O presente estudo tem como objetivo central a análise dos aspectos culturais,
econômicos e sociais dos alunos do ensino médio e técnico do IFRJ-Pinheiral
(Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Estado do Rio de
Janeiro), buscando relacionar as particularidades de cada um com a
oportunidade de acesso à instituição. É fundamental conhecer a realidade dos
indivíduos que obtiveram os requisitos necessários para se tornarem parte
integrante do corpo discente do campus a fim de verificar se as exigências do
processo seletivo são favoráveis ou funcionam como uma espécie de gargalo,
que acaba, mesmo que de maneira involuntária, a impedir o ingresso de
estudantes originários de famílias que se enquadram em realidades de IDH
(Índice de Desenvolvimento Humano / IBGE) desfavoráveis. Analisando de
forma holística, é relevante ainda investigar como os alunos conheceram o
IFRJ e como as trajetórias escolares se desenvolveram até o ingresso na
instituição. Tal análise tem como função a proposição de dois pontos
interligados: a melhoria da divulgação dos processos seletivos e a partir disso,
consequentemente, torná-los mais inclusivos, uma vez que considera-se
fundamental criar vínculos entre docentes e discentes a fim de traçar,
sobretudo, um só caminho dentro da realidade local, com objetivo único de
atingir a educação e torná-la acessível a todos. A abordagem deste tema se faz
necessária pelo fato de o município de Pinheiral (RJ) e redondezas contarem
com poucas alternativas gratuitas de ensino médio integrado voltado à ciência
e tecnologia, ainda que o local seja pioneiro nesse método de ensino no país. A
cidade é marcada historicamente por ter sediado a Fazenda São José do
Pinheiro, - que inclusive originou o nome do município – assim como
importantes institutos educacionais como: o Posto Zootécnico Federal (1912) e
a antiga Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária (ESAMV) (1916)
– atual Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) – que foi
considerada referência nacional para cursos de agronomia e medicina
veterinária. Após a transferência da ESAMV para a cidade de Niterói- RJ, foi
instalado no local o Colégio Agrícola Nilo Peçanha (CANP), vinculado à
Universidade Federal Fluminense (UFF) que no ano de 2008, após uma
reestruturação a unidade se tornou campus do IFRJ. A implantação do Instituto
Federal na cidade de Pinheiral é abordada como uma oportunidade para os
alunos da região ingressarem em uma instituição pública e gratuita de
referência nacional na educação profissional e tecnológica que oferta um
ensino de qualidade, humanizado, crítico e cidadão. Expor um pouco das
singularidades dos discentes do campus pode motivar os alunos regionais a
buscarem também o ingresso na instituição, seja através da percepção desses
do relevante papel educacional que o IFRJ exerce na trajetória daqueles ou
pela identificação com características similares uns dos outros. A pesquisa terá
como instrumentos de coleta de informações as entrevistas e as aplicações de
questionários compostos de interrogações direcionadas capazes de fornecer
dados concisos. Após o levantamento e a compreensão desses dados, será
traçado o perfil dos estudantes do campus.
O IFRJ campus Belford Roxo promove, anualmente, a Semana Acadêmica do IFRJ campus Belford Roxo, que conta com palestras, mesas redondas, oficinas, minicursos, apresentações artísticas e culturais, além dos resultados de trabalhos desenvolvidos ao longo dos cursos oferecidos no referido campus. O evento costuma acontecer concomitantemente à Semana Nacional de Ciência, Tecnologia e Economia Criativa.
Dentro da Semana Acadêmica, ocorre, ainda, o Encontro de Pesquisadores, momento em que os servidores atuantes no campus Belford Roxo apresentam os resultados de seu trabalho, conectando pesquisa, ensino e extensão.
No ano de 2020, de 19/10 a 23/10, ocorreram a 3a. Semana Acadêmica do IFRJ campus Belford Roxo e a Semana Nacional de Ciência, Tecnologia e Economia Criativa. Ainda compondo os eventos, de 16/11 a 18/11, ocorreu o 3º. Encontro de Pesquisadores do IFRJ campus Belford Roxo. Com o isolamento social decorrente da pandemia do COVID-19, foi a primeira vez que os eventos aconteceram totalmente online. Também foi a primeira vez em que as submissões de trabalhos foram abertas aos pesquisadores de outras instituições e aos estudantes, movimento que só foi possível em razão da expertise adquirida com a realização dos eventos em anos anteriores.
Com o tema “Baixada Fluminense Presente! Diálogos entre Educação, cultura e Arte”, estudantes e profissionais, preferencialmente atuantes na Baixada Fluminense, puderam submeter seus resumos estruturados e/ou relatos de experiências. Estes trabalhos submetidos foram organizados e apresentados em quatro Simpósios Temáticos:
O ST 01 - Direitos humanos, culturas e identidades, coordenado pela professoras Heloisa Santos, Lívia Paiva e em parceria com a coordenadora do ST 06, Jaqueline Gomes recebeu trabalhos que discutiam as questões de gênero, raça e classe, a partir de uma perspectiva crítica que avaliasse o sexismo, o machismo, a lgbtfobia, o racismo e o classismo como violações dos direitos humanos. Considerando tais elementos, trabalhos que abordassem estas questões, especialmente a partir de uma perspectiva interseccional, eram de interesse deste ST, seja em uma perspectiva teórica, seja por meio de trabalhos que trouxessem resultados de práticas educativas, ativistas, artísticas, dentre outras formas de abordar a luta pelos direitos no mundo contemporâneo, especialmente aqueles que buscavam estabelecer diálogos que se voltem para o Eixo Sul-Sul.
O ST 02 - Gestão, design, moda e carnaval, coordenado pelos professores Flávio Sabrá, André Dias em parceria com a coordenadora do ST 06, Cássia Mousinho, se propôs a ser um espaço para a discussão e reflexão crítica de questões relacionadas às práticas de gestão e negócios no campo da moda, carnaval e festejos, observando sua relação com design, arte, vestuário, artesanato, modelagem, administração e as suas interlocuções entre o processo criativo, produtivo, distributivo e de validação dentro da Cadeia Têxtil/Confecção e da Economia Criativa, seja em trocas formais ou informais.
O ST 03 - Cidades, territórios, culturas e educação, coordenado pelas professoras Gabriela Ribeiro e Bárbara Friaça, abordou trabalhos que traziam o debate sobre cidades, territórios e as vivências deles e neles, intermediadas por diversas vertentes culturais e educacionais (artesanato, moda, culinária, acervos de espaços de cultura e memória, patrimônio cultural, espaços culturais, espaços de lazer, urbanismo, design, educação formal, não formal e informal, entre outros). Também recebeu trabalhos que discutiam sobre inclusão social, entendendo que possibilitar acesso e usufruto amplos e irrestritos aos espaços citadinos contribuem para o incremento da inclusão social, propiciando uma formação holística às pessoas, nos âmbitos cultural, social, educacional, de lazer, de desporto, entre outros.
O ST 04 - Periferia é Centro: processos artísticos e culturais em contramão, coordenado pelas professoras Ana Adelaide Balthar e Lucia Vignoli, buscava discutir como os rearranjos espaciais reverberam nas produções artísticas culturais das periferias urbanas frente a questão do distanciamento social devido a pandemia de COVID-19. “Reinventamos e experimentamos existências bidimensionais, através de dispositivos digitais. Telas de telas. Os deslocamentos se restringiram, mas os encontros se constelaram. De repente, a Baixada não sofre de lonjura, de repente a periferia é centro”.
O ST 05 - Corpos, diversidades, identidades e culturas, coordenado pela professora Jaqueline Gomes, objetivava fomentar, em um ambiente complexo, a inclusão de pessoas oriundas de diferentes grupos sociais. Recebia trabalhos que promovessem investigações e propostas de intervenção, considerando os corpos em suas possibilidades na cultura das aparências.
O ST 06 - Design, artesanato e tecnologia, coordenado pela professora Cassia Mousinho, buscava fomentar a análise do trabalho artesanal, através de seus aspectos estéticos, técnicos, mercadológicos e sociais. Também pretendia reforçar a importância do desenvolvimento de tecnologias e os artefatos a elas associados no âmbito material ou digital, realizando uma ponte entre o artesanato e o design.
Estes Anais são resultantes dos trabalhos aprovados e apresentados no 3º. Encontro de Pesquisadores do IFRJ campus Belford Roxo. É uma das nossas contribuições para a reafirmação da Baixada Fluminense enquanto território potente cultural, artística e educacionalmente.
Boa leitura!
3º Encontro de Pesquisadores - IFRJ/Campus Belford Roxo
Comissão Organizadora
Docentes
Heloisa Helena de Oliveira Santos - Coordenadora de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação
André Monte Pereira Dias
Flávio Glória Caminada Sabrá
Gabriela Sousa Ribeiro
Lucivania Filomeno Ponte
Estudantes
Sara Canto
Gregory Andrade
Comissão Científica
Alicia Romero - UNESA
Ana Adelaide Lyra Porto Balthar - Nena Balthar
André Monte Pereira Dias
Bárbara Boaventura Friaça
Cassia Mousinho de Figueiredo
Charles Leite - UFPE
Denise Loyla Silva
Flávio Glória Caminada Sabrá
Gabriela Sousa Ribeiro
Heloisa Helena de Oliveira Santos
Jaqueline Gomes de Jesus
Lívia de Meira Lima Paiva
Lucivania Filomeno Ponte
Maria Lucia Vignoli Rodrigues de Moraes - INES
Vanessa Santos Ximenes
Reitor
Raphael Barreto Almada
Pró-reitora de Extensão
Ana Luisa Lima
Diretor de Implantação - Campus Belford Roxo
Marcio Franklin de Oliveira
Diretora de Ensino
Rosi Marina Rezende
Coordenação de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação do Campus Belford Roxo: extensao.cbel@ifrj.edu.br