Informações
Apresentação
Sempre compreendo o que faço depois que já fiz.
Manoel de Barros
A palavra “formação” tornou-se frequente no vocabulário das políticas, dos cursos, dos estudos, das pesquisas de Educação, já faz algum tempo. Alguns estudiosos associam formação à especificidade dos estudos realizados em nível universitário, por estudantes, que, conquistando o grau acadêmico, legitimam sua formação inicial formal para atuarem como profissionais. Nesse sentido, formação refere-se a estudos certificados por instituições que estruturam determinada caminhada com vistas a responder determinada ação profissional com aspectos técnicos, conceituais, filosóficos circunscritos a certo domínio de conhecimento. Entretanto, podemos nos perguntar: quando começa a formação para um agir profissional? Existe limite para essa formação? Quando começa a formação de um professor? Quando começa a formação de um leitor?
Permitimo-nos pensar que a formação é processo sem fronteiras, embora não totalmente alheio a territórios. E se assim é, podemos pensá-la como caminhos de desenvolvimento da subjetividade em busca de uma configuração que busca também participar de uma organização maior, que muitas vezes se conflita com a impessoalidade do sistema para o qual procura, de alguma forma, confluir. Difícil estabelecer o início da formação de um indivíduo. Será que, ao ouvir o som de uma cantiga entoada pela mãe, o bebê, ainda no ventre, não estará percebendo o mundo já com o afeto e a afinação daquela melodia? Não estará ele formando uma tenra, mas definitiva relação subjetiva com a música, com a palavra, com a voz, com uma mulher, com a estrutura social que o espera?
Desenvolver-se para se tornar professor ou professora, pode começar quando o jovem ou a jovem ainda não se havia decidido pela profissão; quando as primeiras experiências de mundo o/a envolviam, marcavam, fascinavam. Se assim foi, o seu prosseguimento, a busca pela clara trilha a ser percorrida para ser professor/a também ocorre simultaneamente ao transformar-se em ser humano participante deste mundo. Nessa trajetória, a profusão de influências, de experiências se soma e faz desse caminho, não linear, a formação que constitui um ser humano, um/a professor/a.
Decorre dessa visão, que o/a professor/a precisa frequentar cursos específicos para atuar como profissional, disso não se duvida, e ele/ela precisa também de tudo o que é, como já o declarou Perrenoud (2001). Assim, o/a professor/a precisa da vida que lhe foi dada viver e desenvolver para chegar à condição que esperamos que tenha – de um/a parceiro/a de viagem mais experiente de seus aprendizes. Esse caminho pode ser de contínuo estruturar-se, desestruturar-se, reestruturar-se para abrir novo percurso; e dessa maneira, formar-se, formando.
Ao contrário do que parece, as novas modalidades de ensino não esvaziaram a profissão de professor/a. Deram-lhe outra dimensão, de alguém que já imerso na cultura, já ciente de que pode contribuir, acompanhar, e fortalecer seu aprendiz com a atitude acolhedora de quem conhece o valor inaugural de uma nova aprendizagem.
É nesse ponto, da compreensão do/a professor/a companheiro/a de viagem, que a literatura nos chega como um tecido de acolhimento e compreensão do que seja educar-se, crescer, desenvolver seu potencial e, assim, construir um lastro, que se prolongue sempre, se altere, se reinvente, pois a educação é sempre dinâmica, desafiadora, inquietante... A literatura acolhe o leitor no momento particular de sua caminhada, é desde sempre agregadora, por isso se oferece como instância de formação contínua. É o discurso que, em cativando ou desestabilizando, leva o leitor a atravessar fronteiras para encontrar o outro, para, em sendo outro, conhecer-se, aprender a empatia, e tantas dimensões do ser humano que em uma só existência pode nos escapar. Assim, vivendo outros personagens, acompanhando seus destinos, nos descubramos, e quem sabe experimentando na linguagem um pouco do que somos, sejamos melhores para nós, para os outros, melhores na nossa profissão, melhores para nossos educandos. Nessa experiência de aprendizagem, como o poeta, acreditamos que compreendemos melhor aquilo que realizamos, quiçá juntos, acompanhados.
A proposição deste seminário “formar leitores, formando-se” assinala justamente a ideia de companheirismo; todos ganham na jornada mediados por um texto, todos estão em formação. O ponto de encontro é apenas um momento desse trânsito sem fim, perene.
O 8º Seminário Educação e Leitura, nosso ponto de encontro, está organizado em conferências, mesas-redondas, que acontecem pela manhã, valorizando a oportunidade que temos de congregarmos todos os participantes e, assim, formarmos uma comunidade que compartilha ideias e sensibilidades. À tarde, acontecem os Simpósios das associações científicas e os dez Grupos de trabalhos (GTs), organizados em temas. Neste 8º SEL, incluímos os GTs Educação, Leitura e Corporeidade, pela relevância que reconhecemos do corpo na constituição do ser, do educar-se, e o GT Educação, Leitura e Direito, por ser área emergente, e que se torna bastante oportuna pelo momento que vivemos.
Incluem-se também, na estrutura vespertina do 8º Seminário Educação e Leitura, os minicursos, que são espaços voltados para o intercâmbio e a atualização de educadores em formação e em serviço, que têm a oportunidade de interação com especialistas de várias instituições brasileiras. Nos intervalos, acontecem as rodas de autógrafos com lançamentos de livros e atividades culturais.
A configuração exitosa do evento, que agrega educadores de todas as regiões do país, revela que o SEL e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte têm desempenhado papel importante na constituição de um fórum de troca de conhecimentos e de discussão relevante para a Educação e a Leitura no país. Neste momento particular, a realização do 8º SEL é demonstração de resistência e de compromisso com a educação pública laica para todos, com qualidade.
Estão presentes no 8º SEL a Association Internationale des Histoires de Vie en Formation – ASIHVIF; o Collège International de la Recherche Biographique en Éducation - CIRBE; a Associação Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica - BIOgraph; a Associação Norte-Nordeste das Histórias de Vida em Formação - ANNHIVIF; a Associação Francofone Internacional de Pesquisa Científica em Educação – AFIRSE/Seção brasileira; a Associação Brasileira de Linguística – ABRALIN ; a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística – ANPOLL, por meio do GT Leitura, Literatura Infantil e Juvenil. Compõem esse rol a Cátedra UNESCO de Leitura, o Instituto interdisciplinar de Leitura – PUC/Rio. As Associações agregam qualidade ao SEL, na medida em que atraem para o evento pesquisadores atuantes na vanguarda da produção do conhecimento em suas áreas específicas, promovendo interlocução com diferentes saberes, debate e arejamento sobre a questão estratégica que o SEL discute: a interface Educação e Leitura.
O 8º Seminário Educação e Leitura é uma realização da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN − por meio do Centro de Educação, com seus departamentos, e do Programa de Pós-Graduação em Educação filiado à Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação – ANPED. Conta com o apoio das seguintes instituições: o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, a Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal do Ensino Superior – CAPES, o Centro Universitário Facex – UniFacex.
O 8º SEL é planejado, organizado e executado pelos componentes do Grupo de Pesquisa Ensino e Linguagem – GPEL – que compõe a linha de pesquisa Educação, Comunicação, Linguagens e Movimento. É constituído por professores, estudantes de graduação, de iniciação científica e de pós-graduação, funcionários e voluntários, que, com seu entusiasmo, generosidade e competência, emprestam brilho e leveza ao evento. A logomarca e o projeto gráfico do 8º SEL foram desenhados pelo artista gráfico Ivan Cabral, membro do GPEL. A esse grupo laborioso e criativo, agradecemos o empenho.
A equipe organizadora do 8º SEL, no 70º aniversário da morte de Monteiro Lobato, sente-se honrada em participar do calendário de atividades que celebram os 60 anos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e os 40 anos do seu Programa de Pós-Graduação em Educação.
Sejam bem-vindos!
Natal, março de 2018.
Marly Amarilha e equipe
13 de novembro de 2018, 08h00 até 16 de novembro de 2018, 13h00
Praiamar Natal Hotel & Convention - Rua Francisco Gurgel,33, Ponta Negra, Natal - Rio Grande do Norte
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