XXXIX Semana de História da Universidade Federal de Juiz de Fora

XXXIX Semana de História da Universidade Federal de Juiz de Fora

"História dos povos originários: ancestralidade, colonialidade e resistência"

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De 6 a 10 de novembro Todos os dias das 08h00 às 23h59

Sobre o Evento

Este evento possui transmissão ao vivo.

As nações existentes na contemporaneidade, podem ainda não ser entendidas e constituídas com um conceito de Identidade, por exemplo, porque ainda a voz que delas e através delas, fala é a voz eurocêntrica. Sobre uma ótica e uma perspectiva de olhar a memória para além do físico, entender os olhares, as transformações na oralidade, os preconceitos e os debates que a permeiam dentro dessa fluidez, faz-se pertinente entender o papel e a importância dos povos originários na construção de um país, não só pelas formas que o senso comum abarca, mas pelas formas como a historiografia deve entendê-los e trabalhá-los. Como corrigir as esferas de povos originários que caíram no esquecimento, cultural, política e socialmente? É por meio de questões como essas, que há a necessidade de pesquisar e compreender as memórias que permitem esses povos a resistir e existir. Suas línguas são reflexo na memória linguística da língua do colonizador, na memória cultural, seus costumes, conhecimentos e tradições foram suprimidos e substituídos pela “cultura” do colonizador. Essas demandas escancaram também as questões que dizem respeito ao processo civilizatório, como discutido pelo autor Norbert Elias, e como o caráter social na formação dos indivíduos, está associado a uma visão suposta de “civilização”, em comparação aos “não civilizados”. Como entender e apoiar as forças de resistência por eles mobilizadas, no passado e no presente? Perceber os movimentos que giram em torno de uma luta ativa, sua força, suas perspectivas diversas ou comuns e o seu desenvolvimento como forma de fortificação e reação. Além disso, a força também de uma ancestralidade, da ocupação física, intelectual, social e política que deve ser reforçada cada vez mais pela presença de seus representantes, retoma a necessidade de um debate e de uma luta em torno das suas demandas e do respeito e entendimento as suas pautas.

Palestrantes

  • Alfredo Nava Sánchez
  • Helena Azevedo Paulo de Almeida
  • Carmen Teresa Gabriel Le Ravallec
  • Lavínia Rocha
  • Luciana Christina Cruz e Souza
  • Glicéria Tupinambá
  • Luiza Tombini Wittman
  • Maria Regina Celestino de Almeida
  • Marcelo Sant'Ana Lemos
  • Inaiê Apoena Pataxó
  • Churiah Puri (Aline do Carmo Rochedo)
  • Laís dos Santos
  • Carolina Martins Saporetti
  • Tarcísio Greggio
  • Márcia Cristina Vieira Falabella
  • José Luiz Ribeiro
  • Luciane Monteiro Oliveira
  • Potyra Guajajara
  • José Urutau Guajajara

Programação

14h00 - José Urutau Guajajara, Potyra Guajajara Construindo um novo futuro: a vivência indígena como um horizonte urgente Abertura
Local: Anfiteatro 1

As nações existentes na contemporaneidade, podem ainda não ser entendidas e constituídas com um conceito de Identidade, por exemplo, porque ainda a voz que delas e através delas, fala é a voz eurocêntrica. Sobre uma ótica e uma perspectiva de olhar a memória para além do físico, entender os olhares, as transformações na oralidade, os preconceitos e os debates que a permeiam dentro dessa fluidez, faz-se pertinente entender o papel e a importância dos povos originários na construção de um país, não só pelas formas que o senso comum abarca, mas pelas formas como a historiografia deve entendê-los e trabalhá-los. Como corrigir as esferas de povos originários que caíram no esquecimento, cultural, política e socialmente? É por meio de questões como essas, que há a necessidade de pesquisar e compreender as memórias que permitem esses povos a resistir e existir. Suas línguas são reflexo na memória linguística da língua do colonizador, na memória cultural, seus costumes, conhecimentos e tradições foram suprimidos e substituídos pela “cultura” do colonizador. Essas demandas escancaram também as questões que dizem respeito ao processo civilizatório, como discutido pelo autor Norbert Elias, e como o caráter social na formação dos indivíduos, está associado a uma visão suposta de “civilização”, em comparação aos “não civilizados”. Como entender e apoiar as forças de resistência por eles mobilizadas, no passado e no presente? Perceber os movimentos que giram em torno de uma luta ativa, sua força, suas perspectivas diversas ou comuns e o seu desenvolvimento como forma de fortificação e reação. Além disso, a força também de uma ancestralidade, da ocupação física, intelectual, social e política que deve ser reforçada cada vez mais pela presença de seus representantes, retoma a necessidade de um debate e de uma luta em torno das suas demandas e do respeito e entendimento as suas pautas

19h00 - Alfredo Nava Sánchez, Churiah Puri (Aline do Carmo Rochedo) Mesa 1: 'O AVESSO DA HISTORIOGRAFIA: POVOS ORIGINÁRIOS EM ABYA YALA, DISPUTAS EPISTEMOLÓGICAS E CONSTRUÇÃO DE SENTIDO DO CONTINENTE.' Mesa Temática
Local: Anfiteatro 1

Até a chegada dos colonos europeus ao território hoje conhecido como América Latina, a Europa ocupava uma posição marginal nos grandes centros mercantis, cuja grande referência era Constantinopla. Foi apenas a partir descoberta de uma nova rota comercial e, posteriormente, com a colonização do chamado Novo Mundo, ou seja, com a instauração do sistema-mundo moderno-colonial, que a Europa, e não mais a China, passou a ser considerada o centro do mundo, assumindo, assim, um papel crucial na empreitada colonial. A América se tornou, assim, a terra da acumulação primitiva do capital,1 possibilitando o desenvolvimento do capitalismo no continente europeu. É nesse sentido, portanto, que autores associados ao pensamiento decolonial, como Quijano e Wallerstein, argumentam que sem a invasão e conquista do território americano não haveria capitalismo.2 Nesse contexto, o termo “América Latina” foi desenvolvido pela intelectualidade política francesa em meados do século XIX no intuito de diferenciar-se dos interesses anglo-saxões, sobretudo frente à franca expansão dos Estados Unidos. Por outro lado, o nome também foi reivindicado pelas elites criollas como afirmação contra as metrópoles europeias no contexto das independências hispano-americanas.3 Embora ainda sem designação nominal, a noção da existência de duas Américas já vinha sendo anunciada desde a década de 1820 através da denúncia da Doutrina Monroe por Simon Bolívar, caracterizando, portanto, um território no qual as experiências da colonização, exploração, dominação e resistência foram mais ou menos compartilhadas, contrastando, ainda, com a história e interesses, sobretudo, dos estadounidenses. Contudo, a noção de “América Latina” ofusca os grupos que compõem a história do continente, porém longe da ideia de “latinidade”, ou seja, os povos originários residentes nesta terra, cuja população estimada é de cerca de 50 a 90 milhões de habitantes, divididos em dezenas de nacionalidades, como maia, kuna, chibcha, mixteca, zapoteca, ashuar, huaraoni, guarani, tupinikin, kaiapó, aymara, ashaninka, kaxinawa, tikuna, terena, quéchua, karajás, krenak, araucanos/mapuche, yanomami, xavante, entre outras.4 Herdeira da colonização, a colonialidade do saber implica uma visão eurocêntrica e evolucionista da história humana, invisibilizando as experiências de resistência à dominação econômica, política e cultural - haja vista a padronização das línguas latinas no continente. O conceito de Abya Yala, em contrapartida, é uma designação oriunda do povo Kuna - original da Serra Nevada, no norte da Colômbia, e atualmente, residente na costa caribenha do Panamá - cujo significado é “Terra madura” ou “Terra em florescimento” e vem sendo resgatada por diferentes comunidades originárias no intuito de construir um sentimento de unidade e pertencimento. Desde a década de 1990, as pesquisas históricas sobre os povos indígenas no Brasil têm crescido numérica e qualitativamente. Aqui, os conceitos de etno-história e história sob cosmologia de povos nativos aparecem como elementos importantes para a pluralidade do debate. O primeiro, refere-se à abordagem interdisciplinar, crítica às tendências eurocêntricas, que combina elementos da etnologia e da história de modo a refletir sobre as culturas e sociedades indígenas a partir de uma perspectiva histórica. O fim último é compreender os povos originários não apenas como objetos de estudo, mas também como agentes ativos na construção do processo e conhecimento histórico, partindo da premissa que estes povos possuem suas próprias formas de preservar e transmitir a memória coletiva, bem como uma relação distinta com a natureza e a comunidade, e essa tradição oral, baseada em ritos, mitos e práticas culturais específicas pode fornecer reflexões valiosas sobre sua própria história - aspectos que talvez passassem despercebidos ao olhar europeu. Ao adotar uma abordagem etno-histórica, os pesquisadores trabalham em estreita colaboração com comunidades indígenas, envolvendo-as ativamente no processo de pesquisa e interpretação dos dados históricos, possibilitando o enfrentamento de narrativas dominantes. Isso é feito por meio de entrevistas, consultas aos anciãos e especialistas tradicionais, análise de narrativas orais e outros materiais culturais relevantes. A etno-história também se baseia na análise crítica de fontes históricas escritas, como documentos coloniais, relatos de viajantes e registros missionários, levando em consideração os contextos culturais e políticos em que essas fontes foram produzidas. Nesse sentido, o objetivo desta mesa é refletir sobre a disputa epistemológica e a construção de sentidos no continente comumente conhecido como América Latina, os espaços de experiência e horizontes de expectativas associados à defesa de Abya Yala; buscando compreender, sobretudo, o protagonismo dos povos originários na história do continente. É necessário pensar ainda o papel da historiografia - e das Ciências Humanas em geral - na recuperação destas "histórias dos vencidos" no sentido de abrir novas possibilidades de lutas políticas, e o peso da análise da etno-história sob a historiografia brasileira e como suas relações influenciam a nossa relação da perspectiva de visão sob povos originários e a extensão do seu significado

08h00 Simpósios Temáticos - Online - Terça Simpósio Temático
Local: Google Meet

ST 1 - Antiguidade e Medievo: possibilidades de diálogos.

Proposto por: Denise da Silva Menezes do Nascimento, Matheus da Silva Carmo, Ismael da Silva Nunes, Aieska Pandolfi Monfardini

ST 2 - Diálogos Decoloniais entre as Populações da África e Ásia nos Séculos XVI ao XX.

Proposto por: Yuri Alan Maciel Tesch, Lucas Emanuel Rocha Vicente

ST 3 - Fronteiras, territórios e sociedade: séculos XVIII e XIX.

Proposto por: Débora Mariana de Souza Freitas, Tiago de Castro Braga, Helena Amaral Sant Ana, Igor Nogueira Lacerda

ST 4 - Imprensa e Gênero nos séculos XIX e XX.

Proposto por: Natália Lopes de Souza, Olga Mattos de Lima e Silva, Laura Junqueira de Mello Reis

ST 15 - Preservação do patrimônio cultural e o direito à memória: os desafios da contemporaneidade.

Proposto por: Danielle Aparecida Arruda, Isadora Parreira Ribeiro, Carolina Martins Saporetti

ST 7 - Intelectuais, imprensa e propaganda: redes transnacionais de circulação de ideias ao longo do século XX.

Proposto por: Ana Júlia Correa Ferreira, Fernanda Gallinari Mussi, Larissa Frazão Silva

08h00 Simpósios Temáticos - Presencial - Terça Simpósio Temático
Local:

ST 01 - Na dinâmica do ultramar português: sujeitos e instituições nos universos do Antigo Regime nos trópicos (XVIII - XIX).

Proposto por: Gyovana de Almeida Félix Machado, Beatriz Sales Dias, Gabriela de Andrade Ferreira, Pâmela Ferreira Campos

ST 02 - História das Américas: um continente de tensões.

Proposto por: Hevelly Ferreira Acruche, Júlia Delage Gomes Sabino, Marian Soares Nascimento

10h00 - Alfredo Nava Sánchez Américas em Discussão Roda de Conversa
Local:

Roda de conversa organizada pelo Programa de Pós-graduação em História em parceria com a XXXIX Semana de História da UFJF e o LAHES (Laboratório de História Econômica e Social).

14h00 - Carolina Martins Saporetti Movimentos Sociais: preservação, memória e resistência - CECOM Minicurso
Local: Auditório 3

Este minicurso busca ressaltar a importância da preservação da memória dos movimentos sociais, colocando os documentos produzidos por estes grupos como fontes de informações e conhecimentos. Dessa forma, os movimentos sociais são considerados atores ativos em suas trajetórias e mostram as dicotomias de pessoas que estão excluídas pelas estruturas socioeconômicas do capitalismo. A elaboração, o uso e a organização/preservação dos documentos são fatores fundamentais para o próprio andamento desses movimentos. Por isso, seus documentos não são vistos apenas como objetos de estudos e pesquisas externas, mas como meio de registro das atividades e, portanto, estão presentes no cotidiano dos grupos.

Tendo como estudo de caso o acervo do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Juiz de Fora, custodiado no Centro de Conservação da Memória da mesma instituição, serão apresentadas algumas especificidades sobre os documentos deste órgão do movimento estudantil, que podem ser relacionados a documentos de outros movimentos sociais, buscando, assim, introduzir algumas questões sobre cuidados nas produções e difusão destes materiais destacando estes como lugares de memória, sendo assim, fontes que contextualizam a história desses grupos. Objetiva-se conscientizar sobre a necessidade de construir bases para ações de preservação de parte da memória coletiva dos movimentos sociais e para a compreensão da importância do resgate informacional.

19h00 - Helena Azevedo Paulo de Almeida Mesa 2: 'RESISTÊNCIA, SOBREVIVÊNCIA E JUSTIÇA: A CONTÍNUA LUTA POLÍTICA DOS POVOS INDÍGENAS.' Mesa Temática
Local: Anfiteatro 1

A luta dos indígenas no Brasil não é atual, ela perpassa séculos de opressão e resistência. Contudo, voltando-se para a história da instauração e consolidação da República percebe-se o início de problemáticas que acompanham os povos originários até hoje. Os povos indígenas foram excluídos da cidadania e, para conquistá-la, precisariam primeiro deixar de ser indígenas em nome de uma integração à nação brasileira (MARÉS, 1983). O Código Civil brasileiro de 1916 classificava os indígenas como “relativamente incapazes” de exercer a cidadania plenamente. Dessa forma, ele colocou sobre os povos originários do Brasil um estereótipo de infantilização, sendo enxergados através de uma perspectiva positivista como aqueles que se tornarão brasileiros. Indígena era um estado a ser superado e não uma identidade. Os indígenas lutam por uma cidadania que por conceito é territorializada e temporalizada. Esse conceito traz sérios riscos para as populações indígenas, pois o Estado nega a eles o seu direito à terra, uma vez que a propriedade comunitária não existe juridicamente. Os indígenas detêm a terra, mas a propriedade sobre ela é da União. De acordo com Marés: “A definição do índio enquanto cidadão como os “demais brasileiros” “não deve ser entendida como mero gesto altruísta do Estado na busca da integração do ‘povo brasileiro’, mas trata-se de não reconhecer as nações indígenas e seus territórios e, em consequência, impedir que as nações se autodeterminem e imponham o ritmo e os modos de desenvolvimento dentro de seus territórios. Trata-se, na verdade, de não reconhecer o índio como cidadão brasileiro, mas suas terras como território brasileiro e [...] a negação da existência de nações indígenas capazes de atribuir cidadania a seus nacionais” (RAMOS, 1991, p.5 apud MARÉS, 1983, p.44, 46-7). Durante a Ditadura Civil-Militar essas questões se intensificaram, os povos indígenas continuaram a ser vistos como o “outro”, um obstáculo nas estradas do progresso, constituídas pelos interesses econômicos do regime e de empresas privadas. É um período marcado pela militarização e repressão física contra esses povos, mas também por outros tipos de violências. O território é um ponto central para as comunidades de diferentes etnias, onde se enraíza uma profunda relação de reprodução cultural, espiritual, material e de subsistência, onde se constrói uma relação de comunhão com a terra em diferentes naturezas, não de exploração. Em nome de uma imposta “Civilização” se empreendeu um amplo processo de remoção, encarceramento, apropriação e comercialização de territórios. Isso implicou no assasinato de milhares de pessoas e a destruição sistemática de modos de vida de diferentes etnias. (TOMMASI EVANGELISTA, 2019). Consequentemente, desde os anos 1970 ocorre um fortalecimento de movimentos políticos indígenas, muito influenciado pela realização de assembléias indígenas articuladas pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e pelo surgimento de diferentes lideranças indígenas com projeções regionais, nacionais e internacionais sob a liderança da União das Nações Indígenas (UNI), levando a criação de uma frente ampla pela defesa de seus direitos. Esses esforços de organização e luta significaram diversos avanços, entre eles a reivindicação de direitos no Congresso Nacional Constituinte de 1988 e a demarcação e regularização de terras indígenas (BANIWA, 2007). Apesar disso, essas feridas se encontram abertas e recrudesceram nos últimos anos. Rafael Xucuru-Kariri (2022) analisa as Cartas dos Povos Indígenas ao Brasil, projeto apoiado pelo CNPq com o objetivo de criar um arquivo sobre a visão de indivíduos, povos e organizações indígenas sobre como é viver no Brasil. As cartas enviadas entre 2018-2021 representam um terço das cartas enviadas em 20 anos, esse volume é associado a mortes pela inação do Governo no combate à pandemia e pela diminuição dos seus direitos sobre o território. O autor percebe a associação dos remetentes entre o Governo Bolsonaro com a Ditadura Civil-Militar, constatando que ambos foram regidos pelo mesmo princípio: o da integração. Segundo Ailton Krenak (2015, 249), o início da organização indígena nos anos 1970-80 significou uma segunda descoberta do Brasil, dessa vez pelos indígenas. Mesmo sendo simbolicamente donos do Brasil, terão que lutar diariamente para existir neste espaço. Essas lutas seguem em evidência no debate político nacional atualmente. Essas questões - como o retrocesso das recomendações da Comissão Nacional da Verdade (CNV) sobre os direitos indígenas; bem como a nota técnica do MPF sobre a criação de uma CNV própria para apurar os crimes cometidos contra os povos indígenas entre 1946- 1988 além dos últimos anos; crise humanitária Yanomami; o debate acerca da PL 490/07 e as discussões sobre o Marco Temporal; além da criação do Ministério dos Povos Indígenas e seus impasses - são consequências das problemáticas iniciadas na República. Dada essa discussão, entendemos que há uma continuidade desses processos históricos que perpassam a luta e resistência indígena. A partir disso, espera-se desta mesa um debate atual, desde a relação entre a República e a chamada “questão indígena”, o conceito de cidadania e a forma como é aplicado para as populações indígenas ao longo do período em debate, como ele afeta o processo de integração desses povos à sociedade brasileira e, consequentemente, o apagamento do que eles sofreram durante a Ditadura Militar no Brasil. Além disso, espera-se também que seja debatido a ligação da terra com a identidade dos povos originários brasileiros, como o desrespeito às demarcações existentes e a retirada da posse indígena sobre vários espaços afeta a sobrevivência dos povos e influencia no contínuo silenciamento das necessidades indígenas no Brasil e como eles se organizam politicamente contra as violências que sofrem. Esse debate objetiva a reflexão sobre os caminhos que os direitos dos povos indígenas estão tomando dentro do cenário político brasileiro atual e como esses podem ser nocivos à resistência desses povos e à justiça que eles necessitam pelos anos de sofrimento silenciado

08h00 Simpósios Temáticos - Online - Quarta Simpósio Temático
Local: Google Meet

ST 5 - Pensar o Brasil, pensar as províncias: política, economia e sociedade na formação do Império do Brasil.

Proposto por: Felipe da Silva Barbosa

ST 14 - História e Educação: Práticas, Políticas e Reformas Educacionais no Sul Global.

Proposto por: Eduardo Pereira, Alana Lemos Bueno

08h00 Simpósios Temáticos - Presencial - Quarta Simpósio Temático
Local:

ST 03 - Narrativas em disputa: Temas e abordagens em torno dos sujeitos subalternizados da história.

Proposto por: Dayana de Oliveira da Silva, Luís Roberto da Silva Cruz, Nathaly de Souza Silva

ST 04 - Ensino de História em tempos difíceis: produzindo resistências por meio de histórias outras.

Proposto por: Marcus Leonardo Bomfim Martins, Maria Beatriz de S. Thiago Ragon

14h00 - José Luiz Ribeiro, Márcia Cristina Vieira Falabella “Ritos teatrais” - Fórum da Cultura Minicurso
Local: Auditório 3

Vivência corporal e vocal como expressão e ritualização social. Jogos teatrais e improviso como prática de comunicação.

14h00 Uma imersão na escrita literária. Quais os primeiros passos para quem quer escrever um livro! Oficina
Local: Auditório 1

Uma imersão na escrita literária. Quais os primeiros passos para quem quer escrever um livro!

19h00 - Laís dos Santos, Carmen Teresa Gabriel Le Ravallec, Lavínia Rocha Mesa 3: 'A DEMARCAÇÃO DOS SABERES: PARADIGMAS DA EDUCAÇÃO OCIDENTAL E AS COSMOLOGIAS INDÍGENAS.' Mesa Temática
Local: Anfiteatro 1

Qual o rosto do saber histórico escolar ocidental? Em um cenário de naturalização do tempo e unidade dos sentidos, o Ensino de História assume um caráter narcísico que representa, dessa forma, somente um ser humano, com feições específicas e traços delimitados: o homem branco europeu que, como dito por Kopenawa (2015), sonha muito, mas com seu reflexo. Na construção dessa narrativa, as salas de aula operam com limites, fronteiras muradas que não permitem o contato e relações de ensino-aprendizagem que permitam encontros felizes, mas excludentes e que minam a potência de vida dos estudantes contemporâneos. Nesse cenário, não há espaço para as cosmologias indígenas se manifestarem e se constituírem como saberes fundamentados em suas próprias cosmovisões, uma vez que, destacado por Brighentti (2021), são cooptadas e “anexadas” em livros didáticos e seus significados transpostos. Dessa forma, ainda que, atualmente, exista na legislação brasileira a Lei No 11.645, de 10 de março de 2008, que garante aprendizado da temática "História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena" em sala de aula, cabe-nos, como compromisso ético, questionar até que ponto, afinal, os saberes dos povos nativos são incorporados como fontes válidas de produção de conhecimento histórico escolar. É inegável que existir uma lei que obrigue que tais temas sejam abordados em sala de aula nos evidencia a tentativa de apagamento de debates que poderiam diminuir a perpetuação de um pensamento racista, visto que a escola é um espaço de disputa latente e permanece reproduzindo narrativas eurocêntricas e de silenciamento. Portanto, a mesa “A Demarcação dos Saberes: Paradigmas da Educação Ocidental e as Cosmologias Indígenas” propõe o despertar e realizar a manutenção de reflexões docentes que evidenciem a desnaturalização de conceitos ocidentais, as discussões de memórias, de multiplicidade de saberes e cosmovisões e, além disso, dos instrumentos de ensino em destaque hodiernamente. A fim de, desse modo, romper com critérios de uma história única que “demarca” e hierarquiza as identidades e relações de existência em busca de, por fim, contribuir na construção de escolas que operem com aulas tentaculares que assumam diversos rostos, inclusive, os rostos indígenas em suas especificidades e demandas históricas.

08h00 Simpósios Temáticos - Online - Quinta Simpósio Temático
Local: Google Meet

ST 8 - Resistências entre 1960 e 1980.

Proposto por: Geovane Constantino Bitencort da Costa, Emilla Grizende Garcia

ST 9 - História e Historiografia do crime, criminoso e criminalidade e das suas representações.

Proposto por: Iolanda Chaves Ferreira de Oliveira, Alan da Silva Dias, Aléxia de Santana Rosa

ST 10 - História e Memória LGBT.

Proposto por: Júlia de Castro Martins Ferreira Nogueira, Ana Cecília Pereira Batista

ST 11 - A incorporação dos indígenas e das indígenas mulheres na História do Brasil Republicano: protagonismos, (re)existências e cidadania.

Proposto por: Flávio Luciano da Anunciação, Ana Valéria dos Santos Silva, Ivanilson Martins dos Santos, Verônica Araújo Mendes

ST 12 - Diálogos entre patrimônios, memória e história oral.

Proposto por: Junia Helena Ferreira Dos Santos, Jonatan da Silva Ribeiro, André Cesari Batista de Lima, Aron Giovanni Alves de Oliveira

08h00 Simpósios Temáticos - Presencial - Quinta Simpósio Temático
Local:

ST 05 - Teorias da História & pluralidade histórica: desafios contemporâneos ao historiador e à sua (in)disciplina.

Proposto por: Ricardo Vicente da Cunha Júnior, João Victor de Oliveira Calegari, Edmo Videira Neto

14h00 - Tarcísio Greggio Museus na prática: o caso do Memorial da República Presidente Itamar Franco. Possibilidades de trabalho e de pesquisa. MEMORIAL ITAMAR FRANCO Minicurso
Local: Auditório 3

O objetivo do minicurso é apresentar questões práticas, teóricas e institucionais relativas ao universo dos museus a partir do caso do Memorial da República Presidente Itamar Franco (MRPIF), vinculado à Pró-Reitoria de Cultura da UFJF. Inaugurado em 2015, o Memorial abriga o importante acervo que pertenceu ao Presidente Itamar Franco. São livros, quadros e objetivos museológicos, além de farta documentação de grande relevância histórica e interesse público.

14h00 - Luciane Monteiro Oliveira Oficina de Expressões Tecnológicas - MAEA Minicurso
Local: Auditório 2

Com o emprego da técnica indígena de confecção de cerâmica (rolete), os participantes são convidados a manipularem o barro (argila) com vistas a produção de formas e vasilhames. Além de apreenderem, por meio da resistência da matéria, as técnicas da fabricação do artefato e da diferença entre as formas idealizadas e as realizadas, que requerem habilidades e competências, será demonstrada a importância da cerâmica na história da humanidade. Em termos de Brasil, os povos indígenas que habitavam e habitam nosso território nacional também são exímios ceramistas, que confeccionam desde grandiosas e resistentes urnas funerárias a delicados brinquedos.

19h00 - Luiza Tombini Wittman, Glicéria Tupinambá, Luciana Christina Cruz e Souza Mesa 4: 'PATRIMÔNIO EM CRISE: O GRITO DOS POVOS ORIGINÁRIOS EM FACE ÀS MEMÓRIAS ENTERRADAS.' Mesa Temática
Local: Anfiteatro 1

Ao pensar a construção e consolidação da identidade e representatividade de um povo, logo depreendemos a importância do Patrimônio Histórico como ferramenta crucial na preservação de memórias, sendo estas, elementos constituintes das subjetividades individuais e coletivas. Nesse sentido, tendo como foco a relação entre patrimônio e povos originários, cabe salientar que, atualmente muito tem-se discutido sobre a temática tendo em vista a recém aprovada PL 490/07, a saber, uma nova demarcação das terras de nativos, a partir da data de promulgação da Constituição Federal, obriga-os a retirar-se de terras certamente ocupadas pelos mesmos a muito tempo. Assim, nota-se a relevância de tal tema e de seu debate para a sociedade hodierna. Diante disso, outros aspectos merecem atenção, no que diz respeito a desvalorização do patrimônio histórico nativo, ou seja, o menosprezo e apagamento da história desses povos. Sob esta ótica, apesar das manifestações socioculturais dos nativos serem grandes responsáveis pela construção das matrizes socioculturais do Brasil, por exemplo, enorme quantidade de brasileiros é preconceituoso diante do modo de vida, da música, dos bens, das construções nativas. Nesse sentido, pode-se perceber que se nem há a compreensão de como a identidade brasileira foi formada, como vão enxergar e valorizar seu próprio Patrimônio? Quando se atribui mais valor e respeito à estátua de um bandeirante do que a uma edificação indígena, está evidente quais vozes estão sendo ouvidas e quais gritos silenciados. Consoante a isso, é fundamental o entendimento dos povos originários como indivíduos atuantes na própria história, nutridos de pessoalidade, de vontades, de desejos. Trata-se de reconhecer todo sofrimento e dor sentida, todo o sangue derramado, todos os corações dilacerados, mas não reduzir o povo nativo apenas ao lugar de uma vítima passiva. Contudo, uma historiografia eurocêntrica fortalece tal visão errônea, posto que não está interessada em realmente enxergá-los, mas sim em defini-los como impedidores do desenvolvimento, representantes da ignorância, desmerecedores da conservação e preservação de seus patrimônios e de suas memórias. Ademais, tal discussão deve partir da gênese dos conceitos sobre a temática, já que muitos deles ainda não foram totalmente assimilados, e desenvolver-se até alcançar a atualidade e povos originários de diversos locais, mais especificamente da América. Também, é relevante a abordagem de novas formas de definição do que é Patrimônio Histórico para um povo, pois atualmente tem se buscado questionar ao próprio povo o considerado como Patrimônio, rompendo com uma escolha “externa”, muitas vezes proporcionada por uma historiografia eurocêntrica que não contempla a riqueza cultural desses povos. A exemplo desse novo método, pode-se citar Sarandira, distrito de Juiz de Fora, Minas Gerais, onde seu povo pôde selecionar seus próprios patrimônios. Por conseguinte, ainda há inúmeras possibilidades que um vínculo interdisciplinar entre o Patrimônio Histórico e a Arqueologia têm a oferecer no estudo das ancestralidades e memórias dos povos originários. Logo, ao buscar a valorização do patrimônio dos povos nativos visando impedir o apagamento de suas memórias e subjetividades bem como reconhecê-los como seres humanos e não meros objetos de estudo de uma historiografia maculada de preconceitos, pretende-se deixar o corpo da desigualdade cadavérico, permitir que os gritos sejam escutados, a violência denunciada, a opressão enfraquecida, a vida possibilitada

08h00 Simpósios Temáticos - Online - Sexta Simpósio Temático
Local:

ST 13 - Tramas Sociais, Conflitos, Poder e Economia no Brasil.

Proposto por: Randolpho Radsack Corrêa, Patrícia de Oliveira Guerra Radsack Corrêa, Vinicius Maia Cardoso, Arthur da Costa Orlando

ST 6 - Mulheres, gênero e regimes autoritários no século XX.

Proposto por: Elisa Fauth, Vitória de Almeida Machado

08h00 Simpósios Temáticos - Presencial - Sexta Simpósio Temático
Local:

ST 07 - Observatório da Extrema Direita: Reflexões historiográficas sobre as direitas no tempo presente.

Proposto por: Marco Antônio Campos e Souza, Mayara Aparecida Machado Balestro dos Santos, Gabriel Benedito Machado, Giovanna de Andrade Figueira

ST Comunucação livre - Coordenadoras: Gyovana de Almeida Felix Machado, Gabrielle Barra Tarocco

14h00 Possibilidades e Metodologias de uso da Bíblia Hebraica como documentação histórica. Minicurso
Local: Auditório 3

Dentro do campo da ética aplicada à pesquisa histórica, a análise de fontes é um ponto de partida crucial para a compreensão de qualquer período histórico específico. Isso sublinha a importância fundamental da documentação na pesquisa historiográfica. Além das fontes documentais, o historiador deve utilizar métodos de pesquisa que permitam extrair o máximo de informações disponíveis dessas fontes.
Levando isso em consideração, o historiador poderia se perguntar: "A Bíblia Hebraica (Antigo Testamento) pode ser entendida como documentação histórica pertinente à pesquisa?" Alguns pontos antagônicos a tal proposta podem ser os seguintes: 1- O texto bíblico é, em muitos momentos, teologizante, ou seja, coloca a divindade como sujeito ativo de muitas narrativas. 2- O texto bíblico é considerado sagrado para algumas tradições religiosas contemporâneas, o que gera um receio de que o pesquisador que a utiliza faça uma defesa "religiosa" do conteúdo que ela propõe.
No entanto, a pesquisa histórica especializada em Israel e Judá, atualmente, tem proposto metodologias para o uso do texto bíblico como documentação histórica, visto que, para a História Antiga de Israel e Judá, a Bíblia Hebraica se apresenta como um recurso documental relevante para o historiador, uma vez que contém uma quantidade significativa de informações relacionadas a essas sociedades antigas.
Para o uso histórico do texto bíblico, o mesmo não deve ser entendido como "inerrante" ou "revelado". Ele deve ser entendido como qualquer outra documentação antiga. Além disso, como proposta metodológica, aquele que se propõe a usar o texto bíblico como documentação deve se ater ao contexto histórico em que o texto por ele estudado foi escrito, visto que um determinado texto vai ter muito a dizer sobre o momento histórico que o produziu.
Deve-se levar em conta a distinção entre “Tempo da narrativa” e “Tempo do narrado”. O Tempo da narrativa é o momento em que determinado texto foi escrito, e o tempo do narrado é o momento em que o conteúdo que o texto remete ocorreu. Por exemplo, um texto escrito no século VII a.C., pode fazer referências a acontecimentos supostamente ocorridos no século X a.C. Mas, diante da distancia temporal que pode haver, e na maioria das vezes há, entre tempo da narrativa e tempo do narrado, o texto vai dizer mais sobre o contexto que o produziu que sobre o tempo da narrativa que ele remete.
Por fim, apesar de algumas passagens bíblicas serem teologizantes, cabe ao historiador compreender que a forma como os antigos escreviam era muito característica do seu contexto histórico. Portanto, o pesquisador, ao lidar com tais textos, deve se esforçar para extrair da documentação informações pertinentes, fazendo-a "falar".
O presente minicurso busca apresentar possibilidades e metodologias de uso do texto bíblico como documentação histórica para a antiguidade de Israel e Judá. Para isso, primeiro faremos um balanço sobre as supostas "dificuldades" de uso do texto bíblico como documentação, conforme apresentado anteriormente. Depois, faremos uma apresentação sobre as possíveis "respostas" a tais dificuldades, baseados não só na historiografia especializada no tema, mas também em textos de metodologia e pesquisa histórica.
]Logo após essa parte mais metodológica, faremos dois pequenos estudos de caso, onde mostraremos como um determinado texto bíblico pode trazer informações relevantes ao historiador. Primeiro, versaremos sobre o texto de 1 Samuel 16,18, onde o autor bíblico diz que "Iahweh estava com Davi". O texto foi, provavelmente, produzido no século VII a.C., momento onde Davi já havia morrido, mas seus descendentes (fundadores da dinastia davídica) desejavam fortalecer o seu poder em Judá. Para isso, eles exaltaram a figura do "fundador" da dinastia como sendo um rei que caminhou de acordo com os caminhos de Iahweh, para criar a imagem de que a divindade legitimava as ações monárquicas davídicas.
O segundo texto que apresentaremos será Deuteronômio 6,4-5, onde se diz que Iahweh é um e que o adepto ao culto dessa divindade deve amá-lo de todo coração. Esse texto também deve ser entendido no contexto do século VII a.C., e a ênfase que o autor bíblico dá no amor (entendido aqui como obediência) para com Iahweh, salienta a obediência ao "representante" terreno da divindade, ou seja, o rei. Então, o referido texto apresenta subsídios para o nosso melhor entendimento sobre a forma como os davídicos tentaram centralizar o seu poder no referido recorte histórico.
Ou seja, por mais que os dois textos referidos acima narrem acontecimentos que, supostamente, ocorreram antes do século VII a.C., eles tem muito a dizer sobre o momento histórico em que foram produzidos.
Depois dessa apresentação, nos propomos em trabalhar com outro texto, só que de uma forma distinta. Abordaremos o texto de 2 Reis 17ss, que fala sobre o exílio de Israel pelo império assírio. Depois da breve leitura desse texto, apresentaremos algumas fontes assírias que falam sobre o mesmo evento, só que a partir da perspectiva assíria. O objetivo disso é demonstrar que os textos bíblicos trazem o ponto de vista de seus autores sobre os eventos, mas os povos que são citados nos referidos eventos também têm a sua própria forma de narrar.
Por fim, falaremos como a arqueologia pode colaborar com o historiador que deseja trabalhar com o texto bíblico, visto que ela fornece, por meio da cultura material (vasos, estelas comemorativas de batalhas, ostrakos, edifícios, etc.), fontes que podem servir como contraponto aos textos. A cultura material pode confirmar ou contradizer o conteúdo dos textos bíblicos. Por exemplo, a Bíblia diz que durante o reinado de Davi e Salomão, havia um grande reino que compreendia os territórios de Israel e Judá. No entanto, a arqueologia não apresentou provas contundentes do referido reino, o que faz com que, provavelmente, o referido reino não seja historicamente verificado. Mas, quando ocorre de a arqueologia "contradizer" algumas informações bíblicas, o historiador não deve descartar o texto, mas sim se perguntar: por qual motivo se escreveu sobre isso? Certamente, não foi "do nada". Podemos tentar rastrear as raízes de composição do determinado texto, bem como suas ideologias.
Ao longo do minicurso, abordaremos algumas áreas do saber que podem colaborar com o historiador que deseja trabalhar com o texto bíblico como documentação histórica. Além da já citada arqueologia, a exegese bíblica também é imprescindível na pesquisa, visto que ela pode ajudar a melhor visualizarmos a temporalidade histórica em que o texto trabalhado foi escrito, ajudando na percepção das ideologias próprias que o formaram. A Ciência da Religião também pode colaborar profundamente com o historiador, visto que ela pode nos ajudar a melhor compreender o que é "religião", uma vez que as sociedades antigas (não só Israel e Judá, mas também Egito, as polis gregas, Roma, etc.) eram profundamente religiosas, e para o melhor entendimento das mesmas, precisamos levar em consideração o fator religioso, tão caro a elas.
O minicurso se propõe, assim, a fazer um caminho que se iniciará com debates referentes ao lugar das fontes e da metodologia de pesquisa na História, passando por algumas pequenas apresentações de estudos de caso e finalizando com a apresentação de algumas áreas do saber que podem ajudar na melhor compreensão da Bíblia Hebraica como fonte. Com isso, nos propomos a abrir os horizontes de pesquisa para os historiadores interessados nessa temática, sintetizando os debates historiográficos atuais sobre a compreensão da Bíblia Hebraica como documentação histórica. Além disso, buscamos introduzir no mundo da pesquisa sobre a antiguidade de Israel e Judá os historiadores que tenham algum interesse sobre o assunto, mostrando que essa forma de pesquisa é possível e evidente dentro da Ciência Histórica.

14h00 Perspectivas críticas para se pensar os caminhos entrelaçados entre museus, Museologia e Patrimônio Oficina
Local:

Oficina promovida pelo LAPA ( Laboratório de Patrimônios Culturais)

15h00 - Maria Regina Celestino de Almeida Escravidão, racismo e precarização da liberdade na história do Brasil: povos indígenas e afrodescendentes em perspectiva. Oficina
Local: Anfiteatro 1

Roda de conversas organizada pelo LABHOI/UFJF em parceria com o programa de Pós Graduação em História e XXXIX Semana de História UFJF.

Participação: Hebe Mattos, Maria Regina Celestino e Marcelo Lemos.

19h00 - Inaiê Apoena Pataxó, Marcelo Sant'Ana Lemos, Maria Regina Celestino de Almeida Mesa 5: 'RAÍZES RESISTENTES: A EXPRESSÃO CULTURAL DOS POVOS ORIGINÁRIOS COMO FORMA DE LUTA.' Mesa Temática
Local: Anfiteatro 3

A exploração dos conceitos de cultura e diversidade cultural desempenha um papel crucial na compreensão da identidade cultural dos povos originários. A cultura é um aspecto fundamental da existência humana, moldando crenças, valores, costumes e tradições que são transmitidos de geração em geração. Ao explorar a riqueza e a variedade de expressões culturais presentes em diferentes grupos étnicos e sociedades, é possível reconhecer a importância da diversidade cultural como um patrimônio valioso, que enriquece a humanidade como um todo. No contexto dos povos originários, a exploração desses conceitos é especialmente significativa, pois muitas vezes essas comunidades enfrentam desafios resultantes da colonização, assimilação cultural e marginalização. As narrativas predominantes tendem a enfocar apenas a perspectiva ocidental europeizada, das quais as visões sempre enfocam a visão romantizada da colonização, deixando de lado as vozes e experiências desses povos, gerando consequências profundas. A cultura desses povos é uma fonte de sabedoria ancestral, com práticas sustentáveis e um profundo respeito pela natureza. No entanto, essas contribuições frequentemente são relegadas ao esquecimento, enquanto se valoriza mais o conhecimento europeu. Além disso, a escassez de informações sobre a cultura dos povos originários os retrata de forma estereotipada e simplificada, como figuras primitivas ou folclóricas. Compreender sua identidade cultural através da sua ótica é um processo vital para a preservação de sua história, conhecimentos tradicionais e formas de vida únicas. A exploração da cultura e diversidade cultural permite uma apreciação mais profunda das experiências e perspectivas dos povos originários, promovendo o respeito, a valorização e a justiça para essas comunidades. Além disso, reconhecer e celebrar a diversidade cultural também é fundamental para a construção de uma sociedade mais inclusiva, que abraça e respeita todas as formas de expressão cultural. A contextualização histórica da presença dos povos originários em diferentes regiões do mundo revela uma rica pluralidade de culturas, tradições e formas de vida que têm resistido ao longo dos séculos. Esses povos, muitas vezes denominados povos indígenas, possuem uma conexão profunda com seus territórios ancestrais, nos quais suas identidades culturais foram moldadas ao longo de milênios. No entanto, a chegada do colonialismo e a subsequente colonização tiveram um impacto profundo e prejudicial nas culturas dos povos originários. O colonialismo trouxe consigo uma lógica de dominação, exploração e assimilação cultural, que resultou na marginalização e no desrespeito aos direitos dessas comunidades. A imposição de valores, crenças e práticas culturais dos colonizadores muitas vezes resultou na supressão e no enfraquecimento das tradições e conhecimentos dos povos originários. No entanto, a resistência e a resiliência dos povos originários têm permitido a preservação e a revitalização de suas culturas, e hoje há um movimento global de valorização e reconhecimento de sua contribuição para a diversidade cultural da humanidade. A discussão sobre os impactos do colonialismo e da colonização na cultura dos povos originários é fundamental para compreender as lutas e os desafios que essas comunidades enfrentam atualmente, bem como para promover a justiça, a igualdade e o respeito por sua identidade cultural. Buscando uma maior exploração do conceito de resistência cultural revela-se como a cultura dos povos originários tem sido uma poderosa forma de resistir frente à opressão e à assimilação cultural. Ao estudar as artes visuais, música, dança, literatura e outras expressões culturais desses povos, é possível compreender a importância dessas manifestações para a preservação de sua identidade e resistência cultural. Essas expressões culturais são uma forma de resistência, pois não apenas afirmam a diversidade cultural, mas também desafiam estereótipos e preconceitos, reafirmando a dignidade e a autonomia dos povos originários. Ademais, a diversidade sexual é uma realidade presente em todas as sociedades humanas, incluindo as dos povos originários. Nas culturas indígenas, muitas vezes encontramos uma compreensão inclusiva da sexualidade, que vai além das dicotomias de gênero ocidentais. A expressão sexual dos povos originários se torna, portanto, uma forma de resistência contra a imposição de normas e padrões sexuais externos, promovendo uma visão mais ampla e inclusiva da sexualidade humana. As manifestações culturais dos povos originários frequentemente incorporam e celebram essa diversidade. Através da arte, e diversos outros canais sociais, os povos originários expressam e valorizam suas identidades sexuais e de gênero. Podemos observar cerimônias de celebração da diversidade sexual, representações artísticas que desafiam estereótipos de gênero e a transmissão de conhecimentos tradicionais relacionados à sexualidade. Essas expressões culturais não apenas afirmam a diversidade sexual dentro das comunidades indígenas, mas também desafiam preconceitos e contribuem para a construção de uma sociedade mais inclusiva, que respeita e valoriza todas as formas de expressão da sexualidade humana. Para que ocorra então, a preservação dessas explosões de manifestação cultural e resgate de memória, é necessário a abordagem das leis e convenções internacionais que protegem os direitos dos povos originários. Diversos instrumentos jurídicos foram estabelecidos para salvaguardar os direitos dessas populações, como a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas e a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, dos quais reconhecem o direito à terra, à cultura, à identidade e à consulta prévia, entre outros direitos fundamentais. No entanto, a efetivação desses direitos enfrenta inúmeros desafios. Um dos principais obstáculos é a falta de implementação e respeito por parte dos Estados nacionais, que muitas vezes negligenciam as demandas e necessidades das comunidades indígenas em detrimento de interesses econômicos e políticos. Além disso, a luta pela terra e recursos naturais é uma questão central para os povos originários, resultando em conflitos e violações de direitos. A discriminação, o racismo e a marginalização também persistem, limitando o acesso igualitário a serviços básicos. A falta de participação efetiva das comunidades indígenas na tomada de decisões, afetando suas vidas e territórios é outro desafio significativo. É essencial promover a justiça social, o respeito à diversidade cultural e a valorização dos conhecimentos tradicionais dos povos originários, a fim de alcançar uma sociedade mais justa e inclusiva para todos. Portanto, é crucial explorar a cultura e a diversidade cultural para compreender plenamente a identidade desses povos. Compreender e disseminar essa compreensão é essencial para contribuir com a luta contra o apagamento e a marginalização que essas comunidades enfrentam

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Universidade Federal de Juiz de Fora, 36036-900, Rua José Lourenço Kelmer, São Pedro, Juiz de Fora, Minas Gerais
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XXXIX Semana de História da UFJF

A Semana de História da Universidade Federal de Juiz de Fora é um evento anual realizado por estudantes da graduação, cuja programação inclui conferências, mesas redondas, simpósios temáticos, comunicações livres, minicursos e atividades culturais.