O papel da assexualidade na estabilidade dos mutualismos
Eu trabalho no LESF com uma bolsa da FAPESP-JP para entender a estabilidade das relações mutualísticas. Nos mutualismos, a reprodução sexuada é frequentemente controlada pelo hospedeiro, por mecanismos desconhecidos. O mutualismo das formigas cultivadoras de fungos é uma associação obrigatória, na qual cada parceiro depende do outro para sobrevivência. Ao manterem o simbionte fúngico assexual, as formigas conseguem mantê-lo geneticamente estável, impedindo a alocação de recursos para a formação das estruturas sexuais do fungo (i.e., cogumelo). O objetivo é analisar como a assexualidade desse fungo é regulada, pela poliploidia e a presença de um terceiro microrganismo, um micovírus, uma vez que foi demonstrado que esses “castram” os fungos cultivados pelo homem. Combinando sequenciamento de DNA com experimentos in vitro, pretendo determinar o grau em que a diversidade genética do fungo se correlaciona com a eficiência como mutualista (isto é, a tendência do fungo de não desviar energia para a reprodução sexuada). Analisarei também o grau em que as formigas são capazes de afetar as taxas e os sítios de metilação de genes do fungo, que efetivamente ativa e desativa conjuntos de genes envolvidos na reprodução sexuada. Por fim, será investigado a presença dos micovírus e o papel desses na assexualidade. Para essa pesquisa eu uso genômica, filogenética, microscopia, microdissecção e outras ferramentas.