O viés das ISOs na perspectiva do marketing: uma questão de sustentabilidade e ética

  • Autor
  • Víviam Lacerda de Souza
  • Co-autores
  • Fernando machado da Rocha , Lucivania Filomeno Ponte , Fernando Queiroz de Lira Alexandrino , Dalton Gomes Pereira
  • Resumo
  •  

     

    As normas e certificações ISO estabelecem requisitos mínimos de operação e contribuem, por exemplo, com melhores níveis do processo produtivo e a preservação ambiental. No entanto, tais méritos, uma vez adquiridos por uma empresa, não significam necessariamente que seus produtos e/ou serviços possuem excelência em qualidade e práticas sustentáveis. Muitas vezes, o que se observa é que as normas e certificações são pleiteadas para fins de uma melhor aceitação do consumidor e utilizadas como estratégia de marketing, Por meio de pesquisa bibliográfica e estudo de caso procurou compreender como as empresas utilizam as certificações como estratégias de marketing e persuasão. O corpus de análise desta pesquisa fundamentou-se no ranking das 1500 maiores empresas mercado brasileiro, tendo como critério a receita líquida de 2016, o que permitiu a seleção de um grupo de 18 empresas líderes nos setores e que usa as certificações como estratégia de marketing. Além disso, limitou-se as 10 marcas com o maior recall dentre todas as marcas geridas pelas 18 empresas: Vigor, Doriana, Friboi e Seara (JBS); O Globo; Suzano; Brastemp e Consul (Whirlpool); e Zero Cal e Episol (Hypermarcas). Diante do objetivo optou-se pela verificação de como os selos das certificações são apresentados nas embalagens, enquanto anteparos das estratégias de marketing destinadas ao consumidor final. Constatou-se que apenas a Suzano (detém as certificações ISO 9001 e ISO 14001) utiliza as certificações como instrumento de persuasão por meio do uso de selos em suas embalagens. Trata-se, portanto, de estudo de caso único.

    A certificação ISO 9001 evidencia que a Suzano oferece produtos e serviços de forma consistente e de boa qualidade (CAMPOS, 2015, p.11), a marca está em consonância com a utilização do selo. Até mesmo no que diz respeito as reclamações dos clientes, conforme dados do site reclame aqui, em 2018 a empresa respondeu de forma satisfatória a todas as 32 reclamações dos clientes. Dessa forma, a Suzano consegue estabelecer um nível de confiança entre os consumidores na empresa (PEATTIE; CRANE, 2005, BONINI; OPPENHEIM, 2008).

    No que tange a certificação do ISO 14001 em que as empresas detentoras deveriam gerir os impactos de suas atividades ao meio ambiente, há uma inconsitência da marca Suzano. A Suzano é uma grande companhia produtora de eucalipto que alimenta a sua indústria e, embora, o impacto ambiental dessa atividade agrícola não seja tão relevante, há um grande potencial poluidor que esta sujeito ao controle do poder público. Ao longo de décadas, a Suzano foi investigada por odores desagradáveis, a empresa também é protagonista de várias denúncias de poluição do meio ambiente nas regiões que atua, como no município de Suzano/SP, em 2017 (http://g1.globo.com/sp/mogi-das-cruzes-suzano/noticia/2017/01/morador-denuncia-fumaca-poluente-em-fabrica-de-suzano.html), e no município de Imperatriz/MA, também em 2017 (http://www.correiopopularitz.com.br/materia/6970/suzano_assume_autoria_de_mau_cheiro_em_imperatriz), além ser objeto de uma petição pública por poluição ambiental no distrito de Itabatã/BA, em 2011 (http://www.peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=BR83586). No caso de Imperatriz, a empresa informou que “houve uma ocorrência pontual e houve uma pronta ação da equipe técnica para correção”.

    A Suzano vai, portanto, na contramão do que apontam Kotler, Kartajaya e Setawan (2010), apresentando inconsistências a respeito da consciência ambiental para práticas realmente sustentáveis. A empresa deveria buscar uma nova direção na construção de valor, da confiança e do comprometimento como sua estratégia (MORGAN; HUNT, 1994), pois constata-se que a certificação 14001 é utilizada para gerar uma melhor aceitação do consumidor, utilizada apenas como estratégia de marketing, o que não se constitui um princípio ético.

    Conclui-se que a aplicação das certificações ISO 9001 e 14001 ao processo de gestão de produtos e serviços ofertados por empresas ao público consumidor, muitas vezes se torna displicente ao nível de excelência em termos de qualidade final e acaba por se transformar em estratégia de marketing simplesmente. Quando a adoção das normas pleiteia apenas a obtenção de rótulos como “selo da qualidade” e “empresa verde”, a incoerência entre o discurso e a prática pode levar à descrença na marca e perda de mercado a longo prazo. Esta postura deve ser evitada e não condiz com o entendimento do marketing.

    Palavras-chave: Certificações ISO; Marketing; Ética.

  • Palavras-chave
  • Certificações ISO; Marketing; Ética.
  • Área Temática
  • ST 02 - Gestão, design, moda e carnaval
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O IFRJ campus Belford Roxo promove, anualmente, a Semana Acadêmica do IFRJ campus Belford Roxo, que conta com palestras, mesas redondas, oficinas, minicursos, apresentações artísticas e culturais, além dos resultados de trabalhos desenvolvidos ao longo dos cursos oferecidos no referido campus. O evento costuma acontecer concomitantemente à Semana Nacional de Ciência, Tecnologia e Economia Criativa.

Dentro da Semana Acadêmica, ocorre, ainda, o Encontro de Pesquisadores, momento em que os servidores atuantes no campus Belford Roxo apresentam os resultados de seu trabalho, conectando pesquisa, ensino e extensão.

No ano de 2020, de 19/10 a 23/10, ocorreram a 3a. Semana Acadêmica do IFRJ campus Belford Roxo e a Semana Nacional de Ciência, Tecnologia e Economia Criativa. Ainda compondo os eventos, de 16/11 a 18/11, ocorreu o 3º. Encontro de Pesquisadores do IFRJ campus Belford Roxo. Com o isolamento social decorrente da pandemia do COVID-19, foi a primeira vez que os eventos aconteceram totalmente online. Também foi a primeira vez em que as submissões de trabalhos foram abertas aos pesquisadores de outras instituições e aos estudantes, movimento que só foi possível em razão da expertise adquirida com a realização dos eventos em anos anteriores.

Com o tema “Baixada Fluminense Presente! Diálogos entre Educação, cultura e Arte”, estudantes e profissionais, preferencialmente atuantes na Baixada Fluminense, puderam submeter seus resumos estruturados e/ou relatos de experiências. Estes trabalhos submetidos foram organizados e apresentados em quatro Simpósios Temáticos:

O ST 01 - Direitos humanos, culturas e identidades, coordenado pela professoras Heloisa Santos, Lívia Paiva e em parceria com a coordenadora do ST 06, Jaqueline Gomes recebeu trabalhos que discutiam as questões de gênero, raça e classe, a partir de uma perspectiva crítica que avaliasse o sexismo, o machismo, a lgbtfobia, o racismo e o classismo como violações dos direitos humanos. Considerando tais elementos, trabalhos que abordassem estas questões, especialmente a partir de uma perspectiva interseccional, eram de interesse deste ST, seja em uma perspectiva teórica, seja por meio de trabalhos que trouxessem resultados de práticas educativas, ativistas, artísticas, dentre outras formas de abordar a luta pelos direitos no mundo contemporâneo, especialmente aqueles que buscavam estabelecer diálogos que se voltem para o Eixo Sul-Sul.

O ST 02 - Gestão, design, moda e carnaval, coordenado pelos professores Flávio Sabrá, André Dias em parceria com a coordenadora do ST 06, Cássia Mousinho, se propôs a ser um espaço para a discussão e reflexão crítica de questões relacionadas às práticas de gestão e negócios no campo da moda, carnaval e festejos, observando sua relação com design, arte, vestuário, artesanato, modelagem, administração e as suas interlocuções entre o processo criativo, produtivo, distributivo e de validação dentro da Cadeia Têxtil/Confecção e da Economia Criativa, seja em trocas formais ou informais.

O ST 03 - Cidades, territórios, culturas e educação, coordenado pelas professoras Gabriela Ribeiro e Bárbara Friaça, abordou trabalhos que traziam o debate sobre cidades, territórios e as vivências deles e neles, intermediadas por diversas vertentes culturais e educacionais (artesanato, moda, culinária, acervos de espaços de cultura e memória, patrimônio cultural, espaços culturais, espaços de lazer, urbanismo, design, educação formal, não formal e informal, entre outros). Também recebeu trabalhos que discutiam sobre inclusão social, entendendo que possibilitar acesso e usufruto amplos e irrestritos aos espaços citadinos contribuem para o incremento da inclusão social, propiciando uma formação holística às pessoas, nos âmbitos cultural, social, educacional, de lazer, de desporto, entre outros.

O ST 04 - Periferia é Centro: processos artísticos e culturais em contramão, coordenado pelas professoras Ana Adelaide Balthar e Lucia Vignoli, buscava discutir como os rearranjos espaciais reverberam nas produções artísticas culturais das periferias urbanas frente a questão do distanciamento social devido a pandemia de COVID-19. “Reinventamos e experimentamos existências bidimensionais, através de dispositivos digitais. Telas de telas. Os deslocamentos se restringiram, mas os encontros se constelaram. De repente, a Baixada não sofre de lonjura, de repente a periferia é centro”.

O ST 05 - Corpos, diversidades, identidades e culturas, coordenado pela professora Jaqueline Gomes, objetivava fomentar, em um ambiente complexo, a inclusão de pessoas oriundas de diferentes grupos sociais. Recebia trabalhos que promovessem investigações e propostas de intervenção, considerando os corpos em suas possibilidades na cultura das aparências. 

O ST 06 - Design, artesanato e tecnologia, coordenado pela professora Cassia Mousinho, buscava fomentar a análise do trabalho artesanal, através de seus aspectos estéticos, técnicos, mercadológicos e sociais. Também pretendia reforçar a importância do desenvolvimento de tecnologias e os artefatos a elas associados no âmbito material ou digital, realizando uma ponte entre o artesanato e o design.

Estes Anais são resultantes dos trabalhos aprovados e apresentados no 3º. Encontro de Pesquisadores do IFRJ campus Belford Roxo. É uma das nossas contribuições para a reafirmação da Baixada Fluminense enquanto território potente cultural, artística e educacionalmente.

Boa leitura!

  • ST 01 - Direitos humanos, culturas e identidades: gênero/gêneros
  • ST 02 - Gestão, design, moda e carnaval
  • ST 03 - Cidades, territórios, culturas e educação
  • ST 04 - Periferia é Centro: processos artísticos e culturais em contramão
  • ST 05 - Corpos, diversidades, identidades e culturas
  • ST 06 - Design, artesanato e tecnologia

3º Encontro de Pesquisadores - IFRJ/Campus Belford Roxo

Comissão Organizadora

Docentes

Heloisa Helena de Oliveira Santos - Coordenadora de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação
André Monte Pereira Dias
Flávio Glória Caminada Sabrá
Gabriela Sousa Ribeiro
Lucivania Filomeno Ponte

 

Estudantes
Sara Canto
Gregory Andrade

Comissão Científica

Alicia Romero - UNESA

Ana Adelaide Lyra Porto Balthar - Nena Balthar

André Monte Pereira Dias

Bárbara Boaventura Friaça

Cassia Mousinho de Figueiredo

Charles Leite - UFPE

Denise Loyla Silva

Flávio Glória Caminada Sabrá

Gabriela Sousa Ribeiro

Heloisa Helena de Oliveira Santos

Jaqueline Gomes de Jesus

Lívia de Meira Lima Paiva

Lucivania Filomeno Ponte

Maria Lucia Vignoli Rodrigues de Moraes - INES

Vanessa Santos Ximenes

 

Reitor

Raphael Barreto Almada

Pró-reitora de Extensão

Ana Luisa Lima

Diretor de Implantação - Campus Belford Roxo

Marcio Franklin de Oliveira

Diretora de Ensino

Rosi Marina Rezende

Coordenação de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação do Campus Belford Roxo: extensao.cbel@ifrj.edu.br