A educação formal é um dificultador no desenvolvimento da educação não formal?

  • Autor
  • Mateus Zippel
  • Resumo
  • O presente trabalho traz reflexões sobre a experiência no ensino de música em espaço não formal com base nas dificuldades da formação artística: musical defronte à sobrecarga de atividades e prioridades do educando com ensino formal. A proposta é uma reflexão crítica baseada na experiência do autor como professor do Coletivo Ondas Musicais. O Coletivo sediado no Centro Cultural Oscar Romero, uma associação comunitária, localizada em Mesquita no RJ e com mais de 30 anos de existência. 

    A música é um instrumento artístico muito sofisticado que exige persistência, prática constante, desenvolvimento crítico e criativo. Então, neste processo de aprendizagem musical o educando se faz autônomo e ponto central da sua educação. 

    Sendo a música uma das 7 grandes artes, ela se insere tanto nos espaços definidos formais, englobada no ensino das Artes, como também nos não formais. A definição do conceito de educação não formal baseia-se em estudos no âmbito teórico e prático, voltadas para uma análise nacional. 

    A definição da Gohn (2008, p. 7), caracteriza a educação não formal como um campo novo estruturado e que aborda processos educativos que ocorrem fora das escolas, ao redor de ações coletivas do chamado terceiro setor da sociedade, abrangendo movimentos sociais, organizações não governamentais e outras entidades. 

    Para Brembeck (1978), no olhar da educação formal: “a estrutura do que é desenvolvido e os programas que são planejados possuem um caráter acadêmico, teórico, visível e fixado em um local.” Pois ela é uma estrutura organizacional e planejada sistematicamente. A ideia é apresentar a educação não formal como campo conceitual, defendendo sua autonomia e independência, pois a escola não constitui centralidade, tornando-se mais um ponto, mais uma variação do fazer educativo no amplo que complementam o processo de aprendizagem. 

    A Gohn (2007, p. 14) elucida que a formação da educação não formal não trabalha só a inclusão social, mas acolhe tanto a aprendizagem de ordem subjetiva-relativa até no campo emocional e cognitivo como a aprendizagem de habilidades manuais, corporais, técnicas. 

    A metodologia utilizada parte das observações do autor, que no ano de 2017 a 2019 foi professor de violão e musicalização no Coletivo Ondas Musicais. O artigo dará luz ao debate crítico sobre a postura de algumas instituições de ensino formal, que devido à sobrecarregar os educandos com avaliações e trabalhos para casa, impossibilita-os de praticarem e desenvolverem outras capacidades educacionais que exigem tempo e dedicação. 

    O trabalho se dará também a partir das referências de autores que abordam questões como: a educação não formal (Maria da Glória Gohn); Educação como prática de reflexão crítica (Paulo Freire); Educação musical com função social (Maura Penna). Conclui-se neste processo de ensino-aprendizagem alguns percalços graves, como: Pouca estimulação familiar; Aparelhos eletrônicos, videogames, redes sociais, tv; Também a alta cobrança no ensino regular-formal no educando, quando adulto é ligado a escassez de tempo devido a trabalho. 

    De acordo com Paulo Freire (1968), esta escola que enche de tarefas o educando, imposibilitando ele de praticar outras atividades educacionais fora do ambiente escolar, não passa de uma educação “bancária”. De nada adiantará se o aluno não estiver liberto e nem lhe é permitido libertar-se. 

    A prática de um instrumento disputa diretamente com tempo que lhe sobra para lazer, como celular e tv. Assim sendo injusto exigirmos que o educando se sobrecarregue ainda mais. A prática de uma técnica artística exige treino diário e constante, mas os alunos se queixam de não ter tempo para treinar pois estão estudando para testes, provas e trabalhos. 

    As questões sobre o tema ainda continuam abertas, para levar o debate tanto no âmbito escolar como no campo acadêmico. Por que o aluno tem tanto dever de casa, já que passa horas na escola? É justo pedir ao aluno que tire um tempo de seu lazer para prática musical? Quantidade de avaliações ajudam a educação formal ou só atrapalham a não formal? Teremos grandes instrumentistas e virtuoses saindo de ambientes não formais no futuro já que os alunos não têm tempo para praticar? Ou a falta de tempo seria apenas a maquiagem para um desinteresse dos alunos?

  • Palavras-chave
  • educação formal e não formal; ensino artístico; autonomia.
  • Área Temática
  • ST 03 - Cidades, territórios, culturas e educação
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O IFRJ campus Belford Roxo promove, anualmente, a Semana Acadêmica do IFRJ campus Belford Roxo, que conta com palestras, mesas redondas, oficinas, minicursos, apresentações artísticas e culturais, além dos resultados de trabalhos desenvolvidos ao longo dos cursos oferecidos no referido campus. O evento costuma acontecer concomitantemente à Semana Nacional de Ciência, Tecnologia e Economia Criativa.

Dentro da Semana Acadêmica, ocorre, ainda, o Encontro de Pesquisadores, momento em que os servidores atuantes no campus Belford Roxo apresentam os resultados de seu trabalho, conectando pesquisa, ensino e extensão.

No ano de 2020, de 19/10 a 23/10, ocorreram a 3a. Semana Acadêmica do IFRJ campus Belford Roxo e a Semana Nacional de Ciência, Tecnologia e Economia Criativa. Ainda compondo os eventos, de 16/11 a 18/11, ocorreu o 3º. Encontro de Pesquisadores do IFRJ campus Belford Roxo. Com o isolamento social decorrente da pandemia do COVID-19, foi a primeira vez que os eventos aconteceram totalmente online. Também foi a primeira vez em que as submissões de trabalhos foram abertas aos pesquisadores de outras instituições e aos estudantes, movimento que só foi possível em razão da expertise adquirida com a realização dos eventos em anos anteriores.

Com o tema “Baixada Fluminense Presente! Diálogos entre Educação, cultura e Arte”, estudantes e profissionais, preferencialmente atuantes na Baixada Fluminense, puderam submeter seus resumos estruturados e/ou relatos de experiências. Estes trabalhos submetidos foram organizados e apresentados em quatro Simpósios Temáticos:

O ST 01 - Direitos humanos, culturas e identidades, coordenado pela professoras Heloisa Santos, Lívia Paiva e em parceria com a coordenadora do ST 06, Jaqueline Gomes recebeu trabalhos que discutiam as questões de gênero, raça e classe, a partir de uma perspectiva crítica que avaliasse o sexismo, o machismo, a lgbtfobia, o racismo e o classismo como violações dos direitos humanos. Considerando tais elementos, trabalhos que abordassem estas questões, especialmente a partir de uma perspectiva interseccional, eram de interesse deste ST, seja em uma perspectiva teórica, seja por meio de trabalhos que trouxessem resultados de práticas educativas, ativistas, artísticas, dentre outras formas de abordar a luta pelos direitos no mundo contemporâneo, especialmente aqueles que buscavam estabelecer diálogos que se voltem para o Eixo Sul-Sul.

O ST 02 - Gestão, design, moda e carnaval, coordenado pelos professores Flávio Sabrá, André Dias em parceria com a coordenadora do ST 06, Cássia Mousinho, se propôs a ser um espaço para a discussão e reflexão crítica de questões relacionadas às práticas de gestão e negócios no campo da moda, carnaval e festejos, observando sua relação com design, arte, vestuário, artesanato, modelagem, administração e as suas interlocuções entre o processo criativo, produtivo, distributivo e de validação dentro da Cadeia Têxtil/Confecção e da Economia Criativa, seja em trocas formais ou informais.

O ST 03 - Cidades, territórios, culturas e educação, coordenado pelas professoras Gabriela Ribeiro e Bárbara Friaça, abordou trabalhos que traziam o debate sobre cidades, territórios e as vivências deles e neles, intermediadas por diversas vertentes culturais e educacionais (artesanato, moda, culinária, acervos de espaços de cultura e memória, patrimônio cultural, espaços culturais, espaços de lazer, urbanismo, design, educação formal, não formal e informal, entre outros). Também recebeu trabalhos que discutiam sobre inclusão social, entendendo que possibilitar acesso e usufruto amplos e irrestritos aos espaços citadinos contribuem para o incremento da inclusão social, propiciando uma formação holística às pessoas, nos âmbitos cultural, social, educacional, de lazer, de desporto, entre outros.

O ST 04 - Periferia é Centro: processos artísticos e culturais em contramão, coordenado pelas professoras Ana Adelaide Balthar e Lucia Vignoli, buscava discutir como os rearranjos espaciais reverberam nas produções artísticas culturais das periferias urbanas frente a questão do distanciamento social devido a pandemia de COVID-19. “Reinventamos e experimentamos existências bidimensionais, através de dispositivos digitais. Telas de telas. Os deslocamentos se restringiram, mas os encontros se constelaram. De repente, a Baixada não sofre de lonjura, de repente a periferia é centro”.

O ST 05 - Corpos, diversidades, identidades e culturas, coordenado pela professora Jaqueline Gomes, objetivava fomentar, em um ambiente complexo, a inclusão de pessoas oriundas de diferentes grupos sociais. Recebia trabalhos que promovessem investigações e propostas de intervenção, considerando os corpos em suas possibilidades na cultura das aparências. 

O ST 06 - Design, artesanato e tecnologia, coordenado pela professora Cassia Mousinho, buscava fomentar a análise do trabalho artesanal, através de seus aspectos estéticos, técnicos, mercadológicos e sociais. Também pretendia reforçar a importância do desenvolvimento de tecnologias e os artefatos a elas associados no âmbito material ou digital, realizando uma ponte entre o artesanato e o design.

Estes Anais são resultantes dos trabalhos aprovados e apresentados no 3º. Encontro de Pesquisadores do IFRJ campus Belford Roxo. É uma das nossas contribuições para a reafirmação da Baixada Fluminense enquanto território potente cultural, artística e educacionalmente.

Boa leitura!

  • ST 01 - Direitos humanos, culturas e identidades: gênero/gêneros
  • ST 02 - Gestão, design, moda e carnaval
  • ST 03 - Cidades, territórios, culturas e educação
  • ST 04 - Periferia é Centro: processos artísticos e culturais em contramão
  • ST 05 - Corpos, diversidades, identidades e culturas
  • ST 06 - Design, artesanato e tecnologia

3º Encontro de Pesquisadores - IFRJ/Campus Belford Roxo

Comissão Organizadora

Docentes

Heloisa Helena de Oliveira Santos - Coordenadora de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação
André Monte Pereira Dias
Flávio Glória Caminada Sabrá
Gabriela Sousa Ribeiro
Lucivania Filomeno Ponte

 

Estudantes
Sara Canto
Gregory Andrade

Comissão Científica

Alicia Romero - UNESA

Ana Adelaide Lyra Porto Balthar - Nena Balthar

André Monte Pereira Dias

Bárbara Boaventura Friaça

Cassia Mousinho de Figueiredo

Charles Leite - UFPE

Denise Loyla Silva

Flávio Glória Caminada Sabrá

Gabriela Sousa Ribeiro

Heloisa Helena de Oliveira Santos

Jaqueline Gomes de Jesus

Lívia de Meira Lima Paiva

Lucivania Filomeno Ponte

Maria Lucia Vignoli Rodrigues de Moraes - INES

Vanessa Santos Ximenes

 

Reitor

Raphael Barreto Almada

Pró-reitora de Extensão

Ana Luisa Lima

Diretor de Implantação - Campus Belford Roxo

Marcio Franklin de Oliveira

Diretora de Ensino

Rosi Marina Rezende

Coordenação de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação do Campus Belford Roxo: extensao.cbel@ifrj.edu.br