.

Esse contexto de instabilidade faz ecoar memórias da ditadura militar de 1964, quando o movimento estudantil desempenhou papel crucial na resistência ao regime autoritário. Hoje, em resposta às ameaças à democracia, Buscamos nessa mesa, pensar o papel dos estudantes e organizações civis que se mobilizam novamente, reafirmando os princípios democráticos conquistados e sublinhando a importância de uma sociedade mais justa e inclusiva.

19h00 Mesa 01: “O horror do “calar-se e abster-se”: a repressão, a resistência e as continuidades da busca por existência Mesa-redonda
Local: Anfiteatro 1

A mesa redonda mesa redonda examinará a Ditadura civil-militar brasileira (1964-1985), abordando-a como período de repressão, mas também de resistência e disputa de narrativas. Após o golpe de 1964 e o endurecimento com o AI-5 em 1968, o regime perseguiu críticos e reprimiu movimentos estudantis, trabalhistas e de minorias, incluindo mulheres, indígenas e negros, impondo censura, tortura e violência. Ainda assim, diversos grupos sociais resistiram, reivindicando direitos e lutando contra o autoritarismo, contribuindo para a redemocratização. A ditadura foi vivida de forma desigual, sendo idealizada por alguns que a viram como um período de ordem e segurança. Essa idealização sustenta o negacionismo atual, promovendo uma nostalgia autoritária. Assim, a mesa buscará explorar essas memórias divergentes, destacando a importância da educação histórica para fortalecer a democracia e evitar a repetição de erros autoritários do passado.

14h00 Poéticas da História: ainda sobre as relações entre História e Literatura Minicurso
Local: Auditório

A proposta deste minicurso é debatermos as relações entre História e Literatura que, desde o processo de cientificização da história enquanto disciplina no século XIX, encontravam-se em campos separados do saber. Quando dos anos 1970, na chamada virada linguística, especialmente a partir a obra do historiador Hayden White (notadamente em Meta-história, 1973), há um interesse em aproximar os dois campos, enfatizando a importância da linguagem na construção do conhecimento historiográfico, ou seja, a dimensão ficcional do conhecimento historiográfico. Em 2010, a revista dos Annales publica sua edição Savoir de la littérature que, de forma distinta a White, mas no âmbito dos mesmos questionamentos, propõe a reflexão de quais conhecimentos cognitivos a literatura pode produzir, a partir de seus próprios mecanismos ficcionais. A partir desses debates e em diálogo com autores que se interessam pela mesma problematização da relação entre História e Literatura, como Erich Auerbach, Mikhail Bakhtin, bem como historiadores contemporaneos como Ivan Jablonka, esse minicurso tem o interesse de debatermos como e de qual maneira o diálogo entre História e Literatura tem o potencial de construção do conhecimento histórico, sem reduzir a literatura a mero documento para a análise historiográfica, nem considerá-la como um simples reflexo do real.

14h00 Nas costuras da memória: o lugar dos afetos no ensino de História Minicurso
Local: Auditório

Este curso tem como objetivo discutir feridas históricas, como o Holocausto Brasileiro e o genocídio indígena durante a ditadura militar, reconhecendo que esses traumas ainda estão em aberto, que esses passados ainda são presentes, e são parte integrante dos processos de identificação e subjetivação do povo brasileiro. Assim, enxergamos o Ensino de História como um “campo que acolhe as demandas por políticas de identidade e as diferenças, como também nos permite disputar o sensível para a sua memória, transformando-a em uma experiência.” (Martin, no prelo, p.13).

Dessa maneira, o objetivo central deste curso será apostar que todos os temas são potencialmente sensíveis, mas que nenhum tema é sensível em si mesmo, ou seja, é necessário uma abordagem discursiva que dialogue com narrativas que tenham a “capacidade de envolver [o sujeito] numa atmosfera favorável ao aprendizado depende de dados corpóreos como, por exemplo, o tom, a textura, a melodia, a projeção da voz” (Albuquerque Júnior, 2023a, p. 27).

Faremos essa discussão ao abordarmos a importância da implementação da Lei 11.645/2008, voltada para o ensino de História dos povos indígenas, além de estratégias para desconstruir estereótipos e preconceitos acerca dos povos originários. Os debates em torno do Holocausto Brasileiro, como ficou conhecido a história do Hospital Colônia de Barbacena a partir do livro de Daniela Arbex (2013), de mesmo nome, se dará por meio de discussões acerca do movimento eugenista. O Hospital Colônia foi um hospício localizado na cidade de Barbacena - MG, para lá eram enviadas pessoas indesejáveis da sociedade, estima-se que “sessenta mil pessoas perderam a vida no Colônia” (Arbex, 2013, p. 26). O curso utilizará aulas expositivas, estudos de caso, debates e oficinas práticas, sendo direcionado a educadores no geral, estudantes e profissionais da área de educação comprometidos com uma educação mais inclusiva e democrática.

19h00 Mesa 02: Audiovisual, ditadura militar e negacionismo: Narrativas históricas e suas disputas pela memória Mesa-redonda
Local: Anfiteatro 1

Esta mesa redonda propõe-se a debater o papel do audiovisual na construção e disputa de narrativas históricas sobre a ditadura militar brasileira. Embora a historiografia acadêmica tenha tradicionalmente guiado o conhecimento histórico, produções cinematográficas e documentários têm se destacado por sua ampla difusão e impacto sobre o imaginário popular. No entanto, o alcance do audiovisual também pode ser instrumentalizado para o negacionismo, oferecendo visões simplificadas ou distorcidas de períodos sombrios, como a ditadura. Dada a polarização atual, esta mesa analisará como o cinema nacional contribui para a interpretação democrática das "feridas" históricas e as limitações de sua representação, onde eventos históricos e ficção competem por influência na memória coletiva.

14h00 Introdução a História Oral e suas técnicas de uso Minicurso
Local: Auditório

O minicurso tem como objetivo geral introduzir seus participantes nos debates fundantes da História Oral, tanto em uma perspectiva histórica como teórico-metodológica. Além de buscar debater sobre a utilização da História Oral na atualidade. Serão discutidas noções como memória e esquecimento/silenciamento.

Propõe-se trabalhar a importância da memória e da oralidade nas pesquisas de História do Tempo Presente, principalmente no que se refere a preservação da memória, de saberes e tradição. Em relação ao ponto de vista técnico, será abordado sobre a prática da realização de entrevistas, formas de guarda e acesso. Como estudo de caso utilizará o Projeto História da UFJF, sediado no CECOM.

14h00 Como elaborar o Projeto de Pesquisa e uma Comunicação acadêmica? Minicurso
Local: Auditório

Diante da escassez de oportunidades que abordem questões práticas da atuação acadêmica, o objetivo deste curso é discutir ferramentas no que tange à duas importantes demandas da trajetória universitária: o projeto de pesquisa e as comunicações. Dividido entre esses dois eixos temáticos, o curso propõe, num primeiro momento, o debate em torno da elaboração de um Projeto de Pesquisa na área de História da Arte e afins. Forneceremos estratégias para a elaboração textual e refletiremos a respeito das funções e estrutura fundamental de uma proposta investigativa – movimento congregado à sugestões e leitura, textos de apoio e exemplos no campo da metodologia. Como continuidade, estenderemos nosso olhar sobre a comunicação de trabalhos científicos. Uma vez que elaboramos uma pesquisa, como transmitir verbalmente nossas ideias com qualidade? À vista dessa questão, o curso propõe explorar questões e técnicas que envolvam as comunicações acadêmicas com o objetivo de aperfeiçoar essa prática. O curso é destinado aos alunos de graduação, pós-graduação e pessoas interessadas na inserção do ambiente acadêmico e/ou em aprimorar as suas habilidades nas produções elencadas.

14h00 Livros didáticos de História e estudos de gênero e sexualidade: entre usos e perspectivas de um artefato cultural Minicurso
Local: Auditório

Objeto de recorrentes controvérsias relativas aos seus sentidos, funções e importância na formação de estudantes, os livros didáticos de História estão presentes em espaços escolares brasileiros há mais de 170 anos. Nesse período, transformações na sociedade e na educação formal foram acompanhadas pela formulação de diferentes políticas públicas ligadas ao artefato cultural em questão, as quais promoveram alterações em seus conteúdos, práticas de ensino e avaliações. Devido à hegemonia de projetos educativos elitistas e excludentes em grande parte dos séculos XIX e XX, as perspectivas metodológicas dos materiais didáticos de História ficaram conhecidas por práticas mnemônicas distantes das demandas das classes populares, além de difundir noções hierarquizadoras de cidadania, patriotismo, religiosidade, raça, gênero, sexualidade, dentre outras. No processo de afirmação da disciplina, autoras/es de materiais educativos, professoras/es e estudantes, entre olhares tradicionais e dissonantes, contribuíram para a propagação e (re)elaboração de modalidades de uso dos livros didáticos. Nesse contexto, foram editados e entraram em circulação diferentes composições com propósitos por vezes paradoxais: enquanto alguns buscaram problematizar temas que privilegiavam a histórica política do Estado e seus grandes líderes, outros permaneceram excluindo a representação de minorias e seu protagonismo na história. Ora considerado imprescindível, ora marginalizado por sujeitos em virtude de possíveis ausências e narrativas silenciadoras, a pluralidade de propostas e práticas ligadas aos livros didáticos de História serão discutidas neste espaço interdisciplinar, interessado na ampliação dos diálogos entre as áreas da História e Educação, bem como na análise de obras escolares, currículos e linguagens colocadas em ação.

Nesse sentido, o objetivo do minicurso pautou-se pela reflexão acerca da pluralidade de propostas e práticas de ensino da disciplina História relacionadas aos usos de livros didáticos em diferentes períodos da escolarização brasileira. Tematizamos, especialmente, o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e a problematização, a partir das lentes fornecidas pelo campo dos Estudos de Gênero e Sexualidade, dos processos, mediações e forças sociais que disputam os quais saberes históricos são considerados desejáveis ou indesejáveis nos materiais didáticos.

Nosso intento é estabelecer diálogos problematizadores acerca do tema acompanhando três eixos de conteúdos programáticos: 1) o PNLD como política de Estado na qual atuam forças sociais contraditórias, em disputas e tensões por demarcar lembranças e produzir esquecimentos; 2) livros didáticos e documentos históricos: a diversidade de leituras colocadas em ação por professoras/es, estudantes e outros sujeitos; e 3) elaboração e debate sobre práticas que potencializem uma abordagem crítica dos livros didáticos nas aulas de História, focalizando noções de autoria e processos de seleção das fontes incluídas em algumas obras, permitindo a pluralização dos sujeitos históricos em diálogo com as relações, histórica e discursivamente construidas, de gênero e sexualidade.

19h00 Mesa 03: Desmistificando as justificativas para os horrores da ditadura: discussões sobre uma educação que dá nome aos fatos. Mesa-redonda
Local: Anfiteatro 1

Esta mesa redonda abordará estratégias para discutir a ditadura militar brasileira em sala de aula, especialmente para futuras/os professoras/es, evitando uma abordagem superficial baseada apenas no choque inicial da violência e tortura. Pretende-se questionar "mitos" que justificam o regime, como as narrativas de avanços econômicos e segurança, que ainda hoje sustentam simpatias pelo autoritarismo. O debate se aprofundará nas diferentes designações do regime – "ditadura militar", "civil-militar" ou "empresarial-militar" – e refletirá sobre a participação dos civis e as nuances de classe, questionando a visão simplificada de aceitação popular ou de participação civil passiva. Além disso, examinará como lidar com memórias divergentes, evitando apresentar a ditadura como uma questão de opinião pessoal e promovendo o relato de fatos documentados. A mesa discutirá também o papel da BNCC e dos livros didáticos, buscando métodos para explorar o tema com distanciamento crítico, diante do negacionismo atual, e formar alunos politicamente conscientes e defensores da democracia. Em consonância com o tema da "XL Semana de História", visa-se desmistificar as visões unilaterais e expor as memórias individuais e coletivas, construídas desde o período ditatorial até o presente, como parte fundamental do ensino.

14h00 História e Historiografia das drogas e substâncias psicoativas no Brasil Minicurso
Local: Auditório

Este minicurso deseja oferecer uma abordagem introdutória ao recente campo historiográfico da História das Drogas e Substâncias Psicoativas, vasto terreno a ser explorado pela disciplina nas mais distintas temporalidades e sociedades. Aqui nos propomos a uma exposição em nível local, ou seja, a historiografia brasileira sobre o tema e as possibilidades de pesquisa no Brasil. Dado o limite de tempo e bibliografia, para que possamos explorar de forma mais aprofundada, propomos o enfoque em uma substância específica, a cannabis sativa - a maconha - construindo relações com as obras mais gerais sobre o uso, proibição e criminalização das substâncias psicoativas e as ditas ‘toxicomanias’. Dessa forma, objetiva-se discutir as possibilidades e viabilidade das fontes históricas e arquivísticas dentro do referido campo, bem como de metodologias e temas de pesquisa, que dada a atualidade do tema e do campo de pesquisa, possui abundância significativa de enfoques e lacunas a serem explorados.

14h00 A política da diferença: de Michel Foucault a Isabelle Stengers Minicurso
Local: Auditório

O objetivo do minicurso é debater a relevância do aporte metodológico pós-estruturalista nas Ciências Humanas, enfatizando sua relação com a História e suas potencialidades analíticas. Para tanto, sublinharemos a emergência do conceito de Diferença em suas implicações epistêmicas, éticas e políticas. Esta categoria está presente de diferentes maneiras em Michel Foucault (1926-1982); Gilles Deleuze (1925-1995); Jacques Derrida (1930-2004); Bruno Latour (1947-2022) e Isabelle Stengers (1949-).

14h00 Historiadores no Arquivo Oficina
Local: Arquivo Central da UFJF

Esta oficina visa aproximar o historiador às práticas e métodos arquivísticos, tendo em vista a histórica atuação deste profissional em instituições de memória/patrimônio.
Entende-se aqui, que os saberes arquivísticos podem contribuir à história apresentando noções básicas de seus métodos e suas práticas, uma vez que a arquivologia é voltada para a produção, classificação e preservação da informação documental.
Objetivo:
Debater os atributos da profissão do historiador relacionados às práticas de construção e preservação do patrimônio histórico.

Debater os atributos do historiador previstos no projeto de lei e o seu diálogo com a arquivística.

Promover o conhecimento de técnicas, métodos e princípios arquivísticos no tratamento e no controle de informações de arquivo.

19h00 Mesa 04: “Presenças e Silenciamentos”: Articulações patrimoniais, lugares de memória e rememoração Mesa-redonda
Local: Anfiteatro 1

Esta proposta visa explorar as articulações e desafios do patrimônio em relação à ditadura militar brasileira, abrangendo tanto o período ditatorial quanto seus desdobramentos e efeitos persistentes. Ao considerar o papel de Juiz de Fora, cidade com participação ativa nos eventos e repressões da ditadura, destaca-se a importância da história local na preservação da memória, onde o patrimônio serve como testemunho material das vivências e resistências desse passado.

A discussão inclui a análise de bens patrimonializados – tombados, musealizados e arquivísticos – e suas funções na manutenção da memória coletiva, indo além da mera presença e contemplando o silenciamento histórico, uma perspectiva que busca dar voz às memórias ocultadas. O historiador tem, nesse contexto, o papel de preservar e reavivar essas memórias, contrapondo-se a discursos negacionistas e reafirmando os crimes contra os direitos humanos cometidos no período.

Reflexões sobre as escolhas patrimoniais Assim, este diálogo considera o patrimônio não apenas como repositório de memórias, mas como ator ativo na luta pela memória e contra o apagamento histórico.

14h00 Memórias da luta pela terra: raízes e continuidades da questão agrária brasileira Minicurso
Local: Auditório

O minicurso propõe um sobrevoo histórico pela questão agrária nacional, dividindo-se em momentos expositivos com explanações teóricas e contextualização histórica, e em momentos de leitura de documentos e discussão sobre possíveis fontes arquivísticas e metodologias. A depender do número de participantes serão realizadas discussões em grupo sobre os temas apresentados. Serão indicadas sugestões de bibliografia para aprofundamento posterior, bem como materiais didáticos e filmografia. A estrutura do minicurso será dialógica, de tal modo que a participação ativa é fundamental para a sua realização e o efetivo aprendizado.

14h00 Origens históricas de Yahweh: o deus de Israel e Judá Minicurso
Local: Auditório

O minicurso propõe analisar a ascensão do deus Yahweh em Israel Norte e em Judá. A investigação pretende, além disso, mapear os grupos responsáveis pelo interesse em promover a religião javista. Portanto, a apresentação focará tanto no elemento imaginário religioso como nos aspectos ideológicos dos grupos hegemônicos em Israel e Judá.

19h00 Mesa 05: Tutela militar e transição democrática: problemas do presente e possibilidades interdisciplinares na historiografia da ditadura Mesa-redonda
Local: Anfiteatro 1

Esta mesa propõe uma análise crítica da transição democrática brasileira, destacando o caráter pactuado do processo e suas limitações no enfrentamento das estruturas autoritárias da ditadura militar. A famosa declaração de José Sarney, de que a transição foi feita "com os militares", aponta para a permanência da tutela militar, refletida em aspectos como a Lei da Anistia, que protegeu agentes da repressão, e no Artigo 142 da Constituição de 1988, frequentemente evocado pela extrema-direita. A transição, marcada pela ausência de punição aos crimes de direitos humanos cometidos pela ditadura, trouxe à tona um legado político e institucional que permanece controverso. A não responsabilização dos militares permitiu que muitos permanecessem em posições de influência, enquanto a memória coletiva foi moldada por disputas sobre o significado da anistia, o papel dos militares e as vítimas do regime. No contexto latino-americano, a experiência de reconstituinte do Chile e as demandas por uma nova constituição na Colômbia ilustram as questões comuns de transição e memória. Na historiografia, surgem questões sobre os marcos que delimitam o início e o fim da ditadura, sobre a natureza da "Constituição Cidadã" e se ela representa uma ruptura ou uma continuidade com o regime autoritário. Assim, o debate busca compreender as lacunas deixadas pela transição e as formas de dominação e esquecimento perpetuadas na democracia brasileira, estimulando reflexões sobre a atualização de instituições e memórias que ainda sustentam elementos do passado antidemocrático.

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Local

Universidade Federal de Juiz de Fora, 36036-900, Rua José Lourenço Kelmer, São Pedro, Juiz de Fora, Minas Gerais
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Organizador

XL Semana de História

A Semana de História da Universidade Federal de Juiz de Fora é um evento anual realizado por estudantes da graduação e pós-graduação em história, cuja programação inclui conferências, mesas redondas, simpósios temáticos, comunicações livres, minicursos e atividades culturais.