Nacional Desenvolvimentismo e Segregação Racial na Companhia Siderúrgica Nacional (1963-1973)

  • Autor
  • Luís Felipe Nunes Silva
  • Resumo
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    RESUMO

     

    OBJETIVO 

    Este projeto, analisando a primeira metade do período da Ditadura Militar, tem o objetivo de descrever e contextualizar o modo como a Companhia Siderúrgica Nacional promovia junto aos seus operários os ideias de nacional desenvolvimentismo e de modernização da economia, associando-os à ideia de que existiria na empresa uma democracia racial, ao mesmo tempo que reproduzia no seu interior esferas de estratificação social e desigualdade.

     

    MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS

    A proposta apresentada aqui se contrapõe às abordagens que insistem na primazia do debate econômico na historiografia do trabalho. Nossa pesquisa dará ênfase à abordagem cultural, analisando discursos e trazendo a relevância das relações de etnicidade, levantando provocações ao modo de se pensar a formação de classe operária aliada ao debate de classe e raça.

    Para melhor contextualizarmos o debate acadêmico sobre formação da classe trabalhadora, e da democracia racial aliado ao projeto de modernização e desenvolvimento nacional, incorporaremos contribuições das pesquisas de Mike Savage, Leonardo Ângelo da Silva e do trabalho conjunto de Flávio Gomes e Marcelo Paixão. De acordo com Savage, em seu artigo “Classe e História do Trabalho”, a análise da formação da classe operária, não deve se restringir às relações do processo de trabalho ou do mercado de trabalho. O autor toma como ponto de partida a análise da insegurança estrutural da classe trabalhadora, os constrangimentos, as pressões da luta pela sobrevivência (SAVAGE 2004, pág. 33).

    Para Gomes e Paixão, a visão freyriana sobre miscigenação racial e cultural teriam se somado à visão estatal de formação de uma classe trabalhadora homogênea, como um dos principais condicionantes para o projeto de desenvolvimento do país: “Deste modo, o modelo desenvolvimentista acabou sendo forjado utilizando como motor ideológico o próprio mito da democracia racial. ” (GOMES e PAIXÃO 2007, pág. 185)

    Leonardo Ângelo da Silva pesquisou em sua tese a origem das pessoas que viriam a formar a classe operária em Volta Redonda. Utilizando-se das pesquisas iniciadas pela publicação da Revista Arigó e da análise de fotografias, analisou a relação raça-cor entre os trabalhadores da CSN.

    Como fonte primária de pesquisa, iremos utilizar o periódico particular da CSN, O Lingote, que foi distribuído para os trabalhadores de 1953 a 1973. No que diz respeito à viabilidade da pesquisa, é importante registrar que tenho total acesso à coleção do periódico, que se encontra digitalizada nos arquivos do Centro de Memória do Sul Fluminense Genival Luiz da Silva, sob coordenação de minha co-orientadora, professora Alejandra Estevez. 

    Para a discussão acadêmica sobre a importância da imprensa e o do uso de periódicos como fonte primária de pesquisa, iremos nos embasar nas discussões propostas pela Renée Zicman e Tania Regina de Luca. Além de ser rica em detalhes e elementos, a imprensa, em determinados períodos históricos, pode ser a única fonte disponível. Em nossa pesquisa, irá contribuir suprindo a dificuldade de acesso a outras fontes do período ditatorial.

     

    RESULTADOS

    O projeto encontra-se em andamento, feito pelo programa de mestrado em História da UFRRJ. As pesquisas realizadas focando Volta Redonda e a CSN são muito relevantes para nossa historiografia social do trabalho. Morel realizou a primeira pesquisa de peso contextualizando a cidade e a empresa, por meio dos conceitos de construção e crise da Família Siderúrgica.

    No início dos anos 2000, temos uma diversificação nas obras publicadas, trazendo questionamentos que vão desde o paternalismo industrial, a política partidária, a ação da igreja local até a ação de grupos da esquerda revolucionária. Leonardo Ângelo da Silva, em “Volta Redonda em Preto e Branco: Trabalho, Desenvolvimentismo e Relações Raciais (1946-1988)” apresentou uma abordagem pioneira, ao propor pensar a relação de classe social e cor/etnia, na formação das identidades coletivas dos trabalhadores.

    Porém, até recentemente nenhuma dessas obras colocava o debate da relação entre questão racial e formação de classe em seus objetivos. É nesta perspectiva da História Social que este projeto se insere, visando contribuir para preencher lacunas e trazer novas provocações referentes às questões de identidade e raça na formação ideológica do operário em Volta Redonda.

     

    PRINCIPAIS CONCLUSÕES

    A grande maioria das pesquisas elaboradas dentro da perspectiva da História Social do trabalho feitas sobre Volta Redonda, durante a ditadura militar, enfocam o período final dos anos de 1970 e os anos 1980. Isso resulta numa menor contextualização sobre os abusos de poder dos militares contra os trabalhadores da cidade, passando uma impressão de certa passividade dos operários. Poucos são os trabalhos que analisam as estratégias que os militares, por meio da CSN, utilizaram visando instrumentalizar a formação ideológica dos operários.

    Diante deste quadro historiográfico, ainda hegemônico, este projeto pretende matizar esses pontos de vistas, propondo uma nova interpretação para o período na perspectiva da história social do trabalho, particularmente no que diz respeito às conexões entre a questão racial e de classe.

     

  • Palavras-chave
  • Nacional desenvolvimentismo, Segregação racial, Classe operária, Companhia Siderúrgica Nacional
  • Área Temática
  • ST 01 - Direitos humanos, culturas e identidades: gênero/gêneros
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O IFRJ campus Belford Roxo promove, anualmente, a Semana Acadêmica do IFRJ campus Belford Roxo, que conta com palestras, mesas redondas, oficinas, minicursos, apresentações artísticas e culturais, além dos resultados de trabalhos desenvolvidos ao longo dos cursos oferecidos no referido campus. O evento costuma acontecer concomitantemente à Semana Nacional de Ciência, Tecnologia e Economia Criativa.

Dentro da Semana Acadêmica, ocorre, ainda, o Encontro de Pesquisadores, momento em que os servidores atuantes no campus Belford Roxo apresentam os resultados de seu trabalho, conectando pesquisa, ensino e extensão.

No ano de 2020, de 19/10 a 23/10, ocorreram a 3a. Semana Acadêmica do IFRJ campus Belford Roxo e a Semana Nacional de Ciência, Tecnologia e Economia Criativa. Ainda compondo os eventos, de 16/11 a 18/11, ocorreu o 3º. Encontro de Pesquisadores do IFRJ campus Belford Roxo. Com o isolamento social decorrente da pandemia do COVID-19, foi a primeira vez que os eventos aconteceram totalmente online. Também foi a primeira vez em que as submissões de trabalhos foram abertas aos pesquisadores de outras instituições e aos estudantes, movimento que só foi possível em razão da expertise adquirida com a realização dos eventos em anos anteriores.

Com o tema “Baixada Fluminense Presente! Diálogos entre Educação, cultura e Arte”, estudantes e profissionais, preferencialmente atuantes na Baixada Fluminense, puderam submeter seus resumos estruturados e/ou relatos de experiências. Estes trabalhos submetidos foram organizados e apresentados em quatro Simpósios Temáticos:

O ST 01 - Direitos humanos, culturas e identidades, coordenado pela professoras Heloisa Santos, Lívia Paiva e em parceria com a coordenadora do ST 06, Jaqueline Gomes recebeu trabalhos que discutiam as questões de gênero, raça e classe, a partir de uma perspectiva crítica que avaliasse o sexismo, o machismo, a lgbtfobia, o racismo e o classismo como violações dos direitos humanos. Considerando tais elementos, trabalhos que abordassem estas questões, especialmente a partir de uma perspectiva interseccional, eram de interesse deste ST, seja em uma perspectiva teórica, seja por meio de trabalhos que trouxessem resultados de práticas educativas, ativistas, artísticas, dentre outras formas de abordar a luta pelos direitos no mundo contemporâneo, especialmente aqueles que buscavam estabelecer diálogos que se voltem para o Eixo Sul-Sul.

O ST 02 - Gestão, design, moda e carnaval, coordenado pelos professores Flávio Sabrá, André Dias em parceria com a coordenadora do ST 06, Cássia Mousinho, se propôs a ser um espaço para a discussão e reflexão crítica de questões relacionadas às práticas de gestão e negócios no campo da moda, carnaval e festejos, observando sua relação com design, arte, vestuário, artesanato, modelagem, administração e as suas interlocuções entre o processo criativo, produtivo, distributivo e de validação dentro da Cadeia Têxtil/Confecção e da Economia Criativa, seja em trocas formais ou informais.

O ST 03 - Cidades, territórios, culturas e educação, coordenado pelas professoras Gabriela Ribeiro e Bárbara Friaça, abordou trabalhos que traziam o debate sobre cidades, territórios e as vivências deles e neles, intermediadas por diversas vertentes culturais e educacionais (artesanato, moda, culinária, acervos de espaços de cultura e memória, patrimônio cultural, espaços culturais, espaços de lazer, urbanismo, design, educação formal, não formal e informal, entre outros). Também recebeu trabalhos que discutiam sobre inclusão social, entendendo que possibilitar acesso e usufruto amplos e irrestritos aos espaços citadinos contribuem para o incremento da inclusão social, propiciando uma formação holística às pessoas, nos âmbitos cultural, social, educacional, de lazer, de desporto, entre outros.

O ST 04 - Periferia é Centro: processos artísticos e culturais em contramão, coordenado pelas professoras Ana Adelaide Balthar e Lucia Vignoli, buscava discutir como os rearranjos espaciais reverberam nas produções artísticas culturais das periferias urbanas frente a questão do distanciamento social devido a pandemia de COVID-19. “Reinventamos e experimentamos existências bidimensionais, através de dispositivos digitais. Telas de telas. Os deslocamentos se restringiram, mas os encontros se constelaram. De repente, a Baixada não sofre de lonjura, de repente a periferia é centro”.

O ST 05 - Corpos, diversidades, identidades e culturas, coordenado pela professora Jaqueline Gomes, objetivava fomentar, em um ambiente complexo, a inclusão de pessoas oriundas de diferentes grupos sociais. Recebia trabalhos que promovessem investigações e propostas de intervenção, considerando os corpos em suas possibilidades na cultura das aparências. 

O ST 06 - Design, artesanato e tecnologia, coordenado pela professora Cassia Mousinho, buscava fomentar a análise do trabalho artesanal, através de seus aspectos estéticos, técnicos, mercadológicos e sociais. Também pretendia reforçar a importância do desenvolvimento de tecnologias e os artefatos a elas associados no âmbito material ou digital, realizando uma ponte entre o artesanato e o design.

Estes Anais são resultantes dos trabalhos aprovados e apresentados no 3º. Encontro de Pesquisadores do IFRJ campus Belford Roxo. É uma das nossas contribuições para a reafirmação da Baixada Fluminense enquanto território potente cultural, artística e educacionalmente.

Boa leitura!

  • ST 01 - Direitos humanos, culturas e identidades: gênero/gêneros
  • ST 02 - Gestão, design, moda e carnaval
  • ST 03 - Cidades, territórios, culturas e educação
  • ST 04 - Periferia é Centro: processos artísticos e culturais em contramão
  • ST 05 - Corpos, diversidades, identidades e culturas
  • ST 06 - Design, artesanato e tecnologia

3º Encontro de Pesquisadores - IFRJ/Campus Belford Roxo

Comissão Organizadora

Docentes

Heloisa Helena de Oliveira Santos - Coordenadora de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação
André Monte Pereira Dias
Flávio Glória Caminada Sabrá
Gabriela Sousa Ribeiro
Lucivania Filomeno Ponte

 

Estudantes
Sara Canto
Gregory Andrade

Comissão Científica

Alicia Romero - UNESA

Ana Adelaide Lyra Porto Balthar - Nena Balthar

André Monte Pereira Dias

Bárbara Boaventura Friaça

Cassia Mousinho de Figueiredo

Charles Leite - UFPE

Denise Loyla Silva

Flávio Glória Caminada Sabrá

Gabriela Sousa Ribeiro

Heloisa Helena de Oliveira Santos

Jaqueline Gomes de Jesus

Lívia de Meira Lima Paiva

Lucivania Filomeno Ponte

Maria Lucia Vignoli Rodrigues de Moraes - INES

Vanessa Santos Ximenes

 

Reitor

Raphael Barreto Almada

Pró-reitora de Extensão

Ana Luisa Lima

Diretor de Implantação - Campus Belford Roxo

Marcio Franklin de Oliveira

Diretora de Ensino

Rosi Marina Rezende

Coordenação de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação do Campus Belford Roxo: extensao.cbel@ifrj.edu.br